domingo , 22 dezembro , 2024

Ilha dos Cachorros: entrevista com Mathias Liebrecht, Key Animator do longa-metragem

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O longa-metragem Ilha dos Cachorros, dirigido por Wes Anderson, conta a história de um garoto japonês chamado Atari Kobayashi, residente da cidade de Megasaki, onde o corrupto prefeito aprova uma lei que proíbe todos os cachorros de morarem no local, fazendo com que os animais sejam banidos para uma ilha vizinha repleta de lixo. O jovem, que não aceita se separar do seu animal de estimação Spots, convoca os amigos e parte em uma busca por seu fiel companheiro.

A animação em stop motion, que conquistou a crítica e gera comentários sobre uma possível indicação ao Oscar, tem como Key Animator o brasileiro Mathias Liebrecht, que já trabalhou com Tim Burton em Frankenweenie. A jornalista Karolen Passos teve a oportunidade de bater um papo com ele sobre o filme durante o AnimaMundi. Confira:



Crítica | Ilha dos Cachorros – Wes Anderson declara seu amor ao stop-motion (e aos cachorros)

Karolen Passos: Você tem um animal de estimação?
Mathias Liebrecht: Não tenho mais. Eu já tive um cachorro, cresci com ele e, para mim, ele era meu irmão (risos). Até o dia dele morrer quando eu tinha treze anos. Tenho um irmão também, mas na minha cabeça, tinha dois irmãos. Desde então eu não tive, quer dizer, tive um peixe.

Assista também:
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KP: Mas não deixa de ser um animal de estimação.
ML: Não deixa de ser, mas não era a mesma coisa, o cachorro era especial.

KP: Como foi trabalhar com uma história como a de Ilha dos Cachorros? O que foi diferente do seu trabalho em outros filmes?
ML: Acho que o estilo do filme. Há muito tempo eu morria de vontade de trabalhar em um filme do Wes Anderson. Quando fiquei sabendo de O Fantástico Sr. Raposo, tentei entrar neste filme e não deu naquela época, por diversos motivos. Na hora que anunciaram, já sabia que esse filme ia ser diferente de todos os outros em stop motion, e foi, realmente. Para mim, foi um marco na história do stop motion atual. E esse filme (Ilha dos Cachorros) segue uma linha parecida, acho que é o estilo e a marca registrada do visual dele (Anderson). Para mim foi isso, mais o estilo e a potência do filme.

EXCLUSIVO: Vídeo mostra como foi criado o Stop Motion da animação ‘Ilha dos Cachorros’

KP: Como foi trabalhar com um diretor com uma visão tão peculiar como o Wes Anderson?
ML: Ele é super peculiar. Muito detalhista, extremamente detalhista, muito visual. Mas por outro lado, ele abre muito o diálogo para discutir o objetivo da cena, como chegar naquele ponto. Ele é extremamente detalhista, eu também sou, então, entendo ele.

KP: Então funcionou muito bem?
ML: Funcionou. Mas às vezes, foi difícil, mas funcionou sim. É difícil para quem trabalha na equipe de um diretor muito detalhista, porque você tem que lidar com isso. Então, não é uma coisa fácil. Mas é algo que te empurra pros seus limites e faz você buscar outras maneiras, e encontra-las também. E acho isso bom. Quando é muito fácil, você não evolui muito. Quando a coisa é difícil e tem barreiras, você é forçado a evoluir. Isso foi bom!

KP: Qual é o maior desafio de produzir uma animação em stop motion?
ML: O maior desafio, talvez, seja a resistência. É muito tempo, antes de mais nada, um longa dura, pelo menos, um ano e meio de montagem. Você precisa ter essa resistência para poder chegar no seu ápice de animação. Todo dia, todo tempo, o tempo inteiro. Então, tem cena que dura um dia e outras que duram três semanas, às vezes, a cena é relativamente curta, mas é muito complexa, com muitos personagens e movimento de câmera. Chega em um grau de complexidade que você tem que manter a sua performance durante a cena toda, durante o filme todo para não decair.

As Melhores Animações em Stop-Motion – Incluindo ‘Ilha dos Cachorros’

KP: Teve alguma cena, em particular, em que você se sentiu mais desafiado na hora de realiza-la?
ML: As cenas que tem atuação, para mim, são as mais desafiadoras e também as minhas preferidas ao mesmo tempo. Eu gosto de cenas onde a atuação é forte, é onde eu me sinto como um ator, que é o que a gente é, uma mistura de ator com coreógrafo com técnico, uma mistura dessas três coisas. A cena dos cachorros no campo de golfe foi uma das mais desafiadoras.

KP: Ilha dos Cachorros já está gerando um murmurinho sobre uma possível indicação ao Oscar. O que você pensa sobre isso?
ML: Provavelmente vai ser indicado ao Oscar. Um dos filmes mais proeminentes em animação atualmente. Se vai ganhar ou não, eu não sei.

KP: O que você diria para quem ainda não foi conferir Ilha dos Cachorros?
ML: Vai assistir (risos). Porque é lindo e uma história muito única. É um dos filmes em que trabalhei que eu mais gosto, como obra cinematográfica.

Ilha dos Cachorros já se encontra em cartaz nos cinemas brasileiros. Já pode correr para assistir!

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Ilha dos Cachorros: entrevista com Mathias Liebrecht, Key Animator do longa-metragem

O longa-metragem Ilha dos Cachorros, dirigido por Wes Anderson, conta a história de um garoto japonês chamado Atari Kobayashi, residente da cidade de Megasaki, onde o corrupto prefeito aprova uma lei que proíbe todos os cachorros de morarem no local, fazendo com que os animais sejam banidos para uma ilha vizinha repleta de lixo. O jovem, que não aceita se separar do seu animal de estimação Spots, convoca os amigos e parte em uma busca por seu fiel companheiro.

A animação em stop motion, que conquistou a crítica e gera comentários sobre uma possível indicação ao Oscar, tem como Key Animator o brasileiro Mathias Liebrecht, que já trabalhou com Tim Burton em Frankenweenie. A jornalista Karolen Passos teve a oportunidade de bater um papo com ele sobre o filme durante o AnimaMundi. Confira:

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Karolen Passos: Você tem um animal de estimação?
Mathias Liebrecht: Não tenho mais. Eu já tive um cachorro, cresci com ele e, para mim, ele era meu irmão (risos). Até o dia dele morrer quando eu tinha treze anos. Tenho um irmão também, mas na minha cabeça, tinha dois irmãos. Desde então eu não tive, quer dizer, tive um peixe.

KP: Mas não deixa de ser um animal de estimação.
ML: Não deixa de ser, mas não era a mesma coisa, o cachorro era especial.

KP: Como foi trabalhar com uma história como a de Ilha dos Cachorros? O que foi diferente do seu trabalho em outros filmes?
ML: Acho que o estilo do filme. Há muito tempo eu morria de vontade de trabalhar em um filme do Wes Anderson. Quando fiquei sabendo de O Fantástico Sr. Raposo, tentei entrar neste filme e não deu naquela época, por diversos motivos. Na hora que anunciaram, já sabia que esse filme ia ser diferente de todos os outros em stop motion, e foi, realmente. Para mim, foi um marco na história do stop motion atual. E esse filme (Ilha dos Cachorros) segue uma linha parecida, acho que é o estilo e a marca registrada do visual dele (Anderson). Para mim foi isso, mais o estilo e a potência do filme.

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KP: Como foi trabalhar com um diretor com uma visão tão peculiar como o Wes Anderson?
ML: Ele é super peculiar. Muito detalhista, extremamente detalhista, muito visual. Mas por outro lado, ele abre muito o diálogo para discutir o objetivo da cena, como chegar naquele ponto. Ele é extremamente detalhista, eu também sou, então, entendo ele.

KP: Então funcionou muito bem?
ML: Funcionou. Mas às vezes, foi difícil, mas funcionou sim. É difícil para quem trabalha na equipe de um diretor muito detalhista, porque você tem que lidar com isso. Então, não é uma coisa fácil. Mas é algo que te empurra pros seus limites e faz você buscar outras maneiras, e encontra-las também. E acho isso bom. Quando é muito fácil, você não evolui muito. Quando a coisa é difícil e tem barreiras, você é forçado a evoluir. Isso foi bom!

KP: Qual é o maior desafio de produzir uma animação em stop motion?
ML: O maior desafio, talvez, seja a resistência. É muito tempo, antes de mais nada, um longa dura, pelo menos, um ano e meio de montagem. Você precisa ter essa resistência para poder chegar no seu ápice de animação. Todo dia, todo tempo, o tempo inteiro. Então, tem cena que dura um dia e outras que duram três semanas, às vezes, a cena é relativamente curta, mas é muito complexa, com muitos personagens e movimento de câmera. Chega em um grau de complexidade que você tem que manter a sua performance durante a cena toda, durante o filme todo para não decair.

As Melhores Animações em Stop-Motion – Incluindo ‘Ilha dos Cachorros’

KP: Teve alguma cena, em particular, em que você se sentiu mais desafiado na hora de realiza-la?
ML: As cenas que tem atuação, para mim, são as mais desafiadoras e também as minhas preferidas ao mesmo tempo. Eu gosto de cenas onde a atuação é forte, é onde eu me sinto como um ator, que é o que a gente é, uma mistura de ator com coreógrafo com técnico, uma mistura dessas três coisas. A cena dos cachorros no campo de golfe foi uma das mais desafiadoras.

KP: Ilha dos Cachorros já está gerando um murmurinho sobre uma possível indicação ao Oscar. O que você pensa sobre isso?
ML: Provavelmente vai ser indicado ao Oscar. Um dos filmes mais proeminentes em animação atualmente. Se vai ganhar ou não, eu não sei.

KP: O que você diria para quem ainda não foi conferir Ilha dos Cachorros?
ML: Vai assistir (risos). Porque é lindo e uma história muito única. É um dos filmes em que trabalhei que eu mais gosto, como obra cinematográfica.

Ilha dos Cachorros já se encontra em cartaz nos cinemas brasileiros. Já pode correr para assistir!

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