Chega aos cinemas quinta-feira (5) o aguardado “A Culpa é das Estrelas”. O filme é dirigido por Josh Boone (Ligados Pelo Amor) e baseado no livro, de mesmo título, escrito por John Green.
Diagnosticada com câncer, Hazel Grace Lancaster (Shailene Woodley) se mantém viva graças a uma droga experimental. Após passar anos lutando com a doença, a jovem é forçada pelos pais a participar de um grupo de apoio e logo conhece Augustus Waters (Ansel Elgort), um rapaz que vai mudar completamente a sua vida.
A Culpa é das Estrelas mostra as dúvidas e anseios do jovem casal que tem a doença como diferencial em suas vidas. Apesar de tentarem viver da forma mais normal e comum possível, o câncer sempre será um problema que pode trazer sérias consequências. Por isso, é interessante a construção – como a própria Hazel diz em cena – do universo particular criado nas afinidades do casal de protagonistas: Enquanto Gus quer ser lembrado por todos e conquistar o mundo, Hazel conhece as suas limitações e se contenta com as pessoas que estão ao seu redor.
O livro que deu origem ao filme é um representante da literatura chamada “sick lit”, que trata de temas mais depressivos relacionados a jovens. Por isso, o tom melancólico acompanha a trama desde o inicio até o fim (o que pode incomodar muitas pessoas). Porém, o grande diferencial do filme são justamente os personagens bem desenvolvidos e não estereotipados apresentados pela história. Hazel e Gus são dois adolescentes que compartilham um humor cáustico, um desprezo pela convencional e um amor que anda de mãos dadas com a morte.
É quase impossível não se envolver com o drama da jovem Hazel a partir do momento que conhecemos sua história. O elenco dos jovens e veteranos atores está em perfeita sintonia com destaque absoluto para Shailene Woodley em uma atuação marcante e realmente comovente. Ansel Elgort também absorve o carisma do personagem. O diferencial do longa é justamente não focar apenas no romance jovem mas na relação familiar e nas dores e dificuldades da doença para a família. A relação de mãe e filha é abordada de forma convincente e emocionante.
A trilha sonora, que acompanha as cenas, é outro ponto positivo do filme. Podemos ouvir Lykke Li com No One Ever Loved, One Republic com What You Wanted, Birdy com Tee Shirt, Jake Bugg com Simple As This, M83 com Wait, Ed Sheeran com All of the Stars, entre outros.
É interessante como o diretor trabalha com a metáfora implícita dos personagens com relação a morte. O cigarro nunca acesso entre os dentes de August, visto como uma maneira de “controlar a morte”, ilustra bem esse contexto para a busca de uma nova expectação na luta para sobreviver. Outra cena marcante é quando ambos estão visitando a casa de Anne Frank. A gravação da voz de Anne, falando sobre a esperança de um amanhã melhor, acaba por traduzir o sentimento de Hazel naquele exato momento, mesclando a história de pessoas; uma que luta pela sobrevivência outra que lutou pela mesma de maneira diferente.
A Culpa é das Estrelas acaba sendo maior que seu estereótipo de “romance adolescente”, serve como reflexão sobre as surpresas da vida. Uma história muito triste, mas tratada de forma realista com um elenco cativante e uma trama envolvente.