Nós, os fãs de filmes de terror, estamos felizes da vida pelos lançamentos que temos conferido nos últimos anos, ou melhor dizendo, na última década. Isso porque, anualmente, somos brindados por obras não apenas excelentes dentro da pretensão do estilo, mas também originais por suas propostas únicas e ousadas.
Seja por títulos autorais entregues pela aclamada A24, do horror mais pop e pulsante proporcionado pela Blumhouse Productions, dos espetáculos feitos por grandes companhias como Warner/Universal ou mesmo de novos estúdios que apostam tudo na veia criativa dos seus autores.
E nada melhor que uma sexta-feira 13 para colocar em dia ou relembrar alguns desses excelentes filmes recentes, que felizmente estão disponíveis nas mais variadas plataformas de streamings atuantes no Brasil.
De modo que, dessa vez, deixamos os clássicos de lado para selecionar 15 produções interessantes de terror atual, que foram elogiadas e deram o que falar nos últimos anos, seja pelo público ou pela crítica.
Este surpreendente suspense lançando em 2022 pegou todo mundo no contrapé, quando criou uma história para lá de curiosa e inesperada a cada andamento. No início, o espectador prevê que tudo vai dar em algo que parece óbvio, mas logo isso cai por terra quando o filme começa a contar uma nova história no segundo ato. O final insano onde ambos os contos se conectam faz o público ficar incrédulo com o desfecho deliciosamente bizarro.
Uma jovem descobre que a casa que alugou já está ocupada por um estranho. Contra seu melhor julgamento, ela decide passar a noite, mas logo percebe que há muito mais a temer do que apenas um hóspede inesperado.
Maligno – HBO Max
James Wan já havia criado diversas franquias de horror que fascinaram não apenas pela sua atmosfera obscura, mas também por trazer finais surpreendentes e aterradores. Porém, através do genuíno longa ‘Maligno’, Wan homenageou os aclamados giallos italianos e criou, ao lado da sua esposa, uma trama surreal que é baseada em uma história real, contudo remodelada para entregar uma das criaturas monstruosas mais espetaculares já feitas e um dos finais mais reveladores do cinema recente.
Madison começa a ter sonhos aterrorizantes de pessoas sendo brutalmente assassinadas e acaba descobrindo que, na verdade, são visões dos crimes enquanto acontecem. Aos poucos, ela percebe que esses assassinatos estão conectados a uma entidade do seu passado chamada Gabriel e, para impedir a criatura, Madison precisa investigar de onde ela surgiu e enfrentar seus traumas de infância.
X – A Marca da Morte – Prime Video
O elogiado filme de Ti West, que conquistou os fãs de horror pelo mundo inteiro, é na verdade uma interpretação moderna do clássico ‘O Massacre da Serra Elétrica’ (1974), mas que tem a cara do cinema autoral da atualidade , visto principalmente nas produções lançadas pela A24. Possuindo assim a mesma insanidade, sanguinolência e pegada eletrizante dos títulos oitentistas.
Um grupo de atores se propõe a fazer um filme adulto na zona rural do Texas, sob o nariz de seus anfitriões reclusos. Quando os donos do local pegam seus jovens convidados no ato, o elenco se vê em uma luta desesperada por suas vidas.
‘Fresh‘ segue uma linha onde vemos o tema do canibalismo com alguns tons cômicos, mas dentro do horror. Tudo começa como uma espécie de filme de romance, com uma mulher passando por vários dates errados até conhecer um médico que parece ser um prato cheio.
Contudo, quando ela embarca em um fim de semana a dois em outra cidade, descobre que a tal relação talvez seja mais indigesta do que imaginava, e com direito a alguns acompanhamentos na mesma situação que ela, que são embalados em partes e enviados para clientes com um paladar desumano. Algo que parece ter saído diretamente da deep web e ganhou as telas do Star+ aqui no Brasil.
Hereditário – HBO Max
Ari Aster é ao lado de Robert Eggers (‘O Homem do Norte’) um dos cineastas mais celebrados do terror atual, pois, antes de fazer o hipnotizante e bizarro ‘Midsommar – O Mal Não Espera a Noite’, ele havia entregue o angustiante ‘Hereditário’. Um filme que fala sobre perda, crença e loucura de um modo bastante particular, capaz de incomodar o espectador mais frio, e nesse sentido possui todos os méritos possíveis.
Após a morte da reclusa avó, a família Graham começa a desvendar algumas coisas. Mesmo após a partida da matriarca, ela permanece como se fosse uma sombra sobre a família, especialmente sobre a solitária neta adolescente, Charlie, por quem ela sempre manteve uma fascinação não usual. Com um crescente terror tomando conta da casa, a família explora lugares mais escuros para escapar do infeliz destino que herdaram.
Não é segredo que ‘Terrifier‘ é mais um filme que homenageia os clássicos do trash oitentista, e nisso ele se sai muito bem, com um bom gore, maquiagem de alto nível e um vilão que tem presença e se tornará icônico. E mesmo que traga um elenco medíocre, seja repleto de clichês e não entregue uma história bem construída, você irá se divertir muito com as barbaridades do palhaço Art – assim como também terá pesadelos com ele.
O longa conta a história de um palhaço que, após ser ressuscitado por uma entidade sinistra, retorna ao Condado de Miles, onde tem como alvo uma adolescente e seu irmão mais novos na noite de Halloween. O segundo filme então acabou virando fenômeno e faturando horrores, com o diretor falando que os fãs versão várias continuações da franquia.
Este é um filme que consegue pegar o que há de melhor no cinema do mestre John Carpenter, a trilha sonora assustadora, que causa um suspense aterrador, e o apelo estético séptico irrepreensível que deixa o espectador a procura do que está acontecendo dentro e fora de tela. Porém, para além disso, o diretor David Robert Mitchell traz a frescor do cinema autoral atual e bons atores jovens e sensuais capazes de traduzir exatamente aquilo que o filme busca, com uma trama que tem uma bela sacada em relação a transmissão de vírus ou maldição.
A jovem Jay (Maika Monroe) leva uma vida tranquila entre escola, paqueras e passeios no lago. Após uma transa, o garoto com quem passou a noite explica que ele carregava no corpo uma força maligna, transmissível às pessoas apenas pelo sexo. Enquanto vive o dilema de carregar a sina ou passá-la adiante, a jovem começa a ser perseguida por figuras estranhas que tentam matá-la e não são vistas por mais ninguém.
Esse brutal drama sobrenatural tailandês, do diretor Banjong Pisanthanakun (‘Espíritos – A Morte Está ao seu Lado’), retorna com um found footage que acompanha a xamã de uma vila na Tailândia tendo que lidar com um caso de possessão em sua família. É uma obra aterrorizante, que traz as melhores características do terror oriental e vai te fazer se borrar de medo na hora de dormir.
Uma equipe de documentários tailandesas viaja para a parte nordeste da Tailândia para documentar a vida cotidiana de um médium local, Nim, que é possuído pelo espírito de Bayan, uma divindade local que os aldeões adoram. Bayan é um deus ancestral e possui mulheres na família de Nim há gerações. A última na linha de sucessão foi a irmã de Nim, Noi. No entanto, Noi não queria ser médium e se voltou para o cristianismo. O espírito de Bayan mudou-se para Nim e está com ela desde então. Após a mulher fazer uma revelação horripilante sobre a família de sua irmã, sua sobrinha Mink, começa a exibir comportamentos estranhos.
É preciso dizer que ‘Fortuna Maldita‘ não é um filme perfeito. A ideia do diretor funciona bem até o terço final do longa, onde ele se entrega aos clichês tão conhecidos do terror convencional. Porém, pela tentativa de sair do lugar comum, além de ter criado uma história interessante e fácil de acompanhar, vale demais conferir essa interpretação incomum do estilo.
Na esperança de encontrar respostas para a misteriosa doença do pai, uma jovem visita a velha casa dele e descobre uma verdade terrível sobre seu passado.
Durante séculos passados, a mística das perigosas criaturas conhecidas como bruxas permearam o imaginário popular e foram revisitadas diversas vezes tanto pelo cinema quanto pela televisão. O genial diretor Robert Eggers fornece em ‘A Bruxa’ uma perspectiva nova para o que se tornaria uma das grandes obras dos últimos anos.
O longa é ambientado no século XVI, num vilarejo movido pelo medo e pela inquisição religiosa em que qualquer coisa fora do normal era encarada como satanismo. As coisas ficam ainda mais perigosas quando uma família exilada presencia eventos aterrorizantes na beira de uma floresta, levando-os à loucura e a um massacre brutal.
A nova versão de ‘O Homem Invisível‘ consegue ser o melhor dos dois mundos e fazer gelar a espinha por inserir de forma exata todos os seus sustos como os melhores filmes de terror de shopping. Ao mesmo tempo em que entrega profundidade no que discute, trazendo análise comportamental e grandes personagens que parecem saídos dos chamados filme de arte ou terror de grife.
É certo falar que com o filme, os envolvidos, sejam atores, diretores ou produtores, entregam um de seus melhores trabalhos nas telonas. Super criativo do início ao fim, não apenas pelas ideias de trazer algo possível para essa história, como criar uma metáfora sobre relacionamento tóxico.
A Morte Te Dá Parabéns – Prime Video
Mais uma vez utilizando a ideia do dia da marmota, este slasher cômico foi um dos filmes mais criativos e cativantes do estilo em muito tempo. A atriz Jessica Rothe se firmou como uma das maiores scream queens da atualidade e que conquistou a todos pelo seu enorme carisma. O filme é repleto de bons momentos, sustos bem planejados e sacadas certeiras.
Tree (Rothe) é uma jovem estudante que trata mal os meninos, desdenha das amigas e não parece estar muito disposta a atender as ligações do pai no dia do aniversário dela. No fim do mesmo dia, no entanto, ela é brutalmente assassinada por um mascarado. Acontece que ela “sobrevive”, ou melhor, acorda no mesmo e fatídico dia, numa espécie de looping macabro, que termina sempre com a morte da garota.
Não tem outra palavra senão dizer que ‘Casamento Sangrento‘ é um filme divertido – talvez não exatamente escrachado, mas divertido pelos motivos corretos. Existe uma medida pontual nas cenas hilárias como todas as tomadas que envolvem Emilie ou na própria frase que encerra a produção, sem a necessidade de apelar para momentos engraçados.
Horas após o casamento dos seus sonhos, Grace retorna à casa de campo do novo marido para passar a noite com seus novos sogros. Mas isso não é lua de mel, e Grace logo se vê em uma luta sangrenta pela sobrevivência. Após Grace descobrir no celeiro os cadáveres de outras pessoas que tentaram fazer parte da família, ferida e ensanguentada, o humor se constrói na situação inusitada em que, ao tentar sair do fosso dos corpos, ela crava a mão ferida em um prego, um deleite para os fãs do gore que não tem medo de ser trash.
Boa Noite, Mamãe – Prime Video
O remake de ‘Boa Noite, Mamãe’ feito pela Amazon chega a traduzir muito bem tudo que o longa original europeu fez, agora também com a ótima performance de Naomi Watts. A obra traz todos os signos e dicas do que o final revelador apresentará, e de como muitos temas serão debatidos em meio ao suspense, desde divórcio até uma visão particular do universo feminino.
Uma família vive em uma residência isolada em meio a árvores e plantações de milho. Após dias afastada por conta de cirurgias plásticas, a mãe volta para casa e não é reconhecida pelos filhos gêmeos. As crianças, de nove anos, duvidam que a mulher de rosto coberto seja realmente sua mãe e a partir de então nada será como antes.
Para muita gente, conhecer a família da namorada é um pesadelo. Se você for uma pessoa negra, e a família da namorada toda branca, então, geralmente a coisa tende ir para outro nível. Como se não bastasse, descobrir que os pais do seu amor querem vender seu corpo num leilão escravagista, te obrigando a lutar por sua vida deve ser uma experiência simplesmente surreal.
É seguindo essa linha que o roteiro de ‘Corra!‘ se sustenta. Além, é claro de contar com uma atuação visceral de Daniel Kaluuya e a estreia na direção do hoje espetacular Jordan Peele. Tratar de temas tão delicados como racismo em um filme de terror é uma tarefa complicada de fazer, mas conseguir falar sobre isso de forma quase didática, criticando explicitamente os preconceituosos é algo que poucos conseguiram fazer na história do cinema.