quinta-feira , 21 novembro , 2024

Por que os filmes adolescentes da Netflix têm feito tanto sucesso?

YouTube video

A Barraca do Beijo, Para Todos os Garotos que Já Amei e Sierra Burgess é uma Loser são os queridinhos da vez na plataforma de streaming

Ambiente de colégio, o garoto mais bonito da escola, as populares lindas e insuportáveis e uma garota alheia a tudo isso – quase sempre nerd, que não se arruma tão bem assim e tem uma melhor amiga ou um melhor amigo fiel para passar pelo pesadelo do high school. Essa é a premissa básica da maioria dos filmes adolescentes – e se você é dos meus, provavelmente tem um ou mais guilty pleasures desse estilo na sua lista de filmes favoritos. Como passei minha infância assistindo assiduamente a sessão da tarde, cresci amando os clássicos de John Hughes – como Curtindo a Vida Adoidado e Clube dos Cinco – e faço parte do time de adultos que adora Meninas Malvadas até hoje (a ponto de ter uma camisa com You can’t sit with us escrito e sair soltando frases marcantes do longa, como “Regina George trai o Aaron Samuels toda quinta na sala de projeção acima do auditório”, sempre que tenho oportunidade).



Então, por mais que meu gosto tenha mudado muito desse tempo para cá, confesso que não abro mão de parar para ver um filme teen uma vez ou outra, ignorando todos os clichês e me emocionando com os plots como se não soubesse o final só de ler a sinopse ou ver a primeira cena. Mas, tirando esses que vi na minha infância/adolescência e revejo sempre, fazia tempos que não ficava satisfeita com as novas produções que trazem essa temática – tirando, é claro, os que têm uma pegada mais séria, como os ótimos Quase 18 e Lady Bird. Até que aconteceu o seguinte: a Netflix resolveu dedicar 2018 para investir nesse nicho e acertou, fazendo um monte de adultos, como eu, voltarem a ser adolescentes para shippar os casais das histórias e se emocionar com os finais felizes.  Foram três produções até agora: A Barraca do Beijo, Para Todos os Garotos que Já Amei e Sierra Burgess é Uma Loser – e, pelo sucesso, provavelmente vem muito mais por aí.

Mas o que a plataforma de streaming fez de tão diferente para todo mundo voltar a falar dos filmes teen de novo? Bom, tenho meus palpites…

Para trabalhar com a nostalgia: referência a filmes dos anos 80

Se tem  uma década que originou filmes adolescentes incríveis, sem dúvidas, foi a dos anos 80. Não é à toa que grandes clássicos do gênero são desse período – como Namorada de Aluguel (1987) e Heathers (1988). Então, para brincar com a nostalgia de quem cresceu com esses filmes ou os viu anos depois e se apaixonou, a Netflix resolveu aproveitar algumas referências para suas produções. Em A Barraca do Beijo, por exemplo, o hino de The Breakfast ClubDon’t You, do Simple Minds – é tocado em uma das cenas; e, não por acaso, a atriz Molly Ringwald, musa dos filmes da época, foi escolhida para interpretar a mãe do melhor amigo da protagonista Elle (vivida por Joey King).

Uma referência clara à essa Era de Ouro para os filmes adolescentes também aparece em Para Todos os Garotos que Já Amei: em uma de suas conversas com Peter Kavinsky (Noah Centineo),  Lara Jean Covey (Lana Condor) cita Gatinhas e Gatões (1984), um dos clássicos de John Hughes. E quem assiste a tudo isso entendendo o que esses longas representaram se pega com um sorriso no rosto ao ver essa espécie de metalinguagem no meio da história…

Em Sierra Burgess é Uma Loser, mesmo sem referências claras, também lembramos dessas produções oitentistas pelo clima da história. Sierra (Shannon Purser) se passando por Veronica (Kristine Froseth) no telefone – e até ao vivo, em uma das partes mais inverossímeis do filme – é a cara dos anos 80, que aproveitava algumas situações absurdas para criar suas histórias (vide Namorada de Aluguel, em que o personagem de Patrick Dempsey paga a garota mais popular do colégio para sair com ele). Além disso, a preparação para o baile de formatura e o diálogo que o antecede também fazem os olhos e ouvidos mais atentos lembrarem dos filmes da época.

Um galã para virar crush: o apaixonante Noah Centineo de ‘Para Todos os Garotos que Já Amei‘ e ‘Sierra Burgess é uma Loser

Já fazia um tempo que as comédias românticas em geral – adultas ou adolescentes – não apareciam com um galã marcante, do tipo que faz todo mundo virar fã, seguir no Instagram e ficar torcendo pelo próximo filme logo para ver o rostinho bonito em ação. Aquela atitude bem teen mesmo, sabe? Que obviamente será negada até a morte se alguém perguntar se você que já passou dos 20 também está tendo por aí. Mas, aparentemente, agora temos um ator para amar: Noah Centineo, que a Netflix já usou em duas produções por ter percebido o potencial do jovem com o público.

Com apenas 22 anos, o astro que substituiu Jake T. Austin na série The Fosters e fez par romântico com Camila Cabello no clipe de Havana é a sensação do momento! Após interpretar Peter Kavinsky, uma das paixões de Lana Condor em Para Todos os Garotos que Já Amei, conquistou uma legião de fãs e já virou uma das principais estrelas da Netflix – tanto que também fez o par romântico de Sierra no terceiro filme lançado pela plataforma de streaming.

Para você ter uma ideia de como Noah conquistou o público: depois da estreia de Para Todos os Garotos que Já Amei, ele revelou que ganhou 1 milhão de novos seguidores no Instagram em apenas algumas horas (e eu fui uma delas, confesso). Sentiu o poder, não é? A Netflix também. Então, se prepare para ver muitas outras produções com o galã no papel principal. Depois do atleta popular Peter Kavinsky e do fofo e atrapalhado Jamey, resta esperar para ver o que vem por aí…

(Tenta ficar) Em dia com temais atuais: representatividade asiática, sororidade feminina e body positive

Os tempos são outros. Por isso, mesmo nos filmes com uma proposta mais leve, é importante trazer um discurso que caminhe junto com as discussões de hoje em dia para não correr o risco de cair no retrocesso. Em A Barraca do Beijo, Netflix deu algumas vaciladas quanto a isso – tanto que os mais problematizadores, com razão, criticaram o machismo do par romântico da protagonista, Noah Flynn (Jacob Elordi). Por mais que tentasse mostrar a personagem de Joey King como uma garota livre – como na cena em que ela entra no vestiário masculino e dança de calcinha e sutiã -, o filme traz um discurso que já não funciona hoje em dia: o do garoto superprotetor, que quer que a menina preserve a imagem para que não fiquem falando dela e que controla suas atitudes como se estivesse fazendo o bem. Antigamente, esse era o perfil do namorado perfeito; mas, agora, com o feminismo cada vez mais forte, não é esse tipo de companheiro que a gente quer na vida e nem nos filmes. Então, por mais que The Kissing Booth seja fofinho e tudo mais, podia ter passado sem esse deslize.

Já com Sierra Burgess é uma Loser, a Netflix acertou ao levantar duas questões importantes: o body positive, que é a cultura de amar e aceitar o corpo do jeito que ele é; e a sororidade entre garotas, um dos principais pilares do feminismo. Ao trazer uma protagonista totalmente fora dos padrões, o lugar comum dos filmes adolescentes contaria com uma personagem cheia de complexos se lamentando por não ser como as meninas “perfeitas” do colégio; no entanto, aqui, somos apresentados a uma Sierra que ignora todas as zoações e que é bem resolvida com a sua imagem. E a mesma quebra de expectativa acontece com as antagonistas do filme: Veronica, a patricinha vilã da história, e Sierra tinham tudo para se odiar do início ao fim. Porém, em vez de manter essa cultura da rivalidade, o longa faz com que as duas acabem criando um laço afetivo que se torna uma das melhores coisas da história – até mais que o romance.

Perfeito, não é? Quase. Porque, na reta final do filme, o roteiro dá uma vacilada e estraga a boa mensagem que tinha construído até então. Uma certa atitude da protagonista (que não vou mencionar para não dar spoiler para quem não viu) torna difícil não terminar o filme com total antipatia por ela, e o velho e errado discurso do “você é gorda, mas é inteligente e extrovertida” também dá as caras por aqui, como se só fosse possível ter valor fora dos padrões tendo uma personalidade marcante. Valeu pela tentativa de inserir esse tipo de discussão em uma produção voltada para adolescentes, época em que o bullying pela aparência física tem ainda mais força; mas, da próxima vez, espero que a mensagem venha completa, sem os “você é x, mas…” que acabam reforçando o preconceito.

Você já deve estar se perguntando: ao tentarem abordar temas relevantes, todas essas produções teen nadaram, nadaram e morreram na praia, então? Não, porque Para Todos os Garotos que já Amei – não por acaso o preferido da maioria – é irretocável nesse aspecto. Além de também falar de sororidade feminina em vários momentos, o filme ganha muitos pontos por contar com uma protagonista asiática, algo nada comum em produções americanas do gênero. A autora do livro homônimo que originou o longa, inclusive, já revelou em entrevistas que várias produtoras que tinham se interessado pelo roteiro queriam embranquecer a personagem. Mas, firme em sua decisão de representatividade, ela só quis fazer negócio com a única empresa que aceitou preservar a etnia da Lara Jean do livro – a Overbrook Entertainment, fundada por Will Smith, que depois vendeu os direitos para a Netflix. Agora, me responda: dá para não amar tudo que envolve este filme? Pois é.

Para deixar todo mundo com um sorriso no rosto: usa a dose certa de clichês na história

Problematizações à parte, não dá para negar que os três filmes – uns mais, outros menos – cumprem o objetivo de deixar um sorriso no rosto quando os créditos sobem no final. E isso acontece porque eles usam muito bem todos os clichês que a gente aprendeu a amar – e que caem como uma luva em um sábado preguiçoso ou naqueles dias em que bate a vontade de ver algo leve e descompromissado só para relaxar.

Trilha sonora nos momentos certos, um casal para torcer, uma protagonista para se identificar, amizades verdadeiras dos tempos de colégio e frases de efeito no diálogo final para – talvez, quem sabe – causar algumas lágrimas nos dias mais sensíveis… Todos eles seguem a fórmula perfeita para conquistar quem está passando pela mesma fase dos personagens e para mexer com a nostalgia daqueles que já viraram adultos. Afinal, como muito bem disseram algumas amigas minhas, que mal faz dar uma desacelerada nas coisas sérias para dar uma aquecida na parte adolescente do nosso coração? Pode mandar mais, Netflix!

YouTube video

Mais notícias...

Siga-nos!

2,000,000FãsCurtir
372,000SeguidoresSeguir
1,620,000SeguidoresSeguir
195,000SeguidoresSeguir
162,000InscritosInscrever

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

MATÉRIAS

CRÍTICAS

Por que os filmes adolescentes da Netflix têm feito tanto sucesso?

YouTube video

A Barraca do Beijo, Para Todos os Garotos que Já Amei e Sierra Burgess é uma Loser são os queridinhos da vez na plataforma de streaming

Ambiente de colégio, o garoto mais bonito da escola, as populares lindas e insuportáveis e uma garota alheia a tudo isso – quase sempre nerd, que não se arruma tão bem assim e tem uma melhor amiga ou um melhor amigo fiel para passar pelo pesadelo do high school. Essa é a premissa básica da maioria dos filmes adolescentes – e se você é dos meus, provavelmente tem um ou mais guilty pleasures desse estilo na sua lista de filmes favoritos. Como passei minha infância assistindo assiduamente a sessão da tarde, cresci amando os clássicos de John Hughes – como Curtindo a Vida Adoidado e Clube dos Cinco – e faço parte do time de adultos que adora Meninas Malvadas até hoje (a ponto de ter uma camisa com You can’t sit with us escrito e sair soltando frases marcantes do longa, como “Regina George trai o Aaron Samuels toda quinta na sala de projeção acima do auditório”, sempre que tenho oportunidade).

Então, por mais que meu gosto tenha mudado muito desse tempo para cá, confesso que não abro mão de parar para ver um filme teen uma vez ou outra, ignorando todos os clichês e me emocionando com os plots como se não soubesse o final só de ler a sinopse ou ver a primeira cena. Mas, tirando esses que vi na minha infância/adolescência e revejo sempre, fazia tempos que não ficava satisfeita com as novas produções que trazem essa temática – tirando, é claro, os que têm uma pegada mais séria, como os ótimos Quase 18 e Lady Bird. Até que aconteceu o seguinte: a Netflix resolveu dedicar 2018 para investir nesse nicho e acertou, fazendo um monte de adultos, como eu, voltarem a ser adolescentes para shippar os casais das histórias e se emocionar com os finais felizes.  Foram três produções até agora: A Barraca do Beijo, Para Todos os Garotos que Já Amei e Sierra Burgess é Uma Loser – e, pelo sucesso, provavelmente vem muito mais por aí.

Mas o que a plataforma de streaming fez de tão diferente para todo mundo voltar a falar dos filmes teen de novo? Bom, tenho meus palpites…

Para trabalhar com a nostalgia: referência a filmes dos anos 80

Se tem  uma década que originou filmes adolescentes incríveis, sem dúvidas, foi a dos anos 80. Não é à toa que grandes clássicos do gênero são desse período – como Namorada de Aluguel (1987) e Heathers (1988). Então, para brincar com a nostalgia de quem cresceu com esses filmes ou os viu anos depois e se apaixonou, a Netflix resolveu aproveitar algumas referências para suas produções. Em A Barraca do Beijo, por exemplo, o hino de The Breakfast ClubDon’t You, do Simple Minds – é tocado em uma das cenas; e, não por acaso, a atriz Molly Ringwald, musa dos filmes da época, foi escolhida para interpretar a mãe do melhor amigo da protagonista Elle (vivida por Joey King).

Uma referência clara à essa Era de Ouro para os filmes adolescentes também aparece em Para Todos os Garotos que Já Amei: em uma de suas conversas com Peter Kavinsky (Noah Centineo),  Lara Jean Covey (Lana Condor) cita Gatinhas e Gatões (1984), um dos clássicos de John Hughes. E quem assiste a tudo isso entendendo o que esses longas representaram se pega com um sorriso no rosto ao ver essa espécie de metalinguagem no meio da história…

Em Sierra Burgess é Uma Loser, mesmo sem referências claras, também lembramos dessas produções oitentistas pelo clima da história. Sierra (Shannon Purser) se passando por Veronica (Kristine Froseth) no telefone – e até ao vivo, em uma das partes mais inverossímeis do filme – é a cara dos anos 80, que aproveitava algumas situações absurdas para criar suas histórias (vide Namorada de Aluguel, em que o personagem de Patrick Dempsey paga a garota mais popular do colégio para sair com ele). Além disso, a preparação para o baile de formatura e o diálogo que o antecede também fazem os olhos e ouvidos mais atentos lembrarem dos filmes da época.

Um galã para virar crush: o apaixonante Noah Centineo de ‘Para Todos os Garotos que Já Amei‘ e ‘Sierra Burgess é uma Loser

Já fazia um tempo que as comédias românticas em geral – adultas ou adolescentes – não apareciam com um galã marcante, do tipo que faz todo mundo virar fã, seguir no Instagram e ficar torcendo pelo próximo filme logo para ver o rostinho bonito em ação. Aquela atitude bem teen mesmo, sabe? Que obviamente será negada até a morte se alguém perguntar se você que já passou dos 20 também está tendo por aí. Mas, aparentemente, agora temos um ator para amar: Noah Centineo, que a Netflix já usou em duas produções por ter percebido o potencial do jovem com o público.

Com apenas 22 anos, o astro que substituiu Jake T. Austin na série The Fosters e fez par romântico com Camila Cabello no clipe de Havana é a sensação do momento! Após interpretar Peter Kavinsky, uma das paixões de Lana Condor em Para Todos os Garotos que Já Amei, conquistou uma legião de fãs e já virou uma das principais estrelas da Netflix – tanto que também fez o par romântico de Sierra no terceiro filme lançado pela plataforma de streaming.

Para você ter uma ideia de como Noah conquistou o público: depois da estreia de Para Todos os Garotos que Já Amei, ele revelou que ganhou 1 milhão de novos seguidores no Instagram em apenas algumas horas (e eu fui uma delas, confesso). Sentiu o poder, não é? A Netflix também. Então, se prepare para ver muitas outras produções com o galã no papel principal. Depois do atleta popular Peter Kavinsky e do fofo e atrapalhado Jamey, resta esperar para ver o que vem por aí…

(Tenta ficar) Em dia com temais atuais: representatividade asiática, sororidade feminina e body positive

Os tempos são outros. Por isso, mesmo nos filmes com uma proposta mais leve, é importante trazer um discurso que caminhe junto com as discussões de hoje em dia para não correr o risco de cair no retrocesso. Em A Barraca do Beijo, Netflix deu algumas vaciladas quanto a isso – tanto que os mais problematizadores, com razão, criticaram o machismo do par romântico da protagonista, Noah Flynn (Jacob Elordi). Por mais que tentasse mostrar a personagem de Joey King como uma garota livre – como na cena em que ela entra no vestiário masculino e dança de calcinha e sutiã -, o filme traz um discurso que já não funciona hoje em dia: o do garoto superprotetor, que quer que a menina preserve a imagem para que não fiquem falando dela e que controla suas atitudes como se estivesse fazendo o bem. Antigamente, esse era o perfil do namorado perfeito; mas, agora, com o feminismo cada vez mais forte, não é esse tipo de companheiro que a gente quer na vida e nem nos filmes. Então, por mais que The Kissing Booth seja fofinho e tudo mais, podia ter passado sem esse deslize.

Já com Sierra Burgess é uma Loser, a Netflix acertou ao levantar duas questões importantes: o body positive, que é a cultura de amar e aceitar o corpo do jeito que ele é; e a sororidade entre garotas, um dos principais pilares do feminismo. Ao trazer uma protagonista totalmente fora dos padrões, o lugar comum dos filmes adolescentes contaria com uma personagem cheia de complexos se lamentando por não ser como as meninas “perfeitas” do colégio; no entanto, aqui, somos apresentados a uma Sierra que ignora todas as zoações e que é bem resolvida com a sua imagem. E a mesma quebra de expectativa acontece com as antagonistas do filme: Veronica, a patricinha vilã da história, e Sierra tinham tudo para se odiar do início ao fim. Porém, em vez de manter essa cultura da rivalidade, o longa faz com que as duas acabem criando um laço afetivo que se torna uma das melhores coisas da história – até mais que o romance.

Perfeito, não é? Quase. Porque, na reta final do filme, o roteiro dá uma vacilada e estraga a boa mensagem que tinha construído até então. Uma certa atitude da protagonista (que não vou mencionar para não dar spoiler para quem não viu) torna difícil não terminar o filme com total antipatia por ela, e o velho e errado discurso do “você é gorda, mas é inteligente e extrovertida” também dá as caras por aqui, como se só fosse possível ter valor fora dos padrões tendo uma personalidade marcante. Valeu pela tentativa de inserir esse tipo de discussão em uma produção voltada para adolescentes, época em que o bullying pela aparência física tem ainda mais força; mas, da próxima vez, espero que a mensagem venha completa, sem os “você é x, mas…” que acabam reforçando o preconceito.

Você já deve estar se perguntando: ao tentarem abordar temas relevantes, todas essas produções teen nadaram, nadaram e morreram na praia, então? Não, porque Para Todos os Garotos que já Amei – não por acaso o preferido da maioria – é irretocável nesse aspecto. Além de também falar de sororidade feminina em vários momentos, o filme ganha muitos pontos por contar com uma protagonista asiática, algo nada comum em produções americanas do gênero. A autora do livro homônimo que originou o longa, inclusive, já revelou em entrevistas que várias produtoras que tinham se interessado pelo roteiro queriam embranquecer a personagem. Mas, firme em sua decisão de representatividade, ela só quis fazer negócio com a única empresa que aceitou preservar a etnia da Lara Jean do livro – a Overbrook Entertainment, fundada por Will Smith, que depois vendeu os direitos para a Netflix. Agora, me responda: dá para não amar tudo que envolve este filme? Pois é.

Para deixar todo mundo com um sorriso no rosto: usa a dose certa de clichês na história

Problematizações à parte, não dá para negar que os três filmes – uns mais, outros menos – cumprem o objetivo de deixar um sorriso no rosto quando os créditos sobem no final. E isso acontece porque eles usam muito bem todos os clichês que a gente aprendeu a amar – e que caem como uma luva em um sábado preguiçoso ou naqueles dias em que bate a vontade de ver algo leve e descompromissado só para relaxar.

Trilha sonora nos momentos certos, um casal para torcer, uma protagonista para se identificar, amizades verdadeiras dos tempos de colégio e frases de efeito no diálogo final para – talvez, quem sabe – causar algumas lágrimas nos dias mais sensíveis… Todos eles seguem a fórmula perfeita para conquistar quem está passando pela mesma fase dos personagens e para mexer com a nostalgia daqueles que já viraram adultos. Afinal, como muito bem disseram algumas amigas minhas, que mal faz dar uma desacelerada nas coisas sérias para dar uma aquecida na parte adolescente do nosso coração? Pode mandar mais, Netflix!

YouTube video

Siga-nos!

2,000,000FãsCurtir
372,000SeguidoresSeguir
1,620,000SeguidoresSeguir
195,000SeguidoresSeguir
162,000InscritosInscrever

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

MATÉRIAS

CRÍTICAS