Chegou recentemente ao catálogo da Max, a série documental ‘The Synanon Fix‘, que expõe como um programa de reabilitação química iniciado na Califórnia da década de 1950 se tornou uma perigosa seita que faturava rios de dinheiro com a desgraça alheia.
Dirigido por Rory Kennedy e Mark Bailey, o documentário de quatro partes reconta como um pequeno grupo de apoio para ex-viciados em drogas se tornou uma gigantesca comunidade liderada por Charles ‘Chuck’ Dederich.
Muitos dos relatos descrevem Synanon como um lugar inovador e inclusivo que ajudou centenas pessoas a ficarem limpas… Mas, no fim das contas, as coisas mudaram quando certos comportamentos foram obrigatórios e a violência foi introduzida para impedir a saída dos membros.
Como explicam vários ex-viciados em drogas e membros do Synanon, a comunidade prosperou porque muitos dos membros pensavam que nunca iriam superar seu vício… Até serem convidados por Dederich, um ex-viciado em álcool, a criarem um espaço residencial para reabilitação de alcoólatras e viciados em drogas, sem nenhum custo para eles.
O programa residencial foi amplamente considerado o primeiro sucesso desse tipo, no qual seus membros obedeciam fielmente as únicas dua regras: nada de violência e nada de drogas.
Um elemento central da casa de reabilitação foi o “jogo Synanon”, uma terapia de confronto cujos participantes poderiam gritar e xingar uns aos outros para liberarem todos os seus sentimentos e emoções ruins, levando à mudança de comportamento e atribuindo mais responsabilidade para com seus colegas.
Lena Lindsey, que foi um membro da seita por muito tempo, disse que:
“O jogo Synanon nos ensinou a olhar para nossa própria verdade sem julgamentos. Eu não estaria sentada aqui se não houvesse um jogo Synanon para me libertar.”
À medida que a Synanon começou a receber mais pessoas, a organização foi levada para um espaço maior em Santa Monica, com cerca de 60 pessoas morando lá. Mas, para isso, a organização passou a pagar US$ 500 de aluguel por mês e Dederich sabia que precisavam ganhar dinheiro de alguma forma.
A Synanon foi registrada como uma organização sem fins lucrativos, com todos os benefícios fiscais decorrentes, então os membros começaram a pedir esmolas enquanto contavam suas histórias para o público.
Não demorou muito até que os membros começaram a ser presenteados com árvores de Natal, alimentos, materiais de higiene, e até mesmo gado e um carro Cadillac.
Logo depois, a Synanon abriu postos de gasolina e prédios de apartamentos.
No entanto, além da prosperidade maquiada, Dederich escondia do público a rotina sombria que os membros viviam, dizendo a eles que morreriam ou voltariam ao vício se deixassem a Synanon… Tudo isso para manter sua vida de riqueza, influência e bajulação.
Com o passar do tempo, os internos começaram a ter filhos e criá-los sob os código de conduta da comunidade, expandido a influência de Dederich, que era visto pelo público como um bemfeitor humanitário, o que atraía cada vez mais doações.
O problema é que Dederich começou a implementar cada vez mais regras para conter qualquer ideia de rebelião, sempre impondo ameaças e a crença de que os membros voltariam para a sarjeta se tentassem desobedecê-lo.
Entre as regras, estavam inclusas extensas rotinas de xercícios, pesagens das crianças, cortes de cabelos obrigatórios. Com o tempo, as terapias tornaram-se cada vez mais extremas, evoluindo para comportamentos paranoicos e ordens semelhantes a cultos, culminando em acusações de abuso infantil, agressão e até tentativa de homicídio.
Confira o trailer da produção: