quinta-feira, abril 25, 2024

Highlander | Enquanto o remake com Henry Cavill não sai, conheça o clássico de 35 anos – em cartaz na Netflix

Uma batalha de vida ou morte através dos séculos. Um protagonista francês que não falava uma palavra de inglês. Uma das maiores bandas de rock da época dando seu respaldo e impulsionando com a trilha sonora. E um dos grandes astros de cinema no mundo servindo como mentor. Só pode haver um. Highlander – O Guerreiro Imortal, clássico dos anos 1980, completa 35 anos de lançamento em 2021. Para a comemoração, uma ótima notícia para os fãs da produção (e por que não, da franquia que se tornou): o remake, que trará Henry Cavill como protagonista e Chad Stahelski (John Wick) na direção, começa a ser gravado no ano que vem. O projeto, anteriormente, teve Ryan Reynolds vinculado para estrelar. Fora isso, a produção de 1986 se encontra atualmente no acervo da Netflix e você pode ir aquecendo os motores, a revisitando ou a conferindo pela primeira vez.

Highlander teve sua estreia num festival da França em janeiro de 1986, e depois seguiu para os EUA em março do mesmo ano. A ideia de uma história sobre imortais vivendo através dos séculos e se digladiando até existir apenas um, surgiu da mente do roteirista Gregory Widen e foi seu primeiro trabalho no cinema. Depois, Widen seguiria para entregar o roteiro de outro blockbuster querido, Cortina de Fogo, filme de ação sobre bombeiros que completa 30 anos em 2021 e também está contido no acervo atual da Netflix.

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A inspiração para o roteirista veio durante uma viagem de férias na Escócia. Widen, numa visita a um museu, se deparou com uma armadura antiga e ficou pensando como seria se o homem que a usou na época ainda estivesse vivo até hoje. Outra inspiração para o escritor foi Os Duelistas (1977), primeiro filme do icônico Ridley Scott. No longa, dois soldados da época de Napoleão entram em confrontos violentos numa série de duelos. O mais impressionante, no entanto, foi que Widen escreveu a espinha dorsal deste roteiro enquanto ainda estava cursando a universidade da Califórnia. Na época, o título era ‘Dark Knight’ e serviu como sua tese de formatura. Logo após ele venderia o roteiro pela quantia de US$200 mil. Em seu roteiro original, Widen havia criado uma história bem mais sombria e visceral sobre a vida destes imortais – resta saber se os novos envolvidos irão partir desta premissa.

Comandando o longa na direção, o cineasta Russell Mulcahy era oriundo dos vídeo clipes, tendo dirigido muitos estrelados por Elton John e a banda Duran Duran, por exemplo. Mulcahy havia impressionado em sua estreia no cinema com o terror O Corte da Navalha (1984), cult sobre um javali assassino. Assim, mesmo sendo uma produção independente com um orçamento em torno de US$19 milhões, o cineasta dava seu maior passo na carreira com Highlander – O Guerreiro Imortal. Curiosamente, o título original do filme seria “Shadow Clan”, algo como “Clã das Sombras”.

A trama todos devem conhecer, e inicia no presente (bem, pelo menos o presente de 1986). Após assistir a uma luta de WWE, Connor MacLeod se digladia no estacionamento do evento com outro homem usando espadas. No fim da luta, Connor consegue decapitar seu rival, mas acaba preso. Ele também começa a se lembrar de seu passado. Seu longo passado ainda no Século XV, onde nasceu num vilarejo da Escócia e descobriu pela primeira vez sua imortalidade. Neste passado, após uma batalha, ele é ferido e dado como morto. Mas termina descobrindo que não pode morrer de fato e quando os outros ao redor percebem isso, acreditam que tenha realizado um pacto com o diabo e o banem do vilarejo. Ele é encontrado pelo egípcio Ramirez, que o explica sua condição, sendo igual a ele, e começa a treiná-lo como mentor. Com o passar dos séculos, Connor agora vive com outro nome no presente, em Nova York, como dono de uma loja de antiguidades luxuosa. Em seu encalço, uma perita forense intrigada com a possível condição do sujeito, que irá se tornar seu interesse amoroso, e um rival antigo chamado Kurgan, vindo de séculos passados, disposto a derrota-lo no combate mortal – que só pode ocorrer, é claro, com a decapitação do outro.

Para o papel protagonista do imortal Connor MacLeod muitos atores foram cogitados e testados. O astro Kurt Russell foi inclusive contratado para viver o personagem, mas deixou o projeto ainda durante a fase de pré-produção devido à insistência de sua namorada Goldie Hawn. Russell seguiu para protagonizar Os Aventureiros do Bairro Proibido, do amigo John Carpenter, lançado no mesmo ano. Além de Russell, outros atores cogitados para o papel principal foram Mel Gibson, Michael Douglas, Kevin Costner, William Hurt, Ed Harris, Mickey Rourke, Peter Weller (o Robocop) e até mesmo o músico Sting – também visado para prover a trilha sonora da produção. Até mesmo o lutador grandalhão Hulk Hogan afirma ter sido convidado para o papel de Connor, mas ter recusado por querer se concentrar em sua carreira no WWE.

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O papel, como sabemos, terminou nas mãos do francês Christopher Lambert, que havia impressionado a todos na indústria do cinema mundial com seus desempenhos em Greystoke – A Lenda de Tarzan (1984) e Subway (1985). Os realizadores, porém, ficaram chocados e se viram em desesperado ao descobrir, após terem assinado o contrato com Lambert, que o ator não falava uma palavra de inglês. Isso apresentava um problemão, já que o longa seria especificamente gravado em tal idioma, como uma produção norte-americana. Em seu único outro filme americano, o citado Greystoke, ele vivia um Tarzan realista e praticamente não dizia nada. A solução foi trazer a bordo do projeto um treinador de diálogos para que o ator desenvolvesse um sotaque cosmopolita, sem representar uma região específica.

A grande contratação de Highlander seria mesmo a de Sean Connery, na época um astro mais que estabelecido, tendo feito muito sucesso, por exemplo, em sete filmes da franquia 007 – James Bond. Segundo relatos, Connery teria sido oferecido o papel principal e também o do vilão, antes de se interessar em viver Ramirez, o mentor egípcio do protagonista, que o ensina sobre a arte da luta espadachim e sobre a arte da imortalidade. Connery e Lambert se deram muito bem nos bastidores e se tornaram amigos. Dentre brincadeiras, Lambert afirmou que o veterano ficava bêbado em muitas de suas cenas na Escócia. Antes de Connery aceitar o papel, atores como Clint Eastwood, Gene Hackman, Michael Caine e Peter O’Toole foram cogitados para viver Ramirez.

Para viver a personagem Brenda Wyatt, a perita que se torna o par romântico de Connor no presente, atrizes como Sigourney Weaver, Glenn Close, Linda Hamilton, Karen Allen, Demi Moore e Diane Lane estiveram entre as finalistas. Duas outras, porém, chegaram muito perto de conseguir. Brooke Adams (Na Hora da Zona Morta) era a escolha original, e Catherine Mary Stuart (A Noite do Cometa) chegou a ser contratada, mas por alguma razão, pouco tempo depois foi demitida. Em seu lugar, entrava Roxanne Hart.

No papel do antagonista Kurgan, o veterano Clancy Brown. O ator disse ter baseado sua performance do guerreiro bárbaro em Arnold Schwarzenegger, mas não de Conan e sim do robô T-800 de O Exterminador do Futuro, que havia sido lançado dois anos antes. Coincidentemente, o ator austríaco ex-governador da Califórnia foi oferecido o papel de vilão em Highlander, mas recusou a proposta.

Para muitos fãs, o verdadeiro atrativo de Highlander – O Guerreiro Imortal é mesmo a trilha sonora composta inteiramente pela banda Queen. O curioso é que de início, a banda iria gravar apenas uma canção para a trilha, mas após assistir cenas do longa, ficaram inspirados para compor mais. Os carros-chefes de tal trilha, é claro, são as icônicas ‘Princes of the Universe’, ‘Who Wants to Live Forever’ e ‘It’s a Kind of Magic’. Antes de Queen imortalizar Highlander com seu som, artistas como David Bowie, Sting e Duran Duran foram cogitados para compor músicas para a trilha sonora. E numa decisão não muito inteligente, a esquecida Marillion chegou inclusive a rejeitar a oferta dos realizadores, por motivo de conflito de agenda com uma turnê que estavam fazendo na época.

Highlander, é claro, geraria sua primeira continuação em 1991 – que completa 30 anos em 2021. Depois disso vieram mais três filmes (sendo o último um lançamento em vídeo), duas séries de TV (uma no início e outra no fim dos anos 90) e uma série animada (também na década de 90). Esse sucesso todo, no entanto, veio de forma inesperada. O arco da história de Highlander é fechado em si mesmo e continuações desta história nunca foram planejadas. É só imaginar que uma trama onde no desfecho sobra apenas um imortal, como é “cantado” ao longo de toda a projeção do original, não pede e nem teria como continuar. Ao derrotar o último imortal, Connor era brindado com o “prêmio”, finalmente ganhando sua mortalidade para envelhecer, poder ter filhos e viver uma vida normal.

Some a isso o fato de que Highlander não foi um sucesso de bilheteria. Muito pelo contrário, com uma campanha de marketing pobre, para dizer no mínimo, O Guerreiro Imortal pode ser considerado um flop, um fracasso de bilheteria gerando apenas o retorno de US$13 milhões contra seu orçamento de US$19 milhões. O filme, porém, se mostraria um dos primeiros grandes exemplos do poder das vídeo locadoras na década de 1980. Foi justamente devido ao status de cult que a obra foi ganhando no boca a boca, que mesmo com seu fracasso nos cinemas, uma legião já estava a bordo adorando o longa – o que possibilitou uma continuação, que seria lançada cinco anos depois, e toda esta mitologia em torno de uma única história.

Ou seja, no aniversário de 35 anos da franquia, do filme original e em vias de ser resgatada na forma de um reboot para os tempos modernos, com grandes nomes envolvidos, é a hora para trazer Highlander novamente para a cultura pop, ver e rever. E principalmente, não fazer como Christopher Lambert, que afirma ter assistido ao longa apenas uma única vez, durante sua pré-estreia em 1986.

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