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Carrie, a Estranha (2)

A nova versão de Carrie é mesmo um terror.

Quando Brian De Palma lançou, em 1977, a primeira adaptação do romance de Stephen KingCarrie, a Estranha, não imaginava que este acabaria se tornando um dos trabalhos mais emblemáticos de sua carreira. Além de montar uma nova estrutura narrativa e engendrar planos absolutamente brilhantes, do ponto vista estético, De Palma soube lidar com temas extremamente complexos, como religião, sociedade e a rejeição popular pelo diferente, desenvolvendo com eficiência cada ponto empreendido.

Ao longo dos anos, continuações e pequenas novas versões de Carrie foram feitas em menor escala, ainda que nenhuma delas tenha tido, sequer, um atinente destaque, em relação à obra referencial. E, provavelmente, essa lacuna tenha despertado o interesse da indústria hollywoodiana e seu maior filão atual: os remakes e reboots – demonstrando, de certa forma, uma carência de novas ideias.

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Deste modo, comandado por Kimberly Peirce (Stop-Loss – A Lei da Guerra), e estrelado pela nova queridinha da América, Chloë Moretz (A Invenção de Hugo Cabret), Carrie, a Estranha ganha, enfim, sua roupagem mais moderna. No entanto, o resultado obtido surpreende de forma tão negativa, ao ponto de inserir-se entre os piores títulos lançados esse ano. É um longa que nada tem a acrescentar ao conto original, possui um roteiro pedestre e é repleto de atuações vexatórias, que poderiam servir bem à franquia Todo Mundo em Pânico – aliás, a fita seria perfeita como uma paródia contemporânea.

Seguindo a linha narrativa do clássico de De Palma, quase que cena por cena, Peirce realiza um trabalho de direção genérico, que em nenhum momento transporta o espectador para a atmosfera de conflito, na qual, justamente, sua protagonista vive. Pelo contrário, a todo o instante nos deparamos com um sorriso no rosto, pelo fato da má construção de cenas e atuações histéricas, que beiram o ridículo. Tal como a dupla de roteiristas, Roberto Aguirre-Sacasa e Lawrence D. Cohen, entrega um texto raso, detentor de terríveis diálogos e de uma deficiência artística impressionante. O que espanta ainda mais, já que Cohen também assina o roteiro do primeiro filme.

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E, mesmo contando com boas atrizes em seu cast, como a própria Moretz – que, em títulos como Kick-Ass – Quebrando Tudo e Deixe-me Entrar, mostrou-se talentosa –, ou a consagrada Julianne Moore (Longe do Paraíso), não temos um mínimo alento. Ambas realizam trabalhos extremamente caricatos e artificiais, principalmente Moore, que costuma exagerar em suas performances, e aqui extrapola todos os limites. Os demais jovens atores, Gabriella WildeAlex Russell e Portia Doubleday, também demonstram descompromisso com o troço, logo, ninguém consegue se sobressair.

Mas o principal problema está mesmo no descaso dos temas presentes na obra do King e na adaptação do De Palma. É aparente que o intuito da diretora seja apenas o entretenimento e o suspense escapista, já que não se aprofunda em qualquer linha de debate, e tenta, a todo o momento, impressionar o espectador médio, com sustos e efeitos visuais – muito ruins, por sinal. É triste constatar que uma cineasta como Kimberly Peirce, que realizou um trabalho tão tocante como Meninos Não Choram, renda-se ao comodismo artístico.

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Assim, este Carrie, a Estranha junta-se a uma extensa lista de terríveis refilmagens descartáveis; estando em nível de desastres como, por exemplo, O Massacre da Serra Elétrica 3D: A Lenda ContinuaA Hora do EspantoA Hora do Pesadelo, A Morte Pede CaronaA Profecia Psicose. Ratificando o quão sem sentido é sua existência e, mais ainda, a contumácia e proveito dos produtores em trazer de volta às telonas, clássicos do gênero, sem ter um mínimo de cuidado, em relação à qualidade dessas obras. Quem sabe com consecutivos fracassos, estes se emendem e parem com esta demência, que já encheu há tempos.

Batman – O Cavaleiro das Trevas

(The Dark Knight)

 

Elenco:

Christian Bale (Bruce Wayne), Heath Ledger (Coringa), Michael Caine (Alfred Pennyworth), Aaron Eckhart (Harvey Dent), Morgan Freeman (Lucius Fox), Gary Oldman (Jim Gordon), Maggie Gyllenhaal (Rachel Dawes).

Direção: Christopher Nolan

Gênero: Aventura, Ação

Duração: 144 min.

Distribuidora: Warner Bros.

Estreia: 18 de Julho de 2008 – Reestreia IMAX (6 de Fevereiro de 2009) e convencional (13 de Fevereiro de 2009)

Sinopse:

Em sua nova aventura para o cinema, Batman segue como o vigilante de Gotham City e tem Jim Gordon (Gary Oldman) e o promotor público Harvey Dent (Aaron Eckhart) como aliados, além do apoio de seu fiel mordomo Alfred (Michael Caine) e do amigo Lucius Fox (Morgan Freeman). Mas um inimigo surge para ameaçar a paz da cidade: o Coringa (Heath Ledger), que inicia uma série de ataques e ameaça Rachel Dawes (Maggie Gylenhaal). Batman então percebe que não enfrenta simplesmente mais um vilão, e sim um adversário maquiavélico e inteligente que não poupará esforços para sair triunfante da batalha.

Curiosidades:

» ‘Batman: O Cavaleiro das Trevas’ é a maior bilheteria da história da Warner Bros. Pictures no Brasil superando a marca que pertencia a ‘Matrix Reloded’.

» O filme é o segundo na história de Hollywood a ultrapassar a marca dos US$ 500 milhões arrecadados nos EUA.

» O ator que deu vida ao novo Coringa, Heath Ledger, faleceu no dia 22 de Janeiro de 2008, por overdose de pílulas para dormir. Ledger já havia terminado suas cenas.

» A eterna ‘Buffy’, Sarah Michelle Gellar, recusou um convite para participar da sequência de ‘Batman Begins’, intitulada ‘O Cavaleiro das Trevas’. A atriz seria escalada para interpretar a personagem Arlequina, a escandalosa aliada de Coringa, que tem freqüentes surtos psicóticos.

» Batman realmente sofrerá mudanças de uniforme em ‘The Dark Knight’. O Batman troca de uniforme na metade do filme.

» Katie Holmes está fora da continuação de Batman. A atriz Maggie Gyllenhaal (‘O Sorriso de Mona Lisa’) é a advogada Rachel Dawes.

» Philip Seymour Hoffman (‘Capote’) foi cogitado para viver Pingüim.

» Ryan Philippe, Ethan Hawke, Guy Pearce, Liev Schreiber e Jake Gyllenhaal foram cogitados para viver Harvey Dent, ou Duas Caras.


Trailer:


Cartazes:

Fotos:

 

EXCLUSIVO: Trailer legendado de ‘Virginia’, terror gótico com Elle Fanning

O terror gótico ‘Twixt‘, dirigido em 3D por Francis Ford Coppola (‘Drácula de Bram Stocker’), ganhou seu trailer legendado – que você assiste EXCLUSIVAMENTE no CinePOP.

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A Europa Filmes lançará o longa no Brasil com o título ‘Virginia‘, nome da protagonista. A estreia é prevista para 27 de Dezembro.

Elle Fanning (‘Super 8’), irmã de Dakota, e Val Kilmer estrelam. O elenco ainda conta com Joanne Whalley, Val Kilmer, Bruce Dern, Ben Chaplin, Don Novello, David Paymer e Alden Ehrenreich.

Virginia‘ (Twixt) acompanha um escritor decadente que chega a uma pequena cidade para promover o seu mais recente livro, e acaba se envolvendo no misterioso assassinato de uma jovem. Na mesma noite dos eventos, ele é contactado através dos sonhos por uma garota chamada V. Incerto com relação à conexão entre a fantasma e o assassinato, mas satisfeito por ter tomado conhecimento dos fatos, o escritor acaba chegando à verdadeira história e surpreende-se ao perceber que seu fim diz muito mais sobre sua própria vida do que ele jamais poderia ter imaginado.

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O Diabo Veste Prada

(The Devil Wears Prada)

Elenco:

Anne Hathaway, Meryl Streep, Adrian Grenier, Tracie Thoms, Simon Baker, Emily Blunt, Jaclynn Tiffany Brown, Gisele Bundchen.

Direção: David Frankel

Gênero: Comédia

Distribuidora: Fox Film

Estreia: 22 de Setembro de 2006

Sinopse:

Adaptação do livro escrito por Lauren Weisberger, que conta a história de Andrea Sachs (Anne Hathaway). Ela é uma jovem que acabou de sair da faculdade e conseguiu emprego como assistente de uma poderosa editora chamada Miranda Priestly (Meryl Streep), da revista ”Runaway”. Mas mal sabe a garota que Priestly é um terror: seu poder vai além da capacidade de levantar ou principalmente destruir a carreira de muita gente em Nova York.

Curiosidades:

» O filme conta com uma ponta da übermodel Gisele Bündchen, como uma empresária.

» Filme baseado no Best Seller ‘O Diabo Veste Prada‘.

 

Trailer:

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Cartazes:

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Fotos:


 

Um Estranho no Lago

Com linguagem peculiar, suspense deixa o espectador curioso pela sua conclusão.

O suspense policial Um Estranho no Lago, do cineasta francês Alain Guiraudie, tem uma proposta, digamos, atípica, dentro do gênero que transita. Não é só o roteiro, também assinado por Guiraudie, que parece caminhar por outra direção. Sua estética fílmica fulgente, dramaticidade latente e algumas passagens intimistas, nos fazem crer que estamos diante de algo que abordará, pura e simplesmente, o cotidiano de uma classe marginalizada pela sociedade, que teima em ser dissimulada. O que nos leva a provável resposta dos muitos comentários e sua seleção para a mostra Un Certain Regard, do Festival de Cannes 2013.

O longa nos insere em meio a uma reserva de nudismo, que possui um lago, habitado apenas por homens homossexuais. Nesta espécie de recanto particular, os visitantes podem andar nus, sem nenhum tipo de recriminação e opressão, com uma vida simples e tranquila. Obviamente, eles usam o bosque, ao lado, para ter relações íntimas. Criando quase que uma comunidade sexual. É bom frisar que Guiraudie faz questão de filmar com planos mais abertos, no intuito de mostrar a nudez gratuita, para sentirmos a mesma sensação dos sujeitos em tela.

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Um dos frequentadores mais assíduos do local é o popular Franck (Pierre Deladonchamps), um rapaz boa pinta que parece nunca ter problemas para encontrar parceiros, não fosse seu pensamento fixo pelo misterioso Michel (Christophe Paou). Sujeito por quem ele se apaixonou perdidamente, numa de suas caminhadas pelo bosque. Por outro lado, Franck conhece o solitário, mas adorável Henri (Patrick d’Assumção), que, ouvindo mais do que falando, parece ter respostas sábias sobre a vida. Sendo de fácil identificação para com o espectador, pelo seu frágil estado emocional, passado através dos olhares de d’Assumção, que realiza um trabalho deveras competente.

De momentos ardentes com Michel, e conversas meditativas com Henri, sobre amizade e relacionamentos, Franck vive uma rotina, de certo modo, banal e ditosa. E parece, enfim, ter achado a felicidade. No entanto, assim como o espectador, e seu amigo confidente, Franck percebe que há algo de errado com o companheiro. E que, mesmo com vontade aparente de estarem juntos, é visível a lacuna entre ambos. Isso é simbolizado quando Henri alerta que relações vazias podem machucar um dos lados, e assim perceberá que a essência do prazer vai além da própria carne.

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De repente, um crime acontece no lago, e a desconfiança sobre Michel aumenta ainda mais. Principalmente depois da chegada do inspetor Damroder (Jérôme Chappatte), que com perguntas incômodas, pressiona a todos os visitantes. Em especial o próprio Franck, que visivelmente parece esconder algo. Tornando a relação do casal, cítrica. A fita, então, se transforma num drama policial, distanciando-se cada vez mais da ideia posta no primeiro ato.

Enchendo-o de planos-detalhe e engendrando longas tomadas pelo lago, Alain Guiraudie torna o filme inquieto, em relação à visão do espectador. Que procura a todo o momento algo acontecendo em tela, causando certa angústia. Também vemos que, ao passar do tempo, a fotografia intensa e brilhante de Claire Mathon, vai se tornando cada vez mais densa e tenebrosa, assim como a aura dos personagens. Que, em dado momento, parecem desaparecer, pela negra atmosfera que ali habita.

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Contudo, a conclusão da trama revela certa carência no roteiro, que se sustenta através de sua estrutura narrativa peculiar. Mesmo com algumas passagens mais sérias e reflexivas, explanadas de forma sutil, não poderíamos dizer que o texto de Guiraudie, desperta grande interesse ou vai fazer você matutar pensamentos após a sessão. Tem lá seus momentos de tensão e consegue manter a plateia ligada – que por sua vez pode se sentir afrontada, devido a uma conclusão que eu julgaria súbita, mas fundamental para com a fita. De certo modo, o diretor salva seu trabalho, ao encerrá-lo num momento crucial para a definição da fraca empreitada. Deste modo, o espectador pode decidir o futuro do conto, abrindo margem para mais discussões.

Dia 18 de outubro de 2013.

Texto originalmente publicado na cobertura do VI Janela Internacional de Cinema do Recife.

Blue Jasmine

UMA MULHER DE AZUL ESCURO

 

Segundo os dados do IMDB, Blue Jarmine já é um dos 10 melhores filmes de Woody Allen. Não sei se é pra tanto, mas com certeza, se fosse fazer uma galeria das principais personagens femininas criadas pelo diretor, colocaria Jasmine (Cate Blanchett) entre as primeiras. De Annie Hall a Vicky, Cristina e Maria Elena, Jasmine merece destaque.

O filme inicia com Jasmine (Cate Blanchett) viajando de Nova York para São Francisco depois que seu marido, Hal (Alec Baldwin), foi preso por fraudes no mercado financeiro. Ela vai pedir arrego para a irmã classe média Ginger (Sally Hawkins).

Jasmine está devastada, desequilibrada e revoltada com a vida. Mas não sentimos pena dela. Ela é um entojo capaz de produzir muitos momentos de vergonha alheia. Fútil, egoísta, incapaz de reconhecer que não pode mais comer caviar e só lhe resta comer buchada. Sua postura é de negação diante de uma realidade que considera amarga. Essa negação diante da sua nova classificação social é reforçada pela estrutura do filme.

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Blue Jasmine, do começo ao fim, é uma montagem em alternância de presente e passado. À medida que vemos as dificuldades de Jasmine em São Francisco, pequenos flashbacks nos quais a bancarrota de Jasmine e Hal vai sendo revelado. Mais do que flashbacks, são rememorações da personagem. Eles revelam à plateia que a protagonista já tinha uma grande dificuldade de enfrentar a realidade, como o ato de dificilmente encarar cara a cara o marido nas situações limites.

Se essa estrutura ficar ligeiramente repetitiva e esquemática no terço final, é elemento imprescindível para ajudar a humanizar Jasmine. Diga-se, Cate Blanchett e Woody Allen estão de parabéns por construir uma figura tão chata sem cair na caricatura. A crítica é quase unânime em apontar Cate Blanchett como favorita ao Oscar. Estou entre eles, hehehe!

Sua irmã Ginger é um contraponto, ou quase. Ginger leva uma vida dura, divorciada, com filhos, trabalho em um supermercado e tem um namorado bronco, mas amável. Apesar da vida difícil e dos problemas que teve por causa da irmã, ela continua a buscar enxergar a vida com otimismo. Há um porém.

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Ginger não se vê como uma mulher interessante. Ela acredita estar fadada aos braços de homens brutos. Jasmine, por razões tortas, dá um sacode na irmã, mostrando o quanto ela pode ser interessante.

O filme tem ambiguidades aos montes, especialmente no final construído por Allen para a protagonista.

O Código

(Safe)

 

Elenco: Jason Statham, Chris Sarandon, Anson Mount,James Hong, ReggieLee, Robert John Burke, Catherine Chan.

Direção: Boaz Yakin

Gênero: Ação

Duração: 79 min.

Distribuidora: Imagem Filmes

Orçamento: US$ 30 milhões

Estreia: Nas Locadoras em Setembro de 2012

Sinopse: O ex-lutador Luke (Jason Statham) vive perambulando pelas ruas sem rumo, até que um dia livra a vida de uma garota da mira dos mafiosos. A menina é um fenômeno da matemática, e tem memorizada a combinação de um cofre que vários criminosos matariam para descobrir. A partir desse encontro, Luke terá que proteger a garotinha das máfias russa e chinesa, além dos policiais corruptos.

 

Curiosidades:
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Trailer:


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Trem Noturno para Lisboa (2)

Baseado na obra literária de Pascal Mercier, Trem Noturno para Lisboa traz a história de Raimund Gregorius, um professor colegial solitário que embarca na maior aventura de sua vida. Tudo começa quando o protagonista, vivido no filme por Jeremy Irons (Dezesseis Luas), impede uma jovem de suicidar numa ponte. A jovem volta com ele para a sala de aula, mas logo foge deixando apenas seu casaco e um livro. O personagem de Irons descobre a seguir que foi o tal livro que fez com a jovem mulher quase tirasse a própria vida, e fica ele mesmo obcecado pelas palavras de Amadeu, o autor.

O protagonista descobre também uma passagem de trem no casaco da mulher, e em um ato impulsivo e oposto de seu usual comportamento, decide largar tudo e embarcar nessa jornada em busca do desconhecido. O primeiro passo do professor é descobrir quem é, ou foi, o autor do livro, Amadeu. Vivido por Jack Huston (sobrinho dos atores Anjelica Huston e Danny Huston), Amadeu é um jovem médico revolucionário, porém oposto a atos extremistas.

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Dirigido pelo dinamarquês Bille August, mais conhecido pelas produções A Casa dos Espíritos (com Winona Ryder, Meryl Streep e grande elenco, 1993) e a adaptação de 1998 de Os Miseráveis (com Liam Neeson e Geoffrey Rush), a trama se desenvolve em duas linhas temporais paralelas. Uma movida pela outra. A primeira possui uma estrutura narrativa conhecida e imortalizada pelo clássico absoluto Cidadão Kane, na qual um personagem investiga a vida de outro, já falecido, questionando pessoas ligadas a ele e assim chegando à conclusão de quem foi tal pessoa. Irons faz justamente isso, em suas conversas com a irmã de Amadeu, interpretada pela fantástica Charlotte Rampling (Eu, Anna), e pessoas próximas.

Em sua segunda linha narrativa, vemos encenada a época da Revolução dos Cravos, na década de 1970, que deu início a implantação do Governo democrático, posto em vigor em 1976 em Portugal. Nele, Amadeu teve grande papel. Apesar de algumas vezes visto como um traidor da causa, por deixar seu lado médico e seu ideal falarem mais alto, o personagem de Huston lutou como qualquer outro pelo que acreditava. Mas foi um triângulo amoroso que fez sua estruturada célula revolucionária desabar. E não é sempre assim? Nesse núcleo de elenco temos a participação de dois veteranos da obra-prima de Quentin Tarantino, Bastardos Inglórios: a francesa Mélanie Laurent (apagada aqui) e o alemão August Diehl.

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Esse trecho do filme termina sem brilho, por abordar um assunto importante, mas muito visitado no cinema, sem a força para impulsioná-lo. Nem a paixão nem a tensão são sentidas de forma verdadeira. Outro aspecto que chama a atenção na obra é o elenco internacional, todos vivendo personagens portugueses e tentando ao máximo impor um sotaque carregado. O fato das variadas nacionalidades não serem americanas ajuda um pouco. O elenco conta ainda com Bruno Ganz (O Conselheiro do Crime), Lena Olin (O Leitor), Tom Courtenay (Um Golpe Perfeito), e o veteraníssimo e eterno Drácula, Christopher Lee (O Hobbit), de 91 anos.

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Trem Noturno para Lisboa é uma produção agradável, que nos convida para uma viagem em terras exóticas, na qual a direção de Bille August tira o maior proveito. O sentimento de estarmos juntos, embarcados a cada momento é o que de melhor a obra tem a oferecer. Esse é um daqueles filmes no qual sentimos estar vivenciando junto com o personagem suas experiências. Portugal talvez seja o país europeu menos valorizado pelo cinema internacional. É bom vê-lo sendo lembrado, e como parte de uma produção eficiente e chamativa.

Vovô Sem Vergonha

Filmes como Vovô Sem Vergonha são à prova de crítica. Isso porque aqui não contam atuações, fotografia, trilha sonora, ou qualquer outro quesito geralmente avaliado numa produção cinematográfica. A comédia, aliás, sempre foi um gênero um pouco a parte para os especialistas em cinema, afinal o que parece contar é mesmo se o filme te faz ou não rir. Existem também muitas variações da comédia. E é preciso descobrir qual vai falar melhor com você. Qual faz mais o seu estilo.

Existe o humor adolescente, no qual estão incluídos os filmes paródia (como Todo Mundo em Pânico), há muito mirado a uma fatia mais jovem do grande público. Existem os filmes de humor mais refinado, que seria o oposto, mirado a uma fatia mais velha do público (no qual os filmes de Woody Allen se encaixariam, por exemplo). E existem também os filmes ultrajantes e politicamente incorretos, adição recente ao subgênero da comédia. Os filmes escrachados de Will Ferrell (Os Estagiários) e Sacha Baron Cohen (Os Miseráveis) entrariam nessa lista.

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Esse tipo de filme é repudiado por muitos, simplesmente pelo fato de que é garantido de ofender metade de um cinema cheio. Nem todos são adeptos do humor incorreto, negro, e sujo. Borat (2006), por exemplo, não é um filme unânime. Mas está na lista da maioria dos críticos como uma das melhores comédias dos últimos anos, dessas listas de filmes imperdíveis. Sacha Baron Cohen de forma esperta decidiu colocar um espelho diante da sociedade americana, com a desculpa de ser um cidadão vindo de fora, sem o conhecimento da cultural local.

Filmes “pegadinha” servem para analisarmos o comportamento humano em situações absurdas que talvez não se apresentem nunca mais durante a vida de tais pessoas. Particularmente nunca fui grande fã das façanhas de Johnny Knoxville e sua trupe do Jackass. Dispensei todos os filmes (ou esquetes de acidentes filmados), e nunca me importei com o programa de TV. Mas quando soube de Vovô Sem Vergonha, e dei uma olhada no trailer, percebi que poderia ser algo diferente.

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Protagonizado apenas por Knoxville na pele do octogenário Irving Zisman (personagem recorrente no programa), o filme é também uma sequência de esquetes nos quais pessoas comuns são pegas em ciladas filmadas para expor seu comportamento durante uma situação completamente fora do normal. A diferença é que todas as cenas montam uma narrativa ao longo de seus 92 minutos de exibição. Escrito por Knoxville, Jeff Tremaine (diretor do filme e da série de TV), e acreditem, Spike Jonze (diretor de Quero Ser John Malkovich, Adaptação, Onde Vivem os Monstros, e do recente Ela), o filme mostra a saga épica do idoso incorreto ao levar seu netinho Billy de volta aos braços do pai.

Vovô Sem Vergonha se dá ao trabalho de apresentar um relacionamento mais bem explorado entre o menino e o avô do que esperaríamos, ou do que o filme verdadeiramente necessita. O menino Jackson Nicoll (que vive Billy), aliás, está ótimo. Ele é um ator nato. Em uma cena, se veste de menina para chocar (merecidamente) quem nos choca: as mães que fazem de suas filhas animais de exposição em concursos de beleza – criando desde cedo pequenos seres robotizados. Então, por esse aspecto podemos achar certa justiça no que Knoxville faz.

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Não chega a exibir os esqueletos no armário como Cohen fez em Borat, mas sem dúvidas mescla questões em seu discurso escrachado. Irving invade um show de strippers masculinos e conversa com as donas de casa assanhadas em busca de se dar bem. No final, em um encontro de motoqueiros de um grupo contra abusos infantis, cria para eles a situação dos sonhos, na qual triunfam como heróis sem pestanejar. No geral, Knoxville mostra uma América solícita e simpática, que em sua maioria entra na brincadeira. Se está bom o bastante para Spike Jonze, está bom para mim também.

Dose Dupla

(2 Guns)

 

Elenco:

Denzel Washington, Mark Wahlberg, Bill Paxton, Paula Patton Bill Stinchcomb, Bonnie Bentley, Carlos Retana Jr., Christopher Dempsey, David Kency, Doris Morgado, Edgar Arreola, Edward A. Duran, Edward James Olmos, Evie Thompson, Fred Ward, George Wilson.

Direção: Baltasar Kormákur

Gênero: Ação

Duração: 109 min.

Distribuidora: Imagem Filmes

Orçamento: US$ 75 milhões

Estreia: 13 de Setembro de 2013

Sinopse:

Dose Dupla‘ acompanha Bobby (Denzel Washington) e Stig (Mark Wahlberg), dois agentes à paisana escalados para roubar um banco que serve de fachada para Máfia. O detalhe é que um não sabe da real identidade do outro. Quando eles descobrem, o mandande da tarefa demite ambos, deixando a dupla a mercê dos bandidos.

Curiosidades:

» Baseado na graphic novel de Steven Grant, ‘2 Guns‘ tem roteiro de Blake Masters (da série ‘Law & Order: Los Angeles’) e é dirigido por Baltasar Kormakur (‘Contrabando’).

» Paula Patton (Missão Impossível: Protocolo Fantasma) é a protagonista feminina. Bill Paxton (‘Limite Vertical’) completa o elenco.

 

Trailer:

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Cartazes:

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