Por muitos anos, a DC se sobressaiu à Marvel em várias mídias diferentes. Além da competição nos quadrinhos, ela estava à frente nos cinemas e nas animações. Porém, nos últimos anos, uma série de decisões questionáveis dos executivos viu a rival decolar em terrenos que antes eram dominados por Batman e seus amigos, transformando a Marvel numa potência do entretenimento, enquanto a DC ficou para trás, com o pires na mão, tentando emplacar filmes de alguns dos personagens mais famosos da história da Cultura Pop e sofrendo com isso. Porém, no último mês, os anúncios para o Capítulo Um, o plano de dez anos que integrará filmes, séries, animações e jogos em um universo só, deu sinais de que a fase poderosa da DC pode retornar em breve.
Formulado pelas novas mentes por trás do DC Studios, James Gunn e Peter Safran, os próximos dez anos de projetos DC seguem uma premissa básica: mesclar os personagens clássicos, os famosos “medalhões” e outros mais desconhecidos. Dessa forma, ícones como o Superman e o Batman servirão como âncoras para atrair a atenção do público para projetos menos conhecidos pelo público em geral, como Gladiador Dourado e The Authority. E para criar esse interesse, Gunn entendeu e deixou claro que precisará de bons contadores de histórias, fazendo assim com que erros do passado não se repitam. Em outras palavras, não existe mais a possibilidade do Superman ser reduzido a um mero coadjuvante neste universo, porque a proposta é que o público se conecte emocionalmente com esses personagens tão icônicos.
Caso você não lembre, esses foram os projetos anunciados:
Cinema:
• Superman: Legacy (2025);
• The Authority;
• Os Bravos e Destemidos (The Brave and the Bold);
• Supergirl: A Mulher do Amanhã;
• O Monstro do Pântano.
HBO Max:
• Creature Commandos;
• Waller;
• Lanterns;
• Paradise Lost;
• Gladiador Dourado.
Com essa pegada mais ousada de trazer personagens mais obscuros do universo DC para as telas pegando carona nos heróis maiores, Gunn repete a fórmula que o consagrou no cinema popular atual com os Guardiões da Galáxia, que eram desconhecidos do grande público e acabaram se tornando uma das franquias mais celebradas do meio dos super-heróis atual. E cá entre nós, ele já conseguiu fazer o mesmo com outros personagens da própria DC, como os vilões sem noção do filme O Esquadrão Suicida (2021) e da série Pacificador (2022).
Em ambos os casos, as características de direção e roteiro de James Gunn deram o tom não apenas desses projetos, mas do que esperar desse novo universo. Diferentemente de outras equipes criativas, que se restringiram a personagens básicos agindo de forma superficial, Gunn decidiu explorar o vasto universo DC, trazendo personagens menos famosos e promovendo interações verdadeiras entre eles. Cada um tem sua própria jornada desenvolvida de forma que o público compre suas motivações, por mais bizarras que sejam, e passem a torcer e efetivamente se importar com eles.
Outro ponto importante é que Gunn anunciou que a ideia é lançar cerca de dois filmes e duas séries por ano. Dessa forma, o público consegue ter seu interesse preenchido, mas sem ficar saturado desse tipo de produção. A decisão foi tão acertada que já refletiu na rival, Marvel. Nas últimas semanas, Kevin Feige deu um entrevista afirmando que vários projetos foram atrasados, visando manter um intervalo maior entre os lançamentos.
Isso acontece em um momento em que a Marvel se vê num princípio de crise interna, na qual seu formato de lançamentos frenéticos atropelaram o próprio estúdio, que não emplaca filmes tão memoráveis quanto seus antecessores há um tempo. Para piorar a situação, com essa superexposição de seus personagens – principalmente nas séries do Disney+, que introduziu esses seriados lançados praticamente um seguido do outro em curtíssimos intervalos de tempo – causou um cansaço em parte do público, que perdeu um pouco a vontade de conferir o “Novo Sucesso Marvel” assim que é lançado. Junto a isso, esses curtos prazos de lançamento culminaram numa piora assustadora do CGI e das histórias, que estavam sendo produzidos de forma praticamente industrial.
Ou seja, um universo que sequer foi iniciado oficialmente ainda já dá indícios de que ditará os rumos dos próximos anos. E com essa queda da principal concorrente, James Gunn tem um cenário mais do que ideal para estabelecer o novo universo DC nos cinemas e levar a empresa ao topo novamente. Para deixar tudo mais promissor, Gunn terá um apoio que outros “cabeças” prévios da DC não tiveram, que é o do CEO da Warner Bros. Discovery, David Zaslav. Nos últimos anos, a Warner passou por uma série de vendas e trocas de direção. E cada um tinha uma visão diferente de negócios. Agora, a situação está mais estável e ontem (23), em uma conferência sobre os rumos da Warner Bros. Discovery, Zaslav fez questão de frisar que enxerga na DC um braço importantíssimo para a recolocação do estúdio como o maior de Hollywood.
“Nosso foco é construir esse plano de dez anos da DC. James estava escrevendo [Superman: Legacy] quando conversamos sobre a possibilidade dele assumir a DC. Tivemos um tempo ao lado dele e de Peter, e os dois tinham essa visão para a DC. Ele apresentou à imprensa há cerca de um mês. É uma das maiores oportunidades de valorização para nós. […] Nós temos um tesouro que mais ninguém tem [Harry Potter, DC e O Senhor dos Anéis]. E para nós, a DC pode – e deve – ser um divisor de águas. Eu acho que tem muita coisa em jogo. Temos que fazer essas apostas. Nós temos os melhores roteiristas na indústria apostando tudo nisso”, comentou Zaslav.
E aí, você acha que James Gunn conseguirá reerguer a DC? Para qual projeto você está mais ansioso? Diga nos comentários!