domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Guardiões da Galáxia

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Uma deliciosa surpresa.

Mesmo com todo universo construído, personagens fixados no imaginário popular e de render bilhões de dólares, confesso que torci o nariz quando Guardiões da Galáxia foi confirmado para a próxima adaptação da Marvel Studios. Sim, porque essas figuras não poderiam nem mesmo se encaixar como heróis de segunda linha da Casa das Ideias, já que, quando criados em 1969 por Arnold Drake e Gene Colan, na Marvel Super-Heroes #18, suas primeiras aparições foram coadjuvantes e esporádicas. Depois disso, décadas se passaram e eles voltaram somente nos anos 90, quando Jim Valentino resolveu resgatar o grupo, adicionando novos membros – ainda que nenhum deles sejam os personagens do filme em questão. Esse time formado por Senhor das Estrelas, Gamora, Drax, Rocket Raccoon e Groot, só se juntou em 2008, no crossover Aniquilação, embora todos os personagens já existissem – no Brasil, por exemplo, são desconhecidos. Logo, foi de uma coragem (e estratégia) imensa por parte do estúdio.

A tática foi simples, somadora e inteligente. Precisavam explorar o espaço e outras culturas alienígenas, mesmo um pouco do lado cibernético (já que Os Vingadores 2 mexerá com o assunto); apresentar as chamadas Joias do Infinito e o vilão Thanos (provavelmente o grande inimigo por trás de tudo); e, ainda por cima, alocar a história num escopo de maior dimensão, que não apenas a Terra e Asgard, mas em amplitude sideral. De quebra, introduziram personagens que são tão carismáticos quanto os que já conhecemos, possuindo conflitos fortes e interessantes. Cada um tem diferentes valores morais, personalidades distintas, um backgorund crível e, mesmo engraçados, o humor é bem dividido singularmente. São apaixonantes. Criam de imediato o processo de identificação com o público.



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Mas como iria funcionar e as pessoas comprariam a ideia de uma civilização alienígena, colorida e cafona, em meio a tópicos tão importantes que dariam continuidade à trama e enriqueceriam essa cinessérie que já é sucesso absoluto? Ora, por que depois de um filme tão sério como Capitão América 2: O Soldado Invernal, não investirmos num tom mais cômico, ainda que nunca esqueçamos a ideia central? Se a lógica seguida foi essa, eles acertaram em cheio. Já que, por ser recheado de comédia, não só em piadas, aspectos visuais e trilha sonora, o troço acaba fluindo de forma bastante orgânica. Em nenhum momento estranhamos o que está sendo exposto em tela. E quando querem se levar a sério recorrem, imediatamente, para as pesadas origens dos personagens, numa muleta que se torna pontual e necessária.

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Em dado momento, reparei que o filme seguia uma fórmula e era muito parecido com algo que já tinha visto anteriormente. Peter Quill (Chris Pratt) seria o malandrão largado e mulherengo, que tinha grande coração e uma velha nave como companheira; Gamora (Zoe Saldana), uma princesa durona que teria renegado seu posto para lutar por um bem maior; Rocket Racoon (Bradley Cooper), um guaxinim ranzinza e falastrão que é amigo de Groot, a árvore humanóide (Vin Diesel) que só era entendida por este; por fim, o grandalhão Drax, o Destruidor (Dave Bautista) que, apesar de querer justiça e ser emotivo, tem o pavio muito curto. Agora só é somar as vias aos fatos. Quill roubou uma relíquia e está sendo perseguido pelos Caçadores de Recompensa de toda galáxia… Galáxia? Muito distante? STAR WARS, É CLARO! Quill é o Han Solo, Gamora, a Leia, Rocket, o C3PO, Groot, o R2D2 e Drax, o eterno Chewbacca. O vilão Ronan (Lee Pace) uma espécie de Darth Vader, e Thanos (Josh Brolin), por assim, o Imperador. Sim, é semelhante, mas longe de ser uma imitação. Como falei, eles seguem uma fórmula que simplesmente deu certo. Nem todos farão essa comparativa, alguns podem até discordar, mas é interessante buscarmos influências. Nisso o cineasta James Gunn – que vinha do igualmente divertido Super (2010) – acerta, pois brinca com esquema e tem uma mão levíssima no que se refere à direção – inclusive já foi confirmado para a sequência.

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Destacaria, também, a trilha sonora assinada por Tyler Bates – compositor que muito trabalhou com Zack Snyder. Como sempre, a grande sacada de Bates não está na parte incidental da coisa, sim nas canções escolhidas de algumas bandas. A ferramenta que é a fita cassete de Quill auxilia tanto que a acaba sendo parte fundamental dentro da narrativa. Todo o elenco parece contaminado pelo clima, formando um conjunto perfeito. O design de produção é um show à parte. Charles Wood e de toda equipe responsável pela direção de arte conceberam um universo fantástico e palpável (curiosamente o 3D funciona muito bem, obrigado, e dá grande profundidade de campo aos cenários), que ganha destaque pela vívida fotografia de Ben Davis, que confere uma luminosidade precisa em meio a tantas cores.

Com um final emocionante, fortes doses de humor e muita aventura, além de possuir batalhas épicas e empolgantes, do ponto vista visual e coreográfico, Guardiões da Galáxia já é um dos maiores acertos da Marvel, no que se refere a esse mundo quadrinistico-cinematográfico já estabelecido. Se no início capengaram com Homem de Ferro 3 e Thor: O Mundo Sombrio , como citaram às más línguas, os últimos longas da chamada Fase 2 foram completamente eficientes e preparam bem o terreno para o próximo grande evento chamado A Era de Ultron. Estão, como eu, ansiosos pelo próximo fascículo?

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Wilker Medeiroshttps://www.youtube.com/imersaocultural
Wilker Medeiros, com passagem pela área de jornalismo, atuou em portais e podcasts como editor e crítico de cinema. Formou-se em cursos de Fotografia e Iluminação, Teoria, Linguagem e Crítica Cinematográfica, Forma e Estilo do Cinema. Sempre foi apaixonado pela sétima arte e é um consumidor voraz de cultura pop.

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Mesmo com todo universo construído, personagens fixados no imaginário popular e de render bilhões de dólares, confesso que torci o nariz quando Guardiões da Galáxia foi confirmado para a próxima adaptação da Marvel Studios. Sim, porque essas figuras não poderiam nem mesmo se encaixar como heróis de segunda linha da Casa das Ideias, já que, quando criados em 1969 por Arnold Drake e Gene Colan, na Marvel Super-Heroes #18, suas primeiras aparições foram coadjuvantes e esporádicas. Depois disso, décadas se passaram e eles voltaram somente nos anos 90, quando Jim Valentino resolveu resgatar o grupo, adicionando novos membros – ainda que nenhum deles sejam os personagens do filme em questão. Esse time formado por Senhor das Estrelas, Gamora, Drax, Rocket Raccoon e Groot, só se juntou em 2008, no crossover Aniquilação, embora todos os personagens já existissem – no Brasil, por exemplo, são desconhecidos. Logo, foi de uma coragem (e estratégia) imensa por parte do estúdio.

A tática foi simples, somadora e inteligente. Precisavam explorar o espaço e outras culturas alienígenas, mesmo um pouco do lado cibernético (já que Os Vingadores 2 mexerá com o assunto); apresentar as chamadas Joias do Infinito e o vilão Thanos (provavelmente o grande inimigo por trás de tudo); e, ainda por cima, alocar a história num escopo de maior dimensão, que não apenas a Terra e Asgard, mas em amplitude sideral. De quebra, introduziram personagens que são tão carismáticos quanto os que já conhecemos, possuindo conflitos fortes e interessantes. Cada um tem diferentes valores morais, personalidades distintas, um backgorund crível e, mesmo engraçados, o humor é bem dividido singularmente. São apaixonantes. Criam de imediato o processo de identificação com o público.

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Mas como iria funcionar e as pessoas comprariam a ideia de uma civilização alienígena, colorida e cafona, em meio a tópicos tão importantes que dariam continuidade à trama e enriqueceriam essa cinessérie que já é sucesso absoluto? Ora, por que depois de um filme tão sério como Capitão América 2: O Soldado Invernal, não investirmos num tom mais cômico, ainda que nunca esqueçamos a ideia central? Se a lógica seguida foi essa, eles acertaram em cheio. Já que, por ser recheado de comédia, não só em piadas, aspectos visuais e trilha sonora, o troço acaba fluindo de forma bastante orgânica. Em nenhum momento estranhamos o que está sendo exposto em tela. E quando querem se levar a sério recorrem, imediatamente, para as pesadas origens dos personagens, numa muleta que se torna pontual e necessária.

Em dado momento, reparei que o filme seguia uma fórmula e era muito parecido com algo que já tinha visto anteriormente. Peter Quill (Chris Pratt) seria o malandrão largado e mulherengo, que tinha grande coração e uma velha nave como companheira; Gamora (Zoe Saldana), uma princesa durona que teria renegado seu posto para lutar por um bem maior; Rocket Racoon (Bradley Cooper), um guaxinim ranzinza e falastrão que é amigo de Groot, a árvore humanóide (Vin Diesel) que só era entendida por este; por fim, o grandalhão Drax, o Destruidor (Dave Bautista) que, apesar de querer justiça e ser emotivo, tem o pavio muito curto. Agora só é somar as vias aos fatos. Quill roubou uma relíquia e está sendo perseguido pelos Caçadores de Recompensa de toda galáxia… Galáxia? Muito distante? STAR WARS, É CLARO! Quill é o Han Solo, Gamora, a Leia, Rocket, o C3PO, Groot, o R2D2 e Drax, o eterno Chewbacca. O vilão Ronan (Lee Pace) uma espécie de Darth Vader, e Thanos (Josh Brolin), por assim, o Imperador. Sim, é semelhante, mas longe de ser uma imitação. Como falei, eles seguem uma fórmula que simplesmente deu certo. Nem todos farão essa comparativa, alguns podem até discordar, mas é interessante buscarmos influências. Nisso o cineasta James Gunn – que vinha do igualmente divertido Super (2010) – acerta, pois brinca com esquema e tem uma mão levíssima no que se refere à direção – inclusive já foi confirmado para a sequência.

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Destacaria, também, a trilha sonora assinada por Tyler Bates – compositor que muito trabalhou com Zack Snyder. Como sempre, a grande sacada de Bates não está na parte incidental da coisa, sim nas canções escolhidas de algumas bandas. A ferramenta que é a fita cassete de Quill auxilia tanto que a acaba sendo parte fundamental dentro da narrativa. Todo o elenco parece contaminado pelo clima, formando um conjunto perfeito. O design de produção é um show à parte. Charles Wood e de toda equipe responsável pela direção de arte conceberam um universo fantástico e palpável (curiosamente o 3D funciona muito bem, obrigado, e dá grande profundidade de campo aos cenários), que ganha destaque pela vívida fotografia de Ben Davis, que confere uma luminosidade precisa em meio a tantas cores.

Com um final emocionante, fortes doses de humor e muita aventura, além de possuir batalhas épicas e empolgantes, do ponto vista visual e coreográfico, Guardiões da Galáxia já é um dos maiores acertos da Marvel, no que se refere a esse mundo quadrinistico-cinematográfico já estabelecido. Se no início capengaram com Homem de Ferro 3 e Thor: O Mundo Sombrio , como citaram às más línguas, os últimos longas da chamada Fase 2 foram completamente eficientes e preparam bem o terreno para o próximo grande evento chamado A Era de Ultron. Estão, como eu, ansiosos pelo próximo fascículo?

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Wilker Medeiroshttps://www.youtube.com/imersaocultural
Wilker Medeiros, com passagem pela área de jornalismo, atuou em portais e podcasts como editor e crítico de cinema. Formou-se em cursos de Fotografia e Iluminação, Teoria, Linguagem e Crítica Cinematográfica, Forma e Estilo do Cinema. Sempre foi apaixonado pela sétima arte e é um consumidor voraz de cultura pop.

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