Talvez nenhuma outra década do cinema tenha marcado o público com produções tão queridas quanto os anos 80. Não é à toa que grande parte do que foi criado no período continua a render produções repaginadas ainda hoje, dando emprego para muita gente. Quase tudo que foi feito nos anos 80 voltou e continua a voltar de alguma forma. Somente nos próximos anos teremos novos produtos de ícones como Indiana Jones, Top Gun, Caça-Fantasmas (ainda este ano), Highlander, Um Tira da Pesada e Karatê Kid (com a nova temporada da série Cobra Kai).
Essas produções foram boas para todos. Para o público, foram responsáveis por capturar a imaginação de toda uma geração, criando ávidos fãs de cinema. Para os envolvidos, escreveu seus nomes no panteão de Hollywood. E quando falamos nos atores que protagonizaram tais obras lendárias, suas carreiras decolaram como um foguete devido a tais longas, servindo de divisores de águas em suas vidas profissionais. Sim, certos filmes tem esta força. Mas e se falássemos para você que Harrison Ford, Sylvester Stallone e Ralph Macchio, por exemplo, não foram as primeiras escolhas para viver os personagens Indiana Jones, Rambo e Daniel LaRusso no cinema?
Essa é a proposta desta nova matéria que trazemos para você. Abaixo iremos apresentar 10 Clássicos absolutos de Hollywood que teriam outros atores protagonizando. Será que seriam tão queridos assim? Confira abaixo e não esqueça de deixar seu comentário.
Indiana Jones e os Caçadoras da Arca Perdida
Clássico imortal dos anos 80, Indiana Jones vai lançar seu quinto filme em 2022. Curiosamente, o personagem nasceu do desejo do diretor Steven Spielberg em comandar uma aventura do espião 007 no cinema. O colega George Lucas o fez desistir da ideia dizendo ter algo melhor para ele. E assim apresentava o conceito de Indiana Jones. Por outro lado, Lucas não queria Harrison Ford no papel, o ator que Spielberg havia gostado. Isso porque Ford já era a esta altura o intérprete de Han Solo, nos filmes de Star Wars, justamente produzidos por George Lucas. Então, para o papel do arqueólogo aventureiro foi contratado Tom Selleck, realizando um teste que surpreendeu a todos. Nos finalmente, os produtores da série Magnum, estrelada por Selleck, que havia estreado no ano anterior, não liberaram o ator para protagonizar o blockbuster. E o resto é história.
Rambo – Programado para Matar
O livro First Blood é uma obra visceral e trágica, que tem a proposta de ser um atestado antibélico e contra a Guerra do Vietnã. A história fala sobre um veterano de guerra traumatizado que, ao retornar para seu país e visitar uma cidadezinha em busca de um velho amigo, termina confundido com um vagabundo e hostilizado pela polícia local, encabeçada pelo xerife linha dura. Antes de Sylvester Stallone imortalizar o personagem, outro ator de grande porte quase ficou com o papel. O personagem havia sido oferecido incialmente para Al Pacino, seis anos mais velho que Stallone, e que àquela altura já colecionava nada menos que cinco indicações ao Oscar. Pacino estava interessado no papel, mas no fim das contas recusou após ter suas ideias para Rambo negadas pelos produtores. Era o desejo de Pacino que Rambo fosse ainda mais perturbado e insano, realizando um retrato impactante dos efeitos da guerra. E se Pacino tivesse feito, provavelmente o filme pararia neste primeiro, ao contrário de ter se tornado uma rentável franquia nas mãos de Stallone. Assim, Pacino partiu para estrelar a comédia dramática Autor em Família, lançada no mesmo ano, e no seguinte, estrelaria Scarface.
Os Caça-Fantasmas
Outra produção muito querida dos anos 1980 que retorna em breve é Os Caça-Fantasmas. Agora intitulada até aqui no Brasil com seu nome original, Ghostbusters – Mais Além estreia este ano e irá continuar as aventuras lá da década de 80, com a equipe original passando o bastão para uma nova geração. A ideia para o filme de 1984 surgiu da mente do ator Dan Aykroyd, porém, era diferente de início. Intitulado “Ghost Smashers”, ou “Esmagadores de Fantasmas”, o filme traria uma trama espacial, com a equipe combatendo os fantasmas de forma interplanetária, algo como um Star Wars cômico. Essa ideia ficaria muita cara e o roteiro foi adaptado para o que finalmente ganhamos. Fora isso, Aykroyd tinha o amigo John Belushi (com quem trabalhou em Os Irmãos Cara de Pau e Estranhos Vizinhos) em mente para o papel de Peter Venkman, que terminaria nas mãos de Bill Murray. Isso porque Belushi viria a falecer antes do filme sair do papel. Outro nome de peso que quase estrelou o longa foi Eddie Murphy, planejado para o papel de Winston (que ficou com Ernie Hudson). O personagem teve uma participação bastante reduzida após a saída de Murphy do projeto. O ator estrelaria Um Tira da Pesada no mesmo ano.
Karatê Kid – A Hora da Verdade
O papel de Daniel LaRusso foi originalmente oferecido para o ator Sean Penn, que dois anos antes havia estrelado na comédia adolescente Picardias Estudantis. Penn, no entanto recusou o papel, já que buscava a esta altura personagens mais adultos e complexos. Ralph Macchio, que eventualmente ficou com o papel, é apenas um ano mais novo que Penn. Um tempo depois numa entrevista Penn elogiaria Macchio, dizendo que ele era um dos grandes atores em atividade. Outra curiosidade é que Kyle Eastwood, filho do icônico Clint Eastwood, fez o teste para o papel também e não passou. Como resultado, o paizão super protetor baniu qualquer produto da Coca-Cola dos sets de seus filmes. Na época, a Coca-Cola era dona da Columbia Pictures – que produziu Karatê Kid.
O Exterminador do Futuro
Este filme de suspense, ficção, ação e terror marcaria a carreira do austríaco Arnold Schwarzenegger o transformando num astro. Porém, antes de Arnold, o ator cogitado para viver o robô assassino era o “rival” dele na época, Sylvester Stallone. O intérprete de Rocky Balboa esteve na mira do criador James Cameron, mas a participação dele no filme não iria para frente. No entanto, uma colaboração entre Cameron e Stallone finalmente vingaria no ano seguinte, quando os dois escreveram o roteiro de Rambo 2 – A Missão (1985) em conjunto. Fora isso, uma brincadeira no filme O Último Grande Herói (1993), protagonizado por Arnold, faria menção ao fato – quando uma foto de Stallone pode ser vista como o protagonista de O Exterminador do Futuro 2.
Um Tira da Pesada
Sylvester Stallone protagonizou diversos filmes de sucesso nos anos 80 e não há dúvidas de que era um dos atores mais quentes da época. Porém, Stallone não podia estar em todos os lugares ao mesmo tempo, e precisou recusar alguns papeis que viriam a se tornar muito icônicos. Depois de deixar o papel antagonista de O Exterminador do Futuro, Stallone também desistiria do filme policial Um Tira da Pesada, que na época era mais voltado para a ação e não tanto para a comédia. Com a saída de Stallone do projeto, e a consequente entrada do astro Eddie Murphy, o filme ganharia tons humorísticos que fariam dele uma das produções mais lembradas dos anos 1980, e o primeiro grande blockbuster da carreira de Murphy, o elevando à fama mundial. Mas Stallone ainda levaria algumas das ideias contidas em Um Tira da Pesada e as moldaria na forma de (Stallone) Cobra, um filme com teor de thriller de ação, que seria lançado dois anos depois.
De Volta para o Futuro
Diferente de todos os casos da lista, onde atores foram cogitados, iniciaram negociações ou até foram contratados mas não passaram da fase de pré-produção, o ator ruivinho Eric Stoltz chegou a iniciar as filmagens em De Volta para o Futuro, gravando cenas no papel de Marty McFly. Muitas das cenas icônicas do filme podem ser achadas na internet com Stoltz vivendo o personagem protagonista. Por alguma razão, o diretor do longa Robert Zemeckis (ou quem sabe o produtor Steven Spielberg) acharam que o ator não estava funcionando bem no papel, mesmo depois de o terem escolhido. Assim, Michael J. Fox, que na época estrelava o seriado Caras e Caretas, o substituiu e se tornou um astro internacional. O “azarado” Stoltz estrelaria Marcas do Destino no mesmo ano, e depois os clássicos 80’s Alguém Muito Especial (1987) e A Mosca 2 (1989).
Highlander – O Guerreiro Imortal
Recentemente, escrevi uma matéria sobre os 35 anos do lançamento da aventura de fantasia cult Highlander, filme que transformou o francês Christopher Lambert em um astro internacional. Inicialmente, porém, havia sido Kurt Russell o ator contratado para estrelar como o imortal Connor MacLeod e atuar ao lado do lendário Sean Connery, que vive o mentor Ramirez. Por alguma razão, Russell, que já tinha assinado contrato, pulou fora do projeto ainda na fase de pré-produção. Segundo relatos, sua companheira Goldie Hawn foi quem o convenceu a deixar o filme. Talvez ela não goste de escoceses. Seja como for, Russell foi trabalhar ao lado de seu colega John Carpenter no igualmente cult Os Aventureiros do Bairro Proibido, lançado no mesmo ano. Dos dois, somente Highlander viraria uma franquia e terá um remake estrelado por Henry Cavill nos próximos anos.
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Top Gun – Ases Indomáveis
Existem aqueles filmes que se tornam os divisores de água na carreira de certos atores, e devido ao sucesso que fazem os transformam em astros. Quando falamos de Tom Cruise, todos lembram, é claro, de Top Gun – outro que completou 35 anos em 2021 e sobre o qual falei em uma matéria. Cruise na época, porém, era um ator que saía da adolescência e de filmes como Negócio Arriscado, lançado três anos antes. Assim, ele não foi a primeira escolha para o papel do piloto audacioso Maverick. Quem quase ficou com o papel como a escolha original foi o ator Matthew Modine, um nome promissor na época. Modine, no entanto, recusou a proposta ao considerar que a ideia por trás do filme glorificava a guerra como algo divertido e despretensioso, indo contra seus princípios pacifistas. No ano seguinte, Modine viria a estrelar o filme de guerra Nascido para Matar, de Stanley Kubrick, um clássico que funciona como crítica à guerra do Vietnã. Ah sim, Tom Cruise voltará ano que vem reprisando seu papel na continuação Top Gun – Maverick, um dos filmes mais aguardados de 2022.
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Duro de Matar
Finalizando nossa matéria temos mais um filme que serviu como divisor de águas na carreira de um ator. Escrevi recentemente sobre o declínio da carreira do veterano Bruce Willis, devido ao seu temperamento e vontade zero de se desafiar a esta altura de sua trajetória. Mas as coisas eram bem diferentes em 1988. Willis protagonizava o programa de sucesso A Gata e o Rato quando foi escolhido para o papel principal em Duro de Matar, considerado o “melhor filme de ação dos anos 80”. Mas o ator, é claro, mais acostumado à comédia, não foi a escolha original para o filme. Acontece que o roteiro de Duro de Matar é baseado num livro intitulado Nothing Lasts Forever, escrito pelo autor Roderick Thorpe. O livro é continuação de um outro livro seu, que foi adaptado ao cinema no filme A Lei é para Todos (The Detective, 1968), estrelado por Frank Sinatra. Assim, quando Duro de Matar começou a sair do papel, os produtores tiveram que, por contrato, oferecer o personagem novamente para Sinatra, cuja resposta foi: “estou velho demais para atuar em um filme assim”. Outra lenda de Hollywood diz que incialmente, o roteiro então foi adaptado para se tornar a continuação de Comando para Matar (1985), com Arnold Schwarzenegger, e teve o austríaco vinculado nas fases iniciais do projeto.
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