quarta-feira , 20 novembro , 2024

“O Esquadrão Suicida” | Projetos da DC que gostaríamos que James Gunn assumisse

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A ida de James Gunn para a DC pegou muita gente de surpresa na época em que aconteceu. O diretor tinha acabado de ser demitido da Marvel por conta de tweets antigos controversos e logo foi anunciado como o diretor e roteirista do novo Esquadrão Suicida. Como o primeiro filme tinha falhado em replicar o estilo de Gunn à frente da franquia Guardiões da Galáxia, foi uma alternativa interessante trazê-lo para comandar a nova empreitada do Esquadrão. E deu muito certo.



Com bastante liberdade criativa e a permissão para realizar um filme para maiores, o diretor fez do longa seu grande parque de diversões e entregou uma aventura com alma, violência, reflexão e muita criatividade. Cheio de moral na casa nova, James Gunn está sendo cotado para trabalhar em outros projetos do estúdio, além da série do Pacificador. Por isso, o CinePOP decidiu dar algumas sugestões de personagens que poderiam render grandes filmes nas mãos de Gunn.


Jonah Hex

Para quem não está muito familiarizado com os quadrinhos, Jonah Hex pode ser apenas um filme terrivelmente horroroso de 2010, que foi estrelado por Josh Brolin. Porém, o personagem não se resume apenas àquela atrocidade. Ele é fantástico e conta com uma mitologia absurda que mistura o faroeste com o sobrenatural. Jonah é um cowboy filho de uma prostituta com um alcóolatra, que é vendido aos 13 anos e cresce aprendendo os costumes dos nativos americanos. Suas histórias mexem bastante com o Western e ele não tem nenhum poder super-humano. Suas habilidades consistem em ser um exímio atirador, seja com revólveres ou armas brancas, que eventualmente acaba lidando com ameaças sobrenaturais e já foi até mesmo levado para o futuro, onde enfrentou motoqueiros ao melhor estilo Mad Max.

Além de já ter trabalhado bem esse conceito de violência e ter expressado seu desejo de dirigir um Western, James Gunn tem um talento sem igual para desenvolver personagens ambíguos, que mesmo imersos no fracasso conseguem fazer grandes feitos, vide Super (2010). Além de trazer profundidade para Jonah Hex, o diretor poderia explorar o suspense do sobrenatural mesclado com elementos do terror B, que ele adora. Seria promissor.

Gladiador Dourado

Egocêntrico, bonitão, polêmico… Michael Jon Carter, também conhecido como o Gladiador Dourado, é um grande babaca. Vindo da Gotham City do Século XXV, Michael é um ex-atleta que foi demitido de sua equipe depois de descobrirem que ele apostava nos resultados do próprio time e fazia o que era preciso para ganhar uma graninha no jogo. Com isso, ele vira zelador de um museu dos super-heróis, onde estuda tudo sobre os grandes eventos do passado e começa a bolar um plano para conseguir riquezas e glórias, algo bem diferente do fundo do poço que ele estava vivendo.

Assim, ele furta vários aparatos heroicos que estavam no museu e junto do robô segurança Skeets viaja para o passado, onde tentará ser um super-herói. Porém, ele nunca deixa de ser um grande babaca atrapalhado que busca a todo custo a aprovação de outros heróis, da imprensa e do público. A forma como James Gunn trabalha esses personagens arrogantes é interessante, porque ele consegue expor o jeitão marrento, mas também costuma humanizá-los. Talvez o maior exemplo disso seja o Fred, dos filmes live action do Scooby-Doo. Ele foi roteirista dos dois longas e usou bem as inseguranças do líder da Mistério S/A para mostrar que tinha um ser humano por trás daquela pose de machão. E, claro, daria para explorar bem a amizade do Gladiador Dourado com o Besouro azul, apelando bastante para a comédia em um filme ao melhor estilo Buddy Cop.

Liga da Justiça

Apesar do que alguns tentam empurrar goela abaixo dos fãs de filmes com super-heróis, a DC não é apenas “realista e sombria”. Limitar a empresa a essa visão acinzentada é excluir algumas das sagas e universos maravilhosos de quase 90 anos de existência da editora. E isso se aplica diretamente ao principal grupo da casa: a Liga da Justiça. A junção dos nomes mais famosos dos quadrinhos para trabalharem em equipe é um das coisas mais fantásticas da história das HQs e merece bem mais do que as visões do filme de 2017 e de 2021. Nas duas versões da Liga, tanto Zack Snyder quanto Joss Whedon priorizaram alguns personagens e deixaram outros de lado, dando a sensação de que os eventos de “Liga da Justiça” serviriam apenas como uma ponte para outros projetos futuros. E isso é muito pouco para o que um longa dessa equipe pode entregar.

Além disso, ambas as versões não exploraram visualmente os poderes dos heróis e a psicodelia de alguns vilões, prezando sempre pelos filtros escuros ou avermelhados. A graça de se envolver com uma equipe tão rica é justamente trazer vilões e situações inesquecíveis, que farão do filme memorável, mais ou menos como James Gunn fez em O Esquadrão Suicida (2021) ao trazer ninguém menos que Starro, o Conquistador como vilão principal da trama. Foi inesperado, foi visualmente fantástico e foi épico. Fora, claro, o talento de Gunn para trabalhar a dinâmica de equipes com membros muito diferentes uns dos outros. Seria uma oportunidade única para a maior equipe dos quadrinhos poder fazer frente ou até mesmo superar Os Vingadores nos cinemas.

 

Arlequina e Hera Venenosa

Uma das relações dos quadrinhos mais legais e inesperadas dos últimos tempos é o casal Arlequina e Hera Venenosa. As duas contracenaram pela primeira vez em 1993, performando como vilãs do Batman. Só que, com o passar dos anos, os roteiristas perceberam que havia um shipp não oficial que permeava os fãs: juntar as duas como um casal maligno, lunático e bem… por que não empoderado? E antes que alguém venha reclamar que é forçar a barra, a Hera Venenosa tenta colocar a Harley acima dos padrões masculinos desde a primeira vez que ela viu o relacionamento abusivo e o fanatismo dela pelo Coringa, tanto que uma das primeiras missões delas é assaltar e humilhar frequentadores de casas noturnas por toda Gotham.

Mais recentemente, com a série animada da Arlequina – que pode ser vista no HBO MAX -, o casal ganhou uma abordagem ainda mais irônica, politicamente incorreta e sacana, que se aproveita dos clichês dos quadrinhos e dos fãs de quadrinhos para satirizar esse universo em meio a muita violência explícita e situações sem sentido. Como se não fosse o bastante, James Gunn e Margot Robbie se entenderam muito bem fora das câmeras, iniciando uma amizade que reviveu na atriz a vontade de seguir como a Harley dos cinemas. Anteriormente, ela havia dado declarações sobre dar um tempo com a maluquinha favorita de todos. Esses fatores pesariam bastante na hora de conceber um filme que seria divertido, violento, representativo e revolucionário. Há também boatos de que Gunn estaria cotado para assumir Sereias de Gotham, um projeto engavetado que estava originalmente designado a David Ayer, mas que acabou não vendo a luz do dia graças as péssimas críticas que o Esquadrão dele conseguiu. Além da Harley e da Hera Venenosa, o grupo também conta com a presença da Mulher Gato, o que poderia funcionar bem como um tipo de sequência para Aves de Rapina: Arlequina e Sua Emancipação Fantabulosa (2020).

 

Superman

Ok, talvez esse seja o item mais controverso dessa lista. No entanto, vale ressaltar que a Warner trouxe James Gunn para a DC na intenção dele dirigir um filme do Superman. Nos últimos anos, a imagem do maior herói de todos os tempos foi massacrada nas telonas e em outras mídias. Mesmo sendo conhecido como um símbolo de esperança, diversas produções decidiram fazer versões maléficas do Superman, seja o Capitão Pátria de The Boys, o Omni-Man de Invincible, o Superman de Zack Snyder, que tem algumas atitudes reprováveis para quem deveria inspirar os outros, ou até mesmo o Superman dos quadrinhos e games, como na saga Injustice. Fato é que já deu dessa história de Super-Homem do mal. A questão está tão saturada que até mesmo o próprio James Gunn produziu seu próprio “Super Malvadão”, em Brightburn: Filho das Trevas (2019). Bola pra frente, pessoal. A mitologia do Último Filho de Krypton é riquíssima e chega a ser um pecado que insistam apenas na versão corrompida do maior de todos.

Em tempos nos quais todo cara bonitão de azul e vermelho vem sendo mostrado como um mau-caráter, trazer o bom e velho Clark Kent heroico, bonachão e símbolo de esperança e inspiração seria uma bola dentro. E se fosse para dar esse filme para James Gunn, seria maravilhoso se ele adaptasse Superman: As Quatro Estações ou Grandes Astros: Superman. Enquanto a primeira é uma história intimista belíssima que mostra com primor o lado humano de Clark Kent e do Superman em diferentes partes de sua vida – passando pela adolescência na fazenda dos Kent até a vida caótica em Metrópolis -, deixando claro o porquê dele ser o símbolo quase imaculado que todos conhecem, a segunda é mais apoteótica. Em Grandes Astros: Superman, o quadrinista Grant Morrison ousou ao trazer brilhantemente algo que não é tão abordado nas HQs: o Superman está morrendo. Ao descobrir que suas células não estão resistindo, Clark vai em busca de resolver os 12 desafios universais, que são praticamente impossíveis de serem cumpridos. Porém, tal qual Hércules, o herói usa seus últimos dias para resolver esses trabalhos e ajudar civilizações em diversos cantos do universo, incluindo sua amada Terra. E nesse processo de benevolência, o fragilizado Superman resolve suas próprias questões pessoais com amigos, família, inimigos e consigo mesmo. É uma história que consegue ser tão grandiosa quanto intimista. Seria um desafio não apenas narrativo, mas também visual para James Gunn, que teria de trabalhar os últimos dias do maior ícone dos quadrinhos. Mas, com sua sensibilidade e capacidade de humanizar personagens, Gunn poderia trazer verdadeiras obras de arte adaptando uma dessas duas sagas.

 

Bônus:

Homem Brinquedo

Apesar desse visual meio João Doria, o Homem Brinquedo é um dos maiores vilões do Superman e fez parte da infância de muitos jovens dos anos 1990/2000 ao aparecer em diversos episódios de Liga da Justiça Sem Limites e Super Choque. Winslow Schott veio de uma família de fabricantes de bonecos e descontou a tristeza de saber que sua esposa não podia ter filhos na produção de brinquedos, o que permitia que ele ficasse próximo das crianças. Só que alguns imprevistos acontecem e ele passa a ter surtos psicóticos. Depois de passar por um ritual de magia do mal, Schott se torna praticamente imortal ao adquirir a habilidade de transferir sua consciência para objetos inanimados. Então, tal qual Charles Lee Ray, ele “possui” um de seus bonecos robôs e fica desse jeito aí da imagem. E não é brincadeira, o vilão já colocou o próprio Superman em diversas roubadas que pareciam impossíveis de serem vencidas.

Por se tratar de um vilão com um passado e um visual tão bizarro, e por envolver esses elementos sobrenaturais típicos dos filmes B de terror dos anos 80, James Gunn poderia trazer bastante personalidade para o Homem Brinquedo. Talvez não necessariamente em um filme, mas quem sabe uma série?

E você? Qual projeto da DC gostaria de ver sendo trabalhado por James Gunn? Diga nos comentários!

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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Com bastante liberdade criativa e a permissão para realizar um filme para maiores, o diretor fez do longa seu grande parque de diversões e entregou uma aventura com alma, violência, reflexão e muita criatividade. Cheio de moral na casa nova, James Gunn está sendo cotado para trabalhar em outros projetos do estúdio, além da série do Pacificador. Por isso, o CinePOP decidiu dar algumas sugestões de personagens que poderiam render grandes filmes nas mãos de Gunn.


Jonah Hex

Para quem não está muito familiarizado com os quadrinhos, Jonah Hex pode ser apenas um filme terrivelmente horroroso de 2010, que foi estrelado por Josh Brolin. Porém, o personagem não se resume apenas àquela atrocidade. Ele é fantástico e conta com uma mitologia absurda que mistura o faroeste com o sobrenatural. Jonah é um cowboy filho de uma prostituta com um alcóolatra, que é vendido aos 13 anos e cresce aprendendo os costumes dos nativos americanos. Suas histórias mexem bastante com o Western e ele não tem nenhum poder super-humano. Suas habilidades consistem em ser um exímio atirador, seja com revólveres ou armas brancas, que eventualmente acaba lidando com ameaças sobrenaturais e já foi até mesmo levado para o futuro, onde enfrentou motoqueiros ao melhor estilo Mad Max.

Além de já ter trabalhado bem esse conceito de violência e ter expressado seu desejo de dirigir um Western, James Gunn tem um talento sem igual para desenvolver personagens ambíguos, que mesmo imersos no fracasso conseguem fazer grandes feitos, vide Super (2010). Além de trazer profundidade para Jonah Hex, o diretor poderia explorar o suspense do sobrenatural mesclado com elementos do terror B, que ele adora. Seria promissor.

Gladiador Dourado

Egocêntrico, bonitão, polêmico… Michael Jon Carter, também conhecido como o Gladiador Dourado, é um grande babaca. Vindo da Gotham City do Século XXV, Michael é um ex-atleta que foi demitido de sua equipe depois de descobrirem que ele apostava nos resultados do próprio time e fazia o que era preciso para ganhar uma graninha no jogo. Com isso, ele vira zelador de um museu dos super-heróis, onde estuda tudo sobre os grandes eventos do passado e começa a bolar um plano para conseguir riquezas e glórias, algo bem diferente do fundo do poço que ele estava vivendo.

Assim, ele furta vários aparatos heroicos que estavam no museu e junto do robô segurança Skeets viaja para o passado, onde tentará ser um super-herói. Porém, ele nunca deixa de ser um grande babaca atrapalhado que busca a todo custo a aprovação de outros heróis, da imprensa e do público. A forma como James Gunn trabalha esses personagens arrogantes é interessante, porque ele consegue expor o jeitão marrento, mas também costuma humanizá-los. Talvez o maior exemplo disso seja o Fred, dos filmes live action do Scooby-Doo. Ele foi roteirista dos dois longas e usou bem as inseguranças do líder da Mistério S/A para mostrar que tinha um ser humano por trás daquela pose de machão. E, claro, daria para explorar bem a amizade do Gladiador Dourado com o Besouro azul, apelando bastante para a comédia em um filme ao melhor estilo Buddy Cop.

Liga da Justiça

Apesar do que alguns tentam empurrar goela abaixo dos fãs de filmes com super-heróis, a DC não é apenas “realista e sombria”. Limitar a empresa a essa visão acinzentada é excluir algumas das sagas e universos maravilhosos de quase 90 anos de existência da editora. E isso se aplica diretamente ao principal grupo da casa: a Liga da Justiça. A junção dos nomes mais famosos dos quadrinhos para trabalharem em equipe é um das coisas mais fantásticas da história das HQs e merece bem mais do que as visões do filme de 2017 e de 2021. Nas duas versões da Liga, tanto Zack Snyder quanto Joss Whedon priorizaram alguns personagens e deixaram outros de lado, dando a sensação de que os eventos de “Liga da Justiça” serviriam apenas como uma ponte para outros projetos futuros. E isso é muito pouco para o que um longa dessa equipe pode entregar.

Além disso, ambas as versões não exploraram visualmente os poderes dos heróis e a psicodelia de alguns vilões, prezando sempre pelos filtros escuros ou avermelhados. A graça de se envolver com uma equipe tão rica é justamente trazer vilões e situações inesquecíveis, que farão do filme memorável, mais ou menos como James Gunn fez em O Esquadrão Suicida (2021) ao trazer ninguém menos que Starro, o Conquistador como vilão principal da trama. Foi inesperado, foi visualmente fantástico e foi épico. Fora, claro, o talento de Gunn para trabalhar a dinâmica de equipes com membros muito diferentes uns dos outros. Seria uma oportunidade única para a maior equipe dos quadrinhos poder fazer frente ou até mesmo superar Os Vingadores nos cinemas.

 

Arlequina e Hera Venenosa

Uma das relações dos quadrinhos mais legais e inesperadas dos últimos tempos é o casal Arlequina e Hera Venenosa. As duas contracenaram pela primeira vez em 1993, performando como vilãs do Batman. Só que, com o passar dos anos, os roteiristas perceberam que havia um shipp não oficial que permeava os fãs: juntar as duas como um casal maligno, lunático e bem… por que não empoderado? E antes que alguém venha reclamar que é forçar a barra, a Hera Venenosa tenta colocar a Harley acima dos padrões masculinos desde a primeira vez que ela viu o relacionamento abusivo e o fanatismo dela pelo Coringa, tanto que uma das primeiras missões delas é assaltar e humilhar frequentadores de casas noturnas por toda Gotham.

Mais recentemente, com a série animada da Arlequina – que pode ser vista no HBO MAX -, o casal ganhou uma abordagem ainda mais irônica, politicamente incorreta e sacana, que se aproveita dos clichês dos quadrinhos e dos fãs de quadrinhos para satirizar esse universo em meio a muita violência explícita e situações sem sentido. Como se não fosse o bastante, James Gunn e Margot Robbie se entenderam muito bem fora das câmeras, iniciando uma amizade que reviveu na atriz a vontade de seguir como a Harley dos cinemas. Anteriormente, ela havia dado declarações sobre dar um tempo com a maluquinha favorita de todos. Esses fatores pesariam bastante na hora de conceber um filme que seria divertido, violento, representativo e revolucionário. Há também boatos de que Gunn estaria cotado para assumir Sereias de Gotham, um projeto engavetado que estava originalmente designado a David Ayer, mas que acabou não vendo a luz do dia graças as péssimas críticas que o Esquadrão dele conseguiu. Além da Harley e da Hera Venenosa, o grupo também conta com a presença da Mulher Gato, o que poderia funcionar bem como um tipo de sequência para Aves de Rapina: Arlequina e Sua Emancipação Fantabulosa (2020).

 

Superman

Ok, talvez esse seja o item mais controverso dessa lista. No entanto, vale ressaltar que a Warner trouxe James Gunn para a DC na intenção dele dirigir um filme do Superman. Nos últimos anos, a imagem do maior herói de todos os tempos foi massacrada nas telonas e em outras mídias. Mesmo sendo conhecido como um símbolo de esperança, diversas produções decidiram fazer versões maléficas do Superman, seja o Capitão Pátria de The Boys, o Omni-Man de Invincible, o Superman de Zack Snyder, que tem algumas atitudes reprováveis para quem deveria inspirar os outros, ou até mesmo o Superman dos quadrinhos e games, como na saga Injustice. Fato é que já deu dessa história de Super-Homem do mal. A questão está tão saturada que até mesmo o próprio James Gunn produziu seu próprio “Super Malvadão”, em Brightburn: Filho das Trevas (2019). Bola pra frente, pessoal. A mitologia do Último Filho de Krypton é riquíssima e chega a ser um pecado que insistam apenas na versão corrompida do maior de todos.

Em tempos nos quais todo cara bonitão de azul e vermelho vem sendo mostrado como um mau-caráter, trazer o bom e velho Clark Kent heroico, bonachão e símbolo de esperança e inspiração seria uma bola dentro. E se fosse para dar esse filme para James Gunn, seria maravilhoso se ele adaptasse Superman: As Quatro Estações ou Grandes Astros: Superman. Enquanto a primeira é uma história intimista belíssima que mostra com primor o lado humano de Clark Kent e do Superman em diferentes partes de sua vida – passando pela adolescência na fazenda dos Kent até a vida caótica em Metrópolis -, deixando claro o porquê dele ser o símbolo quase imaculado que todos conhecem, a segunda é mais apoteótica. Em Grandes Astros: Superman, o quadrinista Grant Morrison ousou ao trazer brilhantemente algo que não é tão abordado nas HQs: o Superman está morrendo. Ao descobrir que suas células não estão resistindo, Clark vai em busca de resolver os 12 desafios universais, que são praticamente impossíveis de serem cumpridos. Porém, tal qual Hércules, o herói usa seus últimos dias para resolver esses trabalhos e ajudar civilizações em diversos cantos do universo, incluindo sua amada Terra. E nesse processo de benevolência, o fragilizado Superman resolve suas próprias questões pessoais com amigos, família, inimigos e consigo mesmo. É uma história que consegue ser tão grandiosa quanto intimista. Seria um desafio não apenas narrativo, mas também visual para James Gunn, que teria de trabalhar os últimos dias do maior ícone dos quadrinhos. Mas, com sua sensibilidade e capacidade de humanizar personagens, Gunn poderia trazer verdadeiras obras de arte adaptando uma dessas duas sagas.

 

Bônus:

Homem Brinquedo

Apesar desse visual meio João Doria, o Homem Brinquedo é um dos maiores vilões do Superman e fez parte da infância de muitos jovens dos anos 1990/2000 ao aparecer em diversos episódios de Liga da Justiça Sem Limites e Super Choque. Winslow Schott veio de uma família de fabricantes de bonecos e descontou a tristeza de saber que sua esposa não podia ter filhos na produção de brinquedos, o que permitia que ele ficasse próximo das crianças. Só que alguns imprevistos acontecem e ele passa a ter surtos psicóticos. Depois de passar por um ritual de magia do mal, Schott se torna praticamente imortal ao adquirir a habilidade de transferir sua consciência para objetos inanimados. Então, tal qual Charles Lee Ray, ele “possui” um de seus bonecos robôs e fica desse jeito aí da imagem. E não é brincadeira, o vilão já colocou o próprio Superman em diversas roubadas que pareciam impossíveis de serem vencidas.

Por se tratar de um vilão com um passado e um visual tão bizarro, e por envolver esses elementos sobrenaturais típicos dos filmes B de terror dos anos 80, James Gunn poderia trazer bastante personalidade para o Homem Brinquedo. Talvez não necessariamente em um filme, mas quem sabe uma série?

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