domingo , 22 dezembro , 2024

Opinião | Derrocada da Mulher-Maravilha é a melancólica representação do fim do DCEU

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O Universo Estendido DC, também conhecido como DCEU (DC Extended Universe), chegará ao seu fim oficial com o lançamento de Aquaman 2: O Reino Perdido. Iniciado em 2013 com O Homem de Aço, esse universo compartilhado surgiu no ápice dos filmes estrelados por super-heróis com a proposta de se distanciar das aventuras divertidas e coloridas da Marvel nos cinemas, tendo como ‘filosofia’ a visão do diretor Zack Snyder para os heróis da DC. Entretanto, uma série de polêmicas marcou sua trajetória, com direito a demissões, trocas nos responsáveis pelo setor criativo e vendas do estúdio para empresas com CEO’s de diferentes mentalidades.

Diante desse tanto de empecilho, o DCEU foi conduzido sem saber exatamente para onde ia nem o que pretendia fazer. Com isso, parecia ser apenas uma questão de tempo até que ele fosse rebootado. E agora, com James Gunn e Peter Safran por trás do controle criativo, parece que o Universo DC (DCU) enfim encontrará seu rumo nas telonas. No entanto, essa reta final do antigo universo está sendo melancólica, e quem mais sofre com isso é justamente uma das poucas unanimidades da empreitada original: a Mulher-Maravilha.



Para entender melhor essa opinião, precisamos voltar a 2017, quando o primeiro filme da Princesa Amazona foi lançado. Na época, ele tinha a missão de mostrar que era possível fazer um filme da maior super-heroína dos quadrinhos sem sexualizá-la. Ainda mais depois das duras críticas feitas a Batman Vs Superman: A Origem da Justiça (2016), que usou e abusou de cenas que retratavam Diana (Gal Gadot) por perspectivas bastante questionáveis, como as famosas “Butt Shots” – que retratam a personagem sempre partindo de uma exposição exagerada de seus ‘traseiros’ – e outros momentos que a colocam em posições referenciadas pela pelve.

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Isso chamou atenção de parte do público que questionou o motivo de não terem retratado heróis como o Batman e o próprio Superman por essas perspectivas, o que repercutiu na diretoria da Warner, que já havia contratado a diretora Patty Jenkins justamente para vender o filme como um longa de produção feminina, dando maior destaque a essas reclamações que teoricamente seriam resolvidas por ter ume mulher no cargo de diretora. E realmente funcionou. Patty mostrou o que é óbvio para muitos, mas parece sofrer resistência em Hollywood: é possível retratar uma super-heroína sem transformá-la em um símbolo sexual.

Por algum tempo, ela conseguiu dar uma limpada na barra dos executivos, que anunciaram mais projetos envolvendo Patty e pareciam ter “comprado o barulho” feito pelo sucesso de Mulher-Maravilha. O filme trouxe uma visão mais positiva de mundo, com sua protagonista apostando no amor e no otimismo para trazer esperança por onde passa, mantendo a estética dos longas anteriores, mas essa ideia não durou muito. Isso porque os bastidores da próxima aventura do estúdio, a aguardada vinda da Liga da Justiça, havia passado por uma série de problemas e interferências criativas do estúdio, além do suicídio da filha do diretor, o que acabou culminando no desligamento de Zack Snyder do projeto com o filme pela metade.

Inicialmente, foi anunciado que ele havia deixado o comando do filme por conta do trauma pessoal da perda da filha. Só que, anos mais tarde, o próprio diretor confirmou que saiu por conta das incontáveis diferenças criativas solicitadas pelo estúdio, que queria transformar o filme em uma aventura mais simples e para todas as idades.

Para concluir o filme, convocaram o diretor de bilhões da Marvel, Joss Whedon, para transformar a Liga em sua própria versão dos Vingadores. O problema é que a forma de trabalho do diretor foi completamente problemática, com relatos de assédio moral pipocando após o lançamento do filme, e sua visão para a Mulher-Maravilha foi tudo aquilo que a personagem não precisava. Após ser retratada com muito poder em seu filme solo, a Amazona foi reduzida a um papel de coadjuvante, com pouquíssima influência na trama da Liga e o pior… Voltou a ser sexualizada, com uma piada Aquaman sentando no Laço da Verdade, revelando seus medos e que a acha bonita e outra bizarríssima de cunho sexual do Flash “montando” nela em plena batalha.

A “piada” foi de tanto mau gosto que a própria Gal Gadot se recusou a gravar a cena por não concordar com o que isso representaria para a personagem. Para resolver esse impasse, Joss filmou o momento usando uma dublê. Com a divulgação dos bastidores controversos, os fãs começaram a ver que havia um tipo de padrão nessa “piada” do diretor, que já havia repetido essa cena do herói caindo de cara nos seios de outra personagem em algumas de suas produções anteriores, como em Vingadores: Era de Ultron (2015). O diretor acabou sendo afastado de outras produções que desenvolveria, como Batgirl, e o colapso do DCEU teve seu início oficial.

Para complicar ainda mais as coisas, o destino do Superman foi posto em xeque e começaram a correr boatos de que o maior herói da casa não seria mais retratado em nenhum filme, além de uma suposta insatisfação dos executivos com o ator Henry Cavill, que várias vezes teve de lidar com boatos de que seria demitido a qualquer momento. Isso causou um certo rebuliço dos fãs, que faziam a massiva campanha pelo Snydercut da Liga da Justiça e não queriam ver “seu Superman” ir embora do universo.

Mas o que causou polêmica mesmo foi um rumor surgido após o lançamento de Shazam! (2019), que terminava com uma participação especial do Superman sem revelar o rosto de Cavill. Na época, foi noticiado que a Warner estudava reduzir a participação de Kal-El no DCEU a momentos como esse. Pequenas pontas em filmes menores até que fosse cumprido o contrato de Cavill. Só que isso era extremamente problemático porque além do ator ser muito querido pelos fãs, não existe um universo da DC sem o seu principal símbolo.

Essa ideia de transformar o maior herói de todos em um cameo de luxo causou revolta no fandom e uma série de protestos aconteceu para que essa ideia fosse prontamente descartada. Sem saber para onde ir em meio a tantas polêmicas e mudanças nos bastidores, o DCEU atravessou a pandemia com a chegada do HBO Max e os lançamentos em streaming.

Um dos maiores lançamentos foi justamente Mulher-Maravilha 1984, novamente dirigido por Patty Jenkins e protagonizado por Gal Gadot. Infelizmente, o filme foi terrível e abandonou ideias trazidas na própria aventura original. Repleto de momentos tenebrosos, o longa fez a super-heroína se render a paixões impossíveis e até mesmo a abusar de uma vítima que foi enfeitiçada contra seu consentimento para agir como o namorado morto da protagonista. Terem aprovado isso foi um dos maiores sinais de que já não tinha salvação mesmo. O resultado de críticas e bilheterias foi bem ruim, e o longa se tornou um dos mais esquecíveis do DCEU.

No fim das contas, o período pandêmico ficou marcado por duas visões diferentes que definiriam de vez seu futuro. James Gunn foi contratado para desenvolver O Esquadrão Suicida (2021), que foi sucesso de críticas apesar da baixa bilheteria, refletida pelo lançamento no ápice da crise do Coronavírus no mundo, e The Rock pôde enfim lançar seu tão sonhado Adão Negro (2022), que foi fracasso de crítica e bilheteria.

Enquanto Gunn fez um soft reboot no Esquadrão, preparando terreno para uma franquia própria voltada para esse núcleo, que rendeu a espetacular série O Pacificador (2022), The Rock começou a se promover como o salvador do DCEU, tentando emplacar sua visão como a nova mente criativa por trás desse universo, que teria a volta de Henry Cavill em um filme do Superman contra o Adão Negro. O problema é que nem os fãs compraram muito bem essa ideia. Essa dualidade de visões escancarou a falta de comando e direcionamento na casa, que deve ter feito promessas a Dwayne Johnson, enquanto sondava James para assumir mais produções.

Paralelamente a isso, o lançamento da Liga da Justiça de Zack Snyder no HBO Max balançou os fãs xiitas, que pediam a volta do diretor para esse universo com controle criativo total, o que logicamente não deu em nada. O mais bizarro disso tudo é que a falta de rumo era tão grande que o Superman de Cavill acabou mesmo se transformando em um cameo de luxo, sem necessariamente mostrar a presença do ator, enquanto os executivos já planejavam um reboot desse universo.

A “Liga da Justiça” fez um cameo em O Pacificador, mas só o Flash e o Aquaman tiveram seus rostos revelados.

Dado esse contexto caótico, a DC decidiu pelo reboot do universo, passando o controle criativo da nova empreitada para James Gunn e Peter Safran. Porém, ainda havia projetos prontos que estavam apenas aguardando o lançamento nos cinemas e eles acabaram servindo para deixar a “morte” do DCEU ainda mais melancólica. E ninguém foi mais afetada por isso do que a Mulher-Maravilha. Introduzida como uma grande guerreira e transformada em um ícone feminista, a personagem entrou em derrocada junto a esse universo ao sofrer justamente aquilo que os fãs reclamaram do Superman: ela foi reduzida.

Mas a problemática aqui é ainda maior porque o Superman pelo menos foi tirado de cena, já a Mulher-Maravilha teve sua imagem reduzida a virar piadinha de cunho sexual de humor adolescente. Em Pacificador, ela é citada pelo protagonista, que diz em uma sala de aula que nunca saiu com ela, mas que ela já passou uma festa inteira de olho nele. Já nos filmes, a situação foi mais feia ainda, porque ela foi retratada especificamente como um símbolo sexual de adolescentes.

Em Shazam! Fúria dos Deuses (2023), ela rendeu uma piada “emprestando” o corpo ao Mago Shazam (Djimon Hounsou) e fez uma participação especial no fim, com o protagonista dando em cima dela, mesmo que ela seja “muito mais velha” que ele. Em The Flash (2023), a participação é tão curta quanto, com a super-heroína aparecendo para salvar o Batman com o Laço da Verdade, que acaba afetando também o Flash. Nisso, o Homem-Morcego fala sobre a ajuda que daria se doasse todo seu dinheiro, enquanto o Flash admite pensar muito em sexo, mesmo que nunca tenha feito antes.

É uma abordagem problemática de uma personagem de relevância tão grande quanto a do Superman nesse universo, já que compõe a grande Trindade DC (Superman, Mulher-Maravilha e Batman). E agora que a “vida” do DCEU está chegando ao fim, a decadência a qual a personagem que um dia foi considerada a salvadora da franquia vem sendo submetida é lamentável. Mesmo que em seus últimas dias, já que a presença de Gal Gadot não está garantida no DCU, uma personagem que definitivamente marcou época deveria ter uma despedida respeitosa que honrasse sua importância nessa linha do tempo.

A expectativa agora com o novo Universo DC é que a Mulher-Maravilha volte a ser valorizada, como no filme de 2017, e seja mantida de forma respeitosa, assim como os outros heróis, e que essa fase de reduzir ícones da casa a meras participações especiais sem relevância tenha ficado para trás.

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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O Universo Estendido DC, também conhecido como DCEU (DC Extended Universe), chegará ao seu fim oficial com o lançamento de Aquaman 2: O Reino Perdido. Iniciado em 2013 com O Homem de Aço, esse universo compartilhado surgiu no ápice dos filmes estrelados por super-heróis com a proposta de se distanciar das aventuras divertidas e coloridas da Marvel nos cinemas, tendo como ‘filosofia’ a visão do diretor Zack Snyder para os heróis da DC. Entretanto, uma série de polêmicas marcou sua trajetória, com direito a demissões, trocas nos responsáveis pelo setor criativo e vendas do estúdio para empresas com CEO’s de diferentes mentalidades.

Diante desse tanto de empecilho, o DCEU foi conduzido sem saber exatamente para onde ia nem o que pretendia fazer. Com isso, parecia ser apenas uma questão de tempo até que ele fosse rebootado. E agora, com James Gunn e Peter Safran por trás do controle criativo, parece que o Universo DC (DCU) enfim encontrará seu rumo nas telonas. No entanto, essa reta final do antigo universo está sendo melancólica, e quem mais sofre com isso é justamente uma das poucas unanimidades da empreitada original: a Mulher-Maravilha.

Para entender melhor essa opinião, precisamos voltar a 2017, quando o primeiro filme da Princesa Amazona foi lançado. Na época, ele tinha a missão de mostrar que era possível fazer um filme da maior super-heroína dos quadrinhos sem sexualizá-la. Ainda mais depois das duras críticas feitas a Batman Vs Superman: A Origem da Justiça (2016), que usou e abusou de cenas que retratavam Diana (Gal Gadot) por perspectivas bastante questionáveis, como as famosas “Butt Shots” – que retratam a personagem sempre partindo de uma exposição exagerada de seus ‘traseiros’ – e outros momentos que a colocam em posições referenciadas pela pelve.

Isso chamou atenção de parte do público que questionou o motivo de não terem retratado heróis como o Batman e o próprio Superman por essas perspectivas, o que repercutiu na diretoria da Warner, que já havia contratado a diretora Patty Jenkins justamente para vender o filme como um longa de produção feminina, dando maior destaque a essas reclamações que teoricamente seriam resolvidas por ter ume mulher no cargo de diretora. E realmente funcionou. Patty mostrou o que é óbvio para muitos, mas parece sofrer resistência em Hollywood: é possível retratar uma super-heroína sem transformá-la em um símbolo sexual.

Por algum tempo, ela conseguiu dar uma limpada na barra dos executivos, que anunciaram mais projetos envolvendo Patty e pareciam ter “comprado o barulho” feito pelo sucesso de Mulher-Maravilha. O filme trouxe uma visão mais positiva de mundo, com sua protagonista apostando no amor e no otimismo para trazer esperança por onde passa, mantendo a estética dos longas anteriores, mas essa ideia não durou muito. Isso porque os bastidores da próxima aventura do estúdio, a aguardada vinda da Liga da Justiça, havia passado por uma série de problemas e interferências criativas do estúdio, além do suicídio da filha do diretor, o que acabou culminando no desligamento de Zack Snyder do projeto com o filme pela metade.

Inicialmente, foi anunciado que ele havia deixado o comando do filme por conta do trauma pessoal da perda da filha. Só que, anos mais tarde, o próprio diretor confirmou que saiu por conta das incontáveis diferenças criativas solicitadas pelo estúdio, que queria transformar o filme em uma aventura mais simples e para todas as idades.

Para concluir o filme, convocaram o diretor de bilhões da Marvel, Joss Whedon, para transformar a Liga em sua própria versão dos Vingadores. O problema é que a forma de trabalho do diretor foi completamente problemática, com relatos de assédio moral pipocando após o lançamento do filme, e sua visão para a Mulher-Maravilha foi tudo aquilo que a personagem não precisava. Após ser retratada com muito poder em seu filme solo, a Amazona foi reduzida a um papel de coadjuvante, com pouquíssima influência na trama da Liga e o pior… Voltou a ser sexualizada, com uma piada Aquaman sentando no Laço da Verdade, revelando seus medos e que a acha bonita e outra bizarríssima de cunho sexual do Flash “montando” nela em plena batalha.

A “piada” foi de tanto mau gosto que a própria Gal Gadot se recusou a gravar a cena por não concordar com o que isso representaria para a personagem. Para resolver esse impasse, Joss filmou o momento usando uma dublê. Com a divulgação dos bastidores controversos, os fãs começaram a ver que havia um tipo de padrão nessa “piada” do diretor, que já havia repetido essa cena do herói caindo de cara nos seios de outra personagem em algumas de suas produções anteriores, como em Vingadores: Era de Ultron (2015). O diretor acabou sendo afastado de outras produções que desenvolveria, como Batgirl, e o colapso do DCEU teve seu início oficial.

Para complicar ainda mais as coisas, o destino do Superman foi posto em xeque e começaram a correr boatos de que o maior herói da casa não seria mais retratado em nenhum filme, além de uma suposta insatisfação dos executivos com o ator Henry Cavill, que várias vezes teve de lidar com boatos de que seria demitido a qualquer momento. Isso causou um certo rebuliço dos fãs, que faziam a massiva campanha pelo Snydercut da Liga da Justiça e não queriam ver “seu Superman” ir embora do universo.

Mas o que causou polêmica mesmo foi um rumor surgido após o lançamento de Shazam! (2019), que terminava com uma participação especial do Superman sem revelar o rosto de Cavill. Na época, foi noticiado que a Warner estudava reduzir a participação de Kal-El no DCEU a momentos como esse. Pequenas pontas em filmes menores até que fosse cumprido o contrato de Cavill. Só que isso era extremamente problemático porque além do ator ser muito querido pelos fãs, não existe um universo da DC sem o seu principal símbolo.

Essa ideia de transformar o maior herói de todos em um cameo de luxo causou revolta no fandom e uma série de protestos aconteceu para que essa ideia fosse prontamente descartada. Sem saber para onde ir em meio a tantas polêmicas e mudanças nos bastidores, o DCEU atravessou a pandemia com a chegada do HBO Max e os lançamentos em streaming.

Um dos maiores lançamentos foi justamente Mulher-Maravilha 1984, novamente dirigido por Patty Jenkins e protagonizado por Gal Gadot. Infelizmente, o filme foi terrível e abandonou ideias trazidas na própria aventura original. Repleto de momentos tenebrosos, o longa fez a super-heroína se render a paixões impossíveis e até mesmo a abusar de uma vítima que foi enfeitiçada contra seu consentimento para agir como o namorado morto da protagonista. Terem aprovado isso foi um dos maiores sinais de que já não tinha salvação mesmo. O resultado de críticas e bilheterias foi bem ruim, e o longa se tornou um dos mais esquecíveis do DCEU.

No fim das contas, o período pandêmico ficou marcado por duas visões diferentes que definiriam de vez seu futuro. James Gunn foi contratado para desenvolver O Esquadrão Suicida (2021), que foi sucesso de críticas apesar da baixa bilheteria, refletida pelo lançamento no ápice da crise do Coronavírus no mundo, e The Rock pôde enfim lançar seu tão sonhado Adão Negro (2022), que foi fracasso de crítica e bilheteria.

Enquanto Gunn fez um soft reboot no Esquadrão, preparando terreno para uma franquia própria voltada para esse núcleo, que rendeu a espetacular série O Pacificador (2022), The Rock começou a se promover como o salvador do DCEU, tentando emplacar sua visão como a nova mente criativa por trás desse universo, que teria a volta de Henry Cavill em um filme do Superman contra o Adão Negro. O problema é que nem os fãs compraram muito bem essa ideia. Essa dualidade de visões escancarou a falta de comando e direcionamento na casa, que deve ter feito promessas a Dwayne Johnson, enquanto sondava James para assumir mais produções.

Paralelamente a isso, o lançamento da Liga da Justiça de Zack Snyder no HBO Max balançou os fãs xiitas, que pediam a volta do diretor para esse universo com controle criativo total, o que logicamente não deu em nada. O mais bizarro disso tudo é que a falta de rumo era tão grande que o Superman de Cavill acabou mesmo se transformando em um cameo de luxo, sem necessariamente mostrar a presença do ator, enquanto os executivos já planejavam um reboot desse universo.

A “Liga da Justiça” fez um cameo em O Pacificador, mas só o Flash e o Aquaman tiveram seus rostos revelados.

Dado esse contexto caótico, a DC decidiu pelo reboot do universo, passando o controle criativo da nova empreitada para James Gunn e Peter Safran. Porém, ainda havia projetos prontos que estavam apenas aguardando o lançamento nos cinemas e eles acabaram servindo para deixar a “morte” do DCEU ainda mais melancólica. E ninguém foi mais afetada por isso do que a Mulher-Maravilha. Introduzida como uma grande guerreira e transformada em um ícone feminista, a personagem entrou em derrocada junto a esse universo ao sofrer justamente aquilo que os fãs reclamaram do Superman: ela foi reduzida.

Mas a problemática aqui é ainda maior porque o Superman pelo menos foi tirado de cena, já a Mulher-Maravilha teve sua imagem reduzida a virar piadinha de cunho sexual de humor adolescente. Em Pacificador, ela é citada pelo protagonista, que diz em uma sala de aula que nunca saiu com ela, mas que ela já passou uma festa inteira de olho nele. Já nos filmes, a situação foi mais feia ainda, porque ela foi retratada especificamente como um símbolo sexual de adolescentes.

Em Shazam! Fúria dos Deuses (2023), ela rendeu uma piada “emprestando” o corpo ao Mago Shazam (Djimon Hounsou) e fez uma participação especial no fim, com o protagonista dando em cima dela, mesmo que ela seja “muito mais velha” que ele. Em The Flash (2023), a participação é tão curta quanto, com a super-heroína aparecendo para salvar o Batman com o Laço da Verdade, que acaba afetando também o Flash. Nisso, o Homem-Morcego fala sobre a ajuda que daria se doasse todo seu dinheiro, enquanto o Flash admite pensar muito em sexo, mesmo que nunca tenha feito antes.

É uma abordagem problemática de uma personagem de relevância tão grande quanto a do Superman nesse universo, já que compõe a grande Trindade DC (Superman, Mulher-Maravilha e Batman). E agora que a “vida” do DCEU está chegando ao fim, a decadência a qual a personagem que um dia foi considerada a salvadora da franquia vem sendo submetida é lamentável. Mesmo que em seus últimas dias, já que a presença de Gal Gadot não está garantida no DCU, uma personagem que definitivamente marcou época deveria ter uma despedida respeitosa que honrasse sua importância nessa linha do tempo.

A expectativa agora com o novo Universo DC é que a Mulher-Maravilha volte a ser valorizada, como no filme de 2017, e seja mantida de forma respeitosa, assim como os outros heróis, e que essa fase de reduzir ícones da casa a meras participações especiais sem relevância tenha ficado para trás.

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