[ANTES DE COMEÇAR A MATÉRIA, FIQUE CIENTE QUE ELA ESTÁ RECHEADA DE SPOILERS]
Se você ainda não assistiu ao primeiro episódio de Mulher-Hulk: Defensora de Heróis, evite esta matéria, pois ela contém spoilers.
Não tem como começar esse texto de primeiras impressões sem comentar da primeira impressão deixada pelo trailer de série. Lançado há alguns meses, ele chegou ao público com a sensação de que não estava finalizado. Isso porque o visual da protagonista estava assustadoramente ruim. Construída via computação gráfica com base nas expressões faciais da atriz Tatiana Maslany, a Mulher-Hulk estava parecendo um bonecão de posto. Isso deixou muitos fãs revoltados, porque estava muito abaixo do padrão da Marvel e realmente estava ruim a ponto de desligar o pessoal da trama.
Então passou o tempo e a repercussão inicial, que foi extremamente negativa, deu uma melhorada com o lançamento do trailer final, que mostrava uma melhora no CGI da protagonista. Mas ainda assim ficou a desconfiança de parte do público.
Pois bem, agora que a série estreou oficialmente, deu para ver que houve um trabalho especial no visual da dupla verdona da Marvel. Tanto a Mulher-Hulk quanto o Hulk (Mark Ruffalo) estão mais próximos do padrão mostrado nas telonas, bem diferente daquela aberração do primeiro trailer. No entanto, por esse primeiro episódio, parece que a reclamação acerca do CGI está longe do fim. Apesar da protagonista estar mais crível, outros elementos no entorno estão longe da promessa de “Padrão MCU” feita quando anunciaram as séries Marvel no Disney+.
Alguns cenários construídos em computador são meio falsos, principalmente por conta da iluminação escolhida para as cenas, assim como a própria movimentação da vilã da série, Titânia, que ficou visualmente estranha. Porém, nada foi tão estranho quanto a nave sakaariana que promove a origem da Mulher-Hulk. É uma computação gráfica bem abaixo do que a Marvel costuma empregar para suas espaçonaves e fica um momento meio “comercial de carro”.
Mas a verdade é que a forma como esse primeiro episódio é conduzido é tão divertida que – com exceção dessa cena da nave e talvez uma cena do treinamento de equilíbrio – nem mesmo essas falhas de CGI vão conseguir te desconectar da trama, a menos que você realmente esteja assistindo para procurar esses errinhos.
A história gira em torno de Jennifer Walters, uma advogada que se preparou a vida inteira para a carreira nos tribunais, mas agora precisa aprender a equilibrar o lado advogado com o lado super-herói, já que ela se tornou uma “Hulk”. Essa premissa da jovem solteirona se arriscando na advocacia já rendeu filmes divertidíssimos e tudo indica que, ao adicionar o fator super-herói à trama, vai dar muito certo também no streaming. Isso porque o humor presente em um ambiente tão hostil quanto os tribunais já é, por si, uma grande quebra de expectativa. E quando você insere nesse meio uma protagonista que não pode se estressar para viver situações de puro estresse, permitindo que ela se comunique diretamente com o público, o resultado é pura diversão.
E quem se destaca completamente neste primeiro episódio é a Tatiana Maslany. Apesar dela ser a protagonista, ao estrelar uma série ao lado de um dos ícones da franquia mais famosa da atualidade, existe o risco de você ficar ofuscada. Mas isso não acontece em momento algum, muito por conta do carisma de Maslany, que mostra um excelente timing para a comédia e incorpora como ninguém os dilemas de uma mulher de 30 anos em meio ao preconceito de dois ambientes historicamente dominados por homens: os tribunais e os super-heróis.
E ao brincar com ambos, ela se reafirma como uma personagem que provavelmente terá vida longa no MCU. As piadas acerca do Universo Cinematográfico Marvel caíram bem demais e ajudaram a expandir essa mitologia. Assim como as quebras na quarta parede, que trazem um elemento cômico forte para a história. Se mantiverem usando bem, com essas piadocas certeiras, tem tudo para dar certo.
E a sequência final da Jen se revelando no tribunal diante da chegada da Titânia já separa esse jeitão de “episódio inicial”, mostrando que a origem dela deve ficar restrita a esse primeiro capítulo, permitindo que os próximos oito episódios desenvolvam suas novas histórias e tragam novas interações com outros heróis e vilões, não limitando a personagem a sua trama familiar com o Hulk, enquanto defende seus clientes e desce a porrada nos vilões.
Os novos episódios de Mulher-Hulk: Defensora de Heróis estreiam toda quinta-feira no Disney+.