segunda-feira , 23 dezembro , 2024

Margot Robbie e como salvar Piratas do Caribe?

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Sai Johnny Depp, entra Margot Robbie. Indisposta a abrir mão dos desbravadores dos Sete Mares que renderam ao estúdio US$ 4,5 bilhões ao longo de cinco filmes, a Disney tem buscado novas possibilidades para navegar em águas misteriosas e continuar a sair pelo mundo do cinema com o Pérola Negra. Mas será que estamos prontos para um reencontro — embora transformado — comPiratas do Caribe?

A ideia de revitalizar a franquia que foi capitaneada por Johnny Depp de 2003 a 2017 vem após uma série de controvérsias envolvendo a vida particular do ator e sua tórrida relação com Amber Heard. O último filme em que Depp viveu o icônico bebum, Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar’, arrecadou US$ 794 milhões nas bilheterias mundiais, e embora o montante seja significativo, é a segunda menor receita da franquia, atrás apenas de ‘A Maldição do Pérola Negra’, de 2003. Amargando também nas críticas, o filme foi uma última tentativa de manter o figurão na ativa após uma primeira trilogia de sucesso que teve pouca sobrevida. Por mais fascinante e cheio de possibilidades que é o universo dos Piratas, a insistência com Jack Sparrow (um personagem que, verdade seja dita, ficou maior que o próprio ator e maior que a própria franquia, contradições à parte) parecia a fase de negação no processo do luto.



Chegada a aceitação, a Casa do Mickey Mouse busca novidades. Em outubro de 2019, o estúdio anunciou um reboot da saga, a ser desenvolvido pelo veterano roteirista Ted Elliot em parceria com Craig Mazin, criador da minissérie de sucesso da HBO,Chernobyl. Agora, a outra novidade é uma segunda incursão, que não é um reboot ou um spin-off, mas que coloca as mulheres à frente. Dos dois projetos, algo em comum: nem sinal de Jack Sparrow. Ou Depp.

A iniciativa o novíssimo projeto parece ser unir uma saga extremamente lucrativa com uma tendência que tem dado certo com os live-action das Princesas Disney. O princípio com a nova versão protagonizada pela própria Arlequina, Margot Robbie, e escrita por Christina Hodson (Aves de Rapina), seria dar a famosa “guinada feminista” no projeto, uma tendência já aproveitada por As Caça-Fantasmas e Oito Mulheres e um Segredo, em outros contextos e proporções — e com diferentes níveis de aceitação. 

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Piratas do Caribe

 

A ideia de Margot Robbie caracterizada como pirata e liderando uma frota mares adentro soa inicialmente como uma extensão do nível de “libertação e empoderamento” que aos poucos está se tornando a característica mais marcante das novas versões dos clássicos de contos de fadas. Seja em ‘Aladdin’, ‘Malévola’ ou ‘A Bela e a Fera’, a revitalização tem ficado por conta de mocinhas que desejam mais do que apenas encontrarem seus príncipes, e soa inevitável em tempos que a retratação da mulher idealizada é um padrão a ser quebrado no cinema — mas desde que seja capitalizável. Ou seja, nada muito profundo ou além do básico, mas o necessário para gerar manchetes sobre ‘atualização’, vender bonecos e despertar a ira de uma ala conservadora — uma ira que, de uma forma ou de outra, também chama atenção e faz um ótimo serviço de marketing. 

Em contrapartida, o projeto vem não apenas na rebarba de Aves de Rapina, um dos poucos filmes que chegaram aos cinemas em 2020 antes da pandemia do coronavírus, mas também de uma iniciativa que Robbie e Hodson criaram juntas ainda durante a produção. Através de suas produtoras, as duas deram início ao Lucky Exports Pitch Program, que promove espaço para novas vozes femininas trabalhando ativamente no roteiro de filmes e séries de ação. Hodson, vale lembrar, também escreveu ‘Bumbleblee’ e está à frente do roteiro de Batgirl para o Universo Estendido da DC, e se o envolvimento tão ativo da dupla na promoção de histórias que impulsionam mulheres em frente e por trás das câmeras for algum indício, as expectativas sobre o novo ‘Piratas’ podem ser altas. 

Por sua vez, Robbie tem se tornado uma atriz e produtora cada vez mais cobiçada em Hollywood, acumulando projetos dentro e fora do universo dos heróis da DC Comics que esclarecem a extensão da sua atuação. Do live-action de Barbie ao novo projeto de David O. Russell, a australiana tem duas indicações ao Oscar, por ‘Eu, Tonya’ e ‘O Escândalo’, e ganhou o favoritismo de uma legião de fãs com sua interpretação de Harley Quinn. Apesar das recepções negativas e medianas de ‘Esquadrão Suicida’ e ‘Aves de Rapina’, a vilã/anti-heroína conseguiu prevalecer como um dos grandes sucessos do selo, o que em grande parte se deve ao carisma da atriz no papel. 

Se há uma coisa que o Jack Sparrow de Johnny Depp e a Arlequina de Margot Robbie têm em comum é o fato de ambos terem se tornado maiores que seus filmes. A diferença é que ela tem conseguido mostrar o quanto pode ir além.

Pelo ponto de vista estratégico, a Disney não pode ter a Arlequina trocando ideia com o Pantera Negra no próximo filme da Marvel. Mas pode trazer para casa o que deu certo e confiar a Margot Robbie a sequência daquela que sempre foi a Franquia de Um Homem Só.

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Laysa Zanettihttps://cinepop.com.br
Repórter, Crítica de Cinema e TV formada em Twin Peaks, Fringe, The Leftovers e The Americans. Já vi Laranja Mecânica mais vezes que você e defendo o final de Lost.

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Sai Johnny Depp, entra Margot Robbie. Indisposta a abrir mão dos desbravadores dos Sete Mares que renderam ao estúdio US$ 4,5 bilhões ao longo de cinco filmes, a Disney tem buscado novas possibilidades para navegar em águas misteriosas e continuar a sair pelo mundo do cinema com o Pérola Negra. Mas será que estamos prontos para um reencontro — embora transformado — comPiratas do Caribe?

A ideia de revitalizar a franquia que foi capitaneada por Johnny Depp de 2003 a 2017 vem após uma série de controvérsias envolvendo a vida particular do ator e sua tórrida relação com Amber Heard. O último filme em que Depp viveu o icônico bebum, Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar’, arrecadou US$ 794 milhões nas bilheterias mundiais, e embora o montante seja significativo, é a segunda menor receita da franquia, atrás apenas de ‘A Maldição do Pérola Negra’, de 2003. Amargando também nas críticas, o filme foi uma última tentativa de manter o figurão na ativa após uma primeira trilogia de sucesso que teve pouca sobrevida. Por mais fascinante e cheio de possibilidades que é o universo dos Piratas, a insistência com Jack Sparrow (um personagem que, verdade seja dita, ficou maior que o próprio ator e maior que a própria franquia, contradições à parte) parecia a fase de negação no processo do luto.

Chegada a aceitação, a Casa do Mickey Mouse busca novidades. Em outubro de 2019, o estúdio anunciou um reboot da saga, a ser desenvolvido pelo veterano roteirista Ted Elliot em parceria com Craig Mazin, criador da minissérie de sucesso da HBO,Chernobyl. Agora, a outra novidade é uma segunda incursão, que não é um reboot ou um spin-off, mas que coloca as mulheres à frente. Dos dois projetos, algo em comum: nem sinal de Jack Sparrow. Ou Depp.

A iniciativa o novíssimo projeto parece ser unir uma saga extremamente lucrativa com uma tendência que tem dado certo com os live-action das Princesas Disney. O princípio com a nova versão protagonizada pela própria Arlequina, Margot Robbie, e escrita por Christina Hodson (Aves de Rapina), seria dar a famosa “guinada feminista” no projeto, uma tendência já aproveitada por As Caça-Fantasmas e Oito Mulheres e um Segredo, em outros contextos e proporções — e com diferentes níveis de aceitação. 

Piratas do Caribe

 

A ideia de Margot Robbie caracterizada como pirata e liderando uma frota mares adentro soa inicialmente como uma extensão do nível de “libertação e empoderamento” que aos poucos está se tornando a característica mais marcante das novas versões dos clássicos de contos de fadas. Seja em ‘Aladdin’, ‘Malévola’ ou ‘A Bela e a Fera’, a revitalização tem ficado por conta de mocinhas que desejam mais do que apenas encontrarem seus príncipes, e soa inevitável em tempos que a retratação da mulher idealizada é um padrão a ser quebrado no cinema — mas desde que seja capitalizável. Ou seja, nada muito profundo ou além do básico, mas o necessário para gerar manchetes sobre ‘atualização’, vender bonecos e despertar a ira de uma ala conservadora — uma ira que, de uma forma ou de outra, também chama atenção e faz um ótimo serviço de marketing. 

Em contrapartida, o projeto vem não apenas na rebarba de Aves de Rapina, um dos poucos filmes que chegaram aos cinemas em 2020 antes da pandemia do coronavírus, mas também de uma iniciativa que Robbie e Hodson criaram juntas ainda durante a produção. Através de suas produtoras, as duas deram início ao Lucky Exports Pitch Program, que promove espaço para novas vozes femininas trabalhando ativamente no roteiro de filmes e séries de ação. Hodson, vale lembrar, também escreveu ‘Bumbleblee’ e está à frente do roteiro de Batgirl para o Universo Estendido da DC, e se o envolvimento tão ativo da dupla na promoção de histórias que impulsionam mulheres em frente e por trás das câmeras for algum indício, as expectativas sobre o novo ‘Piratas’ podem ser altas. 

Por sua vez, Robbie tem se tornado uma atriz e produtora cada vez mais cobiçada em Hollywood, acumulando projetos dentro e fora do universo dos heróis da DC Comics que esclarecem a extensão da sua atuação. Do live-action de Barbie ao novo projeto de David O. Russell, a australiana tem duas indicações ao Oscar, por ‘Eu, Tonya’ e ‘O Escândalo’, e ganhou o favoritismo de uma legião de fãs com sua interpretação de Harley Quinn. Apesar das recepções negativas e medianas de ‘Esquadrão Suicida’ e ‘Aves de Rapina’, a vilã/anti-heroína conseguiu prevalecer como um dos grandes sucessos do selo, o que em grande parte se deve ao carisma da atriz no papel. 

Se há uma coisa que o Jack Sparrow de Johnny Depp e a Arlequina de Margot Robbie têm em comum é o fato de ambos terem se tornado maiores que seus filmes. A diferença é que ela tem conseguido mostrar o quanto pode ir além.

Pelo ponto de vista estratégico, a Disney não pode ter a Arlequina trocando ideia com o Pantera Negra no próximo filme da Marvel. Mas pode trazer para casa o que deu certo e confiar a Margot Robbie a sequência daquela que sempre foi a Franquia de Um Homem Só.

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Repórter, Crítica de Cinema e TV formada em Twin Peaks, Fringe, The Leftovers e The Americans. Já vi Laranja Mecânica mais vezes que você e defendo o final de Lost.

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