Ontem, foi anunciado que o documentário de Oliver Stone sobre o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva será exibido na 77ª edição do Festival de Cannes – que está programada para maio.
Muitas pessoas nos mandaram mensagens perguntando sobre o que vai ser o documentário. Um pouco antes das eleições, Stone postou uma carta aberta contando um pouco mais sobre o projeto.
O projeto se aprofundará no período da prisão do Lula e o seu retorno ao poder.
Confira:
Fui ao Brasil e à Argentina na semana retrasada para me encontrar com Lula. Aos 75 anos, Lula está ansioso por participar nestas eleições dramáticas em outubro de 2022. Os seus principais adversários são o presidente fortemente direitista da “lei e desordem”, Jair Bolsonaro, e de outro partido de direita, Sergio Moro. Ambos processaram e julgaram Lula e o enviaram para a prisão sob acusações forjadas de “corrupção” para mantê-lo fora das eleições presidenciais de 2018 – e depois se tornaram brevemente Ministro da Justiça de Bolsonaro. É a nova forma de intervenção dos EUA nos assuntos dos outros – com a ajuda dos seus colaboradores nesses países. Chama-se “lawfare”, o que significa destruir a reputação de um homem ou de uma nação através de ações legais prolongadas, especialmente em torno de questões de “corrupção”. Para ser franco, juízes e procuradores substituíram os generais e coronéis das décadas anteriores, agindo com uma agenda política clara.
Talvez o mais perigoso, na minha opinião, seja que haja no Brasil um militar inquieto santificado por Bolsonaro. Nem durante os anos da ditadura o exército brasileiro recebeu tanto poder político e econômico. O governo de Bolsonaro conta com mais ministros das Forças Armadas do que jamais serviram sob a ditadura em 1964. Seu Chefe de Gabinete, Hamilton Mourão, um general reformado de quatro estrelas, é visto por muitos como o homem responsável a se ver. Sinto que pode haver um golpe a qualquer momento. Livre-se do imaturo Bolsonaro e substitua os militares por mais alguns anos. Diante de tudo isso, fico impressionado com a coragem de Lula. Ele não está recuando. Ele sente que “a verdade” o levará – e milhões de outras pessoas estão com ele.
Em entrevista à AFP, o cineasta declarou que o documentário vai explorar “a perseguição judicial e o que aconteceu quando o Lula era um presidente bem-sucedido e o prenderam por corrupção, que é como as coisas costumam acontecer nesses países”.
Não deixe de assistir:
Além de ter dirigido clássicos como ‘Platoon‘, ‘Wall Street – Poder e Cobiça‘, ‘Assassinos Por Natureza‘, o cineasta também comandou documentários sobre figuras emblemáticas como Fidel Castro e Hugo Chávez.
Entre os dias 14 e 25 de maio, os longas serão exibidos nos cinemas em torno do Palácio do Congresso e festivais. Organizada pelo Sindicato Francês de Críticos de Cinema, a mostra competitiva reúne sete filmes de cineastas de primeiro e segundo longa e mais quatro em sessão especial.
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