De acordo com O Globo, a emissora inglesa BBC irá produzir uma série documental sobre a trajetória da família Bolsonaro em sua ascensão política no Brasil.
Intitulada ‘The Bolsonaros’, a produção contará com quatro episódios narrando a polêmica atuação de Jair Bolsonaro e seus filhos com áudios, vídeos e depoimentos de aliados, adversários e testemunhas.
Ao que parece, a BBC está bastante entusiasmada com o projeto, classificando a trama como ‘algo shakespeariano’.
No entanto, o professor José Roberto Castro Neves, especialista na temática dentro das obras de Shakespeare, diz que Bolsonaro não tem a grandeza e a sofisticação dos vilões shakespearianos.
Apesar de reconhecer algumas semelhanças, Neves acredita que as falhas de caráter do atual presidente do Brasil são mais banais, toscas e, tragicamente, menos humanas que s dos personagens da literatura.
Isso porque uma das principais características dos vilões criados por Shakespeare é a intensa humanidade.
“Ele não tem a inteligência de um Iago, de ‘Otelo‘, só o apetite por manipular. Também não tem os dramas de consciência que acabam por condenar Macbeth, a quem se assemelha só na ambição. Não tem a eloquência, o poder de sedução e muito menos o humor de Ricardo III, só a arrogância e a falta de pudor.”
Ele continuou:
“Como Edmundo, o bastardo de ‘Rei Lear’, demonstra o complexo de ser um bastardo no Exército, bastardo na sua vida política de deputado baixo clero, mas está longe de Edmundo na capacidade de se fazer querido (lembrando que Edmundo arrebatou o coração — o gélido coração — de duas das três filhas do Rei Lear) e na habilidade de traçar estratégias, que o levou ao comando do exército da Inglaterra. Bolsonaro tem a obstinação tola e cega de Coriolano, mas não a sua pureza de propósitos.”
Para o professor, se a família Bolsonaro fosse transportada para o cânone shakespeariano, Jair e seus filhos não passariam de plebeus sem grandeza ou importância.
Até o momento, ainda não há data de estreia para a série
Lembrando que Bolsonaro também foi lembrado em 2020 Nunca Mais‘ (Death to 2020), mockumentário da Netflix dirigido por Charlie Booker, criador de ‘Black Mirror‘.
Enquanto recapitula os eventos do ano com humor, a produção também mostrou como a pandemia de COVID-19 assolou o mundo e como dois presidentes encararam de maneira errônea a gravidade do vírus.
Nesse momento, vemos Bolsonaro (sem partido) ao lado de Donald Trump como os únicos líderes mundiais que adotaram uma postura negacionista no combate à pandemia.
Na cena, ainda vemos uma sugestão de vídeo no YouTube em que o presidente brasileiro nega disfunção erétil.
Confira as reações no Twitter:
O detalhe de uma cena de “Death to 2020” da Netflix: um vídeo recomendado do Bolsonaro desmentindo sua disfunção erétil. HAHAHAH
— Felipe Salgado (@felpsalgado) December 29, 2020
Bolsonaro aparece duas vezes em “Death to 2020”, q tem Donald Trump como grande estrela. A melhor delas é muito discreta: em uma sugestão de vídeo no YouTube em que nega disfunção erétil durante a entrevista do “Felipe Neto alike” vivido por Joe Keery#cultura
— Reinaldo Glioche (@rglioche) December 27, 2020
Mas “Death to 2020” é indispensável. Uma pena terem filmado antes do presidente falar que a gente ia virar jacaré depois da vacina pq seria lindo ver o SLJ zoar o Bolsonaro kkkkk
— Eleita Roteirista Oficial 2020 (@fiorinestela) December 28, 2020
E o bolsonaro que apareceu negando rumores no “Death to 2020” (2020 nunca mais) Hauahauaja pic.twitter.com/Eaz8r6WJ3u
— Lincoln Patrick (@lincolnp_lp) December 28, 2020
kkkkkkkk véi
tô bem assistindo death to 2020 e do nada um “bolsonaro denies erectile dysfunction rumors”— veve (@beverlimarsh) December 29, 2020
O falso documentário traz uma trama bem crítica em relação ao surgimento do Coronavírus, a ameaça de uma 3ª Guerra Mundial, a chegada das vespas assassinas e até a polêmica sobre fraudes eleitorais.
O elenco conta com Hugh Grant, Lisa Kudrow, Samuel L. Jackson, Kumail Nanjiani, Tracey Ullman, Samson Kayo, Leslie Jones, Diane Morgan, Cristin Milioti e Joe Keery.