domingo , 22 dezembro , 2024

Ranking | Do Pior ao MELHOR Filme do DCEU – incluindo ‘Aquaman 2 – O Reino Perdido’

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O Universo Estendido da DC iniciado por Zack Snyder passou por altos e baixos até chegar ao seu fim, com ‘Aquaman 2 – O Reino Perdido’.

Com muitos filmes controversos, o universo lutou para estabelecer personagens e passou por vários problemas nos bastidores – que respingaram no resultado dos filmes.



Agora que o último filme desse universo já está nos cinemas, o CinePOP decidiu rankear os filmes do DCEU do pior para o melhor, incluindo o Liga da Justiça de Zack Snyder, que mesmo não integrando oficialmente esse universo, foi vendido pela Warner como um grande bônus. Esteja à vontade para discordar nos comentários, contanto que mantenha o respeito. Dito isso, vamos lá!

16. Esquadrão Suicida (2016)

O último lugar da lista não podia ser outro. Dirigido por David Ayer, esse filme é indefensável. Vendido com um primeiro trailer espetacular e com histórias forçadas de bastidores alegando que Jared Leto supostamente teria enlouquecido para viver o Coringa, o resultado dessa produção foi um longa genérico, bagunçado, sem personalidade, sem nada a dizer ou mostrar e com o desperdício de um dos melhores elencos que o DCU já reuniu. Dentre os vários problemas, incluindo a ausência de roteiro, nenhum é tão grande quanto a direção.

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David Ayer se perde diante do grande orçamento e abre mão de um elenco fantástico muito talentoso ao reduzir praticamente todos os personagens do filme a secundários em prol de um quase triângulo amoroso inexplicável entre Arlequina, Pistoleiro e Coringa. Fora o uso de câmeras digno dos piores filmes da MTV, de onde ele parece ter tentando copiar a estética de videoclipe.

Essa questão estética, inclusive, era um dos chamarizes do trailer, mas até nisso a execução foi mal feita, já que a linguagem visual não combina com a linguagem narrativa. Existe até um movimento que pede o lançamento da versão estendida desse filme. Os adeptos alegam uma interferência dos executivos na mudança de tom do filme, o que realmente ocorreu. Mas, vendo os materiais excluídos que o diretor vem postando nos últimos tempos, os fãs deveriam apenas esquecer dessa bomba, porque parece mesmo que o que já é ruim pode piorar.

Curiosamente, corroborando com a bagunça contraditória que é esse projeto, Esquadrão Suicida é o único filme do DCU – até agora – a contar com um Oscar no currículo por Melhor Maquiagem.

15.  Mulher Maravilha 1984 (2020)

Cercado de muitas expectativas pelo sucesso do primeiro filme, Mulher Maravilha 1984 leva Diana Prince (Gal Gadot) para a década de 1980. Conforme os trailers destacavam, a questão da ambientação e estética oitentista seria parte importante de uma história sobre manipulação midiática e controle mundial. Além disso, foi prometido um controle total da diretora Patty Jenkins sobre a história, que traria o misterioso retorno de Steve Trevor (Chris Pine) e alguns elementos clássicos dos quadrinhos da super-heroína. Infelizmente, não funcionou.

Com uma duração desnecessariamente longa, esse filme se estende em momentos que não acrescentam em nada ao desenvolvimento da trama e resolve de forma muito rápida pontos importantes, como a motivação dos vilões – ridiculamente caricatos – e toda a situação envolvendo o retorno de Steve. Sem contar que Diana toma ações questionáveis, que não apenas não condizem com aquilo que foi mostrado dela anteriormente nesse universo, mas também extrapolam limites éticos e morais de forma assustadora.

Isso sem mencionar que a tal estética anos 80 se resume a uma cena no shopping de 15 minutos de duração. Depois dela, se alguém dissesse que o filme se passa em 2010, não faria a menor diferença. Uma pena, porque tinha um potencial gigante.

14.   The Flash (2023)

Um filme que sofreu bastante com a estafa de filmes de super-heróis e a expectativa do público. O principal problema são os efeitos visuais; claro que é possível ignorar a artificialidade do CGI caso compremos, por completo, as inclinações noventistas da imagética do filme – mas, em alguns momentos, as construções estéticas são tão falsas que quebram a magia. Mas isso não significa que o resultado não seja positivo, pelo contrário: o conciso roteiro nos ajuda a compreender que a ideia não é reinventar o que já existe, e sim utilizar as fórmulas a favor da obra e garantir que o público saia da sala de cinema realizado e até mesmo com vontade de reassistir.

‘The Flash’ entrega exatamente o que prometia, configurando-se como uma das melhores entradas dessa fase final da DC. Divertido, emocionante e pincelado com reflexões sobre o que significa conviver com a imutabilidade do passado.

13. Liga da Justiça (2017)

Depois dos baldes de água fria que foram BVS e Esquadrão Suicida, Liga da Justiça nasceu em meio ao caos empresarial da Warner. Insatisfeitos com o rumo de críticas negativas e bilheterias abaixo do esperado que esse universo seguia, os executivos queriam algo diferente do que Zack Snyder estava entregando com sua visão sobre a DC. Então, quando uma tragédia pessoal afastou o diretor e produtor de Liga da Justiça, a Warner correu atrás de Joss Whedon para refilmar o longa ao estilo Vingadores. Não tinha como dar certo, né? As duas equipes são completamente diferentes e foram desenvolvidas nos cinemas de formas distintas.

Desse turbilhão de decisões ruins, o filme da Liga chegou como uma colcha de retalhos que tinha momentos do Snyder mesclados com os de Whedon, seguindo passo a passo a estrutura narrativa de Os Vingadores (2012), mas ruim. Sem contar também as inúmeras polêmicas de bastidores que acabaram mostrando uma face bem podre de Joss Whedon para o mundo. Por outro lado, esse filme não consegue ser o pior de todos por conta de um personagem: o Superman.

Depois de duas abordagens controversas do personagem, ele enfim se mostra um símbolo de esperança nesse filme. Seu otimismo e uso de poderes são uma leitura fantástica dos quadrinhos. Só não é perfeita porque foram inventar de remover o bigode dele digitalmente.

12.   Shazam! Fúria dos Deuses (2023)

Com duas horas e dez de duração e duas cenas pós-créditos, é bem verdade que ‘Shazam! Fúria dos Deuses’ poderia ser bem uns vinte minutos mais curtos, mas esse tempo a mais não interfere na recepção do filme de David F. Sandberg: ao contrário, o roteiro de Henry Gayden e Chris Morgan preenche bem o enredo com todo tipo de brincadeirinha recheada de sarcasmo que embalam o espectador ao longo do trajeto. Inteligentemente, a história acompanhou o crescimento etário de seu público-alvo (quatro anos, quando se é adolescente, é muita coisa!), de modo que tanto as piadas quanto as situações em si ganham um tom levemente mais adulto – o que é um bem-vindo alívio para a galera no cinema com mais de vinte anos.

Shazam! Fúria dos Deuses’ é um produto comercialmente perfeito: tem uma história envolvente tanto para a galera que cresceu quanto para quem está chegando agora; dosa bem o humor com a evolução da trama, sem abusar da paciência do espectador; acompanha o interesse e as queixas de seu público-alvo, inclusive fazendo autocrítica; consegue inserir magistralmente dois patrocinadores com cenas que valorizam suas marcas (Gatorade e Skittles), o que promove a venda e o interesse nos produtos em questão; consegue dialogar com as outras partes do universo criado pela DC sem soar como forçação de barra; e, mais que tudo isso, consegue vender os outros títulos de sucesso da produtora, gerando conexões que atiçam a curiosidade do espectador em ir atrás para (também) consumir esses produtos.

11. Adão Negro (2022)

Poucas pessoas em Hollywood precisaram brigar tanto por um filme do que The Rock e seu xodó, Adão Negro. Ele foi anunciado para o papel do vilão/ anti-herói lá em 2007, há nada menos que 15 anos, e desde então conviveu com uma série de adiamentos e ameaças de cancelamento. Mas ele não se deu por vencido e seguiu atrás de seu sonho de levar seu personagem favorito para as telonas. O projeto foi anunciado há tanto tempo que, na época em que foi escalado para viver Teth-Adam, o ator ainda tinha cabelo.

O grande destaque do longa é mesmo seu protagonista. The Rock sobra em cena e carrega o filme nas costas. O ator é mestre em fazer filmes nos quais seu protagonismo parece ser maior do que a própria história, e aqui não é diferente. Ele corresponde exatamente àquilo que se espera do The Rock vivendo uma criatura superpoderosa.

O roteiro fraquinho segue a estrutura de Shazam!, mas com menos alma, e a direção de Jaume Collet-Serra tenta replicar a estética dos filmes do Zack Snyder, mas também é pouco inspirada e “fora do tempo”. A impressão que dá é que certas cenas foram gravadas seguindo um estilo bem parecido com os longas de 2008. É como se Adão Negro fosse um filme de 2008 (ano que deveria ter sido originalmente lançado) estreando em 2022. E o CGI de alguns momentos realmente não ajuda. O vilão também é bastante apático, mas cumpre seu papel de mostrar que o protagonista é um anti-herói, não apenas um malfeitor. É um filme divertido e grandioso, mas não deixa de ser genérico.

10.   Batman Vs Superman: A Origem da Justiça (2016)

Esse aqui vai causar polêmica, mas tudo bem. Talvez o projeto mais ambicioso dos filmes com heróis depois de Os Vingadores (2012), BVS foi o maior tiro no pé que a DC poderia ter cometido no seu suposto planejamento de universo compartilhado. Isso porque esse foi apenas o segundo filme dessa linha do tempo, onde Zack Snyder quis apresentar um novo Batman, uma nova Mulher Maravilha, colocar o Batman recém-introduzido contra um Superman que ainda tentava conquistar o coração do público, dar um pontapé inicial para a Liga da Justiça e ainda linkar pelo menos mais cinco filmes que sequer haviam sido lançados. Tudo isso num longa de duas horas e vinte de duração. Foi um verdadeiro atropelo! E apesar de ter momentos muito bons, como a luta que dá nome ao filme, BVS tropeça nas próprias pernas por não conseguir desenvolver tramas que ele mesmo propôs momentos antes.

Esse foi mais um caso que sofreu com interferência do estúdio, que pediu para que algumas cenas fossem cortadas para reduzir um pouco do tempo de tela. Isso claramente afetou o produto final, que ficou bagunçado e cansativo. O resultado foi o lançamento posterior de uma versão estendida que realmente desenvolve e explica certos furos de roteiro, mas que segue com os mesmos problemas do original, como a falta de um bom ritmo narrativo, a falta de peso nos personagens e a pressa em introduzir várias tramas diferentes, deixando a história principal solta.

9. Liga da Justiça de Zack Snyder (2021)

Depois do fracasso de crítica e bilheteria que foi Liga da Justiça, os fãs do Snyder se sentiram ofendidos pelo que a Warner fez com o trabalho do ídolo deles, então começaram uma campanha de proporções absurdas para que o estúdio disponibilizasse a versão do diretor, o famoso Snydercut. Foram quatro anos de muita encheção de saco nas redes sociais da Warner do mundo todo, que se recusava a atender os pedidos dos fãs com sua #ReleaseTheSnyderCut.

Então, com a chegada do HBO Max, o estúdio precisava impulsionar as assinaturas de seu novo streaming. Assim, eles deram uma verba para que Zack Snyder finalizasse seu corte inacabado, e os fãs enfim poderiam ver o Snydercut exclusivamente no HBO Max. O produto final foi um filme de 4h de duração que mais parece uma minissérie de exaltação ao diretor em vez dos heróis da Liga da Justiça em si. É claramente muito superior ao filme de 2017, principalmente por desenvolver melhor vários personagens que foram abandonados no corte pro cinema e por trazer a trama de Darkseid, que seria o vilão de Liga da Justiça 2.

O problema é que Snyder perde muito tempo nos seus “maneirismos” e acaba não trazendo a essência da Liga dos quadrinhos e animações. Resumir o maior grupo de heróis das HQs a um filtro escuro, slow motion, violência gráfica e metáforas religiosas é muito abaixo do que eles realmente são e podem render nas telonas. São os maiores, mais famosos e mais poderosos heróis dos quadrinhos. Não dá para se contentar com pouco quando o assunto é a Trindade Superman, Mulher Maravilha e Batman.

8.  Aquaman 2 – O Reino Perdido (2023)

James Wan volta à cadeira de direção e mantém-se fiel à estética nostálgica do filme anterior: aqui, o cineasta trabalha com inúmeras referências cinematográficas para expandir o cosmos de Aquaman, lembrando-se de que, agora, não lidamos mais com uma história de origem, e sim uma ramificação pautada em um classicismo saudosista que pode ser apreciada por qualquer fã de uma boa narrativa. Não é surpresa que Wan abra seu leque de homenagens nos mais diversos âmbitos da produção, seja com a épica e dissonante trilha sonora de Rupert Gregson-Williams, que mistura sintetizadores com poderosos instrumentos de corda orquestrais, seja com incursões estilísticas que rememoram ícones da sétima arte como ‘O Senhor dos Anéis’. Cada engrenagem é pensada com minúcia para entregar uma sólida experiência aos espectadores, mesmo que nem todas as investidas funcionem.

Os dois primeiros atos de Aquaman 2: O Reino Perdido’ podem não ser livres de falhas, mas com certeza nutrem da habilidade de elevarem nossas expectativas para o ato de encerramento, levando o tempo que precisam para se desenvolverem. E, após nos alimentarem com uma antecipação angustiante, culminam em uma batalha final afoita demais para ser apreciada e que promove uma resolução formulaica e apressada – desperdiçando um vilão aterrorizante que parece não exibir toda a magnitude que deveria. Porém, não podemos deixar de exibir um sorriso ao sair da sala de cinema, aliviados com uma última jornada do DCEU que funciona em quase sua completude – e que nos deixa ávidos para um novo capítulo resguardado pelas mãos de James Gunn Peter Safran.

7. Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa (2020)

Dirigido por Cathy Yan, que comandou o fantástico Dead Pigs, Aves de Rapina veio com a promessa de ser o filme Girl Power que introduziria uma nova equipe composta apenas por mulheres e deveria ocupar o espaço deixado pelo Esquadrão do Ayer. A aventura é divertida, traz caracterizações bem interessantes e aborda esse mundo de super-vilões por uma perspectiva feminina quase inédita até então. Porém, o filme sofre com dois problemas graves. O primeiro deles é não conseguir desenvolver sequências de ação boas o bastante ao longo da história, como se estivesse economizando para despejar tudo no ato final. Tudo bem, é algo válido. No entanto, quando chega ao ato final, no qual a equipe está reunida e descendo a porrada nos vilões, esse clímax dura uns 15 minutos. E quando o público fica querendo ver mais daquilo, o filme acaba. É meio frustrante.

O outro problema é a Arlequina. Como a personagem de Margot Robbie ficou muito popular, ela acabou se tornando quase intocável nos filmes em que participa. Nesse longa em questão, chega a ser irônico que o projeto se chame Aves de Rapina, sendo que 95% do filme é sobre a Arlequina. A dosagem das personagens é muito mal feita, escanteando atrizes fantásticas de personagens interessantíssimas para continuar com os dilemas da Harley. Se eles soubessem trazer esse equilíbrio entre a história da Arlequina com a criação das Aves de Rapina e tivessem mais cenas como a da invasão da delegacia e a luta delas como grupo, seria um filme fantástico. Como tem esses problemas, é um filme “ok”.

6. Besouro Azul (2023)

Besouro Azul‘ é comandado por Ángel Manuel Soto e preza pela nostalgia narrativa. Isso quer dizer que Soto se apoia nas fórmulas das histórias de origem para tentar resgatar o motivo pelo qual nos apaixonamos por obras de super-heróis; diferente de outros títulos da companhia e até mesmo de companhias adjacentes, a ambição aqui está em colocar a representatividade latino-americana em contraposição ao domínio cansativo de personagens brancos e estadunidenses (ou até mesmo europeus). Logo, a obra é um convite ao saudosismo e à diversão, abrindo espaço para que sejamos engolfados em uma competente aventura que enche os olhos e nos faz sair das salas de cinema bastante satisfeitos.

O maior trunfo do filme é seu elenco: Maridueña faz um trabalho aplaudível e envolvente, trazendo aspectos já explorados em seu papel como Miguel Diaz na série ‘Cobra Kai’; George Lopez emerge como o principal escape cômico do enredo ao encarnar Rudy, tio de Jaime, um gênio da tecnologia que os ajuda a combater Victoria e seu exército; Adriana Barraza, recém-saída de suas atuações em ‘Penny Dreadful: City of Angels’ e ‘Pequenos Grandes Heróis’, dá vida a Nana, avó de Jaime, uma ex-guerrilheira que remonta seus tempos de luta contra o neoimperialismo norte-americano para salvar o neto do modo mais glorioso e hilário que podemos imaginar. Mas o nosso foco destina-se à Marquezine.
A atriz, que começou sua carreira muito jovem, faz uma excelente estreia em Hollywood, consagrando-o no mesmo patamar de nomes como Wagner Moura e Alice Braga, que também dominaram o circuito cinematográfico internacional. Aqui, Bruna festeja com um papel que lhe permite ser independente, corajosa e empática, além de entrar como lembrete de que todos nós somos latino-americanos e estamos no mesmo barco. Ainda que pertencente ao legado da Kord, ela sabe que as investidas controversas da tia não correspondem ao que ela defende, unindo-se com Jaime para garantir que o povo integre a sociedade da mesma forma que a elite – sem ser obrigado a abandonar suas raízes e suas conquistas por pulsões de um capitalismo predatório e destrutivo. E, como se não bastasse, a química entre Marquezine e Maridueña é um deleite para os olhos.

5. O Homem de Aço (2013)

O pontapé inicial do DCU nos cinemas foi bem controverso na época. Utilizando cansativamente metáforas cristãs (sério, só falta apontarem pro Super e falarem “você é Jesus”) para descrever o herói, Zack Snyder tenta transformar a origem do Superman (Henry Cavill) em um épico bíblico de super-heróis. E o curioso disso é que funciona em muitos momentos. O uso de planos que engrandecem a figura de um Superman errante cria um ar épico para o longa, assim como as provações pelas quais o Homem de Aço tem de passar antes de assumir o tradicional traje azul, vermelho e amarelo. O problema desse filme é mais no ato final, no qual o diretor perde um pouco da linha e corrompe de forma complicada fatores morais que são intrínsecos ao personagem. Sem contar a lógica dos Power Rangers de calcinar a cidade para salvar a cidade. Sério, pelo estado que fica Metropolis depois do Super “salvá-la”, era melhor ter entregado a chave da cidade pro Zod logo. Ah, vale a pena ressaltar o trabalho maravilhoso que Hans Zimmer faz na trilha sonora desse filme. Trabalhar com o Superman exige um carinho especial na tratativa sonora, já que ele está eternamente atrelado a trilha sonora do filme de 1978, mas ainda assim Zimmer conseguiu ser respeitoso com o passado do herói e trazer scores que combinaram e descreveram as sensações dessa nova abordagem do kryptoniano.

4. Aquaman (2018)

Dirigido por James Wan, o Midas de Hollywood, Aquaman conseguiu algo que nenhum outro longa da DC alcançou até hoje: mais de US$ 1 bilhão nas bilheterias do mundo todo. Ambientado depois dos eventos do filme da Liga, essa aventura anfíbia mudou completamente o tom dos filmes da DC nos cinemas ao esquecer o filtro escuro e a necessidade de introduzir elementos para serem desenvolvidos em filmes de outros heróis. Ou seja, ao focar mais em sua própria trama em vez de tentar desenvolver o UDC de forma ampla, Wan conseguiu com que o público se importasse com a história de origem de um dos heróis mais zoados do primeiro escalão da DC.

Apostando no carisma de Jason Momoa para conduzir a trama, o longa também ganha pontos por trazer uma visual subaquático deslumbrante e por explorar a riqueza desse mundo com muitas cores e iluminações diferentes, proporcionando momentos tipicamente de histórias em quadrinhos, como a batalha dos protagonistas contra o Arraia Negra na Itália, o embate com as criaturas do poço ou a pancadaria final, que apresenta mais animais marinhos que todas as temporadas juntas de Bob Esponja. É um filme despretensioso, divertido e que consegue elevar a moral de um herói que andava meio em baixa por conta das inúmeras piadas que as séries de Cultura Pop faziam com seus poderes.

3. Mulher Maravilha (2017)

Também conhecido como o primeiro filme inquestionável do Universo DC, Mulher Maravilha foi trabalhado como uma prequel, o que deu muito certo. Partindo de uma das incontáveis pontas soltas que BVS deixou, Diana conta sua história de origem baseada em uma foto antiga. O trabalho de Patty Jenkins é muito apaixonado nesse filme, até pelo peso que ele trazia. Então, é um longa que honra o legado da super-heroína explorando pontos fascinantes do passado dela, mas também consegue fazer com que ela assumisse um posto que normalmente era do Superman: o símbolo de esperança.

Como o Clark ainda vinha sendo trabalhado como um herói errante, Diana surge com seu otimismo, coragem e persistência para mostrar ao mundo dos homens que eles não devem se entregar aos vilões. Porque ela está ali para ajudá-los e isso os motiva a seguir na luta. A cena mais emblemática do filme é justamente isso, um sopro de esperança. Diante da fronteira tomada pelos inimigos, Diana pega seu escudo e atravessa a Terra de Ninguém, enfrentando sozinha o exército inimigo. Vendo aquilo, os outros soldados se inspiram e avançam junto a ela. É de arrepiar.

Além disso, os personagens de apoio são muito carismáticos e a direção não perde tempo tentando sexualizar a Mulher Maravilha. Na verdade, esse filme é tão bom que só não está na primeira colocação dessa lista por conta de um pequeno deslize no clímax da trama, mas não é nada que atrapalhe o espetáculo que esse longa é.

2. Shazam! (2019)

Por fim, chegamos ao primeiro colocado da lista: Shazam!, um dos filmes mais sinceros que a DC já fez. Dirigido por David F. Sandberg, que vinha do mundo dos filmes de terror, esse longa é a adaptação mais fiel já feita na história do Universo DC. Quem já leu as histórias de origem do personagem, seja na versão clássica ou nos Novos 52, com certeza conseguiu identificar cenas, ambientações e até mesmo falas tiradas diretamente das páginas dos quadrinhos. Mas não é por isso que esse filme chegou ao primeiro lugar do nosso ranking. Ele está aqui porque consegue trazer elementos próprios que fazem dele muito mais que uma adaptação exemplar.

É um filme com coração, com alma, sobre um menino órfão que encontra quem ele realmente é em sua nova família. Sem contar que trazer um herói cujos poderes são baseados em magia para a perspectiva de uma criança querendo ser grande é uma premissa maravilhosamente perfeita para um herói de quadrinhos ganhando as telonas. Junte a isso um elenco que compreende bem as motivações de seus personagens e o resultado é uma aventura espetacular sobre família, heroísmo e amadurecimento.

1. O Esquadrão Suicida (2021)

Depois do fracasso colossal que foi o primeiro Esquadrão, James Gunn assumiu o roteiro e a direção dessa sequência para provar o efeito que um bom diretor pode ter em um filme. Contando a história de forma sádica, matando personagens a torto e a direito, Gunn não se baseia exatamente em um arco das HQs para escrever esse roteiro repleto de violência, humor e interações humanas sinceras entre os piores vilões do mundo.

Parte importante para esse filme funcionar é que roteiro, direção e elenco entendem que os personagens são a escória da humanidade, mas que até mesmo essa gente tem sentimentos e objetivos. Assim, partindo dessa ótica, o grupo é visto como um bando de bandidos descartáveis sendo mandados para uma ilha da América Latina para resolverem as burradas imperialistas dos EUA, mesmo que isso signifique não voltarem vivos. Adotando uma estética que remete instantaneamente aos quadrinhos, seja pelas cores, diálogos dinâmicos ou até mesmo pelas passagens de capítulos, O Esquadrão Suicida conta ainda com uma trilha sonora maravilhosa e um desenvolvimento de personagens maior que em praticamente todos os outros filmes da casa.

Todos os filmes citados estão disponíveis no HBO Max.

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O Universo Estendido da DC iniciado por Zack Snyder passou por altos e baixos até chegar ao seu fim, com ‘Aquaman 2 – O Reino Perdido’.

Com muitos filmes controversos, o universo lutou para estabelecer personagens e passou por vários problemas nos bastidores – que respingaram no resultado dos filmes.

Agora que o último filme desse universo já está nos cinemas, o CinePOP decidiu rankear os filmes do DCEU do pior para o melhor, incluindo o Liga da Justiça de Zack Snyder, que mesmo não integrando oficialmente esse universo, foi vendido pela Warner como um grande bônus. Esteja à vontade para discordar nos comentários, contanto que mantenha o respeito. Dito isso, vamos lá!

16. Esquadrão Suicida (2016)

O último lugar da lista não podia ser outro. Dirigido por David Ayer, esse filme é indefensável. Vendido com um primeiro trailer espetacular e com histórias forçadas de bastidores alegando que Jared Leto supostamente teria enlouquecido para viver o Coringa, o resultado dessa produção foi um longa genérico, bagunçado, sem personalidade, sem nada a dizer ou mostrar e com o desperdício de um dos melhores elencos que o DCU já reuniu. Dentre os vários problemas, incluindo a ausência de roteiro, nenhum é tão grande quanto a direção.

David Ayer se perde diante do grande orçamento e abre mão de um elenco fantástico muito talentoso ao reduzir praticamente todos os personagens do filme a secundários em prol de um quase triângulo amoroso inexplicável entre Arlequina, Pistoleiro e Coringa. Fora o uso de câmeras digno dos piores filmes da MTV, de onde ele parece ter tentando copiar a estética de videoclipe.

Essa questão estética, inclusive, era um dos chamarizes do trailer, mas até nisso a execução foi mal feita, já que a linguagem visual não combina com a linguagem narrativa. Existe até um movimento que pede o lançamento da versão estendida desse filme. Os adeptos alegam uma interferência dos executivos na mudança de tom do filme, o que realmente ocorreu. Mas, vendo os materiais excluídos que o diretor vem postando nos últimos tempos, os fãs deveriam apenas esquecer dessa bomba, porque parece mesmo que o que já é ruim pode piorar.

Curiosamente, corroborando com a bagunça contraditória que é esse projeto, Esquadrão Suicida é o único filme do DCU – até agora – a contar com um Oscar no currículo por Melhor Maquiagem.

15.  Mulher Maravilha 1984 (2020)

Cercado de muitas expectativas pelo sucesso do primeiro filme, Mulher Maravilha 1984 leva Diana Prince (Gal Gadot) para a década de 1980. Conforme os trailers destacavam, a questão da ambientação e estética oitentista seria parte importante de uma história sobre manipulação midiática e controle mundial. Além disso, foi prometido um controle total da diretora Patty Jenkins sobre a história, que traria o misterioso retorno de Steve Trevor (Chris Pine) e alguns elementos clássicos dos quadrinhos da super-heroína. Infelizmente, não funcionou.

Com uma duração desnecessariamente longa, esse filme se estende em momentos que não acrescentam em nada ao desenvolvimento da trama e resolve de forma muito rápida pontos importantes, como a motivação dos vilões – ridiculamente caricatos – e toda a situação envolvendo o retorno de Steve. Sem contar que Diana toma ações questionáveis, que não apenas não condizem com aquilo que foi mostrado dela anteriormente nesse universo, mas também extrapolam limites éticos e morais de forma assustadora.

Isso sem mencionar que a tal estética anos 80 se resume a uma cena no shopping de 15 minutos de duração. Depois dela, se alguém dissesse que o filme se passa em 2010, não faria a menor diferença. Uma pena, porque tinha um potencial gigante.

14.   The Flash (2023)

Um filme que sofreu bastante com a estafa de filmes de super-heróis e a expectativa do público. O principal problema são os efeitos visuais; claro que é possível ignorar a artificialidade do CGI caso compremos, por completo, as inclinações noventistas da imagética do filme – mas, em alguns momentos, as construções estéticas são tão falsas que quebram a magia. Mas isso não significa que o resultado não seja positivo, pelo contrário: o conciso roteiro nos ajuda a compreender que a ideia não é reinventar o que já existe, e sim utilizar as fórmulas a favor da obra e garantir que o público saia da sala de cinema realizado e até mesmo com vontade de reassistir.

‘The Flash’ entrega exatamente o que prometia, configurando-se como uma das melhores entradas dessa fase final da DC. Divertido, emocionante e pincelado com reflexões sobre o que significa conviver com a imutabilidade do passado.

13. Liga da Justiça (2017)

Depois dos baldes de água fria que foram BVS e Esquadrão Suicida, Liga da Justiça nasceu em meio ao caos empresarial da Warner. Insatisfeitos com o rumo de críticas negativas e bilheterias abaixo do esperado que esse universo seguia, os executivos queriam algo diferente do que Zack Snyder estava entregando com sua visão sobre a DC. Então, quando uma tragédia pessoal afastou o diretor e produtor de Liga da Justiça, a Warner correu atrás de Joss Whedon para refilmar o longa ao estilo Vingadores. Não tinha como dar certo, né? As duas equipes são completamente diferentes e foram desenvolvidas nos cinemas de formas distintas.

Desse turbilhão de decisões ruins, o filme da Liga chegou como uma colcha de retalhos que tinha momentos do Snyder mesclados com os de Whedon, seguindo passo a passo a estrutura narrativa de Os Vingadores (2012), mas ruim. Sem contar também as inúmeras polêmicas de bastidores que acabaram mostrando uma face bem podre de Joss Whedon para o mundo. Por outro lado, esse filme não consegue ser o pior de todos por conta de um personagem: o Superman.

Depois de duas abordagens controversas do personagem, ele enfim se mostra um símbolo de esperança nesse filme. Seu otimismo e uso de poderes são uma leitura fantástica dos quadrinhos. Só não é perfeita porque foram inventar de remover o bigode dele digitalmente.

12.   Shazam! Fúria dos Deuses (2023)

Com duas horas e dez de duração e duas cenas pós-créditos, é bem verdade que ‘Shazam! Fúria dos Deuses’ poderia ser bem uns vinte minutos mais curtos, mas esse tempo a mais não interfere na recepção do filme de David F. Sandberg: ao contrário, o roteiro de Henry Gayden e Chris Morgan preenche bem o enredo com todo tipo de brincadeirinha recheada de sarcasmo que embalam o espectador ao longo do trajeto. Inteligentemente, a história acompanhou o crescimento etário de seu público-alvo (quatro anos, quando se é adolescente, é muita coisa!), de modo que tanto as piadas quanto as situações em si ganham um tom levemente mais adulto – o que é um bem-vindo alívio para a galera no cinema com mais de vinte anos.

Shazam! Fúria dos Deuses’ é um produto comercialmente perfeito: tem uma história envolvente tanto para a galera que cresceu quanto para quem está chegando agora; dosa bem o humor com a evolução da trama, sem abusar da paciência do espectador; acompanha o interesse e as queixas de seu público-alvo, inclusive fazendo autocrítica; consegue inserir magistralmente dois patrocinadores com cenas que valorizam suas marcas (Gatorade e Skittles), o que promove a venda e o interesse nos produtos em questão; consegue dialogar com as outras partes do universo criado pela DC sem soar como forçação de barra; e, mais que tudo isso, consegue vender os outros títulos de sucesso da produtora, gerando conexões que atiçam a curiosidade do espectador em ir atrás para (também) consumir esses produtos.

11. Adão Negro (2022)

Poucas pessoas em Hollywood precisaram brigar tanto por um filme do que The Rock e seu xodó, Adão Negro. Ele foi anunciado para o papel do vilão/ anti-herói lá em 2007, há nada menos que 15 anos, e desde então conviveu com uma série de adiamentos e ameaças de cancelamento. Mas ele não se deu por vencido e seguiu atrás de seu sonho de levar seu personagem favorito para as telonas. O projeto foi anunciado há tanto tempo que, na época em que foi escalado para viver Teth-Adam, o ator ainda tinha cabelo.

O grande destaque do longa é mesmo seu protagonista. The Rock sobra em cena e carrega o filme nas costas. O ator é mestre em fazer filmes nos quais seu protagonismo parece ser maior do que a própria história, e aqui não é diferente. Ele corresponde exatamente àquilo que se espera do The Rock vivendo uma criatura superpoderosa.

O roteiro fraquinho segue a estrutura de Shazam!, mas com menos alma, e a direção de Jaume Collet-Serra tenta replicar a estética dos filmes do Zack Snyder, mas também é pouco inspirada e “fora do tempo”. A impressão que dá é que certas cenas foram gravadas seguindo um estilo bem parecido com os longas de 2008. É como se Adão Negro fosse um filme de 2008 (ano que deveria ter sido originalmente lançado) estreando em 2022. E o CGI de alguns momentos realmente não ajuda. O vilão também é bastante apático, mas cumpre seu papel de mostrar que o protagonista é um anti-herói, não apenas um malfeitor. É um filme divertido e grandioso, mas não deixa de ser genérico.

10.   Batman Vs Superman: A Origem da Justiça (2016)

Esse aqui vai causar polêmica, mas tudo bem. Talvez o projeto mais ambicioso dos filmes com heróis depois de Os Vingadores (2012), BVS foi o maior tiro no pé que a DC poderia ter cometido no seu suposto planejamento de universo compartilhado. Isso porque esse foi apenas o segundo filme dessa linha do tempo, onde Zack Snyder quis apresentar um novo Batman, uma nova Mulher Maravilha, colocar o Batman recém-introduzido contra um Superman que ainda tentava conquistar o coração do público, dar um pontapé inicial para a Liga da Justiça e ainda linkar pelo menos mais cinco filmes que sequer haviam sido lançados. Tudo isso num longa de duas horas e vinte de duração. Foi um verdadeiro atropelo! E apesar de ter momentos muito bons, como a luta que dá nome ao filme, BVS tropeça nas próprias pernas por não conseguir desenvolver tramas que ele mesmo propôs momentos antes.

Esse foi mais um caso que sofreu com interferência do estúdio, que pediu para que algumas cenas fossem cortadas para reduzir um pouco do tempo de tela. Isso claramente afetou o produto final, que ficou bagunçado e cansativo. O resultado foi o lançamento posterior de uma versão estendida que realmente desenvolve e explica certos furos de roteiro, mas que segue com os mesmos problemas do original, como a falta de um bom ritmo narrativo, a falta de peso nos personagens e a pressa em introduzir várias tramas diferentes, deixando a história principal solta.

9. Liga da Justiça de Zack Snyder (2021)

Depois do fracasso de crítica e bilheteria que foi Liga da Justiça, os fãs do Snyder se sentiram ofendidos pelo que a Warner fez com o trabalho do ídolo deles, então começaram uma campanha de proporções absurdas para que o estúdio disponibilizasse a versão do diretor, o famoso Snydercut. Foram quatro anos de muita encheção de saco nas redes sociais da Warner do mundo todo, que se recusava a atender os pedidos dos fãs com sua #ReleaseTheSnyderCut.

Então, com a chegada do HBO Max, o estúdio precisava impulsionar as assinaturas de seu novo streaming. Assim, eles deram uma verba para que Zack Snyder finalizasse seu corte inacabado, e os fãs enfim poderiam ver o Snydercut exclusivamente no HBO Max. O produto final foi um filme de 4h de duração que mais parece uma minissérie de exaltação ao diretor em vez dos heróis da Liga da Justiça em si. É claramente muito superior ao filme de 2017, principalmente por desenvolver melhor vários personagens que foram abandonados no corte pro cinema e por trazer a trama de Darkseid, que seria o vilão de Liga da Justiça 2.

O problema é que Snyder perde muito tempo nos seus “maneirismos” e acaba não trazendo a essência da Liga dos quadrinhos e animações. Resumir o maior grupo de heróis das HQs a um filtro escuro, slow motion, violência gráfica e metáforas religiosas é muito abaixo do que eles realmente são e podem render nas telonas. São os maiores, mais famosos e mais poderosos heróis dos quadrinhos. Não dá para se contentar com pouco quando o assunto é a Trindade Superman, Mulher Maravilha e Batman.

8.  Aquaman 2 – O Reino Perdido (2023)

James Wan volta à cadeira de direção e mantém-se fiel à estética nostálgica do filme anterior: aqui, o cineasta trabalha com inúmeras referências cinematográficas para expandir o cosmos de Aquaman, lembrando-se de que, agora, não lidamos mais com uma história de origem, e sim uma ramificação pautada em um classicismo saudosista que pode ser apreciada por qualquer fã de uma boa narrativa. Não é surpresa que Wan abra seu leque de homenagens nos mais diversos âmbitos da produção, seja com a épica e dissonante trilha sonora de Rupert Gregson-Williams, que mistura sintetizadores com poderosos instrumentos de corda orquestrais, seja com incursões estilísticas que rememoram ícones da sétima arte como ‘O Senhor dos Anéis’. Cada engrenagem é pensada com minúcia para entregar uma sólida experiência aos espectadores, mesmo que nem todas as investidas funcionem.

Os dois primeiros atos de Aquaman 2: O Reino Perdido’ podem não ser livres de falhas, mas com certeza nutrem da habilidade de elevarem nossas expectativas para o ato de encerramento, levando o tempo que precisam para se desenvolverem. E, após nos alimentarem com uma antecipação angustiante, culminam em uma batalha final afoita demais para ser apreciada e que promove uma resolução formulaica e apressada – desperdiçando um vilão aterrorizante que parece não exibir toda a magnitude que deveria. Porém, não podemos deixar de exibir um sorriso ao sair da sala de cinema, aliviados com uma última jornada do DCEU que funciona em quase sua completude – e que nos deixa ávidos para um novo capítulo resguardado pelas mãos de James Gunn Peter Safran.

7. Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa (2020)

Dirigido por Cathy Yan, que comandou o fantástico Dead Pigs, Aves de Rapina veio com a promessa de ser o filme Girl Power que introduziria uma nova equipe composta apenas por mulheres e deveria ocupar o espaço deixado pelo Esquadrão do Ayer. A aventura é divertida, traz caracterizações bem interessantes e aborda esse mundo de super-vilões por uma perspectiva feminina quase inédita até então. Porém, o filme sofre com dois problemas graves. O primeiro deles é não conseguir desenvolver sequências de ação boas o bastante ao longo da história, como se estivesse economizando para despejar tudo no ato final. Tudo bem, é algo válido. No entanto, quando chega ao ato final, no qual a equipe está reunida e descendo a porrada nos vilões, esse clímax dura uns 15 minutos. E quando o público fica querendo ver mais daquilo, o filme acaba. É meio frustrante.

O outro problema é a Arlequina. Como a personagem de Margot Robbie ficou muito popular, ela acabou se tornando quase intocável nos filmes em que participa. Nesse longa em questão, chega a ser irônico que o projeto se chame Aves de Rapina, sendo que 95% do filme é sobre a Arlequina. A dosagem das personagens é muito mal feita, escanteando atrizes fantásticas de personagens interessantíssimas para continuar com os dilemas da Harley. Se eles soubessem trazer esse equilíbrio entre a história da Arlequina com a criação das Aves de Rapina e tivessem mais cenas como a da invasão da delegacia e a luta delas como grupo, seria um filme fantástico. Como tem esses problemas, é um filme “ok”.

6. Besouro Azul (2023)

Besouro Azul‘ é comandado por Ángel Manuel Soto e preza pela nostalgia narrativa. Isso quer dizer que Soto se apoia nas fórmulas das histórias de origem para tentar resgatar o motivo pelo qual nos apaixonamos por obras de super-heróis; diferente de outros títulos da companhia e até mesmo de companhias adjacentes, a ambição aqui está em colocar a representatividade latino-americana em contraposição ao domínio cansativo de personagens brancos e estadunidenses (ou até mesmo europeus). Logo, a obra é um convite ao saudosismo e à diversão, abrindo espaço para que sejamos engolfados em uma competente aventura que enche os olhos e nos faz sair das salas de cinema bastante satisfeitos.

O maior trunfo do filme é seu elenco: Maridueña faz um trabalho aplaudível e envolvente, trazendo aspectos já explorados em seu papel como Miguel Diaz na série ‘Cobra Kai’; George Lopez emerge como o principal escape cômico do enredo ao encarnar Rudy, tio de Jaime, um gênio da tecnologia que os ajuda a combater Victoria e seu exército; Adriana Barraza, recém-saída de suas atuações em ‘Penny Dreadful: City of Angels’ e ‘Pequenos Grandes Heróis’, dá vida a Nana, avó de Jaime, uma ex-guerrilheira que remonta seus tempos de luta contra o neoimperialismo norte-americano para salvar o neto do modo mais glorioso e hilário que podemos imaginar. Mas o nosso foco destina-se à Marquezine.
A atriz, que começou sua carreira muito jovem, faz uma excelente estreia em Hollywood, consagrando-o no mesmo patamar de nomes como Wagner Moura e Alice Braga, que também dominaram o circuito cinematográfico internacional. Aqui, Bruna festeja com um papel que lhe permite ser independente, corajosa e empática, além de entrar como lembrete de que todos nós somos latino-americanos e estamos no mesmo barco. Ainda que pertencente ao legado da Kord, ela sabe que as investidas controversas da tia não correspondem ao que ela defende, unindo-se com Jaime para garantir que o povo integre a sociedade da mesma forma que a elite – sem ser obrigado a abandonar suas raízes e suas conquistas por pulsões de um capitalismo predatório e destrutivo. E, como se não bastasse, a química entre Marquezine e Maridueña é um deleite para os olhos.

5. O Homem de Aço (2013)

O pontapé inicial do DCU nos cinemas foi bem controverso na época. Utilizando cansativamente metáforas cristãs (sério, só falta apontarem pro Super e falarem “você é Jesus”) para descrever o herói, Zack Snyder tenta transformar a origem do Superman (Henry Cavill) em um épico bíblico de super-heróis. E o curioso disso é que funciona em muitos momentos. O uso de planos que engrandecem a figura de um Superman errante cria um ar épico para o longa, assim como as provações pelas quais o Homem de Aço tem de passar antes de assumir o tradicional traje azul, vermelho e amarelo. O problema desse filme é mais no ato final, no qual o diretor perde um pouco da linha e corrompe de forma complicada fatores morais que são intrínsecos ao personagem. Sem contar a lógica dos Power Rangers de calcinar a cidade para salvar a cidade. Sério, pelo estado que fica Metropolis depois do Super “salvá-la”, era melhor ter entregado a chave da cidade pro Zod logo. Ah, vale a pena ressaltar o trabalho maravilhoso que Hans Zimmer faz na trilha sonora desse filme. Trabalhar com o Superman exige um carinho especial na tratativa sonora, já que ele está eternamente atrelado a trilha sonora do filme de 1978, mas ainda assim Zimmer conseguiu ser respeitoso com o passado do herói e trazer scores que combinaram e descreveram as sensações dessa nova abordagem do kryptoniano.

4. Aquaman (2018)

Dirigido por James Wan, o Midas de Hollywood, Aquaman conseguiu algo que nenhum outro longa da DC alcançou até hoje: mais de US$ 1 bilhão nas bilheterias do mundo todo. Ambientado depois dos eventos do filme da Liga, essa aventura anfíbia mudou completamente o tom dos filmes da DC nos cinemas ao esquecer o filtro escuro e a necessidade de introduzir elementos para serem desenvolvidos em filmes de outros heróis. Ou seja, ao focar mais em sua própria trama em vez de tentar desenvolver o UDC de forma ampla, Wan conseguiu com que o público se importasse com a história de origem de um dos heróis mais zoados do primeiro escalão da DC.

Apostando no carisma de Jason Momoa para conduzir a trama, o longa também ganha pontos por trazer uma visual subaquático deslumbrante e por explorar a riqueza desse mundo com muitas cores e iluminações diferentes, proporcionando momentos tipicamente de histórias em quadrinhos, como a batalha dos protagonistas contra o Arraia Negra na Itália, o embate com as criaturas do poço ou a pancadaria final, que apresenta mais animais marinhos que todas as temporadas juntas de Bob Esponja. É um filme despretensioso, divertido e que consegue elevar a moral de um herói que andava meio em baixa por conta das inúmeras piadas que as séries de Cultura Pop faziam com seus poderes.

3. Mulher Maravilha (2017)

Também conhecido como o primeiro filme inquestionável do Universo DC, Mulher Maravilha foi trabalhado como uma prequel, o que deu muito certo. Partindo de uma das incontáveis pontas soltas que BVS deixou, Diana conta sua história de origem baseada em uma foto antiga. O trabalho de Patty Jenkins é muito apaixonado nesse filme, até pelo peso que ele trazia. Então, é um longa que honra o legado da super-heroína explorando pontos fascinantes do passado dela, mas também consegue fazer com que ela assumisse um posto que normalmente era do Superman: o símbolo de esperança.

Como o Clark ainda vinha sendo trabalhado como um herói errante, Diana surge com seu otimismo, coragem e persistência para mostrar ao mundo dos homens que eles não devem se entregar aos vilões. Porque ela está ali para ajudá-los e isso os motiva a seguir na luta. A cena mais emblemática do filme é justamente isso, um sopro de esperança. Diante da fronteira tomada pelos inimigos, Diana pega seu escudo e atravessa a Terra de Ninguém, enfrentando sozinha o exército inimigo. Vendo aquilo, os outros soldados se inspiram e avançam junto a ela. É de arrepiar.

Além disso, os personagens de apoio são muito carismáticos e a direção não perde tempo tentando sexualizar a Mulher Maravilha. Na verdade, esse filme é tão bom que só não está na primeira colocação dessa lista por conta de um pequeno deslize no clímax da trama, mas não é nada que atrapalhe o espetáculo que esse longa é.

2. Shazam! (2019)

Por fim, chegamos ao primeiro colocado da lista: Shazam!, um dos filmes mais sinceros que a DC já fez. Dirigido por David F. Sandberg, que vinha do mundo dos filmes de terror, esse longa é a adaptação mais fiel já feita na história do Universo DC. Quem já leu as histórias de origem do personagem, seja na versão clássica ou nos Novos 52, com certeza conseguiu identificar cenas, ambientações e até mesmo falas tiradas diretamente das páginas dos quadrinhos. Mas não é por isso que esse filme chegou ao primeiro lugar do nosso ranking. Ele está aqui porque consegue trazer elementos próprios que fazem dele muito mais que uma adaptação exemplar.

É um filme com coração, com alma, sobre um menino órfão que encontra quem ele realmente é em sua nova família. Sem contar que trazer um herói cujos poderes são baseados em magia para a perspectiva de uma criança querendo ser grande é uma premissa maravilhosamente perfeita para um herói de quadrinhos ganhando as telonas. Junte a isso um elenco que compreende bem as motivações de seus personagens e o resultado é uma aventura espetacular sobre família, heroísmo e amadurecimento.

1. O Esquadrão Suicida (2021)

Depois do fracasso colossal que foi o primeiro Esquadrão, James Gunn assumiu o roteiro e a direção dessa sequência para provar o efeito que um bom diretor pode ter em um filme. Contando a história de forma sádica, matando personagens a torto e a direito, Gunn não se baseia exatamente em um arco das HQs para escrever esse roteiro repleto de violência, humor e interações humanas sinceras entre os piores vilões do mundo.

Parte importante para esse filme funcionar é que roteiro, direção e elenco entendem que os personagens são a escória da humanidade, mas que até mesmo essa gente tem sentimentos e objetivos. Assim, partindo dessa ótica, o grupo é visto como um bando de bandidos descartáveis sendo mandados para uma ilha da América Latina para resolverem as burradas imperialistas dos EUA, mesmo que isso signifique não voltarem vivos. Adotando uma estética que remete instantaneamente aos quadrinhos, seja pelas cores, diálogos dinâmicos ou até mesmo pelas passagens de capítulos, O Esquadrão Suicida conta ainda com uma trilha sonora maravilhosa e um desenvolvimento de personagens maior que em praticamente todos os outros filmes da casa.

Todos os filmes citados estão disponíveis no HBO Max.

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