Nós aqui no CinePOP adoramos filmes de terror. Temos certeza que vocês também. Mas vira e mexe pode ocorrer de descobrirmos que aquele filme que adoramos não é exatamente uma produção original, e sim uma refilmagem ou reimaginação de uma obra de outra nacionalidade. Afinal, na Hollywood de hoje quase nada se cria e tudo se copia. Pensando nisso, resolvemos formular uma nova lista para vocês, nossos leitores e razão de ser, contendo apenas refilmagens de obras de terror, que você talvez não conheça, não tenha visto ou talvez sequer saiba se tratar de uma refilmagem. Como sempre, não esqueça de comentar abaixo, dizendo quais suas favoritas, quais ainda não viu e quais mais sente vontade de conhecer.
O Grito (2004)
O Grito faz parte da tendência que se tornou as refilmagens de obras asiáticas de terror nos EUA na década passada, chegando logo no rastro do sucesso O Chamado (2002). Remake de Ju-on (2002), um dos contos de terror mais famosos do Japão. A fórmula dessas refilmagens era pegar uma jovem atriz conhecida, ou em ascensão, e colocá-la como protagonista. Aqui, é Sarah Michelle Gellar, a eterna Buffy, quem sofre no papel principal. A trama é a mesma nos dois filmes, e fala sobre o rancor de espíritos aprisionados em uma casa maligna. O diretor Takashi Shimizu repensa seu próprio filme para outro público, no comando da refilmagem também.
O Olho do Mal (2008)
Uma coisa precisa ser dita: os filmes de terror japoneses são criativos. Aqui, a trama apresenta uma jovem cega, que se depara com uma completa mudança de vida quando recebe transplante de córnea, voltando a enxergar. O que deveria ser o maior momento de alegria em sua vida se transforma em um pesadelo, quando ela percebe aos poucos que seus novos olhos trazem algo mais que a visão. Eles são capazes de ver fantasmas! Gin gwai, no original, é uma coprodução entre Hong Kong e Singapura, de 2002, intitulado por aqui The Eye: A Herança. Na versão americana, a bola da vez é Jessica Alba.
Uma Chamada Perdida (2008)
Já comentamos aqui recentemente sobre este Uma Chamada Perdida, que marca irrisórios 0% de aprovação da imprensa especializada – na matéria sobre os filmes com menos popularidade que o Presidente Temer. Na trama, pessoas começam a receber ligações delas mesmas no futuro, avisando sobre o dia, o local e a hora de sua morte. A versão original é de 2003, dirigida pelo mestre Takashi Miike (Audição e 13 Assassinos). No remake americano, Edward Burns e Shannyn Sossamon são quem lutam para ficarem vivos, e pior, manter suas carreiras.
Ecos do Mal (2008)
Novamente temos o diretor do original no comando da refilmagem também. Yam Laranas, diretor filipino, leva seu conto para o ocidente, neste que é o filme mais desconhecido da lista. O fato de ter Jesse Bradford, ator do time C de Hollywood, como protagonista, só corrobora o argumento. Na trama, um sujeito é constantemente perturbado por atos de violência doméstica em seu prédio, envolvendo um policial abusivo, sua esposa e a pequena filha. A produção filipina original é de 2004, intitulada Sigaw.
Martírio (2015)
Este é um dos casos mais recentes de refilmagem, e uma que incomodou bastante os fãs. Martyrs, no título original, é uma produção francesa de 2008, escrita e dirigida por Pascal Laugier (que depois foi para Hollywood realizar o inexpressivo O Homem das Sombras, 2012, com Jessica Biel). A história mostra duas amigas de infância buscando vingança contra os homens que abusaram delas na infância.
Imagens do Além (2008)
O ano de 2008 ficou marcado pelos inúmeros remakes de produções de terror asiáticas. O resultado da maioria, ou todos, no entanto, ficou bem abaixo do esperado. Depois de O Olho do Mal, Uma Chamada Perdida e Ecos do Mal, chega este Imagens do Além. Assim como Ecos do Mal, Imagens do Além não teve o protagonista mais expressivo, por assim dizer. Joshua Jackson (o eterno Pacey de Dawson´s Creek) é quem comanda o elenco, que conta ainda com australiana Rachel Taylor, a Trish Walker de Jessica Jones. Espíritos – A Morte Está ao Seu Lado (2004) é o filme original, que usa como mote as reportadas imagens de espíritos que aparecem em fotografias.
Pulse (2006)
O Pulse original, de 2001, aproveitava o boom mundial da internet, para criar sua história de terror, apresentando espíritos malignos que tentavam invadir nosso mundo, justamente através da rede universal de informática. O remake, apesar de atrasado para contar esta história, acerta no clima sombrio e depressivo, sem medo de apresentar um dos bad endings mais impressionantes do subgênero. Kristen Bell é quem protagoniza a refilmagem, que possui roteiro do saudoso Wes Craven.
Espelhos do Medo (2008)
Mais um remake de uma obra asiática lançado em 2008. Ao contrário dos demais, Espelhos do Medo usa protagonistas adultos, vide Kieffer Sutherland e Paula Patton. O original, intitulado Espelhos, é uma produção de 2003 e apresenta um ex-policial tentando desvendar o mistério que envolve espelhos e entidades malignas. A refilmagem repete a história e traz o francês Alexandre Aja (Alta Tensão e Viagem Maldita) no comando.
Água Negra (2005)
Esta é uma refilmagem interessante para os brasileiros, pois se trata do primeiro filme estrangeiro dirigido pelo nosso Walter Salles (Central do Brasil e Diários de Motocicleta). A produção japonesa original é de 2002, baseado no livro de Kôji Suziki, e dirigido pelo mesmo Hideo Nakata do sucesso Ringu- O Chamado (1998). O remake conta a mesma história, sobre mãe e filha se mudando para um prédio sinistro, onde estranhos acontecimentos surgem na forma de uma infiltração em seu apartamento. Jennifer Connelly, que havia ganhado o Oscar, é a protagonista.
O Mistério das Duas Irmãs (2009)
Esta é uma refilmagem subestimada. O título em português respeita mais sua contraparte asiática, do que o título original em inglês: The Uninvited, ou “o não convidado”. Emily Browning, em seu primeiro trabalho desde a promissora estreia em Desventuras em Série (2004), realiza uma boa transição para a fase adulta. Essa é também uma das melhores histórias para um filme de terror desta lista, o que inclui a chocante reviravolta final. A versão sul coreana é de 2003 e no Brasil se chamou Medo. Na trama, uma jovem (Browning) retorna para casa após uma temporada num hospital psiquiátrico, lidando com a morte da mãe. Uma vez em casa, ao lado da irmã, as duas começam a desconfiar das intenções da nova madrasta, ex-enfermeira de sua mãe.
Somos o que Somos (2013)
O maior número de refilmagens de terror estrangeiro nos EUA vêm de países asiáticos, já que por lá existe uma verdadeira indústria de produções voltadas ao gênero. Alguns itens raros presentes nesta lista, no entanto, são refilmagens de obras de outras nacionalidades, como é o caso com este Somos lo que hay (2010), filme mexicano de Jorge Michel Grau. Esta refilmagem americana é uma das mais satisfatórias da lista, mesmo subvertendo completamente a história. Na versão mexicana, passada na cidade grande, dois meninos, membros de uma família de canibais, precisam prover para seus entes após a morte do patriarca. No remake, o patriarca é o pilar da família, e suas duas filhas (e não filhos) começam a contestá-lo, num cenário mais rural. A dupla Jim Mickle e Nick Damici (Stake Land e Julho Sangrento) está por trás no roteiro e direção.
Violência Gratuita (2007)
Esta é mais uma refilmagem americana confeccionada pelo mesmo diretor do original. Esta opção até faz sentido, já que se alguém deve levar crédito por melhorar ou acabar com um filme, que seja seu criador. Aqui, é o prestigiado cineasta alemão Michael Haneke (A Professora de Piano, Caché, A Fita Branca e Amor) quem recria sua obra subversiva de 1997, sobre dois jovens sádicos que sequestram uma família em sua casa de campo e começam a jogar com eles, numa brincadeira mortal. Dez anos depois, Haneke alista Naomi Watts como protagonista e prepara uma nova versão para o público, sem o mesmo sucesso.
Quarentena (2008)
O ano de 2008 foi com certeza o dono do maior índice de refilmagens americanas de produções de terror estrangeiras. Este é o sexto item da lista, porém, o primeiro que não é baseado num filme asiático e sim em um espanhol. [Rec] (2007), de Jaume Balagueró e Paco Plaza, conseguiu trazer certa novidade para o subgênero de infecções e zumbis. Contido num prédio, onde uma repórter faz uma matéria sobre bombeiros, o filme se desenrola todo num único ambiente, e de quebra dá sobrevida ao estilo found footage, no qual tudo o que vemos são as filmagens da reportagem, como um documentário falso. A refilmagem americana, intitulada Quarentena, e protagonizada por Jennifer Carpenter (O Exorcismo de Emily Rose), não teve o mesmo impacto, ao ser lançada um ano depois. O interessante é que a série [Rec] foi, a cada filme, apostando em novos elementos e criando assim filmes bem diferentes uns dos outros.
Deixe-me Entrar (2010)
Confesso que esta refilmagem era uma das que mais me dava medo, no pior sentido. Quando de forma despretensiosa consegui assistir ao filme original Deixa Ela Entrar (2008) no cinema, meio sem saber o que esperar, me apaixonei por um dos longas sobre vampiros mais originais do cinema. Esta versão, sueca, é baseada no livro de John Ajvide Lindqvist, e conta com performances certeiras da dupla principal, Kare Hedebrant (Oskar) e principalmente Lina Leandersson (Eli). Mesmo com a substituição no remake americano pela graciosa demais Chloe Grace Moretz, no papel da andrógena Leandersson, a reimaginação não fica devendo nada para o original, sequer no quesito violência explícita e temas polêmicos. Não por menos, diretor desta refilmagem é Matt Reeves (Cloverfield – Monstro), que apenas confirmou seu talento nas produções seguintes que comandou, vide o recente Planeta dos Macacos: A Guerra.
O Chamado (2002)
É impossível pensar em adaptações americanas de obras de terror estrangeiras e não falar de O Chamado. Se nos itens acima tínhamos produções americanas tão boas quanto suas contrapartes, vide Deixe-me Entrar, Somos o que Somos e O Mistério das Duas Irmãs, com O Chamado, a versão americana conseguiu superar seu original japonês. Muito mais dinâmico, com ritmo mais empolgante e cenas de impacto, a versão norte-americana é uma aula de como usar efeitos a favor de seu filme – efeitos visuais geralmente são a morte para filmes de terror. Ringu (1998) pode ter uma boa ideia, mas sua concretização é simplesmente enfadonha demais. A versão dirigida por Gore Verbinski (que tentou repetir o feito sem sucesso este ano com A Cura) e estrelada por Naomi Watts (ela de novo!) é tão boa que é praticamente uma obra-prima do gênero. A prova de que esse raio não pôde ser repetido é que Hideo Nakata, diretor do original, comandou O Chamado 2 (2005), a continuação americana, resultando em um fracasso.