Você sabia que a Netflix foi criada ainda na década de 1990? Pois é, mas naquela época o serviço oferecido pela companhia era bem diferente. Em 1997, a Netflix era um serviço de entrega de DVDs online. Na época em que as vídeo locadoras ainda dominavam, a empresa já pensava em inovar, apostando na comodidade do cliente. De certa forma, estava ali desde o início a proposta do espectador não precisar sair de casa para escolher e receber o filme.
A empresa passaria então a década seguinte aprimorando seu serviço até nos entregar a proposta definitiva: um serviço de streaming, no qual através da internet teríamos à nossa disposição um grande catálogo de produções, tudo legalizado, através de um acordo com os mais variados estúdios de Hollywood. A proposta revolucionária chegaria ao Brasil em 5 de setembro de 2011 – época em que muitos assinaram a plataforma e nunca mais cancelaram.
Durante tanto tempo, vimos muitos filmes passarem pela plataforma, que por ser a primeira, ainda mantém o título como a número 1 em serviço de streaming no mundo. Mas a verdade é que nem tudo que a Netflix lança é ouro. O streaming transformado em estúdio de cinema começou com o pé direito e seu primeiro filme original foi ‘Beasts of No Nation’, de 2015, drama sobre meninos soldados de um país da África.
Depois disso, numa trajetória de 10 anos de produções originais, a empresa atraiu talentos incríveis e antes pensados inacessíveis, atrás e na frente das câmeras. Nomes como Martin Scorsese, os irmãos Coen, Leonardo DiCaprio, Meryl Streep, Robert De Niro, Al Pacino, George Clooney, Sandra Bullock, Jennifer Lawrence, Brad Pitt, Ryan Gosling, Scarlett Johansson, Will Smith e Julia Roberts, só para citar alguns, já passaram pela telinha da plataforma.
Aqui, nesta nova matéria, no entanto, como você já deve ter lido no título, o foco são os filmes que, apesar do grande investimento, resultaram em obras pouco apreciadas, seja pelo público ou pelos críticos. Confira abaixo, esses são os filmes originais da Netflix de maior fracasso.
Atlas (2024)
Até a musa latina Jennifer Lopez resolveu encarar uma parceria com a Netflix. Na verdade não apenas uma, mas duas. O primeiro filme de Lopez junto da plataforma de streaming foi o thriller de espionagem e ação, ‘A Mãe’, de 2023. Mas logo em seguida, Lopez emendou um segundo filme. E dessa vez ela resolveu viajar até o futuro para uma aventura hi-tech. O que poderia sair errado? Bem, com seus efeitos especiais de primeira, é dito que o longa atraiu uma boa audiência. Já os críticos não gostaram do que viram, acharam pouco original e com um roteiro fraco. Veremos se algum dia ‘Atlas 2’ irá ocorrer.
Os 6 Ridículos (2015)
Como dito no começo do texto, o primeiro filme original da Netflix foi o drama ‘Beasts of No Nation’, o qual a empresa planejava levar até o Oscar. Na época, no entanto, streamings no Oscar ainda era uma questão proibida. No mesmo ano, chegava a primeira produção do contrato entre a Netflix e o comediante Adam Sandler, que havia assinado exclusividade com a empresa para todos os seus filmes seguintes. Ele já lançou 13 filmes com a Netflix, mas o primeiro ainda é unanimemente considerado o pior: uma sátira dos filmes de faroeste que não colou.
Death Note (2017)
Por falar em hate, poucas ideias da Netflix deram tão errado quanto a adaptação do anime querido ‘Death Note’. Idolatrado pelos fãs, os mesmos estavam apreensivos quando a plataforma anunciou que levaria a história para um filme com atores de carne e osso. Alguns pontos cruciais da trama foram mudados, o que não desceu redondo para os fãs. O filme, porém, funciona melhor para aqueles não familiarizados com o original. Ah sim, no elenco temos Margaret Qualley, de ‘A Substância’. Aposto que você não lembrava dela no longa.
O Paradoxo Cloverfield (2018)
Ainda me lembro como se fosse ontem: o anúncio apressado durante um evento de esporte nos EUA (um jogo de futebol americano), em que alguns trailers de filmes eram divulgados. No meio da euforia das prévias, surge a notícia de que o aguardado ‘O Paradoxo Cloverfield’ estaria após o jogo, disponível na plataforma. Foi o que bastou para todos ligarem o sinal de alerta. “Como assim um filme deste porte não estaria nos cinemas?”. Depois de assistirmos, descobrimos o motivo. O pior é pensar que a franquia ‘Cloverfield’ mantinha um bom nível, com o primeiro sendo um representante do puro horror found footage, e o segundo um baita suspense repleto de reviravoltas. Bem, o que podemos dizer do terceiro é que enterrou a franquia.
Ele é Demais (2021)
Esse aqui ficamos pensando se iríamos incluir ou não na matéria. Isso porque poucos conhecem o longa adolescente, então pensamos que poderia soar um pouco como chutar cachorro morto. Mas vamos lá, se você não sabe, o longa é um remake de um filme adolescente de 1999, que, bem, até tinha os seus fãs na época. ‘Ela é Demais’ está longe de ser um filme bom, e se você gostou, é porque seu senso crítico ainda não tinha sido inteiramente desenvolvido. E se continua gostando, tenha certeza que é puro valor afetivo e nostálgico. A sacada do remake é a inversão de gêneros: agora o filme se chama ‘Ele é Demais’. Criativo, né? Não. A Netflix também gosta de reciclar seus atores, e tentou transformar Tanner Buchanan, de ‘Cobra Kai’, em protagonista de filme. Por enquanto não rolou.
Diana – O Musical (2021)
Talvez você nunca tenha ouvido falar deste filme. E por que deveria? Ele não apenas é considerado o pior filme já produzido pela Netflix, como também foi o grande vencedor (ou devemos dizer, perdedor) do Framboesa de Ouro 2022, a maior premiação para o pior do cinema. ‘Diana’ levou o Framboesa de pior filme, pior atriz (Jeanna de Waal) e mais três, num total de nove indicações. Alguns filmes são tão ruins que parecem paródias. E esse é o caso com o musical sobre a vida da lendária Princesa Diana.
O Halloween do Hubie (2020)
Adam Sandler tem alguns clássicos da comédia dos anos 90 e 2000 em sua filmografia. Mas o ator tem também alguns dos piores da história do cinema. Cansado de fazer filmes ruins nas telonas, o ator resolveu assinar um contrato de exclusividade com a Netflix, e passou a fazer filmes ruins nas telinhas agora. Bem, talvez estejamos sendo injustos, afinal Sandler tem filmes bons também, como ‘Joias Brutas’. Mas um que ninguém pareceu gostar foi ‘O Halloween do Hubie’. O filme está bem longe de ser bom, mas confesso que o clima de terror de mentirinha do halloween é sempre um atrativo para este que vos fala.
Encontro Fatal (2020)
A Netflix aposta em todo tipo de gênero na hora de fazer seus filmes originais. E um que sempre desperta o interesse, principalmente do público feminino, são os suspenses eróticos. Em especial os que retratam casos extraconjugais, romances ou primeiros encontros. Aqui, quem estrela é Nia Long como uma mulher que cede à tentação, e após o encontro com um amigo, termina na cama com ele. O sujeito é vivido por Omar Epps. O problema é que ela tem marido, e resolve tentar acertar as coisas com ele. Mas quem disse que o Ricardão a deixará em paz.
Imperdoável (2021)
Todo fim de ano a Netflix lança as suas maiores apostas. E em 2021 um dos grandes chamarizes foi ‘Imperdoável’. Também pudera, estrelando temos ninguém menos que Sandra Bullock, uma das maiores atrizes de Hollywood. Bullock já havia protagonizado o terror sobrenatural ‘Bird Box’ para a Netflix. Aqui, ela voltava como uma ex-presidiária, tentando acertar as contas com o passado e cuidar da irmã mais nova. A obra fez sucesso na plataforma e ficou no top 10 – por motivos, como dito, de Sandra Bullock. Mas o filme é bom? Bem, não. O longa desapontou muita gente que esperava bem mais, e foi considerado um melodrama esquecível.
Rebel Moon – 1 e 2 (2023 e 2024)
Finalizando a matéria, temos uma superprodução recente, que foi uma das apostas mais ambiciosas da Netflix até hoje. Depois que teve o universo DC tirado de suas mãos pela Warner, o diretor Zack Snyder foi acolhido pela Netflix. E na casa estreou com o sucesso ‘Army of the Dead’, um filme de ação e zumbis até divertidinho. Mas seu passo seguinte seria bem maior. Com um roteiro rejeitado pela Disney para um filme de ‘Star Wars’, Snyder recauchutou o texto e o adaptou para se tornar ‘Rebel Moon’. Não apenas isso, ele criou todo um universo, e assim como ‘Duna’, dividiu o épico espacial em dois filmes. O problema é que ‘Rebel Moon’ está muito longe de ser ‘Duna’, e já no primeiro filme deu ruim para o cineasta. Com as críticas extremamente negativas, a Netflix parecia meio envergonhada em ter que lançar o filme dois. Mas o fez. O resultado: menos gente ainda se prontificou a assistir. O plano era por mais filmes. Será que terão coragem?
