sábado, maio 25, 2024

Cannes 2024 | Quem são as QUATRO Mulheres entre os 22 Competidores pela Palma de Ouro?

Após o inédito número de candidatas à Palma de Ouro no ano passado — sete no total de 21 filmes — , o Festival de Cannes 2024 deu alguns passos atrás e selecionou apenas quatro diretoras entre os 22 títulos em competição. Neste artigo, o CinePOP destrincha o perfil de cada uma delas e um pouco mais das produções concorrentes.

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Com a vitória de Justine Triet com Anatomia de uma Queda na última edição — apenas a terceira mulher a ganhar o prestigioso prêmio —, e a escolha de Greta Gerwig como presidente do júri, as expectativas eram de, ao menos, um crescente número de participantes femininas em relação ao evento precedente. Este ano, no entanto, elas são menos de 20% do contingente e pouco conhecidas do grande público.

Vai ser difícil competir entre nomes célebres dos homens em disputa como Francis Ford Coppola e David Cronenberg? Venha conhecê-las! 

Saiba mais: Festival de Cannes 2024 | ‘Motel Destino’, do brasilero Karim Aïnouz, Lanthimos, Cronenberg, Coppola competem pela Palma de Ouro

Coralie Fargeat

Sete anos depois do seu primeiro e aclamado filme Vingança (Revenge, 2017) — com 93% de aprovação da crítica no Rotten Tomatoes (RT) —, Carolie Fargeat apresenta seu segundo longa em competição no Festival de Cannes. Assim como no seu primeiro projeto, a parisiense de 48 anos assinou tanto a direção quanto o roteiro de A Substância (The Substance) e estreia na produção. 

Marcado pela atmosfera de surrealidade, violência e cores vibrantes, além da talentosa atriz italiana Matilda Lutz (Camaleões), Vingança é um daqueles primeiros filmes arrebatadores. Antes disso, Carolie Fargeat tinha apenas realizado dois curtas-metragens: Le télégramme (2003) e Reality+ (2014). Entre os dois filmes, ela dirigiu um dos episódios do seriado Sandman (2022) e suas obras têm como tema o horror corporal e delirante. 

Cena de The Substance, de Coralie Fargeat

Protagonizado por Demi Moore (Feud) e Margaret Qualley (Pobres Criaturas), A Substância é uma coprodução entre França, EUA e Reino Unido. Em seu teaser de apresentação, ele nos provoca como uma propaganda: “Você já sonhou com uma versão melhor de si mesmo(a)? Com A Substância, você pode gerar outra versão de você, mais jovem, mais bonita, mais perfeita… Fácil, não é? Se você seguir as instruções, o que pode dar errado?” Este é um promissor body horror com ares do ganhador da Palma de Ouro Titane (2021), de Julia Ducournau

Payal Kapadia

Não deixe de assistir:

Nascida em Mumbai e formada em direção pelo Instituto da Índia de Filme e Televisão (FTII), Payal Kapadia faz história como a primeira mulher do seu país a entrar na Seleção Competitiva de Cannes e o primeiro filme indiano em 40 anos na disputa pela Palma de Ouro. Antes dela, o último título foi Garm Hava (1974), de  M.S. Sathyu; e o único ganhador da maior honraria do festival é Neecha Nagar (1946), de Chetan Anand

Seu primeiro longa documental em formato experimental, Uma Noite Sem Saber Nada (A Night of Knowing Nothing, 2021) foi bastante elogiado — com 96% de aprovação no RT — por transformar uma carta de amor em um documento político sobre o retrato da juventude desencantada e a ameaça da democracia na Índia. Agora Payal Kapadia atravessa para o lado da ficção com o Tudo o que Imaginamos como Luz (All We Imagine As Light), no qual segue Prabha (Kani Kusruti) e sua jovem colega de quarto (Divya Prabha). 

Cena de All We Imagine as Light, de Payal Kapadia

Em Mumbai, Prabha vê a sua rotina perturbada quando recebe um inesperado presente do seu marido que mora no exterior. Já Anu tenta, sem sucesso, encontrar um lugar na cidade para transar com o namorado. Uma viagem a uma aldeia costeira oferece às duas mulheres um espaço onde os seus desejos podem finalmente manifestar-se. 

Agathe Riedinger

Assim como a senegalesa Ramata-Toulaye Sy (Banel & Adama) no passado ganhou a confiança do festival para exibir seu primeiro filme logo em competição pela Palma de Ouro, esta edição dá a mesma oportunidade para estreante diretora francesa Agathe Riedinger com o título Diamante Bruto (Diamant Brut). Antes da nomeação deste ano, a estreante já tinha lançado dois curtas-metragens: Esperando por Júpiter (J’attends Jupiter, 2018) — na qual a história deste primeiro longa é baseada — e Eve (2019), além de clipes musicais.

Em Diamante Bruto, Liane (Malou Khebizi), de 19 anos, vive com a mãe (Andréa Bescond) e a irmã mais nova (Ashley Romano) em Fréjus, uma comuna francesa situada na região de Côte d’Azur. Obcecada pela beleza e pela necessidade de reconhecimento, vê nos reality shows uma oportunidade de ser amada. O seu destino muda quando passa no casting para o popular programa de TV ‘Miracle Island’.

Cena de Diamante Bruto, de Agathe Riedinger

Quando anunciado na seleção, Thierry Frémaux disse que o filme: “é extremamente contemporâneo, extremamente moderno e por isso decidimos convidá-la para a competição, porque achámos que este filme tinha a força para garantir que Cannes continua a ser também uma terra de descobertas”. Vamos todos juntos descobri-lo.

Andrea Arnold 

Diferente das suas companheiras apresentadas acima, Andrea Arnold é uma veterana do Festival de Cannes. Ela arrebatou três vezes o Prêmio do Júri, isto é, o terceiro lugar na competição com Marcas da Vida (Red Road, 2006), Aquário (Fish Tank, 2009) e Docinho da América (American Honey, 2016). Será que chegou a hora de levar a Palma de Ouro? 

Além dos prêmios em Cannes, a diretora britânica também tem um Oscar na estante pelo curta-metragem Wasp (2003), de 26 minutos, disponível no MUBI Brasil (veja aqui). A plataforma também disponibiliza o fascinante documentário Cow (2021), apresentado em Sessão Especial no Festival de Cannes três anos atrás (clique e veja no MUBI Brasil). 

Barry Keoghan é destaque no filme Bird, de Andrea Arnold

Conhecida por explorar temáticas sociais de personagens de baixa renda, a diretora de 63 anos trata suas obras com realismo social de forma nua e crua. Bird parece percorrer este mesmo caminho. Em sua sinopse, a obra apresenta Bailey (Nykiya Adams), de 12 anos, que mora com seu irmão Hunter (Jason Buda) e seu pai Bug (Barry Keoghan). O pai os criou sozinho em uma ocupação no norte de Kent, condado situado no sudeste da Inglaterra. Ao se aproximar da puberdade, Bayle busca atenção e aventura em outro lugar.

Gostou de conhecê-las? A baixa quantidade de mulheres em competição também estra presente na mostra Um Certo Olhar, dedicada às primeiras e segundas obras de diretores. Este ano, ela conta cinco mulheres entre os 18 selecionados, são elas:  

Louise Courvoisier, com Vinte Deuses (Vingt Dieux !)
Laetitia Dosch, com o O Julgamento do Cachorro (Le Procès Du Chien)
Ariane Labed, com Setembro Diz (September Says)
Céline Sallette, com Niki
Sandhya Suri, com Santosh

Acompanhe o CinePOP para saber tudo que rola no 77° Festival de Cannes, de 14 a 25 de maio de 2024.

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Letícia Alassë
Crítica de Cinema desde 2012, jornalista e pesquisadora sobre comunicação, cultura e psicanálise. Mestre em Cultura e Comunicação pela Universidade Paris VIII, na França e membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Nascida no Rio de Janeiro e apaixonada por explorar o mundo tanto geograficamente quanto diante da tela.

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