Altos e baixos são comuns na carreira de qualquer ator, ou qualquer profissional de qualquer área. Quando falamos em artistas do ramo do entretenimento, todos almejam como ápice de trajetória estrelar uma produção cinematográfica e se tornar o novo astro de Hollywood. E de fato, como você pode conferir a seguir, todos os nomes contidos na matéria conquistaram este tão almejado sucesso, ocupando o posto mais alto da cadeia alimentar da maior indústria de cinema do mundo. Porém, quanto mais alto se está, maior pode vir a ser a queda. E a proposta desta nova matéria fala justamente sobre cair em desgraça, mas saber levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima. Nessa matéria dupla, irei abordar as carreiras de algumas atrizes e alguns atores que tiveram uma ascensão meteórica, mas nos últimos anos não têm acertado muito em suas escolhas de projetos, precisando de forma urgente fazer as pazes com o sucesso. Começaremos com as damas. Confira abaixo.
Jessica Chastain
Começamos a lista com a ruiva Jessica Chastain, e é até estranho dizer que uma atriz que acabou de levar o Oscar como protagonista precisa de um sucesso. Acontece que o filme que premiou Chastain, Os Olhos de Tammy Faye, não foi um sucesso de crítica (com 69% de aprovação no Rotten Tomatoes) ou sequer obteve uma boa bilheteira – com menos de US$3 milhões mundiais arrecadados – talvez o filme encontre seu público no streaming. O que isso prova é que Chastain possui prestígio, o que todos já sabiam, afinal a ruiva chegou em Hollywood chutando a porta com filmes como A Árvore da Vida, Histórias Cruzadas e A Hora Mais Escura há uma década, e logo estava em todos os lugares como um dos nomes mais quentes da época. Acontece que há mais ou menos 6 anos, a carreira da atriz parece se dividir entre pretensos blockbusters que se mostram fiascos, vide O Caçador e a Rainha do Gelo, X-Men – Fênix Negra, Ava e o recente As Agentes 355; ou filmes que embora não sejam ruins, não conseguem emplacar junto ao grande público como outros projetos seus do passado, vide Armas na Mesa, O Zoológico de Varsóvia, A Grande Jogada, Uma Mulher Exemplar e It – Capítulo 2.
O que pode ser o ponto de virada: o suspense The Good Nurse, da Netflix, e a aventura The Division, baseada num game de sucesso.
Anne Hathaway
Recentemente, escrevi uma matéria sobre a nossa segunda atriz da lista, fazendo a pergunta: o que aconteceu com sua carreira? Coincidentemente, Anne Hathaway e Jessica Chastain já viram dias melhores e trabalharam juntas no sucesso Interestelar, um dos maiores acertos na carreira de ambas. Hathaway, assim como Chastain, é uma atriz talentosa e já tem sua estatueta do Oscar (por Os Miseráveis), além de guardar inúmeros sucessos em sua filmografia. Mas assim como Chastain também, de uns anos para cá as escolhas de projetos da atriz tem obtido resultados, digamos, duvidosos. Há mais ou menos seis anos também, a filmografia de Hathaway parece dividida em duas categorias: filmes que ninguém viu e filmes que o público assistiu e não gostou. Dentro desta seara se encontram produções como Alice Através do Espelho, Colossal, Oito Mulheres e um Segredo, Calmaria, As Trapaceiras, A Última Coisa que Ele Queria, Convenção das Bruxas e Confinamento. Ou seja, praticamente todos os filmes que fez nestes últimos anos.
O que pode ser o ponto de virada: Armageddon Time, novo de James Gray, e o tão anunciado projeto dos sonhos da atriz, The Lifeboat.
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Jennifer Lawrence
Antes considerada a menina de ouro de Hollywood e uma jovem herdeira de Meryl Streep – com suas duas primeiras indicações ao Oscar (num total de quatro), incluindo a vitória por O Lado Bom da Vida, ocorrendo antes de completar 25 anos de idade -, J-Law anda meio sumida desde que seus últimos lançamentos não foram abraçados por crítica e público como antes. É curioso notar que o ponto de guinada para a maioria destas atrizes na lista ocorreu há mais ou menos 6 anos, em 2016. Tudo bem que a jovem estrela já havia bambeado com Serena em 2014, mas foi a partir de 2016 que não conseguiu mais emplacar um verdadeiro sucesso sequer (de crítica ou público). Nessa fase ruim, J-Law lançou obras como X-Men Apocalipse, Passageiros, Mãe!, Operação Red Sparrow e X-Men – Fênix Negra. Seu último filme, a sátira sobre o negacionismo Não Olhe para Cima, embora não tenha sido um sucesso de crítica, fez bastante barulho, bateu recordes de audiência na Netflix, foi indicado ao Oscar e redimiu um pouco a carreira recente da atriz – porém não é um filme levado apenas com a força de seu nome, e conta com astros como Leonardo DiCaprio e Meryl Streep no elenco.
O que pode ser o ponto de virada: o drama Red, White and Water, e a biografia Bad Blood, novo filme do diretor Adam McKay.
Alicia Vikander
Outra vencedora do Oscar que parece ter sofrido com a “maldição” do prêmio, a sueca Alicia Vikander chegou aos holofotes graças ao drama de época indicado ao Oscar de produção estrangeira O Amante da Rainha. Desde então apareceu em filmes prestigiados e abraçados pelo público, vide Ex-Machina – Instinto Artificial e A Garota Dinamarquesa. A jovem atriz até participou de blockbusters renomados como O Agente da UNCLE e Jason Bourne, que não atingiram muito o esperado. Depois disso, emplacou uma série de filmes que ninguém assistiu de fato, vide A Luz Entre Oceanos, Amor e Tulipas, Euforia e Submersão. A grande volta aos radares ocorreria com o reboot de Tomb Raider, no qual viveria a nova Lara Croft do cinema, substituindo a estrela Angelina Jolie. O filme veio e foi sem que muitos tomassem conhecimento. Sem o barulho esperado, Vikander seguiu para novos projetos obscuros como Pássaro do Oriente, The Glorias, Blue Bayou e Beckett. Um novo Tomb Raider é anunciado e esperamos que desta vez sirva para fazer as pazes da sueca com o sucesso.
O que pode ser o ponto de virada: o terror histórico Firebrand, do nosso conterrâneo Karim Aïnouz (A Vida Invisível); a série cômica Irma Vep; e o anunciado blockbuster Tomb Raider 2.
Marion Cotillard
Continuamos com atrizes europeias, desta vez com a francesa Marion Cotillard, que já foi o nome número 1 de seu país em Hollywood. Após a vitória no Oscar pelo filme francês Piaf – Um Hino ao Amor (2007), Cotillard emplacou um sucesso atrás do outro, com filmes como A Origem, Meia Noite em Paris, Contágio e Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge. É verdade que a francesa sempre gostou de mesclar Hollywood com produções de seu país, como os sucessos Ferrugem e Osso (2012) e Dois Dias, Uma Noite (2014) – pelo qual foi novamente indicada ao Oscar. E este parece ter sido seu último grande sucesso unânime, pois depois disso vieram filmes que ninguém viu ou fracassaram, tanto em Hollywood (Macbeth – Ambição e Guerra, Aliados, Assassin’s Creed e Dolittle) quanto na França (Um Instante de Amor, Rock’n Roll – Por Trás da Fama, Os Fantasmas de Ismael e Meu Anjo). Com Annette, lançado em 2021, ela recuperou um pouco o prestígio junto à crítica e aos cinéfilos, mas falta um grande sucesso de público.
O que pode ser o ponto de virada: a série Extrapolations, que mistura humor e suspense; o drama Lee, com Kate Winslet; e o novo live action francês de Astérix e Obélix.
Lupita Nyong’o
Aqui tocamos num assunto delicado, pois fala claramente do racismo que ainda habita em Hollywood e no mundo de forma geral. O fato é: após a vitória no Oscar por 12 Anos de Escravidão, a bela e talentosa Lupita Nyong’o deveria ter aparecido em todos os lugares, em todos os tipos de filme. Mas não foi bem assim. Tudo bem, ela descolou um papel na nova trilogia de Star Wars, mas enquanto todos esperavam vê-la em cena, ela cedeu apenas sua voz a um personagem digital – que muitos, é claro, nem sabem que é ela. O mesmo ocorreu em Mogli – O Menino Lobo (2016). Seriam nada menos que cinco anos até que o grande público pudesse ver Lupita de novo nas telonas, com o mega sucesso Pantera Negra, da Marvel. O terror Nós (2019), de Jordan Peele, foi um presente para a atriz e a redimiu. Qualquer outra atriz que tivesse recebido tal honraria teria aparecido em trocentos projetos nesse tempo, mas Lupita desde sua vitória no Oscar até hoje fez apenas 6 filmes em que apareça de carne e osso. Triste. O mal que paira sobre a atriz não é o de escolhas ruins de projetos, e sim a falta de ofertas. Em breve, no entanto, ela estará de volta como Nakia para mais um sucesso, assim esperamos, em Pantera Negra – Wakanda para Sempre.
O que pode ser o ponto de virada: o mega blockbuster Pantera Negra: Wakanda Para Sempre, que deverá dar mais destaque para o elenco feminino, incluindo a personagem da atriz, Nakia.
Noomi Rapace
Outra atriz sueca na lista, Noomi Rapace conseguiu destaque em sua carreira ao viver a primeira Lisbeth Salander do cinema, na trilogia Millenium, baseada nos livros de Stieg Larsson: Os Homens que Não Amavam as Mulheres, A Menina que Brincava com Fogo e A Rainha do Castelo do Ar. A relevância de tais obras suecas pelo mundo refletiu em Hollywood, e logo as portas estavam abertas para Rapace – que emplacou em filmes como Sherlock Holmes – O Jogo de Sombras, Prometheus, Paixão, Sem Perdão, A Entrega e Crimes Ocultos. Depois disso, a partir de 2016 (olha o ano “maldito” de novo), a carreira da atriz escorregou para um território B, trazendo filmes do nível de Rupture – Superando o Medo, Conspiração Terrorista, Onde Está Segunda?, Estocolmo, Close e Anjo Meu. Recentemente, Rapace começou a voltar ao trilhos com filmes badalados como The Trip e Lamb.
O que pode ser o ponto de virada: a série de faroeste Django, e o filme de ação Assassin Club.
Naomi Watts
Veterana indicada duas vezes ao Oscar, Naomi Watts coleciona sucessos e obras dirigidas por cineastas renomados, vide O Chamado, King Kong, Cidade dos Sonhos, Senhores do Crime, J. Edgar, O Impossível e Birdman. O azar que tirou a carreira de Watts dos trilhos aconteceu quando ela aceitou participar da malfadada franquia Divergente, com o segundo capítulo Insurgente (2015) – franquia esta que num caso inédito em Hollywood ficou sem sua última parte! O que parecia uma boa decisão, terminou tirando Watts de bons projetos sem que conseguisse voltar. Dali em diante vieram filmes como O Mar de Árvores, Demolição, Meu Nome é Ray, Convergente, Punhos de Sangue, Refém do Medo, O Livro de Henry, Ofélia, Luce, e até mesmo quando tentou emplacar numa série com a Netflix, o resultado foi Gypsy, cancelada na primeira temporada. Esperamos que o remake do terror Boa Noite Mamãe traga novo prestígio para a estrela, afinal sua carreira foi feita graças a um remake de terror: O Chamado.
O que pode ser o ponto de virada: o citado remake de Boa Noite Mamãe; e as novas minisséries de Ryan Murphy – a segunda temporada de Feud e o terror The Watcher.
Keira Knightley
A inglesinha Keira Knightley chamou atenção pela primeira vez com a comédia de futebol Driblando o Destino, de 2002, e daí ganharia o passaporte para uma das maiores franquias da história de Hollywood: a trilogia Piratas do Caribe. A própria já revelou em entrevistas que perdeu sua juventude participando de tais filmes. Para sua carreira deve ter valido à pena, já que se tornou um nome conhecido e uma estrela graças a estas superproduções. Depois seguiram Simplesmente Amor, Rei Arthur e Domino – A Caçadora de Recompensas; além de obras renomadas pela crítica vide Orgulho & Preconceito, Desejo e Reparação, A Duquesa, Um Método Perigoso, Anna Karenina e O Jogo da Imitação. Nesta trajetória, a jovem estrela ainda descolou duas indicações ao Oscar, só está faltando sua vitória. Mais uma vez o fatídico ano de 2016 aparece na lista, trazendo Beleza Oculta no currículo de Knightley, filme com o estapeador Will Smith. Daí seguiram filmes naquele esquema “não vi ou não gostei”, tipo Colette, O Quebra Nozes e os Quatro Reinos, Segredos Oficiais, Consequências, Miss Revolução e A Última Noite. Mas o que a carreira de Keira precisa mesmo é de um sucesso.
O que pode ser o ponto de virada: o terror sobre o caso real do estrangulador de Boston – Boston Strangler.
Paula Patton
Terminamos a lista com uma atriz que muitos perguntarão: “quem?”. Tudo bem, Paula Patton não tem a fama que a maioria da lista possui e realmente nunca levou uma produção de sucesso unicamente com a força de seu nome. Mas isso não significa que a atriz não tenha sua cota de sucessos na carreira e não tenha participado de longas com grandes astros e comandados por nomes de peso na indústria. Por exemplo, ela participou de dois filmes ao lado de Denzel Washington, Déjà Vu e Dose Dupla – o primeiro dirigido por Tony Scott. Fez comédia com Kevin Costner (Promessas de um Cara de Pau), terror com Kiefer Sutherland (Espelhos do Medo), romances voltados ao público negro (Jogada Certa e Pulando a Vassoura) e mostrou que sabe atuar no indicado ao Oscar Preciosa. Porém, o ponto alto da carreira da atriz, muitos dirão, e talvez ela mesma, foi a superprodução Missão Impossível – Protocolo Fantasma, onde viveu a agente Jane lado a lado com Tom Cruise. Mas aí adivinha? O ano de 2016 atingiu também a carreira de Paula Patton. E com ele, fracassos no currículo da atriz, como Zerando a Vida (com Adam Sandler), e o que era para ser um novo fenômeno em seu currículo, Warcraft – O Primeiro Encontro Entre Dois Mundos. Bem, sabemos o resultado deste. Depois disso, Patton puxou o freio de mão e estrelou apenas dois filmes: Traffik – Liberdade Roubada e o infantil Faça um Desejo; além da série cancelada na primeira temporada Somewhere in Between.
O que pode ser o ponto de virada: a série de suspense Sacrifice, sobre uma advogada e seus clientes ricos e famosos.