sexta-feira, abril 19, 2024

Crítica | Alice Júnior – Netflix lança filme sobre garota trans que é divertido, moderno e importante

As comédias de amadurecimento de adolescentes, muitas vezes chamadas de coming of age, são verdadeiro fenômeno da sétima arte, podendo até serem consideradas um gênero próprio. Geralmente, seguem uma estrutura simples e bem repetitiva, acompanhando um jovem deslocado que começa a lidar com os problemas de crescer, ainda não necessariamente chegando aos dilemas da vida adulta. A escola geralmente é o cenário padrão desses longas e os problemas envolvem relacionamentos, aceitação e bullying. São tantos filmes do tipo que a maioria das vezes, fica o questionamento: será que precisamos de mais um coming of age bobinho no mundo? Então, no caso de Alice Júnior, a responsa para tal pergunta é muito fácil: SIM!

O longa acompanha a youtuber trans Alice (Anne Celestino), que vive no Recife e tem uma legião de fãs e admiradores. Determinado dia, seu pai é transferido a trabalho para uma pequena cidadezinha no interior do Paraná, e a jovem tem que deixar sua rotina já estabelecida, os amigos e os crushes para acompanhá-lo. Na nova cidade, a garota acaba matriculada em um colégio religioso e passa a sofrer com a intolerância da diretora e com o preconceito de muitos dos colegas. Aos poucos, ela vai conquistando a atenção e a amizade das pessoas, mas não sem passar por alguns problemas.

Alice Júnior traz elementos já vistos inúmeras vezes nas telonas, mas o fato de ter como figura central uma personagem (e atriz) trans dá uma importância que não pode ser desconsiderada. Tudo é tratado de forma quase didática, mas o uso de elementos visuais e o carisma da protagonista ajudam a trama a seguir de forma divertida, sem soar muito explicativa. Deve-se valorizar ainda o fato de não termos uma personagem sofrida, deprimida e sem o apoio da família. Esta é sim a realidade de muitas pessoas trans, mas já foi vista inúmeras vezes nos cinemas. É importante que tal personagem seja tratada com naturalidade. Alice é segura de si, determinada, sabe o que quer e combate quem tenta lhe oprimir, muitas vezes com o apoio do pai. Inclusive, ela lida bem até com o fato de ter perdido a mãe muito cedo.

Obviamente, a questão do preconceito e do conservadorismo está presente na obra – que cria até alguns “vilões” bem estereotipados -, mas não é só sobre isso. O filme é sobre Alice, e ela inteira. A Alice que sofre perseguição de algumas pessoas no colégio, mas também a Alice que não tem medo de exigir seu espaço na sociedade.

Além da ótima presença da atriz Anne Celestino, a produção conta ainda com um ótimo elenco jovem, com uma ou outra exceção que cai mais na caricatura. O núcleo adulto, formado pelo pai, pelos professores e outras mães do colégio, também se destaca.

Dirigido por Gil Baroni a partir de roteiro de Luiz Bertazzo e Adriel Nizer Silva, Alice Júnior, como destacado acima, utiliza-se de inúmeros efeitos visuais, transmitindo bem a ideia de que estamos dentro de uma rede social. Os elementos também são usados para transmitir os sentimentos da protagonista e a forma como vê o mundo. Não é um filme sobre uma youtuber, mas um filme da geração YouTube.

Filme visto durante o 52º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro

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