sábado, maio 4, 2024

Berlinale 2023 | Kristen Stewart — a mais jovem presidente do Júri do Festival — diante da descrença de todos

Para celebrar o início da 73ª Berlinale, a presidenta, Kristen Stewart, e os outros seis membros do Júri Internacional participaram de uma coletiva de imprensa na quinta, dia 16 de fevereiro. 

Composto pela atriz Golshifteh Farahani (Irã/França), a diretora e roteirista Valeska Grisebach (Alemanha), a diretora e produtora de elenco Francine Maisler (EUA), o diretor e produtor Johnnie To (Hong Kong, China), o diretor e roteirista Radu Jude (Romênia) e a diretora e roteirista Carla Simón (Espanha), o júri tem o papel de indicar os ganhadores dos Ursos de Ouro e Prata. 

Logo após o anúncio da atriz Kristen Stewart como presidente, o assunto gerou controvérsias entre o meio cinematográfico. Os motivos são por Kristen ser uma atriz jovem e conhecida por filmes populares, como a saga Crepúsculo. Aos 32 anos, a estadunidense tornou-se a pessoa mais jovem a presidir um júri em um festival internacional.

Palavras da Presidenta

Por conta da grande responsabilidade, em sua primeira declaração à imprensa, Kristen afirmou: “I’m kind of shaking“. Ou seja, “Eu estou meio que tremendo”. Em seguida, entretanto, ela se mostrou mais segura do seu desafio.”Estou pronta para ser transformada por todos os filmes e por todas as pessoas ao nosso redor [isto é, o júri]. É para isso que nós estamos aqui.”, disse ela. 

A alfinetada, no entanto, não demorou a chegar. A primeira pergunta da imprensa foi sobre qual o grau de conhecimento do atual cinema mundial e quais filmes recentes são impressionantes para Kristen Stewart e o produtor chinês Johnnie To

Diante da imprensa, Kristen compreendeu a malícia e foi curta e pontual: “Conheço filmes (risos), mas eu não vou ficar citando uma lista de títulos e diretores aqui. Desculpa, não tenho nomes e títulos no meu bolso para você“. Já Johnnie To, com a ajuda da sua intérprete, afirmou: “Acredito que os filmes atuais não são tão bons quantos os que eu assistia antigamente, mas eu espero que eles possam ser melhores no futuro e espero falar deles neste evento”. Cutucada recebida e outra dada para toda a indústria.

O que vale um prêmio? 

Na sequência, Kristen Stewart foi novamente interrogada. O que um filme deve possuir para ganhar o prêmio do festival? Ganhador do Urso de Ouro em 2021, por Má Sorte no Sexo ou Pornô Acidental, Radu Jude respondeu em tom jocoso: “a maioria do juri”. 

Não deixe de assistir:

Piadas à parte, a presidente disse que é impossível simplificar numa declaração a subjetividade da escolha. Ela, no entanto, destacou que mesmo que as pessoas odeiem o filme, temos que estar de mente aberta para reconhecer e aceitar algo novo. “E por isso que existem festivais, não para celebrarmos nós mesmos, mas para reconhecermos que alguém fez algo surpreendente ou realmente difícil de realizar. Mesmo que a gente goste ou não”, afirmou a atriz.  

Política e Cinema

De volta em Berlim depois de 10 anos, Golshifteh Farahani acredita que Berlim é uma cidade importante para discutir o sistema político atual, já que foi a primeira a romper com a guerra fria simbolicamente. Como iraniana, ela disse que sua presença no festival é uma luta pela liberdade da ditadura no Irã e de censura a seus artistas. 

Assim, ela também destacou que estar no festival ajuda a unir as pessoas em discussões sobre filmes e, dessa forma, os problemas em outros países. Segundo Stewart, o trabalho do artista é discutir as coisas horrorosas do mundo, mas de modo a transformá-las em coisas digeríveis na sociedade.

O cinema vai acabar? 

Uma volta e outra esta pergunta se destaca em eventos cinematográficos. Para o produtor chines Johnnie To, o cinema representa todas as partes da sociedade. Quando algum ditador ou governo quer destruir um local, ele destrói o cinema, e outros modos de arte, porque esta é uma linguagem próxima do público. Segundo ele, se as pessoas querem lutar por liberdade, elas devem lutar pelo cinema. 

Por fim, Carla Simón e Kristen Stewart concordaram que o cinema nunca vai acabar porque gostamos de contar histórias uns para os outros. O movimento de storytelling não esgota-se porque somos feitos de histórias. Em resumo, fique conectado para conferir quantas novas histórias o Festival de Berlim tem para nos contar até o dia 26 de fevereiro. 

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Letícia Alassë
Crítica de Cinema desde 2012, jornalista e pesquisadora sobre comunicação, cultura e psicanálise. Mestre em Cultura e Comunicação pela Universidade Paris VIII, na França e membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Nascida no Rio de Janeiro e apaixonada por explorar o mundo tanto geograficamente quanto diante da tela.

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