Recentemente, apresentei aqui a matéria com os maiores sucessos do cinema que completam 40 anos em 2020 (confira no link abaixo). E agora seguimos com esta coluna pulando 5 anos no futuro. O início da década de 1980 foi muito significativo, apresentando uma época que servia de escola para toda uma geração, automaticamente se tornando inesquecível nos mais variados quesitos da cultura pop. Foi o berço dos blockbusters e do cinema entretenimento como conhecemos hoje, por exemplo. Foi nos anos 80 também que surgiam e se consolidavam as vídeo locadoras pelo mundo, aumentando assim o acesso do público e dos fãs com seus filmes queridos.
Leia também: Os Maiores Sucessos do Cinema que Completam 40 Anos em 2020
E se em 1980 o cinema ainda refletia muito a década anterior (de 1970), em 1985 os anos 80 já tinha assumido sua personalidade extravagante e ganhado forma. A moda, os cabelos, gírias, músicas, decorações, tudo em relação a esta querida época é muito singular, e segue constantemente reverenciado em produções modernas. Justamente por isso, não poderíamos deixar de homenagear também este aniversário único da sétima arte. Pensando nisso, agora vamos conhecer mais um punhado de filmes que marcaram a infância de muitos cinéfilos pelo mundo, seja nas telonas ou nas inúmeras reprises na TV. Esses são os maiores sucessos do cinema que completam 35 anos em 2020. Confira.
10 | Os Espiões que Entraram Numa Fria
Os anos 1980 foram marcados por muitos sucessos que nunca deixam a mente dos fãs. E o ano de 1985 não foi diferente. Porém, alguns dos longas que renderam grande bilheteria há 35 anos talvez tenham caído no esquecimento para as gerações mais novas. É o caso com esta comédia estrelada por Chevy Chase e Dan Aykroyd, e dirigida por John Landis. A comédia é um gênero de fácil acesso e assimilação, justamente por isso possui um apreço universal, e na década de 1980 ganhamos algumas das mais icônicas de todos os tempos. Aykroyd, que também assina o roteiro da produção, foi um dos grandes nomes do humor nos anos 80, com filmes como Os Caça-Fantasmas (o qual também escreveu o texto), Os Irmãos Cara de Pau e Trocando as Bolas (os dois últimos igualmente dirigidos por John Landis).
Chevy Chase não fica para trás quando o assunto é comédia dos anos 80, imortalizado por Férias Frustradas (1983) e suas continuações. Fechando a trinca, o cineasta John Landis igualmente marcou os 80s com obras imortais como Um Lobisomem Americano em Londres (1981) e Um Príncipe em Nova York (1988). No meio de tudo, entre seus filmes menos memoráveis, está este Spies Like Us (“entrar numa fria” é um termo adorado para títulos de comédia no Brasil), que conta as desventuras de dois funcionários do governo (Aykroyd e Chase) se achando verdadeiros 007 e sendo usados como bodes expiatórios para uma Guerra Nuclear, no meio, é claro, da Guerra Fria. Com um orçamento de US$22 milhões, a comédia recuperou aos cofres da Warner US$60 milhões apenas nos EUA.
09 | Os Goonies
Você provavelmente deve estar pensando: “Os Goonies em nono lugar? Este é um dos mais icônicos filmes dos anos 80! Deveria estar melhor posicionado”. Acontece, caro leitor, que o longa querido sobre as espertas crianças aventureiras enfrentava uma competição fortíssima há 35 anos nas bilheterias. A produção de Steven Spielberg viria a ser redescoberta por uma nova audiência devido às citadas locadoras, isso sem falar nas exibições das TVs abertas. O que não diminui seu impressionante feito, já que com um orçamento de US$19 milhões, acumulou para a Warner algo em torno de US$63.8 milhões somente nos EUA.
Como dito, Os Goonies viveu para se tornar um clássico imortal, querido por cinéfilos de todas as idades por apresentar uma história de amadurecimento facilmente relacionável. Escrito por Chris Columbus e dirigido por Richard Donner, o longa apresenta um grupo de amigos autointitulado Os Goonies: eles estão Mikey (Sean Astin), Bocão (Corey Feldman), Gordo (Jeff Cohen) e o asiático Dado (Jonathan Ke Huy Quan – além dos agregados Brand (Josh Brolin), irmão mais velho de Mikey, Andy (Kerri Green), Stef (Martha Plimpton) e Sloth (John Matuszak), o “monstro” bonzinho. Há décadas o mundo espera por uma continuação deste adorado filme.
08 | A Testemunha
Quando escrevi sobre os maiores sucessos que completam 40 anos, citei os filmes do Oscar que igualmente caem no gosto do grande público, se tornando obras pop. E com este suspense dramático da Paramount algo parecido aconteceu. No entanto, A Testemunha, muito devido à presença do astro Harrison Ford protagonizando (saído dos sucessos da trilogia Star Wars e de dois Indiana Jones), era “programado” para cair nas graças de uma grande audiência. A surpresa aqui foi ao contrário, e veio com a adoração do filme por parte dos críticos e dos votantes da Academia – garantindo assim suas muitas indicações ao Oscar. Algo semelhante ocorreu com O Fugitivo (1993), um filme entretenimento extremamente prestigiado pelos votantes da Academia.
Aqui, Ford vive John Book, policial designado a proteger a única testemunha num caso de assassinato até o dia do julgamento. A pegadinha é que tal testemunha é um menino Amish, e para o feito o oficial precisa se infiltrar na comunidade religiosa que vive de uma forma ultraconservadora, restrita a qualquer tecnologia, incluindo telefones, carros e aparelhos elétricos. O filme conta também com Kelly McGillis, uma das musas dos 80’s (que viria a estrelar Top Gun no ano seguinte ao lado de Tom Cruise), como a protagonista feminina. A Testemunha custou US$12 milhões e arrecadou impressionantes US$68.7 milhões somente nos EUA. Fora isso, foi indicado para 8 Oscar, incluindo melhor filme, diretor (Peter Weir) e protagonista (Ford), e venceu roteiro e edição. Um filme que você não pode mais deixar passar.
07 | Cocoon
Quase tão popular quanto Os Goonies e os inúmeros clássicos 80’s, Cocoon fez um tremendo sucesso, mas se encontra num patamar um pouco mais abaixo dos longas verdadeiramente inesquecíveis da época. Ou seja, mesmo sendo conhecido do grande público, não se encontra no panteão de lendas como De Volta para o Futuro, Indiana Jones, Curtindo a Vida Adoidado ou E.T. – O Extraterrestre. Quem dirige aqui é Ron Howard, pupilo de Spielberg, saído do sucesso de Splash – Uma Sereia em Minha Vida. Aqui, Howard segue numa história com forte apelo de fantasia e elementos sobrenaturais.
Por falar em E.T., Howard cria sua versão para os visitantes interplanetários bonzinhos, parte de uma raça que chega ao nosso planeta para “recarregar” suas energias. As criaturas douradas brilhosas e flutuantes deixam casulos (daí o título Cocoon) na piscina de uma casa abandonada, vizinha a um asilo. Quando os velhinhos moradores do local se banham na água com os casulos, recuperam sua vitalidade como se tivessem consumido um “super viagra”. O filme da Fox custou US$17.5 milhões (já que é dono de alguns dos efeitos especiais mais impressionantes da época) e rendeu US$85.3 milhões mundialmente. Além disso, gerou uma sequência em 1988.
06 | A Joia do Nilo
Tudo que faz sucesso, vira tendência e gera suas “imitações”. Foi assim com Indiana Jones, filme que revolucionou o cinema de aventura, fazendo voltar a moda das produções de matinê passadas nas selvas. Entre seus “clones” mais famosos se encontram As Minas do Rei Salomão (1985) e Tudo por uma Esmeralda (1984) – ambos geraram continuações. E é da sequência do segundo que falamos agora. O longa citado é protagonizado por Michael Douglas como o “Indy” da vez, um aventureiro machão que resgata uma escritora em perigo (Kathleen Turner) das mãos de traficantes colombianos.
Nesta sequência, lançada somente um ano depois, a dupla (agora já um casal) viaja para o Oriente Médio com o personagem de Danny DeVito a tiracolo. Aqui, Xeiques, joias preciosas, aviões caça, o deserto e o rio Nilo servem de pano de fundo para as novas aventuras do casal Jack e Joan agora nas Arábias. A produção da Fox custou US$25 milhões ao estúdio, mas recuperou US$96.7 milhões mundialmente. Com tanto sucesso não dá para entender porque uma terceira parte com o trio Douglas, Turner e DeVito não foi produzida. E não vale dizer que é A Guerra dos Roses (1989).
05 | Entre Dois Amores
Voltamos aos filmes populares do Oscar, que terminam por cair no gosto dos críticos e votantes, mas também fazem um enorme sucesso com o grande público. Este épico de quase três horas de duração é baseado num texto das experiências reais de Karen Blixen, escrito pela própria, e une em tela pela primeira vez os monstros sagrados Robert Redford e Meryl Streep (que vive Karen no filme). Dirigido pelo grande Sydney Pollack, o longa relata a vida da personagem de Streep, uma baronesa da Dinamarca, dona de fazendas, que se envolve num tórrido romance com um caçador de animais de espírito livre (Redford) no Quênia colonial do Século XX.
Entre Dois Amores, ou Out of Africa no título original, foi indicado para 11 Oscar, e fez a limpa levando 7 prêmios, entre eles melhor filme, diretor e roteiro – além da indicação de atriz para Streep, é claro. Fora isso, com um orçamento de US$31 milhões, esta produção da Universal rendeu em bilheteria mundial US$227 milhões (com US$87 milhões somente nos EUA), se tornando um verdadeiro blockbuster. E você, já viu este clássico?
04 | A Cor Púrpura
Continuamos no tópico acima, com os filmes do Oscar que seguem com extrema popularidade através dos anos. Este, infelizmente, entraria para a história como um dos maiores injustiçados dos prêmios da Academia. Dirigido por ninguém menos que Steven Spielberg, A Cor Púrpura foi indicado para 11 Oscar (empatando na edição com Entre Dois Amores e se tornando um dos filmes mais indicados da história), mas saiu de mãos completamente abanando – se tornando assim recordista também para uma categoria não muito feliz, a dos maiores “perdedores” da história de Hollywood.
De fato, um único outro longa na história compartilha sua dor de ser um recordista de indicações sem vitória: se trata do drama romântico Momento de Decisão (1977), com Shirley McLaine. A Cor Púrpura é um drama racial importantíssimo para compreendermos mais nossa própria história, baseado no livro vencedor do prêmio Pulitzer, escrito por Alice Walker. Por ser uma história negra, Spielberg não se sentia confortável para comandar a produção, mas foi convencido pelo produtor Quincy Jones e pela própria autora – ambos negros. Spielberg sequer recebeu indicação. A Cor Púrpura, porém, foi nomeado para melhor filme e três atuações femininas, por exemplo, entre elas a protagonista Whoopi Goldberg. A vingança veio no sucesso que a obra fez para a Warner, que com um orçamento de US$15 milhões, gerou somente nos EUA uma bilheteria colossal de US$98.4 milhões.
03 | Rambo II – A Missão
Quando dizemos para as gerações mais novas que Sylvester Stallone já foi o maior astro de Hollywood e os mais jovens não acreditam, basta que voltem 35 anos no passado e pesquisem sobre o ano de 1985. Neste ano específico, cravado bem na metade da década de 1980, não teve para ninguém e o responsável pelo comando do show atendia pela alcunha de Sylvester ‘Sly’ Stallone, vulgo ‘Garanhão Italiano’. Tudo porque o ator retirava do forno novos exemplares “bombados” de suas franquias mais promissoras, injetando bastante anabolizante e conseguindo assim atingir o ponto mais alto de ambas.
A primeira na lista é esta sequência de Rambo – Programado para Matar (1982). Mais “intimista”, o primeiro Rambo é meio que um suspense dramático baseado num livro que serve de crítica ferrenha à guerra do Vietnã. Tudo bem que ainda temos Stallone distribuindo tiros para todos os lados, cenas de ação e explosões. Mas comparado ao que viria, este pode ser considerado um “drama indie”. Stallone deixou Rambo vivo ao final do primeiro filme, e o resultado foi este Rambo II, o nascimento do herói de ação definitivo dos 80’s e um verdadeiro fenômeno da cultura pop. O filme fez surgir de tudo, desde um desenho animado, uma linha de bonecos, lancheiras (e todo tipo de merchandising voltada às crianças, embora seja um longa extremamente violento) até o infame concurso nacional “Rambo Brasileiro”. O resto é história. Com um orçamento de US$44 milhões, a Carolco Pictures encheu os bolsos de dinheiro com uma bilheteria de US$300.4 milhões mundiais. E os blockbusters nunca mais foram os mesmos.
02 | Rocky IV
Mas se engana quem pensa que Stallone havia acabado por aí. O astro queria mais e tirou da cartola o retorno de seu personagem mais famoso e querido para um quarto round nos ringues. E se Rambo era um “novato”, ainda em sua segunda, maior e mais barulhenta aventura no cinema, Rocky Balboa, o garanhão italiano em pessoa, chegava ao seu quarto longa-metragem nas telonas. De um drama de prestígio no Oscar e sua sequência, Rocky adentrava os farofeiros anos 80 em grande estilo, chutando a porta e mudando de vez os tons de tais filmes. É claro que na direção e roteiro tínhamos o próprio protagonista, o que ajudou o novo estilo machão bem propício da época. Nada, no entanto, seria maior do que esta quarta incursão na história de Rocky.
Stallone bola a morte de seu amigo Apollo Creed (Carl Weathers) e cria o vilão definitivo nas formas de Dolph Lundgren. É claro que em plenos anos 80, época da Guerra Fria ainda em vigor, ele não poderia ter outra nacionalidade que não russa. Ah sim, era necessário um nome legal e que pegasse: Ivan Drago. Perfeito. Com direito a injeções de esteroides, o antagonista desta vez é o próprio Exterminador do Futuro, e como diz a canção da banda Survivor, “é leste versus oeste” quando EUA e União Soviética se enfrentam. Mas Stallone só quer saber de união, e faz um discurso em prol do fim da Guerra Fria após a luta final, e claro, a vitória dos EUA. Rocky IV ainda é celebrado como o mais querido pelos fãs (e um dos mais empolgantes), não que seja o melhor. Com um orçamento de US$30 milhões da United Artists /MGM, o filme fez de volta US$300.47 milhões mundiais, fechando quase com a mesma bilheteria de Rambo II, e prevalecendo por bem pouco.
01 | De Volta para o Futuro
Se Stallone foi o rei de 1985 na frente das telas, por trás delas o “dono” do cinema de 35 anos atrás não poderia atender por outro nome: Steven Spielberg. Inegavelmente, a mesma década que consolidou Sylvester Stallone, transformou um diretor num astro tão famoso quanto qualquer ator da história de Hollywood. Spielberg foi definitivamente o nome mais quente da indústria na década e provou ter o toque de Midas, transformando em ouro qualquer produção que tocasse, fosse como diretor ou simplesmente como produtor. Algumas das maiores bilheterias do período são de filmes seus.
Na lista já apareceram Os Goonies e A Cor Púrpura, dois dos filmes mais rentáveis de 1985, que Spielberg respectivamente produziu e dirigiu. Agora chegamos ao longa mais bem sucedido financeiramente de 35 anos atrás e novamente encontramos o dedo de Spielberg como produtor. O que dizer sobre De Volta para o Futuro que ainda não tenha sido dito? Fenômeno cultural talvez seja pouco. Um dos melhores filmes da história do cinema? Justo e digno. Nunca uma história de fantasia, envolvendo viagem no tempo, temática adolescente, aventura e romance cativou tanto o público de várias gerações (que seguem descobrindo o filme) e de vários tipos. A palavra certa para definir este sucesso atemporal, porém, é: família. Afinal, quem não gostaria de voltar e participar da história de nossos ancestrais. Com um orçamento de US$19 milhões e efeitos revolucionários, a bilheteria da Universal foi de US$388.7 milhões ao redor do mundo.