sábado , 22 fevereiro , 2025
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A Árvore da Vida

 

Hollywood é a maneira genérica que a mídia encontrou para taxar o cinema feito nos Estados Unidos. Obviamente existem outros polos cinematográficos no país e nem todos os filmes se tratam de Blockbusters, mas ainda assim a associação é inevitável – pensou cinema norte-americano, pensou em Hollywood.
Em “A Árvore da Vida”, o diretor e roteirista Terrence Malick faz um trabalho tão não ortodoxo que mesmo sabendo da pluralidade da produção estadunidense é difícil chamá-lo de hollywoodiano.

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Muito similar aos trabalhos recentes de Lars Von Trier, “A Árvore da Vida” se inicia com uma série de imagens de uma plasticidade invejável acompanhada de uma trilha sonora composta por grandes obras clássicas (são 37 peças ao todo), uma constante durante todo o filme. A sucessão de imagens desconexas busca uma espécie de efeito não narrativo: elas no máximo insinuam, muito mais do que contam. São momentos felizes de uma típica família americana vivendo no típico subúrbio norte-americano das casinhas de cerca branca na década de 1950 mesclados a cenas do que seria a evolução do planeta desde o Big Bang passando pelos dinossauros.

Malick convida o espectador para uma viagem através de sua câmera privilegiada que retrata da mesma maneira intimista o drama familiar e as explosões cósmicas. É inegável a qualidade e o impacto causado pela mesma em grande parte devido à fotografia de Emmanuel Lubezki.

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É difícil fazer uma sinopse do longa, uma vez que fica claro desde os primeiras sequências que a intenção do diretor é descrever “A Vida”, em todas as nuances, detalhes e subjetividade. Em seus momentos mais narrativos, “A Árvore da Vida” fala das relações conturbadas dentro da família suburbana – o único indício de que se trata de filme um made in USA – a morte de um dos membros, o nascimento dos filhos, a criação rígida do pai (Brad Pitt) etc. Na outra ponta da história, já no presente, Sean Penn, como Jack, é um dos filhos do casal que em meio a uma aparente crise de meia-idade pondera sobre a vida e a forma como lida com a morte.

Embora as atuações sejam consistentes, inclusive o elenco-mirim, o roteiro – escrito pelo próprio Malick –, com sua falta de um direcionamento prejudica o andamento do longa.

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Em seu pretensioso intento, Malick cria uma obra bastante hermética e um tanto quanto excessiva. Esquecendo talvez de uma das grandes qualidades do cinema de seu país – mesmo naqueles filmes mais autorais –, o diretor opta por excluir a narratividade em favor da plasticidade e ao longo das mais de duas horas de projeção a constante abstração se torna maçante. “A Árvore da Vida” não vai a lugar nenhum, não diz nada, é apenas um experimento cinematográfico sobre sensações, sentimentos e a condição humana.

Como reflexão sobre a existência talvez seja válido, mas como filme é sofrível.

 

 

Crítica por: José Messias

 

 

A Árvore da Vida

 

Filosofia e religião. Altruísmo e perdão. Alicerçado nesses quatro dogmas do ser humano, Terrence Malick ressurge com um filme surpreendentemente belo e reflexivo que nos da a sensação de que duas horas e vinte dentro do cinema passam voando.
Depois do fiasco de bilheteria de seu último longa, o pretensioso Novo Mundo, de 2005, Malick finalmente parece ter feito as pazes consigo mesmo e se calçou num tema aparentemente simples para, dentro do seu singelo estilo peculiar, se encaixar perfeitamente com sua direção magistral e, claro, com suas famosas marcas registradas: solilóquios, 90% de externas e takes precisos da natureza.

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Num tom nostálgico, a história se passa no núcleo de uma família de classe média americana da década de 50 com foco na relação de um pai (Brad Pitt) com seu filho mais velho (Sean Penn, na fase adulta). Na trama, digamos assim, essa relação é desconstruída de forma que podemos ver o seu antes, o durante e o depois. Do Big Bang até o fim dos tempos.

Com uma escassez de diálogos que, quando são ditos, aparecem apenas para pontuar ou salientar uma situação já pré-estabelecida apenas com imagens, o longa é de uma beleza ímpar e com interpretações dignas de reverências. Pitt e Penn estão tirando de letra – com destaque maior para o primeiro. Jessica Chastain, que interpreta a mãe, e os atores mirins que fazem os filhos do casal estão excelentes.
Malick consegue com essa Ávore da Vida (Tree of Life) nos sensibilizar nos levando a questionar com esmero os detalhes de cada ação nossa, seja ela física ou emocional, e sua reverberação que disseca nossa fragilidade como seres humanos.

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A Árvore da Vida aproxima o foco na relação entre pai e filho de uma família comum, e expande a ótica desta rica relação, ao longo dos séculos, desde o Big Bang até o fim dos tempos, em uma fabulosa viagem pela história da vida e seus mistérios, que culmina na busca pelo amor altruísta e o perdão.

 

 

 

A Árvore da Vida

 

O ganhador da Palma de Ouro em Cannes, chega aos cinemas brasileiros e se alia à boa fase de estreias. Árvore da Vida mostra o início, a criação do mundo e em paralelo (uma analogia) a criação dos filhos. Com Brad Pitt Sean Penn no elenco, o longa de Terrence Malick explora alguns dos recursos utilizados pelo diretor, em seu último longa O Novo Mundo e de cineastas como Eisenstein, para contar sua história.
A começar pela narrativa, que apesar de fragmentada é linear. A história da família, contada através de imagens (de sua formação e da criação do mundo: como o Big Bang, dinossauros, vulcões…), offs do casal O’Brien e de seus filhos (sussurros, depoimentos, pensamentos e diálogos), fragmentos de acontecimentos na família e ações sem palavras.

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O filme inicia com belas imagens apocalípticas, com um telefonema. A mãe recebe uma notícia ruim, logo depois o quadro é do pai, Sr. O’Brien (Brad Pitt) atendendo um telefonema. A notícia também é ruim. Entende-se que é Sra. O’brien telefonando para o marido, e dando a notícia da morte do filho. E é assim que o longa funciona. Nada é explicado, apenas mostrado, como um quebra-cabeça, os espectadores ligam as imagens às ações e aí a história é contada.

E é à partir desta morte, que Malick, utilizando o recurso do flashback, narra a história da criação dos filhos, neste caso, a família O’Brien. Para os que viram Novo Mundo, de mesmo diretor, devem se lembrar das narrações em off e depoimentos, enquanto a imagem visualizada era outra. Como por exemplo, John falando sobre Pocahontas (com voz em off) e a imagem dela nos campos. Pois este recurso faz parte também desta narrativa, aprimorada. Além das narrativas, os fragmentos. São eles que, mesmo que rápidos e diretos, mostram aos espectadores o caráter de cada personagem. Em momentos decisivos.

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Nos depoimentos, também pode-se perceber diferenças nos pensamentos, enquanto o pai tem um discurso de ensinamentos aos filhos , que se baseiam na formação deles e são profundamente rígidas, típicas de um pai tentando ensinar e configurar uma hombridade aos filhos; a mãe é mais delicada, e exibe um discurso esperançoso e amoroso (como ensinando aos filhos a amarem os próximos); já o filho mais velho, o rebelde, afirma o repúdio ao pai (rigoroso com ele) e sua revolta contra a família, suas dúvidas quanto à formação imposta pelo pai. No futuro, Jack (Sean Penn) continua com suas contestações e tenta entender como os pais conseguiram viver após a perda do primogênito.

Tudo isso, intercalado com takes do planeta terra em sua formação. Malick utiliza também o recurso da dialética na montagem de seu filme, onde as imagens sobrepostas às sequências de ações (com ou sem diálogos) proporcionam aos espectadores o poder da tese, antítese e síntese. E que se somada às imagens e sequências fragmentadas, bastam para a narrativa; é assim que o diretor se comunica com seus espectadores.

As atuações também adicionam ao longa qualidade. Brad Pitt mais uma vez interpretando um pai de família, faz com que os espectadores se esqueçam que um dia ele já foi um galã. O pai, sempre rigoroso e com ensinamentos rígidos e brutos; causando nos filhos revolta e ódio a ele. Mesmo com estas características, Pitt, conseguiu adicionar à interpretação cuidado com o personagem, causando nos espectadores empatia. Pois quem é pai, deve saber que se deve ter cuidados na criação. Mesmo ríspido, seco e violento (por vezes); pode-se perceber que isto faz parte da educação e que ao mesmo tempo ele os ama muito. Diretor e ator conseguiram imprimir tal preocupação.

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Já a mãe é a parte frágil, e dúbia. O porto seguro dos filhos e a intermediária entre eles e o pai. Os filhos a todo tempo mostram suas dúvidas e medos. Que são consolados pela rispidez do pai e proteção da mãe. Sean Penn, o filho do meio, mesmo adulto, imprime os medos que quando jovem assolavam seus pensamentos e a falta do irmão.

Para alguns espectadores, Árvore da Vida pode parecer monótomo e incompreensível; mas para os acostumados com o cinema europeu e fascinados pela técnica de montagem terão uma bela experiência com esta preciosidade cinematográfica. Uma viagem à criação do mundo e dos filhos, realizado de forma poética e cruel.

Crítica por: Thais Nepomuceno (Blog)

 

 

A Árvore da Vida

 

O hypado diretor Terrence Malick estreou em Cannes o seu (apenas) quinto longa, em mais de três décadas de carreira. Conhecido pelas excentricidades, por ser antissocial e genioso, não compareceu ao festival, que mesmo assim não deixou de agraciá-lo com a Palma de Ouro. Mas desta vez o diretor não foi unanimidade. Agraciado fervorosamente por uns e depredado por outros, levou o prêmio na base da polêmica.
Ou talvez pelo medo do júri em dizer que o filme é simplesmente ininteligível. Sim, porque é de duvidar que todos tenham entendido a mensagem.

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Feito para poucos, frustará aqueles que irão ao cinema por se tratar de um filme com Brad Pitt. Estes sairão logo no início da sessão. Talvez felizmente, porque são os primeiros trinta minutos os melhores do filme. É quando Malick explora imagens em alusão ao Big Bang e ao paraíso ou à dor dos pais pela perda de um filho.

Os pais, no caso, são interpretados por Brad Pitt e Jessica Chastain. Jessica é uma revelação, além de ser dona de uma beleza ímpar. Pitt é regular, como um pai extremamente autoritário, que dá aos filhos uma educação calcada em dois princípios: o religioso e o machista. Sua mulher e seus filhos têm para com ele uma relação de submissão, que beira a humilhação, nos padrões de um império do medo. Assim, os filhos têm no aconchego da mãe (e só durante a ausência do pai) a sua válvula de escape.

Além deste tempo e da atemporalidade das imagens abstratas, acompanhamos, por mais que infimamente, um dos filhos do casal, já mais velho, vivido por Sean Penn, ainda tentando cicatrizar as feridas do passado. O que pode frustrar a maioria é que os três tempos não tem, na verdade, amarras. São independentes entre si e podem ser interpretadas ao gosto do espectador. Isto pode ser bom, para quem não se incomode com o fato.

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A cinematografia do sublime, dotado de um experimentalismo calculado e as visões apocalípticas plásticas e conceituais são o grande trunfo do longa. Um espetáculo que só poderá ser realmente apreciado numa (boa) sala de cinema. A câmera, nas sequências que acompanham a família, é completamente livre, quase desgovernada e o que impressiona é que nem por isso são menos belas.

Confesso que pelo menos através destas cenas pude sentir – mais do que refletir sobre – esta angústia dos pais. Pensando assim, tive uma ótima experiência sensitiva. Não tão impactante quanto o Koyaanisqatsi de Godfrey Regio, mas ainda assim válida. Só agradeceria se uns tais sussuros fossem retirados, pois os mesmos têm o efeito de um arranhar de quadronegro, com umas unhas bem compridas. E, apesar de ser a favor de histórias abertas, desta vez eu senti falta de uma explicação. Com um espírito filosófico talvez eu pudesse encontrar a mesma.

O diretor de fotografia Émmanuel Lubezki declarou à Cahiers du Cinema que a versão em blu-ray pode trazer um corte do diretor, com seis horas de duração. Isso porque Malick tinha inicialmente oito horas de filmagens nas mãos e teve que cortar seis delas para a versão dos cinemas. Com elas foi-se também a história do personagem de Sean Penn, que originalmente teria a mesma atenção que a do personagem de Brad Pitt, mas que no fim ficou com cerca de dez minutos. Das duas uma: ou as partes que faltaram para entender qual era a intenção do diretor estarão nesta nova versão ou confirmar-se-á que o projeto não tem realmente um nexo. Agora é pensar se ainda valerá a pena pagar para tirar a prova.
 

 

Crítica por: Fred Burle (Blog)

 

 

A Árvore

 

 

Sinopse: Dawn perde seu marido repentinamente, por causa de um ataque cardíaco, e tem de cuidar sozinha dos filhos. Simone, a única menina na família, acredita que o espírito do pai agora habita a árvore que fica na frente da casa deles.

A produção franco-australiana A Árvore (The Tree) tinha tudo para passar despercebida pelos olhos do público, mas dois fatores concederam ao filme certo destaque. A presença de Charlotte Gainsbourg (Anticristo) encabeçando o elenco por si só já é um atrativo, mas o longa também foi muito bem cotado durante sua passagem pela Mostra de Cinema de São Paulo.

Todo esse alarde em torno do título pareceu, pelo menos para esse crítico, descabido. O filme realmente tem suas qualidades, mas é mediano, em geral. É esperado que uma produção que ganha tanta falação positiva durante um dos festivais de cinema mais conceituados do Brasil seja realmente uma obra singular – o que não é o caso.

A Árvore merece elogios pela forma como sua história é conduzida, como somos convidados a ver a dinâmica de uma família que tem de mudar muito de sua rotina por causa de uma tragédia repentina. Entretanto, o enredo desenvolve-se e termina sem grandes sobressaltos, sem emoção à flor da pele.

Outro ponto positivo do filme está na ambiguidade que permeia a questão central de sua história. Se a árvore realmente abriga o espírito do finado esposo/pai não parece importar, mas não há como negar que indícios de que isso tenha acontecido não faltam. O que é mais interessante nesse sentido é a forma como esse aspecto mágico consegue encaixar-se com perfeição em um roteiro que, no demais, é bem realista.

 

 

 

Crítica por: Edu Fernandes (CineDude)

 

 

Articulador

 

 

Não deixa de ser estranho, e até mesmo agradável, o fato de uma fita pequena e pouco famosa como “O Articulador” estreiar em diversas salas do Brasil antes mesmo de ter uma data marcada para chegar às salas norte-americanas.

O motivo, provavelmente, é um só: Al Pacino. Muito admirado por estas terras ao sul do Equador, o ator é capaz de levar milhares de brasileiros aos cinemas simplesmente porque seu nome aparece nos créditos (casos semelhantes ocorrem por aqui com Robert de Niro, que, assim como Pacino, já não funciona mais como chamariz de bilheteria nos EUA, infelizmente…).

A pergunta é: o que seria de “O Articulador” sem a presença de um grande astro no elenco ? A resposta mais óbvia seria um “nada”, já que, sem Pacino, esta pequena produção ficaria restrita ao “circuito de arte” e sumiria das poucas salas num curto espaço de tempo. O fato dela também não ter nenhuma grande sacada que possa justificar um maior interesse por parte do público só complica sua situação.

“O Articulador” conta a história de um relações públicas chamado Eli Wurman (Pacino), que cuida da carreira de alguns astros da TV e do cinema, e que ainda arranja tempo para promover eventos beneficientes em Nova York. À pedido de seu maior cliente, o famoso ator Cary Launer (vivido por Ryan O’Neil), Eli vai até uma cadeia pagar a fiança de uma atriz de TV que acabou de chegar à Big Apple (Jili, interpretada por Tea Leoni.).

Eli então leva a moça para um hotel, e, num convite dela, os dois acabam abusando das drogas. Deitado na banheira e completamente chapado, Eli vê um homem se aproximar da jovem atriz para matá-la, mas ele não se levanta, já que seu estado naquele momento o impede sequer de distinguir a realidade de alucinações.

No dia seguinte, Eli sai do hotel sem perceber que Jilli estava morta, e acaba se envolvendo numa conspiração que envolve diversos setores da alta sociedade nova-iorquina, tendo como pano-de-fundo a campanha política que pretende lançar Cary Launer ao Senado.

“O Articulador” equilibra o drama pesado e extremamente cansativo do personagem com o thriller (nunca menos do que interessante) dos acontecimentos em que ele se envolveu. Por vezes, a lentidão do drama pessoal vivido por Eli Wurman acaba se sobrepondo.

Por estar constantemente dopado (já que usa drogas para dormir), Eli leva uma vida modorrenta, arrastada, trôpega. Mal tem tempo para descansar e cuidar de sua saúde. É exatamente esse ritmo de vida estressante do personagem que faz do filme uma experiência difícil e depressiva. O cansaço de Eli, em alguns momentos, sai da tela e atinge o público, que acaba compartilhando das mesmas sensações, goste ou não.

Mas mais interessante (apesar de pouco original) é o enfoque crítico que o filme dá aos bastidores da fama e do showbizz. Todos os atos das estrelas parecem ser friamente calculados, aparições em jornais e festas são negociadas à exaustão, envolvimento em escândalos são encobertos à todo custo. É exatamente esse o papel de Eli: ele transforma o sujeito aproveitador e mercenário no cordeirinho inofensivo que dá dinheiro à Hollywood.

Por ser semi-independente, pode-se dizer que o filme tem uma liberdade maior para expor todas as maracutaias que acontecem por trás do pano da fama com uma maior carga de acidez e rispidez.

Há uma cena-chave que, apesar de ser um gigantesco clichê, resume a posição que “O Articulador” parece tomar: Eli, depois de ter vomitado no banheiro da festa que organizou, encontra-se com um aspirante à astro, deslumbrado por ter avistado o famoso Cary Launer na mesma festa. Depois de olhar para a cara do sujeito, que ainda está feliz por ter encontrado seu ídolo, Eli diz: “Que você continue sendo esse jovem ingênuo, sempre”. É a ingenuidade que o impede de enxergar toda a podridão e a corrupção existentes além dos sorrisos e da maquiagem do ator que admira.

O filme ao menos tem a coragem de manter essa mesma postura em toda a sua duração, e passa longe de ser uma bobagem que não critica ninguém. Pelo contrário: algumas estrelas de Hollywood certamente se sentirão retratadas na tela, e não ficarão nada felizes com isso.

Mesmo assim, há alguns problemas bastante primários na fita. A personagem de Kim Basinger, por exemplo, não tem uma função específica, resumindo-se a aparecer nas vezes em que o personagem de Al Pacino encontra o fundo do poço.

Há também uma certa dose exagerada de pretensão por parte do diretor, que na meia hora final acaba pesando um pouco a mão em cima da condução do filme, extendendo desnecessariamente cenas que poderia ser mais curtas. A cena que fecha a trama , por exemplo, é ridícula: Dan Algrant (o diretor) vira a câmera de ponta-cabeça, e filma Manhattan desta maneira, como se isso fosse a coisa mais revolucionária e genial do mundo.

Mas o que vale realmente a pena em “O Articulador”, além de suas interessantes (porém nada originais) idéias sobre o showbizz, é a fabulosa atuação de Al Pacino. Cansado, envelhecido, e até um pouco efeminado, Pacino dá ao seu personagem uma profundidade inesperada, e acaba envolvendo a platéia no drama pessoal e profissional de Eli Wurman. O filme é dele, e de mais ninguém.


Crítica por:
Diego Sapia Maia

 

 

A Arte da Conquista

 

Em seu primeiro longa metragem, o diretor Gavin Wiesen (que também assina o roteiro) tenta acertar a fórmula para a temática “paixonite adolescente” no filmeA Arte da Conquista”. O inglês Freddie Highmore e a americana Emma Roberts estrelam essa produção, que pode fazer um certo sucesso nos nossos cinemas. O filme é curto, tenta ser objetivo e inovador, mas acaba sendo bem monótono.
Na trama, o jovem George é um adolescente extremamente solitário que chegou ao último ano do colégio sem nunca ter interagido com seus colegas, como manda a regra. Um dia, ele faz amizade com uma garota chamada Sally (uma menina bem mais popular que ele). Aos poucos vamos percebendo que essa nova companhia de George é bem mais complicada que ele, assim, brotando uma relação bastante diferente.

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O interessante da história é o personagem de Freddie Highmore encontrar alguém tão complicado quanto ele e o que isso provoca nessa nova relação. A ideia é ótima e até certo ponto original, mas algumas coisas não se encaixam. A depressão e o sentimento anti-social mudam completamente a essência dos personagens, e esse caminho é pouco explicado/dedutivo para o público, que fica confuso com a montanha russa emocional que o filme se encaminha. Um pouco mais de minutos de fita poderiam ser a chave para explicações que no original parece que faltaram.

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Não é uma questão de incompetência, apenas, a jovem dupla não consegue se encontrar em cena. Acredito que a famosa ‘química’ não rolou, o que afasta logo de cara o espectador da história que vem em completo pano de fundo. O engraçado é que os personagens possuem um certo carisma, que de alguma forma, não consegue se conectar com o público.

Crítica por: Raphael Camacho (Blog)

 

 

Arraste-me para o Inferno

 

Sam Raimi já estava fazendo falta no gênero que o consagrou em Hollywood. Desde o fraquinho Homem Aranha 3 que o público aguardava esta produção que em muito promete e traz resultados positivos: cumpre tudo aquilo que seu trailer promete. Arraste-me para o inferno sai do convencional e foge bastante da ânsia de produções ligadas ao universo de refilmagens orientais, o foco dos filmes de terror nos últimos anos.

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A trama é a seguinte: Christine Brown (Alison Lohman, excelente) é uma jovem e ambiciosa corretora de empréstimos em Los Angeles. Na companhia do namorado, o charmoso professor Clay Dalton (Justin Long, ótimo), Christine parece levar uma vida tranquila. Isso até o dia em que ela recebe a visita da misteriosa senhora Ganush (Lorna Raver), que chega ao banco onde Christine trabalha para pedir um acréscimo no empréstimo e poder pagar sua casa. Ao negar o pedido, que tinha como objetivo apenas impressionar o chefe, o senhor Jacks (David Paymer), Christine acaba desgraçando a vida da senhora Ganush. A idosa é desapropriada, mas a partir disso irá colocar a vida da jovem Christine diante de uma maldição sobrenatural e desesperadora.

As homenagens aos clássicos de Sam Raimi estão no filme. Algumas cenas são claramente homenagens a Evil Dead (clássico absoluto do gênero) e Uma Noite Alucinante 2 e 3 (sucessos, mas sem o mesmo êxito do primeiro filme). Os efeitos especiais são bem empregados e a forma como o “mal” aparece, algumas vezes beirando a sugestão tornam Arraste-me para o inferno um filme espetacular no que tange o seu roteiro e a sua cuidadosa produção de arte.

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A última produção de êxito sobre maldições ciganas foi lançada nos cinemas em 1995 e obteve sucesso ao lado de Pânico, que estreava e reinava absoluto nos cinemas durante várias semanas. Em A Maldição, um homem atropela um cigano e depois disso é amaldiçoado. Arraste-me para o inferno ainda reserva uma surpresa para o seu final, tornando-o uma produção ainda mais sofisticada. Um dos aspectos mais curiosos do filme esta na sua trilha sonora: a mesma foi produzida na década de 70 originalmente para o clássico O Exorcista, mas ficou de fora da produção. Foi bacana ver Sam Raimi voltando a abraçar as suas raízes e brincar por trás das câmeras.

 


Crítica por:
Leonardo Campos

 

 

Arraste-me para o Inferno

 

Sinopse: Christine negou um empréstimo bancário para uma idosa, o que a levou a entregar sua casa. A mulher lança uma maldição sobre Christine, que se vê perseguida por um demônio que recolherá sua alma em três dias.

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Os fãs de terror têm o que comemorar com a volta do diretor Sam Raimi para o gênero. Desde 2000, com O Dom da Premonição, Sam estava ocupado demais com a trilogia do Homem-Aranha e afastou-se dos sustos e espíritos malignos. Sua fama nesse meio nasceu na década de 1980 com A Morte do Demônio, para relembrar seu início de carreira o logotipo da Universal Pictures e a forma de apresentação dos créditos iniciais de Arraste-me para o Inferno (Drag Me to Hell) remetem a essa época.

Depois de tanto tempo sem se envolver com suspense e terror, Raimi mostra-se muito em forma e os sustos são abundantes. Outra reação garantida nas salas de cinema será o riso, já que o roteiro não se contém para exagerar nas situações nojentas que a protagonista se submeterá em sua desesperada jornada e para criar cenas que não se levam a sério.

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A história é bem montada e criativa, trazendo elementos novos na medida exata para o filme não ficar parado ou repetitivo. A recorrente imagem da vilã é explorada ao máximo para criar ódio no público e, ao mesmo tempo, tornar-se mais uma oportunidade para a comédia.

Mesmo tendo à disposição a beleza de Alison Lohman (Coisas que Perdemos pelo Caminho), o diretor não apela para cenas eróticas, como muitos outros realizadores do gênero tendem a decair. Assim, o que poderia ser apenas um filme para garotos não ofende as moças que se aventurarem a assisti-lo.

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Quem realmente gosta de terror à moda antiga não pode perder Arraste-me para o Inferno.

 


Crítica por:
Edu Fernandes (HomemNerd)

 

 

Arranca-me a Vida

 

 
Sinopse: Quando tinha apenas 16 anos, Catalina casou-se com Andres, um militar de carreira. Conforme passam-se os anos, ela percebe que seu marido é um homem envolvido com crimes políticos.

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O cinema mexicano ganhou muita importância ao redor do mundo por causa da qualidade do trabalho de profissionais como Alfonso Cuarón (Filhos da Esperança) e Guillermo del Toro (O Labirinto do Fauno), entre outros. Em Arranca-me a Vida (Arrancame la Vida), o diretor Roberto Sneider (produtor de Frida) traz uma aula da História do país sob o ponto de vista de uma mulher.

Só por essas duas características já valeria a pena assistir ao filme, principalmente por não se ter muitas oportunidades de conhecer fatos históricos que não sejam protagonizados por países desenvolvidos. Passado nas décadas de 30 e 40, as manobras políticas mexicanas lembram muito os atos do Estado Novo, regime vigente no Brasil dessa época.

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O lado feminista do filme é o mais forte, com Catalina – interpretada por Ana Claudia Talancón (Uma Chamada Perdida) – narrando sua jornada e suas descobertas. Nesse sentido, a primeira fase do enredo é mais interessante, quando é discutida a sexualidade de uma mulher vivendo em um cenário em que há tanta repressão nesse assunto. Mais adiante, as lutas da heroina são mais sociais e polítcas, já que seu marido assume cargos públicos.

Considerando a história como um todo, ela sofre altos e baixos, com momentos em que as coisas poderiam acontecer com mais agilidade. Uma saída possível seria investir mais nas diferenças sociais para que o sentimento de justiça do espectador seja incitado e o envolvimento com as causas crie uma maior interação com a narrativa. Outro ponto baixo é a falta do elemento surpresa, sendo possível prever o que vai acontecer em mais de uma oportunidade.

Arranca-me a Vida é o maior orçamento do cinema mexicano, muito por causa da caracterização da época, com destaque para os cenários. Seus atributos técnicos fizeram desse filme o candidato mexicano ao Oscar no último ano.

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Para ver o trailer, clique aqui.

 


Crítica por:
Edu Fernandes (HomemNerd)