O ano de 2024 traz uma marca complicada para a família Senna, já que a trágica morte de Ayrton Senna completa 30 anos no próximo dia 1º de maio. Entretanto, há um aniversário positivo que são os também 30 anos da criação do simpático Senninha, a versão animada que ajudou a manter o legado eterno do piloto vivo dentre o público infantil. É impressionante como há pelo menos duas gerações que sequer viram Ayrton impressionar o mundo com suas atuações espetaculares, mas sabem quem ele foi por influência do Senninha.
‘Nascido’ em 28 de janeiro de 1994, o Senninha surgiu de um desejo de Ayrton Senna de passar seus valores e aprendizados para as crianças. Afinal, Senna era o grande ídolo da época e queria passar boa influência para a molecada. Então, foi decidido que a forma mais lúdica para falar com os pequenos era por meio das histórias em quadrinhos, porque assim seria um incentivo à leitura.
Para criar o personagem, o publicitário Rogério Martins pensou no conceito, enquanto o desenhista da Mauricio de Sousa Produções, Ridault Dias Jr., foi o responsável por criar seu visual. Com a aparência inspirada no próprio piloto, ficou definido que o Senninha seria um menino de seis anos, alegre e confiante, que é apaixonado por corridas e enfrenta um vilão que gosta de trapacear nas pistas. Seu maior sonho, inclusive, é virar piloto de Fórmula 1.
O conceito foi apresentado e aprovado pelo próprio Ayrton Senna, que passou a ser o principal garoto-propaganda de seu personagem, usando as camisas e produtos oficiais inspirados nele pelo mundo. Mas o ponto mais interessante desse processo de criação é que a dona Neyde, mãe de Ayrton, se apaixonou pelo personagem e compartilhou histórias e curiosidades sobre a vida do piloto. Esses relatos foram usados para criar roteiros e encorpar a personalidade do Senninha, que passou a ser não apenas um personagem inspirado em Senna, mas uma versão do próprio.
Para compor o Senninha e os outros personagens que integram sua turminha dos quadrinhos, o projeto contou com o auxílio do Dr. Jacob Goldberg – psicoterapeuta, ensaísta, pesquisador, assistente social, advogado e expert no estudo de desenvolvimento humano – para definir aspectos de personalidade e comportamento que fossem influências positivas para a molecada. Com isso, ficou definido que o Senninha deveria ter resiliência, empatia, amizade, honestidade, saber trabalhar em equipe, respeitar o próximo e cuidar do meio ambiente.
O projeto foi um sucesso e as histórias em quadrinhos do Senninha foram lançadas em 28 de janeiro de 1994. Inicialmente, as HQs foram distribuídas de forma gratuita nos colégios brasileiros e nas agências do Banco Nacional, principal patrocinador de Ayrton Senna na época.
A recepção foi muito positiva, fazendo com que as edições de Senninha e Sua Turma chegassem às bancas com edições lançadas quinzenalmente.
Infelizmente, em maio daquele ano, Ayrton sofreria o acidente fatal em Ímola, na Itália, criando uma enorme comoção nacional. Ainda assim, o Senninha seguiu fazendo sucesso com a molecada e com os jovens, estrelando tiras de jornal, materiais de informação de trânsito e vinhetas para TV. Com a chegada dos anos 2000, ele ganhou uma série animada – premiada no Anima Mundi de 2004 – e uma linha de produtos que marcou época. Afinal, quem nunca ouviu falar da famosa Papete do Senninha, presença certa nos pezinhos das crianças encapetadas dos anos 2000? E parte dos lucros envolvendo o personagem são revertidos para o Instituto Ayrton Senna, responsável pela educação de milhões de jovens no país, até os dias de hoje.
Com o passar dos tempos, o Senninha foi explorando novas frentes na Cultura Pop brasileira, ganhando série animada no Gloob, prova anual de corrida, videogames e uma animação muito fofa no YouTube. Agora, para comemorar os 30 anos, o canal do Senninha lançou um curta-metragem especial em que o Senninha atual atinge uma velocidade tão alta que volta no tempo e se encontra com sua versão original.
Nesses 30 anos, o Senninha desempenhou papel importante na educação das crianças, entreteve gerações e ajudou a espalhar um pouco do legado do maior brasileiro que já correu nas pistas da Fórmula 1, fazendo dele não apenas um símbolo do Brasil nos esportes, mas também um ícone da Cultura Pop nacional.