sábado, abril 27, 2024

Opinião | As Grandes Surpresas e os ESNOBADOS do Oscar 2023

2023 marca a 95ª edição dos prêmios da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, conhecido como o Oscar. Como de costume algumas produções eram certas de figurarem entre os nomeados, como Os Fabelmans (novo trabalho do genial Steven Spielberg) e Os Banshees de Inisherin (do diretor Martin McDonagh, que vem sendo enaltecido como um dos melhores filmes da temporada). Outros, embora muito badalados e donos de grande torcida por parte de seus fãs, se tornam uma bem-vinda surpresa quando suas indicações são de fato confirmadas. Nesta edição, produções como Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo, Avatar: O Caminho da Água e até mesmo Top Gun: Maverick se tornam os azarões.

AS GRANDES SURPRESAS DO OSCAR 2023

É justamente este tópico dos azarões, filmes e artistas indicados ao Oscar, mas que ninguém esperava – nem mesmo os maiores especuladores do meio. E este ano definitivamente temos algumas surpresas dignas das maiores reviravoltas dos filmes. Nessa nova matéria iremos justamente olhar para as maiores surpresas desta edição do Oscar. Confira abaixo.

Avatar: O Caminho da Água

Existia certa dúvida e receio quanto ao sucesso do segundo Avatar. Tudo isso sumiu após a estreia do novo filme do prestigiado diretor James Cameron. Além de ter se tornado a maior bilheteria do ano, Avatar 2 seguiu os passos de seu predecessor e descolou ainda a indicação para melhor filme do ano – algo que alguns até poderiam ter imaginado, mas a maioria certamente foi pega de surpresa com o fato concretizado. Avatar 2 foi indicado ainda para mais 3 prêmios além de melhor filme: melhor som, efeitos visuais e direção de arte.

Angela Bassett – Pantera Negra 2

Pantera Negra: Wakanda para Sempre não foi recebido da mesma forma que o filme original, nem pelos críticos, nem pelos fãs. No entanto, isso não diminuiu o prestígio da franquia mais adorada dentro da Marvel. A prova disso é que o segundo Pantera Negra recebeu nada menos que 5 indicações ao Oscar, incluindo novamente por figurino, e a segunda maior depois que o primeiro Pantera Negra foi indicado a melhor filme: a nomeação de Angela Bassett como coadjuvante, se tornando assim a primeira atriz a receber uma indicação por um filme da Marvel.

Brian Tyree Henry – Passagem

Brian Tyree Henry vem conquistando cada vez mais destaque em filmes de sucesso, vide Eternos (da Marvel) e Trem-Bala. O ator recebeu este ano sua primeira indicação ao Oscar pelo drama Passagem, estrelado por Jennifer Lawrence. Ele interpreta um mecânico que faz amizade com uma militar que tenta se recuperar de um trauma, vivida por J-Law. Era esperado que a jovem estrela saísse da experiência com uma indicação ao Oscar, mas quem terminou levando foi seu colega de cena, merecidamente.

Ana de Armas – Blonde

Não deixe de assistir:

Não deixa de ser surpresa ver o nome de Ana de Armas entre as indicadas para melhor atriz. Isso porque o filme pelo qual concorre foi execrado pela crítica e pelo grande público. Aliás, ontem nas indicações ao Framboesa de Ouro, o pior do cinema, Blonde foi o filme mais indicado com 8 nomeações. A ausência do nome de Ana de Armas entre os indicados ao pior do cinema, porém, dava a dica de que talvez a atriz fosse ser a redenção de Blonde no Oscar. E não deu outra.

Andrea Riseborough – To Leslie

Essa foi definitivamente a maior surpresa dessa edição do Oscar. Isso porque de uma maneira ou outra, todos os indicados, mesmo os considerados azarões, eram minimamente cogitados. Mas no caso do drama To Leslie, poucos tinham sequer ouvido falar. E não é que surgida do nada, Andrea Riseborough descolou sua primeira indicação ao Oscar, no papel de uma mãe solteira do Texas que ganha na loteria, mas gasta o dinheiro num piscar de olhos. Baseado numa história real.

Bill Nighy – Living

Refilmagem do clássico japonês Viver (1952), de Akira Kurosawa, agora numa produção britânica, esse filme vinha dando o que falar nas prévias de premiações e arrancando elogios. Mesmo assim, ainda se tratava de um azarão – então a surpresa chegou quando vimos o grande Bill Nighy receber sua primeira indicação ao Oscar como ator protagonista, e o filme ser lembrado também na categoria de roteiro adaptado.

Paul Mescal – Aftersun

Queridinho da crítica e de festivais, o indie Aftersun fala sobre o relacionamento de um jovem pai com sua filha pequena, de uma forma introspectiva e melancólica. Era para ter ocupado a vaga de produção independente nesta edição do Oscar, mas terminou recebendo apenas a indicação de melhor ator para Paul Mescal, que mesmo mencionado em alguns círculos surpreendeu ao se concretizar. O jovem namorado de Angelina Jolie aumenta assim alguns pontos em seu passe na indústria, se tornando um artista quente em Hollywood – a seguir irá estrelar Gladiador 2, de Ridley Scott.

Hong Chau – A Baleia

O que todo mundo esperava em relação ao filme A Baleia é que Brendan Fraser fosse indicado ao Oscar de melhor ator. Felizmente, o fato se concretizou. Mas além disso, quem terminou presenteada também com tamanha honraria foi a sempre ótima tailandesa Hong Chau, que foi lembrada na categoria de atriz coadjuvante pelo mesmo filme.

Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo

Um dos grandes sucessos independentes do ano, mesmo que tenha ares de superprodução, esse filme altamente conceitual da A24 veio galgando seu status de cult desde sua estreia até se tornar um dos mais queridos de 2022. Tamanho prestígio o favoreceu, o fazendo chegar em várias premiações. Mas o Oscar ainda era uma dúvida. Mesmo os que tinham certeza que o longa levaria a indicação de melhor filme não poderiam imaginar que ela viria junto a mais outras 10 indicações, se tornando simplesmente o mais indicado nesta edição: que ainda incluem as surpresas de Michelle Yeoh para atriz principal, Jamie Lee Curtis e Stephanie Hsu como coadjuvantes, e Ke Huy Quan como coadjuvante masculino.

Kerry Condon – Os Banshees de Inisherin

Podemos dizer que o drama cômico Os Banshees de Inisherin não foi uma surpresa no que diz respeito às indicações que recebeu. Sim, era esperado que fosse nomeado para melhor filme. E sim, todos esperavam que o diretor Martin McDonagh fosse indicado. Assim como Colin Farrell como protagonista, e Brendan Gleeson como coadjuvante. Até mesmo Barry Keoghan vinha sendo mencionado para uma possível indicação, também como coadjuvante. O que ninguém falava, ou sequer pensava, era em uma indicação para Kerry Condon – mas ela chegou de surpresa indicando a atriz como melhor coadjuvante.

OS ESNOBADOS DO OSCAR 2023

 

A Baleia

A Baleia é o novo projeto badalado do cineasta Darren Aronofsky e que muito bem poderia figurar entre os 10 indicados a melhor filme. Na verdade, desde que os cinéfilos ficaram sabendo de sua produção, esperavam que o longa chegasse forte neste Oscar, e que rendesse ainda indicação de melhor diretor para Aronofsky. A Baleia nem foi tão esnobado assim, e além da já esperada indicação de melhor ator para Brenda Fraser, rendeu ainda ao filme as nomeações de melhor coadjuvante para Hong Chau e maquiagem.

A Mulher Rei

A Mulher Rei era para ter sido o Pantera Negra (2018) desta edição do Oscar. É estranho pensar isso, ainda mais quando temos um exemplar de Pantera Negra, com Wakanda Para Sempre, também concorrendo. A categoria de melhor filme até era um tiro no escuro, mas o esperado mesmo era a indicação de melhor atriz para a protagonista Viola Davis. O filme, no entanto, apesar do carinho que recebeu dos críticos e do público, terminou completamente esnobado no Oscar.

Babilônia

Não dá para começar a lista de outra forma. Babilônia era considerado “o filme do Oscar” desta edição, desde que começamos a ouvir sobre o novo trabalho do menino prodígio Damien Chazelle (La La Land e Whiplash), uma incursão alucinada pela era de ouro de Hollywood, que tinha como principal proposta descortinar os excessos e o quão incorreta a maior indústria de cinema do mundo sempre foi. Com nomes como Brad Pitt e Margot Robbie protagonizando, o filme tinha respaldo suficiente para se legitimar junto aos votantes. Mas aí vieram as críticas não muito elogiosas da imprensa mundial, e o público igualmente deu de ombros, deixando Babilônia passar quase em branco. No entanto, o filme ainda assim recebeu 3 indicações ao Oscar: direção de arte, figurino e trilha sonora. Mas, é claro, esperava-se muito mais.

Ela Disse

O filme do movimento #metoo era tido como o Spotlight – Segredos Revelados (2015) desta edição do Oscar. Uma investigação jornalística de duas repórteres, que usava o muito real, devastador e conhecido caso de abuso dentro da indústria de Hollywood. Ela Disse acompanha as jornalistas do New York Times interpretadas por Carey Mulligan e Zoe Kazan enquanto investigam os crimes que mudariam para sempre a conduta no trabalho na indústria do entretenimento norte-americano e mundial. Um tema digno e importante, que seria bem-vindo para reforçar este discurso de eterna vigilância. Neste caso, Ela Disse ainda caiu nas graças da crítica, mas por alguma razão (talvez falta de popularidade com o público) terminou completamente esnobado, sem uma indicaçãozinha sequer para chamar de sua.

Decisão de Partir

Dirigido pelo cultuado cineasta sul-coreano Park Chan-Wook (Oldboy e A Criada), Decisão de Partir era para ter sido o grande representante asiático desta edição do Oscar, seguindo os passos de Parasita e Drive My Car em anos recentes. A história sobre um policial investigando a morte de um homem, descobrindo todas as pistas apontando para a viúva do sujeito, se apaixonando por ela e iniciando um tórrido caso de amor teve o aval máximo dos críticos, com uma das maiores avaliações da temporada. Ou seja, com um diretor prestigiado no comando, e elogios rasgados da imprensa especializada, era certo que Decisão de Partir figuraria na 95ª edição do Oscar – no mínimo na categoria de filme estrangeiro. Mas não foi isso o que aconteceu, com a obra sendo solenemente ignorada pelos votantes.

RRR – RevoltaRebeliãoRevolução

RRR é provavelmente o blockbuster mais enérgico, empolgante e original dos últimos anos. Ainda mais se formos pensar que foi feito bem longe de Hollywood, já que se trata de uma superprodução indiana, mas que não fica devendo em nada aos filmes mais caros que são feitos na terra do tio Sam. RRR redefine a palavra “épico” e desafia qualquer espectador a não se empolgar assistindo a esta história baseada em fatos, com muitas liberdades poéticas e cenas de ação de tirar o fôlego. É verdadeiramente impressionante. O filme ganhou muita fama ao cair na programação da Netflix e sua popularidade merecia ter o levado até o Oscar. RRR até foi indicado na categoria de melhor canção, mas queríamos mais, como fotografia, efeitos visuais e quem sabe filme estrangeiro.

Armageddon Time

Esse é outro que era alardeado como certo para indicações nesta edição do Oscar. Quando os cinéfilos souberam deste novo projeto do diretor James Gray, os radares ficaram imediatamente ligados. Para colaborar com este desejo, o filme saiu de Cannes com elogios de sobra. Com Anne Hathaway, Anthony Hopkins e Jessica Chastain no elenco, a história fala sobre um menino crescendo nos anos 80 e precisando lidar com assuntos sensíveis como o racismo (mesmo vindo de uma família branca), e representa uma autobiografia do próprio diretor e seu crescimento em família na infância – o que colocava Armageddon Time na mesma categoria de Os Fabelmans (com estruturas de trama similares). Enquanto o filme de Spielberg recebeu 7 indicações, Armageddon Time saiu de mãos abanando.

Um Filho

Outra produção muito alardeada e vendida para a época de prêmios, em especial o Oscar. Fora isso, os especuladores davam como certa a indicação do astro Hugh Jackman na categoria de melhor ator. O filme foi exibido nos badalados festivais de Veneza e Toronto, mas quando as críticas começaram a sair, elas não foram nada favoráveis, o comparando a um melodrama barato. Uma pena, ainda mais se formos pensar que o filme era tido como a “sequência espiritual” do excelente Meu Pai (2020), que deu a vitória de melhor ator para Anthony Hopkins e foi indicado a melhor filme. Um Filho é do mesmo diretor de Meu Pai e mostra o casal divorciado vivido por Jackman e a vencedora do Oscar Laura Dern precisando lidar com o filho adolescente problemático. Um Filho foi totalmente ignorado pelos votantes.

Império da Luz

Império da Luz tem toda a cara de Oscar. Fala sobre a paixão pelo cinema e o racismo, dois temas sempre relevantes na hora de homenagear e prestigiar determinadas obras. Fora isso, tem assinatura de Sam Mendes, diretor de grife que vira e mexe figura em produções indicadas. Ter uma atriz vencedora recente do Oscar como Olivia Colman sem dúvida ajuda a impulsionar o projeto. Mas Império da Luz não agradou muito nem os críticos, nem o público, e terminou levemente ignorado. O filme, no entanto, não saiu totalmente de mãos abanando e recebeu a indicação de consolação para melhor fotografia.

Emancipation – Uma História de Liberdade

Parece que a Academia ainda não está disposta a perdoar o astro Will Smith por sua perda de controle e agressão física, realizando uma das cenas mais vergonhosas (ou melhor, a cena mais vergonhosa) de todos os 95 anos da história do Oscar. Não bastasse ter banido o astro por 10 anos do evento, os votantes deram de ombros também para o esforço mais recente do astro em busca de prêmios. Talvez fosse cedo demais, mas a Apple TV+ resolveu empurrar Emancipation, que fala sobre um escravo que foge de sua plantação para voltar para sua família, ao Oscar desse ano, passado apenas um ano do ocorrido. O resultado foi uma senhora esnobada, sem qualquer indicação ao filme.

Bardo

Tendo na direção o nome do mexicano Alejandro Iñárritu, que tem no currículo produções Oscarizadas como Babel, Birdman e O Regresso, era de se esperar que Bardo – sua mais nova obra que fala sobre um documentarista retornando ao seu país de origem (e serve como autoretrato do próprio cineasta) – recebesse algumas indicações da Academia. No mínimo melhor filme estrangeiro e mirando alto, quem sabe para melhor filme principal. Mas não foi isso que ocorreu, e Bardo terminou sem as duas indicações – recebendo apenas a de “consolação” por melhor fotografia.

Aftersun

O queridinho indie do ano, Aftersun mostra o relacionamento entre um jovem pai e sua filha pequena, de uma forma reflexiva e introspectiva. Ou seja, é tipo de filme que os críticos adoram, mas o público geral não tem muita paciência. Contava-se que Aftersun fosse ocupar a cota de produção independente esse ano no Oscar, mas o filme terminou recebendo “apenas” a nomeação de melhor ator para Paul Mescal, o novo namorado de Angelina Jolie e que estrelará Gladiador 2.

Amsterdam

Sabe aquela história da expectativa versus realidade? Quando ficamos sabendo de algumas produções chamativas, automaticamente já imaginamos que irão dar em Oscar. Ainda mais se os nomes envolvidos forem de artistas com histórico de passagem pelo maior prêmio do cinema. Ou seja, poucos não pensariam em Oscar ao ouvir que David O. Russell (O Lado Bom da Vida e Trapaça) estava fazendo um novo filme com Christian Bale e Margot Robbie, de quebra tendo Robert De Niro, Rami Malek e grande elenco. Mas Amsterdam foi uma bagunça tão grande que terminou de mãos vazias. Muitos diriam merecidamente.

Ruído Branco

Caso similar ocorreu com esse novo trabalho do prestigiado Noah Baumbach, o marido de Greta Gerwig. Seu último filme havia sido o badalado História de um Casamento (2019), que foi sinônimo de Oscar para todos os lados. Assim, os radares estavam ligados para esta sua produção seguinte, que ainda contou com Adam Driver novamente protagonizando. Mas diferente do filme anterior, Ruído Branco não teve sequer uma indicaçãozinha para chamar de sua.

Batman

Terminando a lista dos filmes esnobados pelo Oscar 2023, temos o longa mais popular do ano passado. Pelo menos no que diz respeito ao grande público usuário do IMDB. Por lá, The Batman, de Matt Reeves, ainda é a produção com mais avaliações de 2022. Mas não apenas isso, ninguém nega as inúmeras qualidades desta nova versão barra-pesada do personagem sombrio da DC. O filme não foi completamente ignorado, recebendo 3 indicações a prêmios técnicos: maquiagem, som e efeitos especiais. O que os fãs queriam mesmo era justiça para o Morcego. Esperamos o dia em que um filme do personagem receba indicação na categoria principal de melhor produção do ano. E o ano poderia ter sido esse.

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