Final de ano chegando e é chegada a hora das famosas retrospectivas de tudo o que rolou nos 365 dias do ano.
Ao relembrar o ano cinematográfico que chega ao fim, a conclusão a que se chega sobre o que passou nos cinemas é que 2010 foi um ano bom, nada de espetacular ou bombástico.
Nação verde e amarela
Com certeza o filme que marcou 2010 foi ‘Tropa de Elite 2 – O Inimigo Agora É Outro’. Coronel Nascimento nocauteou a concorrência e fez do longa o mais assistido no Brasil. O sucesso é merecido e aqui ficam os parabéns ao diretor José Padilha, Wagner Moura e companhia que conseguiram de forma excepcional, falar sobre um tema atual, a violência no Rio de Janeiro, sem deixar de lado o entretenimento do espectador.
Tropa de Elite 2 – O Inimigo Agora É Outro
Por falar em cinema nacional, outras produções que merecem destaque são os sensacionais ‘Olhos Azuis’ e ‘Cabeça a Prêmio’, ‘As Melhores Coisas do Mundo’ e o documentário ‘Uma Noite em 67’. 2010 também será lembrado como o ano espírita do cinema, já que três produções sobre essa doutrina religiosa marcaram fortíssima presença nos cinemas: ‘Chico Xavier’, ‘Nosso Lar’ e ‘As Cartas Psicografadas de Chico Xavier’. Dos três quem se saiu melhor foi o primeiro ao contar a história do médium que deu alento a tantas pessoas.
Outros filmes brasileiros não deram tanta sorte nas telas. ‘Segurança Nacional’, ‘Federal’ e ‘400 Contra 1 – Uma História do Crime Organizado’ se enveredaram pelo gênero de ação, mas só deram vexames. Isso sem contar a cinebiografia do presidente Luiz Inácio Lula da Silva: ‘Lula, o Filho do Brasil’. Numa tentativa de ser um novo ‘2 Filhos de Francisco’, o longa não passa de um drama raso e esquecível.
Segurança Nacional
Gringos na área
Das centenas de filmes que desembarcaram no Brasil, talvez o qual fez mais barulho tenha sido o original e embasbacante ‘A Origem’. O cineasta Christopher Nolan fez todo mundo viajar e quebrar a cabeça com o mundo de sonhos dentro de sonhos no qual o atormentado ladrão Dom Cobb (Leonardo DiCaprio) se mete. DiCaprio também viveu outro perturbado personagem no intrigante ‘Ilha do Medo’, aquele tipo de filme que vale ser visto duas vezes por causa dos detalhes da trama.
A Origem
Dramas com toques de suspense e com roteiros bem elaborados foram representados por ‘O Escritor Fantasma’, de Roman Polanski, ‘Os Homens que Não Amavam as Mulheres’ e ‘O Segredo dos Seus Olhos’. Este último, estrelado pelo queridinho da Argentina, Ricardo Darín, levou o Oscar de filme estrangeiro. Darín apareceu também no surpreendente ‘Abutres’, que tentará uma vaga no Oscar do ano que vem.
O gênero de ação deu as caras em bons filmes como ‘Salt’, ‘Kick Ass – Quebrando Tudo’, ‘RED – Aposentados e Perigosos’, ‘Homem de Ferro 2’, ‘Zona Verde’ e ‘Príncipe da Pérsia: As Areias do Tempo’. Os filmes de ação misturados com comédia apareceram nos medianos ‘Uma Noite Fora de Série’ e ‘Par Perfeito’ e no inexplicavelmente menosprezado ‘Encontro Explosivo’. Tom Cruise e Cameron Diaz vieram ao Brasil promover o filme. O tom de comédia aliada a incríveis sequências de ação valem uma conferida para quem não viu a produção no cinema.
Salt
Sylvester Stallone voltou e fez as pazes com o sucesso no divertido ‘Os Mercenários’. Se Stallone se deu bem, uma que precisava desaparecer por uns tempos é Jennifer Aniston. Ela, sempre encarnado o mesmo tipo de personagem em comédias românticas merece ser esquecida nos insossos ‘Caçador de Recompensa’, ‘O Amor Acontece’ e ‘Coincidências do Amor’. Mas o gênero não sai desmerecido por causa de Aniston graças aos deliciosos ‘Juntos Pelo Acaso’ e ‘Amor à Distância’.
As franquias milionárias tiveram seu especo graças a legião de fãs que as segue, que o diga Robert Pattinson e Kristen Stewart em ‘A Saga Crepúsculo: Eclipse’ e na passagem pelo Brasil. Os dois causaram rebuliço no Rio de Janeiro durante as filmagens de ‘Amanhecer – Parte 1’, quarto capítulo da história de amor de Edward e Bella. Já em seus filmes solos, Rob e Kristen não tiveram a mesma força como comprovaram em ‘Lembranças’ e ‘The Runaways – Garotas do Rock’.
A Saga Crepúsculo: Eclipse
Os fãs de Harry Potter compareceram em peso nos cinemas para conferir ‘Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 1’, que deu início a derradeira aventura do bruxo. Além disso, teve ‘As Crônicas de Nárnia: A Viagem do Peregrino da Alvorada’.
Recordar é viver
2010 foi uma viagem ao passado, mais precisamente aos anos 80 com a refilmagem ‘Karate Kid’, a adaptação de seriado ‘Esquadrão Classe A’ e as continuações ‘Wall Street: O Dinheiro Nunca Dorme’ e ‘Predadores’. Até MacGyver apareceu, mas em forma de sátira no desnecessário ‘Corram que o Agente Voltou’, saído de um esquete do humorístico ‘Saturday Night Live’. ‘Machete’ entra na lista em função do estilão, saído dos filmes de ação daquela década.
Karate Kid
A farsa do 3D
Em 2009, ‘Avatar’, de James Cameron ficou responsável por colocar os filmes em três dimensões de novo na crista da onda. O sucesso da aventura fez com que Hollywood começasse uma corrida contra o tempo para produzir longas em 3D e assim matar a ânsia do público por assistir a filmes com os óculos especiais. Nessa moda a granel, a solução encontrada pelos estúdios foi a conversão de filmes em 2D para 3D. A exceção foi ‘Resident Evil 4: Recomeço’, que foi filmado com câmeras 3D.
Resident Evil 4: Recomeço
O que se viu este ano foi uma enxurrada de filmes convertidos que nem precisariam ser vistos com os óculos. A profundidade de campo e os efeitos que saltam da tela ficaram pouco perceptíveis. As animações são um grande exemplo disso. O 3D não fez diferença em ‘Toy Story 3’, ‘Shrek Para Sempre’, ‘Como Treinar o Seu Dragão’ e ‘Megamente’. Quanto ao live action, ‘Fúria de Titãs’ também não teve um bom resultado de conversão.
A única certeza é que muita gente pagou caro para ver filme em 3D quando podia ficar com a versão em 2D sem preocupação. ‘Tron – O Legado’ é esteticamente belíssimo, mas o 3D não acrescentou nada e algumas cenas dele inclusive são em 2D. Os que se saíram razoavelmente bem foram ‘A Lenda dos Guardiões’, ‘Meu Malvado Favorito’, ‘Alice no País das Maravilhas’, apesar do filme ser deplorável, ‘Jogos Mortais – O Final’ e ‘Jackass 3D’. Esses dois, um exercício de resistência àqueles com estômagos fracos.
Tron – O Legado
Para encerrar a retrospectiva, nada melhor do que entrar no clima de celebração com a temporada de entrega de prêmios que começa a esquentar agora em dezembro. Dos queridinhos das premiações já estrearam por aqui os já citados ‘A Origem’, as animações ‘Toy Story 3’ e ‘Como Treinar o Seu Dragão’e ainda a hilária comédia ‘Minhas Mães e Meu Pai’, o impecável ‘Atração Perigosa’ e o bam bam bam ‘A Rede Social’. Agora é abrir o espumante e se preparar para o que vem em 2011!
A equipe do CinePOP elegeu os 10 melhores filmes lançados nos cinemas no ano de 2010.
10. Scott Pilgrim contra o Mundo
Scott Pilgrim Contra o Mundo possui todos os elementos necessários para fazer sucesso no nicho para o qual foi direcionado: possui referências pop mil, que vão dos quadrinhos tradicionais aos mangás, da música pop ao rock, dos filmes de ação às comédias teen, dos jogos de videogames antigos aos mais modernos.
O personagem-título é vivido por Michael Cera, garoto que já fez sucesso protagonizando outras duas comédias de segmentos similares, Superbad e Juno. Com cara de quem acabou de largar a mamadeira, ele faz o tipo ideal que se encontra entre o imaturo e o recém-independente. Mal terminara de concluir que o que sentira por uma adolescente de 17 anos não era amor, engatara um romance com uma garota de 25 anos, três a mais que ele.
Só que, para ficar com a moça descolada e de cabelos de cores mutantes, Scott terá que enfrentar os sete ex-namorados dela. E ele tentará fazê-lo com a ajuda dos parceiros de sua banda de rock, sua irmã e seu companheiro de quarto, o “amigo gay” Wallace Wells (Kieran Culkin, roubando a cena).
9. Ilha do Medo
É notória a paixão e o respeito de Martin Scorsese pelo cinema. E o que digo não é óbvio. Boa parte das pessoas que fazem cinema, seja no Brasil ou fora dele, não assiste cinema. Com o diretor de Os Infiltrados e Gangues de Nova Iorque, dentre tantos outros, a história é diferente. Ele não só é um dos grandes mestres do cinema atual, como está em constante busca de aprendizado com os outros mestres, sem desdém ou arrogância. Não raramente é possível vê-lo em documentários ou programas que expliquem a história do cinema ou que façam uma análise de tal.
Em 1954, os agentes federais Teddy Daniels (Leonardo DiCaprio) e Chuck Aule (Mark Ruffalo) investigam o desaparecimento de uma interna do Hospital Psiquiátrico Ashecliffe, localizado no ilha Shutter. Chegando no local, eles encontram uma rebelião de presos, devido a um furacão que se aproxima da ilha, o que impossibilita-os de sair de lá.
8. Kick-Ass – Quebrando Tudo
Sem a intenção de ser politicamente correto, Kick Ass – Quebrando Tudo parece mais calculado para agradar os nerds fãs de filmes de ação sanguinolentos de Quentin Tarantino e afins.
O argumento utilizado para desenvolver o enredo é o de que os super-heróis sempre fizeram parte do imaginário popular, mas ninguém nunca teve coragem de “encarnar” um, ou seja, ser um defensor mascarado da população.
Dave é o garoto que alimenta há algum tempo o desejo de ser um desses mascarados. Ele compra uma fantasia e resolve testar sua capacidade para tal. A primeira tentativa é totalmente fracassada e deixa nele sequelas, que o ajudarão a se sair melhor na segunda vez, quando sua ação é filmada e cai na internet, se tornando um dos maiores fenômenos de visualizações da atualidade.
7. Como Treinar seu Dragão
Berk é um vilarejo viking, lugar constantemente atacado por dragões. Seus habitantes aprendem, desde a adolescência, a matar os monstros e proteger a aldeia. Soluço, o filho franzino do chefe da aldeia, está na idade de fazer o treinamento sobre “como matar dragões”, mas algo inusitado acontece: ele encontra um “dragão da noite”, espécie mais temida pelos vikings, isolado na floresta, por não conseguir voar. É então que Soluço começará a estudar a espécie para ajudar o pequeno dragão, batizado de Banguela pelo menino. Neste processo, uma nova amizade surge e os planos de se tornar um viking matador vão por água abaixo.
6. Chico Xavier
O Brasil é uma país falsamente católico. Ok, oficialmente o catolicismo é a nossa religião, mas muita gente tem um pé no espiritismo. Grande parte dessa força pelo desconhecido vem de nomes como Bezerra de Menezes, o médico que era médium, e Frâncisco Cândido Xavier, o médium que psicografava mensagens do além.
Se você não conhece a doutrina espírita, talvez o filme Chico Xavier, de Daniel Filho, não lhe diga nada. Mas acho pouco provável que alguém não saiba, minimante, quem foi Chico. Homem que atraia multidões ao seu centro espírita, durante muitos anos ele recebeu o título de maior médium brasileiro, tornando-se um símbolo do espiritismo. Calmo, sereno e cheio de fé, Chico Xavier psicografou mais de 400 livros, sem receber direitos autorais e vivendo apenas de seu salário – e posterior aposentadoria – de funcionário público.
5. Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte I
A saga do bruxo nesse ponto ganhou um tom mais sombrio e uma nova estética que com pequenas mudanças norteou a série até este penúltimo “Harry Potter e as relíquias da morte”.
O filme tem 146 minutos, que para mim passaram voando. Não sou fã n° 1 de Harry e sua trupe, mas o espectador é levado através da história de uma forma irresistível. O filme alterna ação e emoção na medida certa. Mas definitivamente é um filme para iniciados. Quem não acompanha a história e por acaso resolveu ver “As relíquias da Morte” vai ficar perdido. A franquia é poderosa e a saga é grande demais para se “auto- explicar”. Um breve resumo do que aconteceu, algo comum em filmes em série, quebraria a narrativa prejudicando o filme.
Tudo neste “Harry Potter e as relíquias da morte” é impecável. O elenco de apoio como sempre maravilhoso. Uma bela fotografia de Eduardo Serra. Uma trilha sonora marcante, com a característica música de abertura e novos sons que ficaram a cargo de Alexandre Desplat. Este filme é o terceiro dirigido por David Yates que já imprimiu seu tom e também, assina a segunda e última parte de “As relíquias da Morte”.
4. A Rede Social
O “Facebook” foi lançado em 4 de fevereiro de 2004 e possui mais de 500 milhões de usuários espalhados em 207 países. Em 2008, Mark Zuckerberg, um de seus criadores e personagem principal do filme, foi considerado o mais jovem bilionário do mundo, com fortuna de mais de US$ 1,5 bilhão, pela revista especializada “Forbes”. É a maior rede social do planeta. O filme “A rede social” conta como foi a conturbada criação e a fogueira de vaidades que envolveram seu mentores dentro da Universidade de Harvard. Mark Zuckerberg é interpretado por Jesse Eisemberg (Zumbilândia). Um geek que após levar um fora da namorada, destrói sua reputação um blog. Tomado sensação de poder e impunidade que a internet gera o próximo passo é a criação de uma rede comparativa de várias garotas dentro do campus. Nascia o embrião do Facebook.
Com um bom roteiro em mãos, David Fincher faz gato e sapato na direção, mostrando mais uma vez que é um diretor cheio de possibilidades. Ele dá ritmo a uma trama que tinah tudo para ser monótona, e mantém a atenção do espectador do começo ao fim, além de arrancar ótimas atuações de seu elenco — quem diria, até Justin Timberlake, no papel de Sean Parker, o criador do Napster que vira conselheiro de Mark, está muito bem em cena.
3. Toy Story 3
Nesta terceira parte, o garotinho Andy já tem dezessete anos e por um acidente, seus brinquedos são doados para uma creche. Assim, o caubói Woody terá que convencer a todos de que aquilo foi um engano e fará de tudo para que eles voltem para o seu dono verdadeiro, por mais que isso lhes custe uma vida guardados em uma caixa no porão.
O longa inicia-se da mesma maneira que o segundo, com os brinquedos passando por uma grande aventura que, obviamente, não passa de mais uma brincadeira do dono. Depois disso, nada de piadas repetidas ou situações clichês. O que espera o público é um monte de personagens novos ótimos – como o Ken e o urso Lotso – e a graça renovada dos antigos brinquedos, como o hilário casal Cabeça de Batata, Slinky, os chaveirinhos do Pizza Planet, a cowgirl Jessie, o cavalinho Bala no Alvo e o inocente dinossauro Rex.
2. Tropa de Elite 2: O Inimigo agora É Outro
Com o peso de fazer jus ao primeiro longa, ‘Tropa de Elite 2’ cumpre a missão dada. A violência e a corrupção na polícia continua em pauta, mas desta vez a trama elobora assuntos mais ambiciosos e assustadores.
Ao invés de culpar os riquinhos que compram drogas e financiam o tráfico no país, mesmo que usando apenas uma carreira de pó, a sequência vai além e começa a mostrar que o buraco é mais em cima: os políticos usufruem de qualquer situação para conquistar dinheiro e fama, e recebem apoio dos demais corruptos.
Moura continua roubando a cena, e está ainda mais à vontade com o personagem que o consagrou. Seu talento é indiscutível. André Ramiro e Milhem Cortaz também retornam como André Matias e Capitão Fábio, e continuam em atuações dignas e talentosas.
O roteiro de Braulio Montovani, mais complexo e polêmico, traz de volta todos os acertos do original, como as frases de efeito que cairam no gosto popular.
“Pede pra sair”, “O Senhor é um fanfarrão” e “Faca na caveira, nada na carteira” dão lugares a novas frases que devem conquistar o público, como “Tá de pomba-girice comigo?” e “Quer me foder? Me beija”.
1. A Origem
A Origem (Inception) é o filme do ano. A Origem é, também, um forte candidato a filme da década, um dos melhores do século 21 e um dos maiores de todos os tempos. Exagero? Se você gosta de cinema inteligente sem ser mirabolante, vai perceber logo nos primeiros minutos que este veio parar marcar época.
O jeito atrevido de contar histórias fez de Chris Nolan sucesso imediato em Hollywood.
Na trama, Dom Cobb (Leonardo DiCaprio) comanda uma equipe que invade os sonhos das pessoas para roubar segredos do incosciente que possam ser utilizados por empresas concorrentes.
Um poderoso empresário (Ken Watanabe) procura o serviço de Dom para propor algo diferente: que ele implante uma ideia no cérebro do herdeiro de outra companhia (Cillian Murphy). Dom, que já não consegue mais ser arquiteto dos sonhos por causa da esposa, Mal (Marion Cotillard), contrata uma nova arquiteta, Ariadne (Ellen Page). Ele recruta ainda velhos aliados – Arthur (Joseph Gordon-Levitt) e Eames (Tom Hardy) – e novos aliados – Yusuf (Dileep Rao) – para executar o projeto.
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