domingo , 22 dezembro , 2024

Eu Sou a Lenda | Relembre o SUCESSO com Will Smith que Completa 15 anos em 2022

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Eu Sou a Lenda 2 acaba de ser oficialmente confirmado para iniciar sua produção. E o anúncio veio bem a calhar, já que o filme original completa em 2022 quinze anos de sua estreia nas telonas. Com a confirmação do retorno do astro Will Smith ao elenco da sequência, fãs no mundo todo coçam suas cabeças e começam a teorizar como ocorrerá esse retorno. O que podemos dizer é que o Eu Sou a Lenda (2007) original é um caso notório de filme que escolheu o final errado. Mas voltaremos a este tópico mais abaixo. O que está confirmado além do retorno de Smith, é o roteirista Akiva Goldsman novamente assinando a história. Porém, a maior novidade na sequência de Eu Sou a Lenda é a muito bem-vinda adição de Michael B. Jordan no elenco, dividindo a cena pela primeira vez com o astro Will Smith.

É claro que muito coisa ainda permanece no escuro, como o diretor que irá comandar a obra, o resto do elenco, qual será o personagem de Jordan. Mas o principal segue sendo onde se encaixará Will Smith e seu personagem nesta nova história. Vamos com calma e por partes. Talvez nem todos saibam, mas Eu Sou a Lenda é baseado no livro homônimo do escritor especializado em ficção científica Richard Matheson. E para a surpresa de muitos, o longa com Will Smith não é a primeira adaptação deste livro para as telonas – embora seja o primeiro a manter o título do livro. Na verdade, Eu Sou a Lenda (2007) é a TERCEIRA (sim, pasme!) adaptação do livro de Matheson para o cinema. O romance é dito também ter inspirado o cineasta George A. Romero na criação de sua obra-prima do terror, A Noite dos Mortos Vivos (1968).



Eu Sou a Lenda’, superprodução com Will Smith, não foi a primeira adaptação para o cinema da história de Richard Matheson.

Cada adaptação do livro de Richard Matheson acerta em alguns elementos, porém, erra em outros. Na história, o cientista Robert Neville é o único sobrevivente após um vírus letal ter devastado toda a população do planeta (a ficção fica cada vez mais próxima da realidade). Os infectados, porém, voltam à vida de certa forma, como uma espécie de vampiros. No livro, a forma de mata-los é justamente idêntica à mitologia destas criaturas da noite, ou seja, enfiando uma estaca em seu coração. E assim como os demais dentuços sanguessugas, as criaturas do livro Eu Sou a Lenda também temem a luz e até mesmo alho.

A primeira versão do livro de Matheson foi lançada nos cinemas em 1964, com o título The Last Man on Earth (O Último Homem na Terra). No Brasil, o filme recebeu o título Mortos que Matam. Estrelado pelo rei dos filmes B de terror, Vincent Price, a produção é de baixo orçamento, filmada na Itália por uma equipe italiana, quando o cineasta Fritz Lang e a produtora Hammer desistiram do projeto. Essa primeira produção se comporta exatamente como um típico filme de terror de Price, em preto e branco e sem muitos recursos. Apesar disso, esta é uma das adaptações mais fieis à sua contraparte – a não ser pela lentidão das criaturas, que realmente lembram zumbis, ao invés de serem caçadoras rápidas e ágeis como no livro; e a mudança do sobrenome do protagonista de Neville para Morgan.

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Estrelado pelo icônico Vincent Price, ‘Mortos que Matam’ (1964) foi a primeira adaptação do livro de Matheson.

A seguir, os direitos do livro foram comprados pela Warner em 1970, e o estúdio colocou uma nova adaptação em movimento. Para estrelar, foi contratado um astro da época: Charlton Heston – que havia acabado de sair de um outro sucesso de ficção científica e ação: O Planeta dos Macacos (1968). A nova versão, intitulada The Omega Man (A Última Esperança da Terra – no Brasil), estreou em 1971, e era um filme muito mais voltado para a ação do que para qualquer terror. Os tais infectados agora eram mais evoluídos, seres falantes e pensantes, que se organizam em uma espécie de seita, conhecida como “a família de Matthias”, o nome de seu líder. Até mesmo sua caracterização, com a pele esbranquiçada e roupas com capuzes, fazem alusão a uma espécie de fanatismo religioso. Essas criaturas até mesmo usam armas. Daí eliminando bastante o elemento do medo. Esta é a versão que mais se distancia do livro.

Depois de ‘O Planeta dos Macacos’ (1968), Charlton Heston estrelou outra famosa ficção científica de ação.

Ainda em propriedade da Warner, uma nova versão desta história permaneceu em desenvolvimento ao longo de toda a década de 1990. Nomes como Tom Cruise, Michael Douglas, Mel Gibson e Daniel Day-Lewis foram considerados para estrelar a nova versão nos anos em que o projeto esteve em desenvolvimento. Até mesmo Nicolas Cage foi cogitado para estrelar a superprodução por volta de 1998, numa versão que teria o comando de Rob Bowman, da série Arquivo X. O veterano Kurt Russell foi outro nome que estava no topo da lista no fim dos anos 90, porém, a má recepção de seu filme O Soldado do Futuro (1998) o tirou de jogada. Outro nome de peso que esteve interessado em levar o conto às telas foi Tim Burton, saindo então da recepção morna de Marte Ataca! (1996), o cineasta seguiria para filmar A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça (1999).

Os que chegaram mais perto, no entanto, foram o astro Arnold Schwarzenegger e o diretor Ridley Scott, que lançariam sua versão em 1998. Essa é um daqueles casos lendários dos filmes mais famosos que jamais foram filmados, mas chegaram muito perto de acontecer. Na época, a Warner havia dado sinal verde para o projeto, que havia iniciado sua pré-produção, com profissionais já cuidando da direção de arte do longa, e inclusive técnicos de efeitos especiais desenvolvendo a aparência das criaturas monstruosas. Porém, o destino queria de outra forma. Alguns fracassos consecutivos do estúdio na época (como Batman & Robin e O Mensageiro) e o orçamento infladíssimo que esta versão de Eu Sou a Lenda teria (aproximadamente US$125 milhões – um absurdo para a época), terminaram fazendo os executivos do estúdio puxar o plugue e não seguir com a produção. As principais diferenças deste roteiro seriam as mudanças de cidade (de Nova York para Los Angeles), uma trama mais voltada para a ação e não tanto para o drama (como o filme de Smith) e o uso de uma censura alta.

Em 1998, ‘Eu Sou a Lenda’ chegou muito perto de ser estrelado por Arnold Schwarzenegger com direção de Ridley Scott.

Com a produção do fim dos anos 1990 cancelada, a Warner não desistiria e tentou novamente no início da década seguinte. Em 2002, com Will Smith já a bordo, a intenção era trazer Michael Bay para o projeto. A dupla, no entanto, preferiu arriscar com o segundo Bad Boys (lançado em 2003). Desde então, porém, Smith permaneceria vinculado ao projeto, e pessoalmente convidou Guillermo del Toro para dar sua visão da história. O mexicano vencedor do Oscar, no entanto, optou pela sequência de seu querido herói de quadrinhos, Hellboy II – O Exército Dourado (2008). Finalmente, o filme sairia do papel tendo o cineasta Francis Lawrence, recém-saído do relativo sucesso Constantine (2005), para a mesma Warner, no comando da obra.

A trama de Eu Sou a Lenda (2007) segue de perto o livro original de Matheson, mas o conto é alçado ao nível de uma superprodução, com a Warner desembolsando US$150 milhões para o orçamento – o colocando entre os 10 filmes mais caros de seu respectivo ano. Isso que é apostar no texto como boa fonte de sua história e principalmente no carisma e starpower do astro Will Smith. Na trama, o ator vive o cientista militar Robert Neville, estudando uma cura para o câncer. Devido a um novo experimento, acidentalmente um novo vírus surge como efeito colateral, rapidamente se espalhando na humanidade. Daí avançamos um tempo no futuro, para encontrar Smith como o único sobrevivente desta terrível devastação. E o que você faria se fosse o último homem da Terra? O protagonista mantém uma rotina disciplinada, que inclui exercícios físicos, estudos, experimentos e diversão – a fim de manter a sanidade. Seu único companheiro é o cão Sam, da raça pastor alemão. Mas logo iremos descobrir que Smith não está completamente sozinho neste novo mundo. Os infectados pelo vírus se tornaram seres bestiais – que na versão deste filme não se parecem em nada com vampiros. Tampouco lembram zumbis de movimentos vagarosos.

Os vilões do filme são humanoides monstruosos – gerados através de computação gráfica.

Para a criação dos antagonistas desta história clássica, presentes em todas as adaptações do conto, os realizadores até cogitaram ter atores de verdade usando maquiagem, porém, o resultado final de tal proposta não os agradou. Assim, optaram pela criação dos seres inteiramente através de computação gráfica. Para esta criação virtual, um time de 300 funcionários trabalhou por 14 meses na confecção em CGI dos monstros. Apesar da dedicação, uma das maiores críticas que Eu Sou a Lenda recebeu foi sobre a “artificialidade” de seus vilões.

Parte do orçamento inflado da produção foi usado para pagar impostos para a cidade de Nova York a fim de usar trechos no longa. Para as filmagens era necessário fechar ruas por longos períodos, o que causou estresse aos moradores de uma das cidades mais visitadas e populosas do mundo. Apesar disso, a confiança na produção era tamanha, que a Warner aprovou o projeto mesmo sem ter um roteiro pronto na época. Isso que é moral.

Nova York totalmente parada! ‘Eu Sou a Lenda’ teve um dos orçamentos mais caros da época.

Ah sim, não posso esquecer de um dos momentos mais comentados do filme: a brincadeira que faz em relação ao blockbuster Batman vs Superman, que só seria lançado dez anos depois. Foi uma previsão? A verdade é que essa ideia paira em Hollywood há muito tempo, e nos anos 2000 quase saiu do papel. De fato, o roteirista Akiva Goldsman, o mesmo de Eu Sou a Lenda, foi contratado para escrever o roteiro de um longa que uniria os dois maiores heróis da DC, e seria lançado em 2002. O projeto não foi para frente e o que recebemos foram filmes solo dos heróis – com Batman Begins (2005) e Superman – O Retorno (2006). Como brincadeira com o roteirista, em uma das cenas de Eu Sou a Lenda, podemos ver um grande outdoor anunciando o longa nos cinemas. Mas não parou por aí, o que muitos podem não ter percebido é que Eu Sou a Lenda também contém um outdoor de um filme da Liga da Justiça, e na locadora podem ser vistos cartazes de filmes em live-action dos Titãs e Lanterna Verde. Nenhum destes filmes havia sido lançado e alguns nem existem de fato. Mas essa foi uma forma da Warner, detentora das propriedades da DC, brincar e instigar o público.

Também não poderia terminar o texto sem uma menção à nossa conterrânea Alice Braga nos matando de orgulho em uma de suas superproduções de Hollywood. A brasileira número 1 nos EUA é figura fácil em diversos blockbusters internacionais, vide Predadores (2010), Elysium (2013), Os Novos Mutantes (2020) e O Esquadrão Suicida (2021), mas sua primeira superprodução foi esta, na qual estreou com o pé direito ao lado de Will Smith.

Moral. A brasileira Alice Braga estreia com pé direito em Hollywood, dividindo as telas com Will Smith.

Voltando ao primeiro parágrafo, quando mencionei um dos maiores erros na escolha de um desfecho de um blockbuster, dois finais foram gravados para Eu Sou a Lenda No que vemos em tela, Smith entrega sua pesquisa da cura das mutações para a personagem de Alice Braga e para facilitar sua fuga, se entrega como isca para as criaturas, explodindo dentro de seu laboratório com os monstros. Sim, o protagonista não sobrevive ao desfecho – daí a confusão generalizada sobre o retorno de Smith confirmado agora na continuação. O que acontece, no entanto, é que com o lançamento de Eu Sou a Lenda no mercado de home vídeo (em DVD), o tal final alternativo foi incluído como um bônus, onde os fãs puderam assistir e decidir que preferiam este desfecho que não foi aos cinemas. Nesta segunda opção, o protagonista sai vivo, e ainda estabelece uma ligação mais profunda com as criaturas, ao descobrir que mesmo após perderem sua humanidade com o vírus, ainda existe dentro de cada um deles o resquício de quem foram e sentimentos como carinho e proteção entre si. É um final mais poético.

Dois finais foram gravados para ‘Eu Sou a Lenda’. Será que a continuação levará em conta o que não foi aos cinemas?

Muitos anos antes desta confirmação de sequência, o próprio roteirista Akiva Goldsman revelou que os planos de uma continuação existem desde o sucesso do filme de Smith. Na época, textos foram pensados e esboçados, tanto focados numa sequência, quanto numa pré-sequência. Que é onde o recém-anunciado segundo filme poderá se concentrar. Uma das ideias de prequels mostraria a pandemia começando, centrando a ação no desfile de ação de graças em Nova York. Outro mostraria a população humana diminuindo drasticamente. Já as ideias de continuações falavam sobre uma viagem até Washington, e também sobre um elefante infectado escapando do zoológico.

Agora só nos resta esperar até que a Warner divulgue novas informações deste projeto, que desde já atrai atenção dos cinéfilos. Enquanto isso, o original se encontra no acervo da HBO Max, para todos que desejam conferi-lo ou revisita-lo.

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Eu Sou a Lenda 2 acaba de ser oficialmente confirmado para iniciar sua produção. E o anúncio veio bem a calhar, já que o filme original completa em 2022 quinze anos de sua estreia nas telonas. Com a confirmação do retorno do astro Will Smith ao elenco da sequência, fãs no mundo todo coçam suas cabeças e começam a teorizar como ocorrerá esse retorno. O que podemos dizer é que o Eu Sou a Lenda (2007) original é um caso notório de filme que escolheu o final errado. Mas voltaremos a este tópico mais abaixo. O que está confirmado além do retorno de Smith, é o roteirista Akiva Goldsman novamente assinando a história. Porém, a maior novidade na sequência de Eu Sou a Lenda é a muito bem-vinda adição de Michael B. Jordan no elenco, dividindo a cena pela primeira vez com o astro Will Smith.

É claro que muito coisa ainda permanece no escuro, como o diretor que irá comandar a obra, o resto do elenco, qual será o personagem de Jordan. Mas o principal segue sendo onde se encaixará Will Smith e seu personagem nesta nova história. Vamos com calma e por partes. Talvez nem todos saibam, mas Eu Sou a Lenda é baseado no livro homônimo do escritor especializado em ficção científica Richard Matheson. E para a surpresa de muitos, o longa com Will Smith não é a primeira adaptação deste livro para as telonas – embora seja o primeiro a manter o título do livro. Na verdade, Eu Sou a Lenda (2007) é a TERCEIRA (sim, pasme!) adaptação do livro de Matheson para o cinema. O romance é dito também ter inspirado o cineasta George A. Romero na criação de sua obra-prima do terror, A Noite dos Mortos Vivos (1968).

Eu Sou a Lenda’, superprodução com Will Smith, não foi a primeira adaptação para o cinema da história de Richard Matheson.

Cada adaptação do livro de Richard Matheson acerta em alguns elementos, porém, erra em outros. Na história, o cientista Robert Neville é o único sobrevivente após um vírus letal ter devastado toda a população do planeta (a ficção fica cada vez mais próxima da realidade). Os infectados, porém, voltam à vida de certa forma, como uma espécie de vampiros. No livro, a forma de mata-los é justamente idêntica à mitologia destas criaturas da noite, ou seja, enfiando uma estaca em seu coração. E assim como os demais dentuços sanguessugas, as criaturas do livro Eu Sou a Lenda também temem a luz e até mesmo alho.

A primeira versão do livro de Matheson foi lançada nos cinemas em 1964, com o título The Last Man on Earth (O Último Homem na Terra). No Brasil, o filme recebeu o título Mortos que Matam. Estrelado pelo rei dos filmes B de terror, Vincent Price, a produção é de baixo orçamento, filmada na Itália por uma equipe italiana, quando o cineasta Fritz Lang e a produtora Hammer desistiram do projeto. Essa primeira produção se comporta exatamente como um típico filme de terror de Price, em preto e branco e sem muitos recursos. Apesar disso, esta é uma das adaptações mais fieis à sua contraparte – a não ser pela lentidão das criaturas, que realmente lembram zumbis, ao invés de serem caçadoras rápidas e ágeis como no livro; e a mudança do sobrenome do protagonista de Neville para Morgan.

Estrelado pelo icônico Vincent Price, ‘Mortos que Matam’ (1964) foi a primeira adaptação do livro de Matheson.

A seguir, os direitos do livro foram comprados pela Warner em 1970, e o estúdio colocou uma nova adaptação em movimento. Para estrelar, foi contratado um astro da época: Charlton Heston – que havia acabado de sair de um outro sucesso de ficção científica e ação: O Planeta dos Macacos (1968). A nova versão, intitulada The Omega Man (A Última Esperança da Terra – no Brasil), estreou em 1971, e era um filme muito mais voltado para a ação do que para qualquer terror. Os tais infectados agora eram mais evoluídos, seres falantes e pensantes, que se organizam em uma espécie de seita, conhecida como “a família de Matthias”, o nome de seu líder. Até mesmo sua caracterização, com a pele esbranquiçada e roupas com capuzes, fazem alusão a uma espécie de fanatismo religioso. Essas criaturas até mesmo usam armas. Daí eliminando bastante o elemento do medo. Esta é a versão que mais se distancia do livro.

Depois de ‘O Planeta dos Macacos’ (1968), Charlton Heston estrelou outra famosa ficção científica de ação.

Ainda em propriedade da Warner, uma nova versão desta história permaneceu em desenvolvimento ao longo de toda a década de 1990. Nomes como Tom Cruise, Michael Douglas, Mel Gibson e Daniel Day-Lewis foram considerados para estrelar a nova versão nos anos em que o projeto esteve em desenvolvimento. Até mesmo Nicolas Cage foi cogitado para estrelar a superprodução por volta de 1998, numa versão que teria o comando de Rob Bowman, da série Arquivo X. O veterano Kurt Russell foi outro nome que estava no topo da lista no fim dos anos 90, porém, a má recepção de seu filme O Soldado do Futuro (1998) o tirou de jogada. Outro nome de peso que esteve interessado em levar o conto às telas foi Tim Burton, saindo então da recepção morna de Marte Ataca! (1996), o cineasta seguiria para filmar A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça (1999).

Os que chegaram mais perto, no entanto, foram o astro Arnold Schwarzenegger e o diretor Ridley Scott, que lançariam sua versão em 1998. Essa é um daqueles casos lendários dos filmes mais famosos que jamais foram filmados, mas chegaram muito perto de acontecer. Na época, a Warner havia dado sinal verde para o projeto, que havia iniciado sua pré-produção, com profissionais já cuidando da direção de arte do longa, e inclusive técnicos de efeitos especiais desenvolvendo a aparência das criaturas monstruosas. Porém, o destino queria de outra forma. Alguns fracassos consecutivos do estúdio na época (como Batman & Robin e O Mensageiro) e o orçamento infladíssimo que esta versão de Eu Sou a Lenda teria (aproximadamente US$125 milhões – um absurdo para a época), terminaram fazendo os executivos do estúdio puxar o plugue e não seguir com a produção. As principais diferenças deste roteiro seriam as mudanças de cidade (de Nova York para Los Angeles), uma trama mais voltada para a ação e não tanto para o drama (como o filme de Smith) e o uso de uma censura alta.

Em 1998, ‘Eu Sou a Lenda’ chegou muito perto de ser estrelado por Arnold Schwarzenegger com direção de Ridley Scott.

Com a produção do fim dos anos 1990 cancelada, a Warner não desistiria e tentou novamente no início da década seguinte. Em 2002, com Will Smith já a bordo, a intenção era trazer Michael Bay para o projeto. A dupla, no entanto, preferiu arriscar com o segundo Bad Boys (lançado em 2003). Desde então, porém, Smith permaneceria vinculado ao projeto, e pessoalmente convidou Guillermo del Toro para dar sua visão da história. O mexicano vencedor do Oscar, no entanto, optou pela sequência de seu querido herói de quadrinhos, Hellboy II – O Exército Dourado (2008). Finalmente, o filme sairia do papel tendo o cineasta Francis Lawrence, recém-saído do relativo sucesso Constantine (2005), para a mesma Warner, no comando da obra.

A trama de Eu Sou a Lenda (2007) segue de perto o livro original de Matheson, mas o conto é alçado ao nível de uma superprodução, com a Warner desembolsando US$150 milhões para o orçamento – o colocando entre os 10 filmes mais caros de seu respectivo ano. Isso que é apostar no texto como boa fonte de sua história e principalmente no carisma e starpower do astro Will Smith. Na trama, o ator vive o cientista militar Robert Neville, estudando uma cura para o câncer. Devido a um novo experimento, acidentalmente um novo vírus surge como efeito colateral, rapidamente se espalhando na humanidade. Daí avançamos um tempo no futuro, para encontrar Smith como o único sobrevivente desta terrível devastação. E o que você faria se fosse o último homem da Terra? O protagonista mantém uma rotina disciplinada, que inclui exercícios físicos, estudos, experimentos e diversão – a fim de manter a sanidade. Seu único companheiro é o cão Sam, da raça pastor alemão. Mas logo iremos descobrir que Smith não está completamente sozinho neste novo mundo. Os infectados pelo vírus se tornaram seres bestiais – que na versão deste filme não se parecem em nada com vampiros. Tampouco lembram zumbis de movimentos vagarosos.

Os vilões do filme são humanoides monstruosos – gerados através de computação gráfica.

Para a criação dos antagonistas desta história clássica, presentes em todas as adaptações do conto, os realizadores até cogitaram ter atores de verdade usando maquiagem, porém, o resultado final de tal proposta não os agradou. Assim, optaram pela criação dos seres inteiramente através de computação gráfica. Para esta criação virtual, um time de 300 funcionários trabalhou por 14 meses na confecção em CGI dos monstros. Apesar da dedicação, uma das maiores críticas que Eu Sou a Lenda recebeu foi sobre a “artificialidade” de seus vilões.

Parte do orçamento inflado da produção foi usado para pagar impostos para a cidade de Nova York a fim de usar trechos no longa. Para as filmagens era necessário fechar ruas por longos períodos, o que causou estresse aos moradores de uma das cidades mais visitadas e populosas do mundo. Apesar disso, a confiança na produção era tamanha, que a Warner aprovou o projeto mesmo sem ter um roteiro pronto na época. Isso que é moral.

Nova York totalmente parada! ‘Eu Sou a Lenda’ teve um dos orçamentos mais caros da época.

Ah sim, não posso esquecer de um dos momentos mais comentados do filme: a brincadeira que faz em relação ao blockbuster Batman vs Superman, que só seria lançado dez anos depois. Foi uma previsão? A verdade é que essa ideia paira em Hollywood há muito tempo, e nos anos 2000 quase saiu do papel. De fato, o roteirista Akiva Goldsman, o mesmo de Eu Sou a Lenda, foi contratado para escrever o roteiro de um longa que uniria os dois maiores heróis da DC, e seria lançado em 2002. O projeto não foi para frente e o que recebemos foram filmes solo dos heróis – com Batman Begins (2005) e Superman – O Retorno (2006). Como brincadeira com o roteirista, em uma das cenas de Eu Sou a Lenda, podemos ver um grande outdoor anunciando o longa nos cinemas. Mas não parou por aí, o que muitos podem não ter percebido é que Eu Sou a Lenda também contém um outdoor de um filme da Liga da Justiça, e na locadora podem ser vistos cartazes de filmes em live-action dos Titãs e Lanterna Verde. Nenhum destes filmes havia sido lançado e alguns nem existem de fato. Mas essa foi uma forma da Warner, detentora das propriedades da DC, brincar e instigar o público.

Também não poderia terminar o texto sem uma menção à nossa conterrânea Alice Braga nos matando de orgulho em uma de suas superproduções de Hollywood. A brasileira número 1 nos EUA é figura fácil em diversos blockbusters internacionais, vide Predadores (2010), Elysium (2013), Os Novos Mutantes (2020) e O Esquadrão Suicida (2021), mas sua primeira superprodução foi esta, na qual estreou com o pé direito ao lado de Will Smith.

Moral. A brasileira Alice Braga estreia com pé direito em Hollywood, dividindo as telas com Will Smith.

Voltando ao primeiro parágrafo, quando mencionei um dos maiores erros na escolha de um desfecho de um blockbuster, dois finais foram gravados para Eu Sou a Lenda No que vemos em tela, Smith entrega sua pesquisa da cura das mutações para a personagem de Alice Braga e para facilitar sua fuga, se entrega como isca para as criaturas, explodindo dentro de seu laboratório com os monstros. Sim, o protagonista não sobrevive ao desfecho – daí a confusão generalizada sobre o retorno de Smith confirmado agora na continuação. O que acontece, no entanto, é que com o lançamento de Eu Sou a Lenda no mercado de home vídeo (em DVD), o tal final alternativo foi incluído como um bônus, onde os fãs puderam assistir e decidir que preferiam este desfecho que não foi aos cinemas. Nesta segunda opção, o protagonista sai vivo, e ainda estabelece uma ligação mais profunda com as criaturas, ao descobrir que mesmo após perderem sua humanidade com o vírus, ainda existe dentro de cada um deles o resquício de quem foram e sentimentos como carinho e proteção entre si. É um final mais poético.

Dois finais foram gravados para ‘Eu Sou a Lenda’. Será que a continuação levará em conta o que não foi aos cinemas?

Muitos anos antes desta confirmação de sequência, o próprio roteirista Akiva Goldsman revelou que os planos de uma continuação existem desde o sucesso do filme de Smith. Na época, textos foram pensados e esboçados, tanto focados numa sequência, quanto numa pré-sequência. Que é onde o recém-anunciado segundo filme poderá se concentrar. Uma das ideias de prequels mostraria a pandemia começando, centrando a ação no desfile de ação de graças em Nova York. Outro mostraria a população humana diminuindo drasticamente. Já as ideias de continuações falavam sobre uma viagem até Washington, e também sobre um elefante infectado escapando do zoológico.

Agora só nos resta esperar até que a Warner divulgue novas informações deste projeto, que desde já atrai atenção dos cinéfilos. Enquanto isso, o original se encontra no acervo da HBO Max, para todos que desejam conferi-lo ou revisita-lo.

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