segunda-feira , 9 dezembro , 2024

Os 18 Anos de Superman – O Retorno | Um filme Incompreendido ou Ruim?

Filme de 2006 tentou apresentar uma perspectiva mais reflexiva para o herói porém fracassou

No último dia 18 de abril o Homem de Aço completou 83 anos desde a publicação da lendária Action Comics #1 em 1938. Desde então o personagem ganhou adaptações nos mais diversos tipos de plataforma; seja no rádio, televisão, animação ou vídeo games a presença do Superman já figurou ali em algum momento. É claro que, quando comparado todos os meios de transmissão, aquele que primeiro salta à memória, dependendo da situação vindo antes do que a mídia original de quadrinhos, é o cinema.



Nas telonas o personagem se imortalizou com Christopher Reeve no clássico Superman: O Filme de 1978, obra que foi fundamental para solidificar tanto o gênero de blockbusters (Tubarão foi o primeiro sucesso do tipo em 1975) quanto das adaptações de quadrinhos em si, visto que as maiores referências para esse meio até então eram as minisséries do Batman nos anos 40 e o longa metragem de 1966 baseado na série de sucesso estrelada por Adam West.

O sucesso da primeira empreitada do kryptoniano abriu espaço para uma franquia que perdurou por todo os anos 80 mas que a cada novo filme mostrava um esgotamento visível de ideias e recursos técnicos. Isso porque a obra original de 78 apresentou recursos de efeitos práticos bastante inovadores para o período, principalmente quando o assunto era o voo do protagonista, se tornando por muito tempo uma referência na área.

A Era Christopher Reeve foi uma influencia para o filme

No entanto, o esmero técnico visto ali foi se diluindo conforme vinham as sequências e o orçamento das mesmas ia diminuindo gradativamente. Dessa maneira, quando Superman IV: Em Busca da Paz se prestou a ser produzido com apenas US$ 17 milhões em 1987 o resultado final não poderia ter sido outro senão a reciclagem dos efeitos visuais do filme original e um uso péssimo de tela azul. O resultado desastroso, junto a disputas legais que a Warner Bros travava com as famílias dos criadores do personagem, lançaram a franquia em um limbo.

Ainda assim os filmes protagonizados por Reeve, principalmente o original, continuaram sendo vistos como uma espécie de manual de instruções de como o personagem e seu microcosmo deveriam ser adaptados. Dois exemplos são o seriado Smallville, que a partir de 2001 se inspirou fortemente nos conceitos estéticos apresentados na obra dos anos 70 e, em 2006, Superman – O Retorno.

O início dos anos 2000 foram muito fortuitos para o diretor Bryan Singer (cujas acusações de assédio sexual ainda não tinham vindo a público), que havia comandando dois filmes dos X-Men (estes que iniciaram de vez a moda de se adaptar quadrinhos com orçamentos cada vez maiores). Para todos os efeitos, àquela altura ele era a grande referência em Hollywood sobre como transpor essa mídia para os cinemas.

Em 2006 foi lançado “Superman – O Retorno”

À altura que o diretor recebeu o convite para a empreitada ele estava em vias de começar o projeto do terceiro capítulo dos X-Men e sua desistência causou uma certa discórdia com a Fox à época. A questão é que quando Singer aceitou a ideia de um projeto do Superman ele tinha em mente a ideia de continuar indiretamente o universo iniciado com Christopher Reeve.

Dessa maneira ele se porta como uma sequência ao primeiro e segundo filme (deixando de lado o terceiro e quarto) porém realizando um trabalho de atualização na ambientação, trazendo o enredo para o século XXI, além de algumas mudanças nas dinâmicas de Clark com o resto do elenco, uma vez que o herói esteve ausente da Terra por um certo tempo.

Esse cuidado em se alinhar com um passado bem sucedido refletiu na escolha de Brandon Routh para o papel, uma vez que o ator portava uma semelhança impressionante com Reeve, além da construção do Lex Luthor de Kevin Spacey como não muito divergente do criminoso egocêntrico de Gene Hackman. Dessa maneira fica evidente no decorrer da obra que a inclinação do diretor foi muito mais para uma homenagem ao passado do que para semear o futuro. A trilha conduzida por John Ottman teve como base o trabalho prévio de John Williams com alguns rearranjos.

Ao período de seu lançamento a produção sofreu muitas críticas dos fãs pelo tom mais introspectivo e, para alguns, bem arrastado. De fato, Superman: O Retorno concede pouquíssimas margens tanto para momentos de ação grandiosos que seriam vistos anos depois em Homem de Aço quanto para a comédia. Enquanto que no passado as tiradas cômicas eram mais comuns graças ao tempo de tela generoso para comediantes como Ned Beatty (1978) e Jon Cryer (1987), em 2006 eles ficam relegados mais ao curto tempo de tela da coadjuvante de Spacey, Parker Posey, do que ao filme como um todo.

Mesmo assim, Superman – O Retorno é um interessante exercício de como se trabalhar um personagem fundamentalmente ligado a momentos de ação. A escolha de se debruçar sobre o sentimento de deslocamento do herói, que após retornar viu que várias pessoas próximas seguiram em frente, necessitou que fossem sacrificados momentos de alívio para o público, como a ação ou a comédia. Com isso o filme falha em não trazer o espectador para dentro da proposta e recebe como resposta unicamente o cansaço ou indiferença do mesmo.

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No último dia 18 de abril o Homem de Aço completou 83 anos desde a publicação da lendária Action Comics #1 em 1938. Desde então o personagem ganhou adaptações nos mais diversos tipos de plataforma; seja no rádio, televisão, animação ou vídeo games a presença do Superman já figurou ali em algum momento. É claro que, quando comparado todos os meios de transmissão, aquele que primeiro salta à memória, dependendo da situação vindo antes do que a mídia original de quadrinhos, é o cinema.

Nas telonas o personagem se imortalizou com Christopher Reeve no clássico Superman: O Filme de 1978, obra que foi fundamental para solidificar tanto o gênero de blockbusters (Tubarão foi o primeiro sucesso do tipo em 1975) quanto das adaptações de quadrinhos em si, visto que as maiores referências para esse meio até então eram as minisséries do Batman nos anos 40 e o longa metragem de 1966 baseado na série de sucesso estrelada por Adam West.

O sucesso da primeira empreitada do kryptoniano abriu espaço para uma franquia que perdurou por todo os anos 80 mas que a cada novo filme mostrava um esgotamento visível de ideias e recursos técnicos. Isso porque a obra original de 78 apresentou recursos de efeitos práticos bastante inovadores para o período, principalmente quando o assunto era o voo do protagonista, se tornando por muito tempo uma referência na área.

A Era Christopher Reeve foi uma influencia para o filme

No entanto, o esmero técnico visto ali foi se diluindo conforme vinham as sequências e o orçamento das mesmas ia diminuindo gradativamente. Dessa maneira, quando Superman IV: Em Busca da Paz se prestou a ser produzido com apenas US$ 17 milhões em 1987 o resultado final não poderia ter sido outro senão a reciclagem dos efeitos visuais do filme original e um uso péssimo de tela azul. O resultado desastroso, junto a disputas legais que a Warner Bros travava com as famílias dos criadores do personagem, lançaram a franquia em um limbo.

Ainda assim os filmes protagonizados por Reeve, principalmente o original, continuaram sendo vistos como uma espécie de manual de instruções de como o personagem e seu microcosmo deveriam ser adaptados. Dois exemplos são o seriado Smallville, que a partir de 2001 se inspirou fortemente nos conceitos estéticos apresentados na obra dos anos 70 e, em 2006, Superman – O Retorno.

O início dos anos 2000 foram muito fortuitos para o diretor Bryan Singer (cujas acusações de assédio sexual ainda não tinham vindo a público), que havia comandando dois filmes dos X-Men (estes que iniciaram de vez a moda de se adaptar quadrinhos com orçamentos cada vez maiores). Para todos os efeitos, àquela altura ele era a grande referência em Hollywood sobre como transpor essa mídia para os cinemas.

Em 2006 foi lançado “Superman – O Retorno”

À altura que o diretor recebeu o convite para a empreitada ele estava em vias de começar o projeto do terceiro capítulo dos X-Men e sua desistência causou uma certa discórdia com a Fox à época. A questão é que quando Singer aceitou a ideia de um projeto do Superman ele tinha em mente a ideia de continuar indiretamente o universo iniciado com Christopher Reeve.

Dessa maneira ele se porta como uma sequência ao primeiro e segundo filme (deixando de lado o terceiro e quarto) porém realizando um trabalho de atualização na ambientação, trazendo o enredo para o século XXI, além de algumas mudanças nas dinâmicas de Clark com o resto do elenco, uma vez que o herói esteve ausente da Terra por um certo tempo.

Esse cuidado em se alinhar com um passado bem sucedido refletiu na escolha de Brandon Routh para o papel, uma vez que o ator portava uma semelhança impressionante com Reeve, além da construção do Lex Luthor de Kevin Spacey como não muito divergente do criminoso egocêntrico de Gene Hackman. Dessa maneira fica evidente no decorrer da obra que a inclinação do diretor foi muito mais para uma homenagem ao passado do que para semear o futuro. A trilha conduzida por John Ottman teve como base o trabalho prévio de John Williams com alguns rearranjos.

Ao período de seu lançamento a produção sofreu muitas críticas dos fãs pelo tom mais introspectivo e, para alguns, bem arrastado. De fato, Superman: O Retorno concede pouquíssimas margens tanto para momentos de ação grandiosos que seriam vistos anos depois em Homem de Aço quanto para a comédia. Enquanto que no passado as tiradas cômicas eram mais comuns graças ao tempo de tela generoso para comediantes como Ned Beatty (1978) e Jon Cryer (1987), em 2006 eles ficam relegados mais ao curto tempo de tela da coadjuvante de Spacey, Parker Posey, do que ao filme como um todo.

Mesmo assim, Superman – O Retorno é um interessante exercício de como se trabalhar um personagem fundamentalmente ligado a momentos de ação. A escolha de se debruçar sobre o sentimento de deslocamento do herói, que após retornar viu que várias pessoas próximas seguiram em frente, necessitou que fossem sacrificados momentos de alívio para o público, como a ação ou a comédia. Com isso o filme falha em não trazer o espectador para dentro da proposta e recebe como resposta unicamente o cansaço ou indiferença do mesmo.

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