Uma sessão para convidados no Auditório Ibirapuera na noite de hoje, 16 de outubro, marca o pontapé inicial da 43ª edição da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, um dos principais eventos cinematográficos da América Latina. O aguardado Wasp Network, do cultuado diretor Olivier Assayas foi escolhido o filme de abertura. A sessão contará com as presenças do cineasta, do produtor brasileiro Rodrigo Teixeira e dos atores Edgar Ramírez e Leonardo Sbaraglia. O roteiro é baseado no livro de Fernando Morais, “Os Últimos Soldados da Guerra Fria“.
Além de apresentar o longa de abertura, Olivier Assayas ganhará uma retrospectiva durante a Mostra e receberá o Prêmio Leon Cakoff. “O Assayas é um diretor que admiro há muito tempo e sempre quis trazer para a Mostra. Apresentamos quase todos os filmes dele aqui”, destacou a diretora da Mostra Renata de Almeida em conversa com o CinePOP.
Durante 15 dias, a capital paulistana se tornará o paraíso dos cinéfilos, que poderão conferir mais de 300 filmes, de diversos gêneros e nacionalidades, em 27 pontos de exibição espalhados pela cidade. A seleção inclui obras como Parasita, vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes, Sinônimos, vencedor do Urso de Ouro do Festival de Berlim, e A Vida Invisível (foto abaixo), filme escolhido para representar o Brasil na corrida pelo Oscar de Melhor Longa Internacional em 2020. Veja a lista do CinePOP de 10 filmes imperdíveis do evento.
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Em um ano difícil para a economia e para a cultura no Brasil, muitos eventos foram adiados e buscaram formas alternativas de recursos, como o financiamento coletivo, exemplo recente do Festival do Rio e do Janela Internacional de Cinema do Recife. A Mostra de São Paulo conseguiu manter seu tamanho padrão, mas houveram sim dificuldades. “Foi um ano cansativo, em que trabalhamos mais que nos anteriores. Perdemos o patrocínio da Petrobras e tivemos um grande momento de incerteza, em que ninguém sabia como ficaria a Lei Rouanet, como os festivais se encaixariam. Mas sempre tivemos a certeza de que a Mostra aconteceria, pois temos parceiros de muitos anos. Faltava entender o tamanho que conseguiríamos ter, mas conseguimos um novo patrocínio, da Petra, que ajudou muito. Mas ainda não compensou a perda da Petrobras, ainda é um ano com orçamento menor. Além disso tudo, ainda tivemos o aumento do dólar, que aumenta muito os custos de transporte, impostos, tudo mais”, apontou Renata.
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A Diretora da Mostra reforçou que o público não sentirá nenhuma perda com relação aos anos anteriores do evento e valorizou bastante o fato dos governos estaduais e municipais ainda manterem mecanismos de apoio à cultura.
Num momento de radicalização política, Renata vê a Mostra como mecanismo importante para transmitir todo tipo de cinema e ideia. “A Mostra nasceu na ditadura e sempre foi a favor da diversidade, sempre montou sua programação destacando outras realidades. Valorizamos o cinema LGBTQ antes mesmo da existência da sigla. E vamos continuar nesse caminho. Não sofremos pressão nenhuma na programação, e é como tem que acontecer. Não aceitamos nenhuma pressão para ter um tipo de filme ou não.”
O evento acontece em São Paulo até o dia 30 de outubro. O aguardado Dois Papas, de Fernando Meirelles, é o filme de encerramento da programação.
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