segunda-feira , 23 dezembro , 2024

Trama Macabra | Os 45 anos do ÚLTIMO filme do mestre Alfred Hitchcock

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Obra representou não só fim da carreira como o ponto mais profundo atingido pelo cineasta

Poucas filmografias são tão vastas quanto a de Alfred Hitchcock, originando-se no período do cinema mudo dos anos 20 e se aperfeiçoando ao longo das décadas; se adaptando às novas tecnologias de colorização, som e captação de imagem com uma qualidade ímpar. O período em que ele alcançou o auge é apontado como sendo entre os 40 e 60, justamente o espaço que suas obras mais influentes foram lançadas.



No entanto, seu pior momento é justamente a fase final da carreira, no final dos anos 60 e início dos 70. Foi o período que Hitchcock esteve afastado de seus tradicionais colaboradores (por razões de saúde ou desentendimentos), separação que é visível em filmes como Topázio, Cortina Rasgada e Trama Macabra

Quando o realizador chegou à altura do seu último projeto, já na mencionada fase mais negativa da carreira, ele não vinha, entretanto, de um fracasso. Frenesi tinha sido uma experiência diferente de suspenses anteriores de Hitchcock por não só funcionar como um último resgate do estilo narrativo que lhe deu fama mas pela combinação inédita desse estilismo com o uso de violência um pouco mais gráfica que o normal combinado a efeitos de sangue; muito mais do que o que foi apresentado em Psicose, por exemplo.

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“Trama Macabra” veio na fase final da carreira de Hitchcock, justamente em seu pior momento

Dessa maneira Frenesi apresenta o famoso gatilho de história do “homem errado no local errado” (utilizado pelo diretor anteriormente nas duas versões do Homem que sabia Demais, 39 Degraus dentre outros) que tanto ajudou a essa ser uma obra bem aceita, ainda que questionada a respeito das cenas de assassinato. Foi com essa confiança tênue que Hitchcock começou seu último trabalho.

Por volta de 1972 o diretor foi atrás dos direitos de adaptação do livro The Rainbird Pattern, romance de Victor Canning lançado no mesmo ano. Ao longo da carreira, o diretor britânico havia se especializado na conversão de romances para um modelo de roteiro cinematográfico; porém, com Trama Macabra o diretor tomou certa liberdade quanto ao tom do enredo. Enquanto a escrita de Canning apresentou um drama familiar sobre uma velha senhora que deseja desesperadamente encontrar seu sobrinho e para isso confia em uma falsa vidente, o roteiro assinado por Ernest Lehman converteu essa deixa em um humor negro.

Isso já foi uma deixa de que o roteirista não tinha muito interesse pelo livro base, visto que anteriormente ele havia negado dirigir uma adaptação desse mesmo material. É notável que a escrita entregue por Lehman oferece situações que parecem caçoar da história guiada pela falsa médium, madame Blanche, e seu namorado George Lumley.

O roteirista Ernest Lehman (à esquerda) e Hitchcock

Em especial, o momento da perseguição de carros (elemento clássico na filmografia de Hitchcock) próximo ao final, que mostra muito pouco da visão de um carro atrás do outro enquanto realizam curvas perigosas em uma estrada no penhasco e muito do interior do veículo, com Blanche realizando tentativas de performance cômicas se jogando de um lado para o outro graças às curvas da estrada.

O processo de escalação para o papel principal também foi bem problemático, o alvo inicial de Hitchcock para o papel de Lumley foi Al Pacino. Porém o ator, muito valorizado por ambos os filmes da saga Poderoso Chefão em 1972 e 1974, havia pedido uma quantia maior do que qualquer outra que o cineasta já havia pago para um protagonista seu em anos anteriores.

Um segundo nome ventilado foi o de Jack Nicholson, novamente um contratempo se abateu pois o ator foi impossibilitado em razão de seu compromisso com as filmagens de Um Estranho no Ninho. Ao final a escolha acabou sendo o muito mais desconhecido, para o grande público Bruce Dern, muito graças a seu salário bem menor. Já o papel de madame Blanche nunca foi muito uma dúvida e Barbara Harris acabou sendo escalada.

Bruce Dern em “Trama Macabra”

A atriz não era uma desconhecida de Hitchcock, em 1961 ela participou de um episódio do seriado Alfred Hitchcock Presents além de em 1964 ter tido uma participação na premiada The Defenders, em um episódio na metade da terceira temporada. Já a trilha sonora contou com a assinatura de John Williams, que mesmo já sendo famoso por seu trabalho em Tubarão um ano antes não entrega algo tão marcante quanto as composições que Bernard Herrmann elaborava com o diretor.

Trama Macabra teve um orçamento modesto de US$ 3 milhões e arrecadou pouco mais de 13 milhões, mesmo que não sendo um fracasso de bilheteria a produção ficou marcada por ter apresentado algo muito abaixo do que se esperava com a marca de Hitchcock. Pessoalmente o cineasta passou por episódios de complicação de saúde durante as filmagens, o que levantou dúvidas se ele aguentaria produzir qualquer coisa após Trama Macabra.

 

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Obra representou não só fim da carreira como o ponto mais profundo atingido pelo cineasta

Poucas filmografias são tão vastas quanto a de Alfred Hitchcock, originando-se no período do cinema mudo dos anos 20 e se aperfeiçoando ao longo das décadas; se adaptando às novas tecnologias de colorização, som e captação de imagem com uma qualidade ímpar. O período em que ele alcançou o auge é apontado como sendo entre os 40 e 60, justamente o espaço que suas obras mais influentes foram lançadas.

No entanto, seu pior momento é justamente a fase final da carreira, no final dos anos 60 e início dos 70. Foi o período que Hitchcock esteve afastado de seus tradicionais colaboradores (por razões de saúde ou desentendimentos), separação que é visível em filmes como Topázio, Cortina Rasgada e Trama Macabra

Quando o realizador chegou à altura do seu último projeto, já na mencionada fase mais negativa da carreira, ele não vinha, entretanto, de um fracasso. Frenesi tinha sido uma experiência diferente de suspenses anteriores de Hitchcock por não só funcionar como um último resgate do estilo narrativo que lhe deu fama mas pela combinação inédita desse estilismo com o uso de violência um pouco mais gráfica que o normal combinado a efeitos de sangue; muito mais do que o que foi apresentado em Psicose, por exemplo.

“Trama Macabra” veio na fase final da carreira de Hitchcock, justamente em seu pior momento

Dessa maneira Frenesi apresenta o famoso gatilho de história do “homem errado no local errado” (utilizado pelo diretor anteriormente nas duas versões do Homem que sabia Demais, 39 Degraus dentre outros) que tanto ajudou a essa ser uma obra bem aceita, ainda que questionada a respeito das cenas de assassinato. Foi com essa confiança tênue que Hitchcock começou seu último trabalho.

Por volta de 1972 o diretor foi atrás dos direitos de adaptação do livro The Rainbird Pattern, romance de Victor Canning lançado no mesmo ano. Ao longo da carreira, o diretor britânico havia se especializado na conversão de romances para um modelo de roteiro cinematográfico; porém, com Trama Macabra o diretor tomou certa liberdade quanto ao tom do enredo. Enquanto a escrita de Canning apresentou um drama familiar sobre uma velha senhora que deseja desesperadamente encontrar seu sobrinho e para isso confia em uma falsa vidente, o roteiro assinado por Ernest Lehman converteu essa deixa em um humor negro.

Isso já foi uma deixa de que o roteirista não tinha muito interesse pelo livro base, visto que anteriormente ele havia negado dirigir uma adaptação desse mesmo material. É notável que a escrita entregue por Lehman oferece situações que parecem caçoar da história guiada pela falsa médium, madame Blanche, e seu namorado George Lumley.

O roteirista Ernest Lehman (à esquerda) e Hitchcock

Em especial, o momento da perseguição de carros (elemento clássico na filmografia de Hitchcock) próximo ao final, que mostra muito pouco da visão de um carro atrás do outro enquanto realizam curvas perigosas em uma estrada no penhasco e muito do interior do veículo, com Blanche realizando tentativas de performance cômicas se jogando de um lado para o outro graças às curvas da estrada.

O processo de escalação para o papel principal também foi bem problemático, o alvo inicial de Hitchcock para o papel de Lumley foi Al Pacino. Porém o ator, muito valorizado por ambos os filmes da saga Poderoso Chefão em 1972 e 1974, havia pedido uma quantia maior do que qualquer outra que o cineasta já havia pago para um protagonista seu em anos anteriores.

Um segundo nome ventilado foi o de Jack Nicholson, novamente um contratempo se abateu pois o ator foi impossibilitado em razão de seu compromisso com as filmagens de Um Estranho no Ninho. Ao final a escolha acabou sendo o muito mais desconhecido, para o grande público Bruce Dern, muito graças a seu salário bem menor. Já o papel de madame Blanche nunca foi muito uma dúvida e Barbara Harris acabou sendo escalada.

Bruce Dern em “Trama Macabra”

A atriz não era uma desconhecida de Hitchcock, em 1961 ela participou de um episódio do seriado Alfred Hitchcock Presents além de em 1964 ter tido uma participação na premiada The Defenders, em um episódio na metade da terceira temporada. Já a trilha sonora contou com a assinatura de John Williams, que mesmo já sendo famoso por seu trabalho em Tubarão um ano antes não entrega algo tão marcante quanto as composições que Bernard Herrmann elaborava com o diretor.

Trama Macabra teve um orçamento modesto de US$ 3 milhões e arrecadou pouco mais de 13 milhões, mesmo que não sendo um fracasso de bilheteria a produção ficou marcada por ter apresentado algo muito abaixo do que se esperava com a marca de Hitchcock. Pessoalmente o cineasta passou por episódios de complicação de saúde durante as filmagens, o que levantou dúvidas se ele aguentaria produzir qualquer coisa após Trama Macabra.

 

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