‘Cavaleiro da Lua’ | Quarto episódio abraça a loucura em episódio INSANO

[ANTES DE COMEÇAR A MATÉRIA, FIQUE CIENTE QUE ELA ESTÁ RECHEADA DE SPOILERS] 

Se você ainda não assistiu aos  quatro primeiros episódios de Cavaleiro da Lua, evite esta matéria, pois ela contém spoilers.

Faltando apenas dois episódios para o fim, a série do Cavaleiro da Lua chegou ao seu quarto capítulo com uma grande reviravolta na trama, encaminhando o destino de uma personagem e praticamente confirmando o surgimento de uma nova personalidade, que a gente já suspeitava desde a última semana. Além disso, temos o primeiro vislumbre de um Deus Egípcio com seu visual tradicional e momentos saídos diretamente dos quadrinhos.

O episódio começa com Steven Grant (Oscar Isaac) e Lyla (May Calamawy) fugindo dos capangas de Arthur Harrow no Egito, enquanto o vilão segue buscando a tumba de Ammit. Além do figurino todo branco de Steven, que ocupa o espaço do uniforme do Cavaleiro da Lua, enquanto Khonshu segue preso, a maior referência dessa etapa inicial é a confirmação da origem de Layla, que definitivamente é a versão cinematográfica da Marlene, interesse amoroso do anti-herói nos quadrinhos. Ao afirmar que Marc Spector estava no grupo de mercenários que matou o pai da moça, a série dá a entender que Raoul Bushman, arqui-inimigo do protagonista, existe nesse universo e pode ser que faça uma ponta nesses episódios finais.

Essa aqui pode não ser nada, mas também pode ser uma referência bem sutil ao deus Quenúbis. É a segunda vez na série, a primeira foi no segundo episódio, em que um bode tem certo destaque. No panteão egípcio, Quenúbis, o modelador, era um deus com corpo humano e cabeça de bode. Ele era o Deus que moldava o corpo e parte da alma dos seres humanos, além de forjar alguns dos principais deuses dessa crença. Ele também representava o início da noite com o pôr do sol. Como eu disse, pode ser que seja apenas uma coincidência, mas com essa ligação entre o anoitecer é um herói conhecido por proteger os viajantes noturnos, pode ser que venha uma participação especial até o fim da série.

Na tumba de Ammit, os protagonistas encontram uma mesa de mumificação sendo utilizada em pleno século XXI. Isso é impressionante porque mesmo com toda a tecnologia que temos hoje e todo o trabalho de pesquisa dos últimos anos, o processo de mumificação segue um mistério para a humanidade. Não foram encontradas “receitas” dessa conservação mortuária até hoje. Mas sabe-se, por exemplo, que alguns dos órgãos eram retirados com um gancho pelo nariz e guardados em vasinhos para que fizessem a passagem para o outro mundo sem apodrecer. Por mais macabro que seja esse momento, em que a série adota uma pegada mais de terror, é interessantíssimo ver esse processo sendo abordado na produção.

Fora isso, eles são perseguidos por feiticeiros da antiguidade “revividos”. A existência de magia na antiguidade vai de encontro ao que foi estabelecido no núcleo do Doutor Estranho e pode ser que voltem a ser referenciados em outros projetos da Marvel, ainda mais agora que teremos o Doutor Estranho no Multiverso da Loucura e o viajante temporal Kang (Jonathan Majors) vindo como vilão por aí.

Falando em Kang, ele já enfrentou ninguém menos que Alexandre, o Grande, nos quadrinhos. Ele também teve um passado como faraó no Egito e pode ser que vejamos algo do tipo nos filmes que vêm por aí. Neste episódio, além do processo de mumificação, outro tesouro egípcio raro é mostrado com muito orgulho: a tumba de Alexandre, o Grande. Como ela nunca foi encontrada, o povo egípcio apenas imagina como ela seja. Eu tive a oportunidade de ir a Alexandria e a descrição das pessoas da região sobre como seria a lendária tumba do conquistador era simplesmente encantadora.

Na série, ela é retratada como um lugar enorme, repleto de ouro e com um sarcófago imponente. Além disso, eles atribuem ao conquistador o papel de avatar de Ammit, o que explicaria suas conquistas e sucesso na guerra, já que teria os poderes do “bicho-papão” e supostamente teria perecido junto à entidade, já que sua estátua foi escondida dentro de seu próprio corpo. Isso, inclusive, explicaria porque seu túmulo nunca foi encontrado. É uma mistura de ficção com história que é muito bem-vinda. Ah, vale lembrar que Alexandre, o Grande, alegava ser descendente de Zeus, que apareceu ontem mesmo no teaser de Thor: Amor & Trovão. Acho pouco provável que vejamos essa ligação, mas nunca se sabe.

Depois de ser baleado no peito, Marc cai aparentemente morto e acorda assistindo a uma fita VHS ao melhor estilo Indiana Jones, chamada Tomb Buster, também referenciando os jogos da Lara Croft, Tomb Raider.

O aventureiro do filme se chama Steven Grant e logo é revelado que o protagonista está em um sanatório todo branco e repleto de referência egípcias em sua arquitetura. Esse momento é fenomenal porque a série tenta fazer o público acreditar que todas as aventuras do protagonista até ali não passaram de alucinações de Marc Spector.

Ao longo dessa sequência, podemos ver cartões-postais dos lugares por onde ele passou, os amigos do trabalho de Steven, a estátua-viva com quem ele conversa, os guardas falsos que o levaram a Arthur Harrow, Khonshu, seu peixinho dourado, a Layla e o próprio Arthur Harrow (Ethan Hawke), que encarna sua persona dos quadrinhos e interpreta um médico. No entanto, como dá para ver, seu lado vilão está logo ao lado, numa cela escondida que revela apenas as sandálias que ele usa na primeira cena da série.

Vale lembrar também que o Cavaleiro da Lua tem uma fase nas HQs em que vira produtor de Hollywood e adapta sua própria história para as telas. É um easter egg bem legal dar a entender que Steven Grant tem uma contraparte nos cinemas que se inspira em Marc Spector.

Toda essa insanidade vem direto dos quadrinhos, da fase de 2016 do personagem, na qual Ammit manipula o Cavaleiro da Lua para fazê-lo pensar que é um paciente em tratamento na ala psiquiátrica de um hospital montado em Heliópolis, o lar dos deuses egípcios. E assim como na série, a forma que ele encontra para escapar disso é se entendendo com todas as suas personalidades.

Outra referência maravilhosa são as personalidades do protagonista estarem presas em sarcófagos. Isso foi mostrado na fase atual dos quadrinhos do Cavaleiro da Lua e até mesmo por ser tão recente, não era esperado que já fosse mostrado na série. De qualquer forma, Steven e Marc se reencontram e se assustam com um sarcófago fechado. A série já deu indícios dessa terceira personalidade do protagonista, que seria Jake Lockley, e tudo indica que ela será enfim revelada e assumida no penúltimo episódio.

Por fim, o episódio traz o primeiro visual divino egípcio com a presença da deusa Tuéris, que já havia aparecido brevemente como os bichinhos de pelúcia que Steven guardava na lojinha do museu. Protetora das mulheres, Tuéris ou Tauerete é constantemente encontrada em talismãs. É mesmo sendo associada a partos e à fertilidade, ela também era símbolo de proteção contra inimigos e de luz na escuridão. Provavelmente foi a primeira deusa egípcia da guerra divina que deve se estabelecer nesses dois últimos episódios. Da mesma forma, é muito provável que ela esteja envolvida na sobrevivência de Marc aos tiros de Arthur Harrow.

Com a reta final definida, parece que enquanto Jake Lockley não for aceito, Marc e Steven não vão sair do sanatório. Por outro lado, Arthur Harrow chegou ao túmulo de Ammit e deve liberar a entidade já no próximo episódio. Faltando apenas dois episódios para o fim, Cavaleiro da Lua já se consolida como uma das melhores séries do MCU até o momento. Agora é esperar que esses capítulos que faltam mantenham o alto nível.

Os novos episódios de Cavaleiro da Lua estreiam toda quarta no Disney+.

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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