Os serviços de streaming cresceram muito desde sua criação na década passada, e caíram no gosto do público de forma avassaladora. Ao ponto de o questionamento sobre a ameaça ao futuro das salas de cinema vir constantemente à pauta dos especialistas. Sim, muitos conferem o fim das vídeo locadoras ao advento destas plataformas, e os mais pessimistas sofrem com a possibilidade do destino dos cinemas. O ano de 2020 não ajudou muito a causa, fechando “o mundo” devido à pandemia, as salas de exibição foram um setor maltratado, muitas não conseguindo se reerguer mais.
Nesta brincadeira amarga do destino, um setor do entretenimento que prosperou durante a quarentena foi justamente os canais de streaming – propícios para assistirmos a filmes e séries no conforto de nossas casas. Grande parte das produções lançadas em 2020 estrearam em tais serviços, e as que não foram exclusivamente planejadas para tais formatos, foram compradas por eles, a fim de ganharem sobrevida. Será este realmente o futuro? Por enquanto sim. E aqui nesta matéria iremos adereçar os filmes da maior plataforma da atualidade, que igualmente se mostra a maior produtora de conteúdo original para streaming: a Netflix.
Como a Netflix hoje é sinônimo de cinema, nada mais natural que nossa costumeira matéria sobre os melhores e piores filmes do ano seja voltada em 2020 para as produções originais da plataforma. Sendo assim, damos continuidade desta vez com a melhor parte do bate-bola. Esta é a lista mais glamorosa da dobradinha. Esses são os 10 melhores filmes originais da Netflix em 2020 (Ps. Para a empreitada tiramos uma média entre as avaliações da crítica e do público, então esta não é uma opinião unicamente do CinePOP). Confira abaixo.
10 | The Boys in the Band
Baseado numa premiada peça de teatro, que virou filme em 1970, escrito pelo mesmo Mart Crowley, este remake tem produção de Ryan Murphy, atual prata da casa da Netflix. Na trama encabeçada por nomes como Jim Parsons, Zachary Quinto e Matt Bomer, um grupo de amigos gays se reúne para uma festa num apartamento, na década de 1960. Entre os convidados, um amigo hétero de um deles, que não sabe da opção sexual do amigo. Fora isso, um jogo se desenrola, que faz vir à tona segredos entre eles. Para os críticos, o filme traz surpresas e perspicácia para sua adaptação moderna e relevante.
09 | Uma Invenção de Natal
Pedida perfeita para toda a família nesta natal, esta é uma fantasia para a criançada, e também um musical contagiante. Produzido pelo músico e compositor John Legend, e escrito, dirigido e produzido pelo cineasta David E. Talbert, o longa é uma viagem pela magia da época de fim de ano, com direito a cenários grandiosos e visual extravagante. Na trama, o vencedor do Oscar Forest Whitaker é um inventor que perdeu suas maiores criações, roubadas por um rival (papel de Keegan-Michael Key). Um único brinquedo criado por ele restou, e ao lado de sua pequena neta (papel da carismática Madalen Mills) se mostrará a salvação de seu negócio. Para os críticos, além de todos os atrativos, o filme ainda possui uma mensagem inspiradora.
08 | Mank
Este oitavo item da lista é um que possui grandes chances de sair com algumas indicações ao Oscar na próxima temporada de prêmios. Dirigido por um dos mais talentosos e celebrados cineastas da atualidade, David Fincher, o longa é a biografia do roteirista Herman Mankiewicz, interpretado com muita voracidade pelo vencedor do Oscar Gary Oldman. O filme se propõe a descortinar os bastidores e as influências de um dos maiores clássicos da sétima arte, a obra-prima Cidadão Kane (1941). Segundo a crítica, Mank é brilhantemente escrito e atuado, podendo vir a se tornar um clássico por si só.
07 | Destacamento Blood
Parece que o diretor Spike Lee deixou a época obscura de sua carreira para trás. Assim esperamos. O cineasta, merecidamente, foi redescoberto pelo grande público, entregando um projeto de prestígio atrás do outro. Depois do indicado ao Oscar Infiltrado na Klan (possivelmente seu filme mais popular), Lee emplaca outro sucesso, firmando a parceria com a Netflix. Destacamento Blood é um drama sobre a guerra do Vietnã, que fala sobre amizade e fraternidade, e traz um dos últimos trabalhos do saudoso Chadwick Boseman. Segundo os críticos, o filme é dono de energia feroz e ambição, resultando numa das obras mais urgentes e impactantes de Spike Lee.
06 | Enola Holmes
Apesar de ter causado certo desconforto com os detentores dos direitos da marca Sherlock Holmes, sendo inclusive processado, este novo produto da Netflix fez sucesso o suficiente com os críticos e o público para conseguir pagar todos os acordos financeiros. Quando falamos de parcerias de sucesso, uma das mais produtivas para a Netflix tem sido com a menina Millie Bobby Brown, que após emplacar como a fofa Eleven em três temporadas no fenômeno Stranger Things (com a quarta já na esquina), mostra que seu talento não é sorte, na pele da personagem título, a irmã adolescente de Sherlock Holmes (Henry Cavill). E a crítica foi só elogios, dizendo que o filme traz um sopro de ar fresco para Baker Street, deixando muito espaço para a jovem atriz imprimir sua efervescência numa franquia em potencial.
05 | Rosa e Momo
A Netflix e as plataformas de streaming merecem muitos elogios. Um deles diz respeito ao empenho que é dado para obras internacionais, globalizando ainda mais o cinema. Outro é dar espaço para veteranos estrelarem produções miradas ao grande público, como não encontravam mais nas salas de cinema. Aqui, quem volta aos holofotes é a octogenária musa italiana Sophia Loren. Nesta história edificante, uma sobrevivente do holocausto (Loren), comerciante de uma cidade litorânea na Itália, abriga um menino negro imigrante de 12 anos, que a roubou, e com ele desenvolve uma amizade. Os críticos aqui dão todos os louros para a veterana, afirmando que seu talento não diminuiu ao longo dos anos, e serve para elevar muito o potencial do filme.
04 | O Que Ficou para Trás
O terror social foi descoberto como filão em Hollywood. E um forte representante do já “novo subgênero” é o queridinho Jordan Peele e seus filmes. É por onde segue o cineasta britânico Remi Weekes, que escreve e dirige este que é sua estreia em longas-metragens. Na trama, um casal de imigrantes passa o pão que o diabo amassou até conseguir deixar seu país em guerra, o Sudão, e chegar à Europa. Porém, uma vez no Reino Unido, além do preconceito local por serem refugiados, precisarão se adaptar no novo lar e enfrentar novos demônios internos, e quem sabe externos também. Para os críticos, o filme possui sustos genuínos a cada corredor, uma olhada assustadora na experiência de refugiados e uma estreia impressionante do cineasta Remi Weekes. Que venham novos trabalhos.
03 | Os 7 de Chicago
Chegamos ao pódio. Com o bronze dentre os melhores filmes da Netflix em 2020 está o novo trabalho do roteirista Aaron Sorkin como diretor, depois de sua estreia com A Grande Jogada (2017). Baseado numa história real, o filme segue o julgamento de sete pessoas, com diferentes acusações, ligadas ao protesto da Convenção Nacional Democrata em Chicago, 1968. No grande elenco, Eddie Redmayne, Joseph Gordon-Levitt, Sacha Baron Cohen e Michael Keaton, entre outros. Os críticos enfatizaram a força das atuações, e a competência de Aaron Sorkin com o material.
02 | A Ligação
Já não era sem tempo, mas após o sucesso desmedido de Parasita no Oscar deste ano, os filmes sul-coreanos caíram fortemente no gosto do público pelo mundo. Nos EUA foi assim, e aqui no Brasil não é diferente. Que bom. Justamente por isso, recebendo a medalha de prata no ranking dos melhores filmes originais da Netflix está uma obra do país, essa aqui se tratando de um terror. Na trama, uma ligação entre duas pessoas conecta passado e presente, já que cada uma se encontra numa linha temporal diferente. Apesar de não ser novidade (há vinte anos tivemos Alta Frequência, por exemplo), os críticos afirmam que o filme deixa o espectador à beira da poltrona do início ao fim, repleto de sustos, sangue, violência e reviravoltas.
01 | A Voz Suprema do Blues
Segundo os críticos e o público, quem sobe ao pódio com medalha de ouro dentre as produções originais da Netflix neste ano de 2020 é A Voz Suprema do Blues. O filme reúne em tela dois verdadeiros pesos pesados da atuação, num duelo de tirar o fôlego: a vencedora do Oscar Viola Davis e o saudoso Chadwick Boseman (em sua despedida das telas, no último trabalho). Boseman vive um trompetista talentoso e abusado, nesta que é a biografia de uma figura muito importante para a história musical, artística e história negra, não apenas dos EUA, mas do mundo: a cantora de Blues, Ma Rainey (Davis). Todo passado num único cenário, o filme marca a segunda colaboração da atriz num texto do dramaturgo August Wilson, após sua vitória no Oscar por Um Limite Entre Nós (2016). As apostas são por indicações para a dupla de protagonistas. Os críticos destacam as atuações e a afetuosa homenagem para lenda do blues e a cultura negra de forma geral.