quinta-feira, abril 25, 2024

Falcão e o Soldado Invernal | Segundo episódio traz o lado sombrio do legado do Capitão América

[ANTES DE COMEÇAR A MATÉRIA, FIQUE CIENTE QUE ELA ESTÁ RECHEADA DE SPOILERS] 

Se você ainda não assistiu ao segundo episódio de Falcão e o Soldado Invernal, não leia esta matéria para não receber spoilers.

O lado ruim de Falcão e o Soldado Invernal ter apenas seis episódios é que já chegamos a 1/3 da série logo no segundo capítulo. O lado bom disso é que a produção fica mais dinâmica, mais direta. Dessa forma, os dois primeiros episódios ditaram certinho o que esperar da aventura da dupla de Vingadores e toda a mitologia do Capitão América que será explorada nela. Nesta semana, a Marvel foi certeira nas críticas ao racismo estrutural americano ao resgatar um personagem relativamente recente do cânone do herói bandeiroso. Além disso, tivemos a introdução de mais um membro dos Jovens Vingadores e enfim vimos a chegada do Zemo (Daniel Brühl).

O primeiro ponto alto do episódio é justamente a apresentação do “Novo Capitão América” para o público. Vemos um receoso John Walker (Wyatt Russell) no vestiário de sua faculdade se preparando para dar a primeira grande entrevista usando o uniforme e o escudo. Ele conversa sobre ter sido o melhor soldado possível ter recebido diversas honrarias e é apresentado ao som de uma nova versão de Star Spangled Man, a música que o governo americano criou para o Capitão América nos anos 1940. Esse momento é bem significativo porque remete diretamente a vários momentos de Capitão América: O Primeiro Vingador (2011). No filme, o Dr. Abraham Erskine (Stanley Tucci) diz a Steve Rogers (Chris Evans) que ele foi escolhido para ser o primeiro supersoldado por ser, acima de tudo, uma pessoa boa. Que homens que não foram sempre fortes dão mais valor ao poder do que aqueles que viveram a vida inteira “no topo”. O soro do supersoldado expandia as características da cobaia. “O que é bom fica melhor, o que é ruim fica pior”. E apesar de John não ter tomado o soro, essa diferença de características nos portadores do escudo já mostra que o novo herói provavelmente não vai dar certo. Além disso, a música em questão é uma memória de angústia para Steve. Nessa época, ele era usado como instrumento de propaganda dos EUA em vez de poder ser um verdadeiro herói, seguindo as suas crenças e ideais.

Ainda no que diz respeito a John Walker, seu parceiro de luta também é apresentado e provavelmente pegou muita gente de surpresa. Ele é Lemar Hoskins (Clé Bennet), o Estrela Negra. Nos quadrinhos, Lemar é um dos Buckies, os parceiros do Agente Americano (Walker) e acaba se tornando o quinto “Bucky” da mitologia do Capitão América. Na série, sua entrada tem um peso ainda maior, porque o governo americano não quis que Sam Wilson (Anthony Mackie) fosse o novo Capitão América, aconselhando-o a entregar o escudo para um museu, sendo que, pouco tempo depois, chamaram um rapaz branco e loiro para ocupar o posto, mesmo que isso contrariasse a vontade do próprio Steve Rogers. Então, eles chamam um rapaz negro para ocupar o papel de ajudante, de “chaveirinho” do grande herói branco. Isso pode parecer normal para algumas pessoas. No entanto, é uma crítica pesadíssima sobre o racismo velado e a dita representatividade de Hollywood – e dos EUA, num geral -, que hesita constantemente em dar papéis de destaque, de protagonismo, a pessoas negras. Por isso temos tantos “secundários” negros servindo de alívio cômico ou de auxiliares para a trama de heróis brancos.

Não deixe de assistir:

Ainda nos protestos raciais da série, temos a introdução de dois personagens fantásticos e que muitos sequer pensaram que veriam no MCU um dia: Isaiah Bradley e Elijah Bradley. Isaiah (Carl Lumbly) foi parte do Projeto Renascimento, que buscou replicar o Soro do Supersoldado após a morte de Erskine. O cientista chefe era um racista que usou 300 soldados americanos negros como cobaias, terminando com a morte de 295 deles. Um desses cinco sobreviventes foi Isaiah, que adotou o manto do Capitão América e passou a ser conhecido como o “Capitão América Negro”. Após ser capturado pelos nazistas, ele é considerado um criminoso pelo governo americano e passa um tempo preso. Quando é solto, vira um ícone da resistência negra. O problema é que os testes feitos em seu corpo trouxeram danos colaterais que refletiram em doenças mentais na terceira idade, como o alzheimer. Na série, ele também foi um supersoldado e enfrentou Bucky (Sebastian Stan) quando ele ainda era o Soldado Invernal. Já seu neto, Elijah Bradley (Elijah Richardson), atende a porta e não demonstra ter poderes ainda. Nas HQs, ele é o Patriota, um dos líderes dos Jovens Vingadores. Suas habilidades são praticamente as mesmas de Steve Rogers e são adquiridas depois dele ter o sangue do avô inserido em suas veias.

Chocado pela existência de um grande herói negro negligenciado por décadas pelo governo e pelo povo, Sam discute com Bucky no meio da rua, o que chama atenção da polícia. Eles abordam a dupla, mas só pedem os documentos de Sam Wilson. É uma cena constrangedora que faz referência ao racismo na polícia americana, cuja crueldade deu início ao movimento Black Lives Matter. Porém, para a surpresa do policial, quem está sendo procurado pela corporação é Bucky, o cara branco que sequer teve seu documento solicitado pelos agentes. O engajamento social dessa série está sendo fantástico, porque em momento algum soa forçado, ele é frio e cruel, como o que acontece na vida real, só que suavizado.

Outro ponto que merece destaque neste episódio são os Apátridas. Eles lutam contra o Falcão e o Soldado Invernal, revelando que não são criminosos comuns. São Supersoldados. Isso lembra diretamente ao grupo de Supersoldados introduzidos em Capitão América: Guerra Civil (2016). Eles foram criados no passado pela H.I.D.R.A. e, assim como Bucky, agiram em missões secretas pelo mundo. No filme, o grupo foi assassinado e usado como isca por Zemo para atrair Steve, Bucky e Stark (Robert Downey Jr.) para um lugar onde eles se enfrentassem até a morte. Isso legitimou a existência de novas doses do soro nas mãos de criminosos. Vale lembrar que o governo dos EUA tem acesso ao soro do supersoldado, como visto em O Incrível Hulk (2008), filme no qual o soldado Emil Blonsky (Tim Roth) vira o Abominável após ter doses da substância injetadas em seu corpo.

Mais tarde, neste episódio, descobrimos que os Apátridas roubaram o soro/ vacinas de um criminoso. Ele usa um número anônimo, ameaça a organização e eles saem em fuga para não serem capturados. O vilão anônimo não se identificou, mas os créditos finais podem ter entregue seu papel. Desde o primeiro episódio é possível ver esse card acima nos encerramentos. Ele diz “Power Broker is Watching You” e mostra um frasco do Soro do Supersoldado logo abaixo. Nos quadrinhos, Power Broker – ou Mercador do Poder – é Curtiss Jackson, um vilão do Capitão América que usa engenharia genética para vender ou expandir superpoderes para quem pagar o que ele pede. Inclusive, é ele quem dá ao Agente Americano (John Walker) as habilidades do Capitão América. Ao que parece, ele está sim na série e deve se revelar mais para frente, podendo até mesmo chegar a “turbinar” John Walker. Fato é que a trama está se embolando para uma série de vilões que ainda vão aprontar muito nos episódios restantes, incluindo o próprio Zemo, que será procurado pela dupla de heróis para contar mais sobre o projeto dos Supersoldados.

Os novos episódios de Falcão e o Soldado Invernal estreiam no Disney+ toda sexta-feira.

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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