“O Brutalista tem muitas camadas, mas o abuso é um elemento central, assim como o trauma, e como as pessoas lidam com ele.”, reflete Felicity Jones sobre a complexidade de sua personagem, que não apenas enfrenta as lembranças do passado, mas também se vê confrontada por novos monstros ao tentar recomeçar a vida nos Estados Unidos. Em uma entrevista exclusiva ao CinePOP, a atriz falou sobre o processo de construção de Erzsébet Tóth, uma mulher marcada pela dor e pela luta pela sobrevivência, em O Brutalista.
A interpretação de Felicity tem sido amplamente elogiada pela crítica desde a sua apresentação no Festival de Veneza, em setembro de 2024. Com uma indicação ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante, a atriz chega a sua segunda nomeação na Academia, após a cinebiografia de Stephen Hawking A Teoria de Tudo (2015).
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Com 10 indicações ao Oscar, incluindo a de Melhor Filme, O Brutalista é uma das grandes apostas para a temporada de premiações e chegou aos cinemas brasileiros no último dia 20 de fevereiro.
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Entre o Pragmatismo e o Trauma
No longa de Brady Corbet, Felicity interpreta Erzsébet, uma mulher imigrante que, ao tentar reconstruir sua vida, carrega o peso do trauma de um passado sombrio. A personagem é complexa, marcada pela necessidade de sobrevivência e pela tentativa de manter a dignidade em um novo contexto. Para Felicity, essa luta interna foi o que mais a atraiu para o papel.
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“É interessante que tanto meu personagem quanto o de Adrian [Brody] sejam artistas. Ambos são incrivelmente determinados, muito ideológicos, e querem ter sucesso, mas, de muitas formas, Erzsébet talvez seja mais pragmática do que Laszlo. Ela sabe que não pode viver no passado, mas também não consegue simplesmente ignorá-lo. Há uma força dentro dela, uma necessidade de encontrar estabilidade para sua família, mas sem perder seus princípios“, afirmou a atriz.
Esse conflito interno é uma das forças centrais do filme. Movido pela adrenalina e por ideias grandiosas, Laszlo é o idealista, enquanto Erzsébet adota uma postura mais cautelosa. “De muitas formas, Elisabeth e Laszlo querem sobreviver, mas também querem manter seus princípios intactos. E vemos como isso se torna difícil nas circunstâncias em que são colocados.”, pondera Felicity.
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Além disso, a presença da mãe de Adrien no set, a fotógrafa hungaro-americana Sylvia Plachy, também trouxe uma dimensão artística que influenciou a criação do filme. Ela passou pelo mesmo percurso dos personagens fugindo dos campos de concentração em Budapeste para uma vida nos Estados Unidos. “[O diretor] Brady [Corbet] expressou isso muito bem em Veneza. Ele disse: ‘Eles fogem do fascismo apenas para cair nos braços do capitalismo’, e há muito significado nessa afirmação”, comenta em entrevista ao CinePOP.
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Felicity Jones e a Disputa pelo Oscar
Interpretar Erzsébet exigiu uma preparação técnica considerável, especialmente no que diz respeito ao sotaque e ao idioma húngaro que a personagem precisava falar. Felicity compartilha que esse foi um dos maiores desafios do filme. “O maior desafio foi garantir que o sotaque e o idioma soassem naturais. Para que o público não perceba que você está tentando, você tem que estar totalmente entregue ao personagem. Se você está preocupado com os detalhes técnicos, o público percebe“, explica Jones.
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Felicity Jones está pela segunda vez na corrida pelo Oscar. Embora a disputa seja acirrada, com nomes como Zoe Saldaña (Emilia Pérez), Ariana Grande (Wicked) e Isabella Rossellini (Conclave) entre as favoritas, a atriz reafirma sua versatilidade e profundidade, como já demonstrou em Loucamente Apaixonados (2011) e Rogue One: Uma História Star Wars (2016).
Veja a entrevista completa no YouTube:
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Assista:
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