Criado por Walter Lantz em 1940, o Pica-Pau conquistou uma legião de fãs apaixonados ao longo dos últimos 81 anos, principalmente no Brasil, onde segue um fenômeno de audiência até hoje. Infelizmente, na tarde da última quarta-feira (29), a espécie que inspirou a criação do personagem foi declarada extinta.
Apesar de ser fisicamente mais parecido com um pica-pau-de-cabeça-vermelha (Melanerpes erythrocephalus), o Pica-Pau que ficou famoso no mundo todo foi confirmado como sendo um pica-pau-bico-de-marfim (Campephilus principalis), conforme é mostrado no episódio #133, de 1964, “Esperto Contra Sabido”.
Neste episódio, o Pica-Pau está tentando arrumar comida junto a uma raposa, até que eles chegam a uma cidade onde o museu local oferece uma recompensa de 25 dólares pela espécie do Pica-Pau. Claro que começa uma grande confusão, mas o protagonista termina se dando bem no final. Essa foi a primeira vez que a espécie oficial do anti-herói foi confirmada.
Ele já havia sido declarado extinto anteriormente, com o último registro comprovado de observação nos EUA tendo acontecido em 1944. No entanto, alguns avistamentos em Cuba, nos anos 80, e um vídeo gravado no Arkansas, nos EUA, em 2005, foi considerado como a redescoberta da espécie, que foi tirada da lista de extinção e entrou para a lista de animais criticamente ameaçados de extinção.
Agora, em 2021, a espécie foi declarada extinta pelo Serviço de Peixes e Vida Selvagem dos Estados Unidos. Segundo o jornal americano The New York Times, a lista divulgada pela entidade conta com 23 seres vivos, incluindo 11 aves, oito mexilhões de água doce, dois peixes, uma planta e um morcego extintos pelos mais variados motivos, como a destruição de habitats naturais, mudança climática, inserção de espécies invasoras, poluição e caça.
Vale lembrar que a espécie do Pica-Pau foi amplamente caçada no século XX por conta de suas penas, pelo seu tamanho – era a maior espécie de pica-pau do mundo – e por ser um ícone de fauna americana, o que animava os colecionadores e taxidermistas.
Em entrevista ao The New York Times, a supervisora do Serviço de Peixes e Vida Selvagem, Bridget Fahey, lamentou a extinção dessas espécies: “Cada uma destas 23 espécies representa uma perda permanente da herança natural de nossa nação e da biodiversidade global”. A declaração corrobora para a um estudo que afirma que já estamos vivendo a sexta extinção em massa do planeta, e que o número de vertebrados que serão declarados oficialmente extintos até 2050 é 117 vezes maior do que o esperado. Não por acaso a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) afirmou que cerca de 30% das espécies conhecidas pela humanidade estão ameaçadas de extinção, principalmente por conta de destruição de habitats naturais, poluição, mudanças climáticas e outros fatores que têm em comum a ação humana.