sábado , 21 dezembro , 2024

Crítica | Betânia – Marcelo Botta debuta no cinema com mágica regional nos Lençóis Floridos do Maranhão [Berlim 2024]

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Você sabia que na época da seca os lençóis maranhenses tornam-se lindos jardins floridos? Betânia, apresentado na sessão Panorama do Festival de Berlim, revela segredos, tradições e costumes de um dos destinos mais queridos do Brasil.

Como diretor e roteirista debutante, Marcelo Botta constrói uma potente narrativa imagética e sensorial de culturas e tradições deste cartão postal nacional. Para apresentar este cenário, o enredo se concentra na vida da matriarca Betânia (Diana Mattos) e suas gerações familiares. 



Em uma tela ainda preta, ouvimos o depoimento da protagonista parteira desde os 12 anos e sua odisseia de trazer vidas a este mundo e de preocupar-se com a doadora deste milagre. Se o discurso, no entanto, começa com a vida, as primeiras cenas e de um enterro e das reminiscências daqueles que adubam a terra. 

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Com uma mistura de exploração imagética e das canções regionais, seja dos violeiros locais seja nas versões reggae eletrônico de hits internacionais, de Lady Gaga e Lana Del Rey. Uma das personagens sonha ser DJ, por quê, não? Pabllo Vittar provou que pode fazer sucesso com o seu ritmo pop, electro, forró e suas versões de hits internacionais. 

Embora seja centrado na matriarca do título, Betânia expande o seu universo para cada pedacinho dos personagens ao redor. O neto (Ulysses Azevedo) que sonha em ser guia turístico como o pai e ressentido por nunca ter conhecido a mãe, a filha beata de igreja e fundamentalista religiosa, o genro brisa-leve, os parceiros de tiquira e os habitantes regionais. 

Por vezes, Betânia perde-se em ser muito mais contemplativo que narrativo. Algumas diálogos politizados soa estranhos, enquanto outros são engraçados e debochados. A neta Vitória (Nádia D’Cássia) e o genro Tonhão (Caçula Rodrigues) são os contrapontos engraçados, seja pela língua afiada de um, seja pelos trejeitos good vibes do outro. 

Com duas hora de projeção, um das melhores partes do filme — e o que dá fôlego a narrativa como um todo — e o passeio de trekking, isto é caminhada, com um casal de franceses resmugōes. Como guia novato, Tonhão cai na arapuca de agradar o cliente, o incidente tem tons de terror, humor, drama, mas, um final, digamos, positivo. 

Nesse passeio com o casal, o público é convidado a passear e admirar a beleza das passagens, enquanto consegue identificar-se com os estrangeiros. Com um olhar de fora sobre algo tão singular, nós, os voyeuristas, somos convidados a apreciar recantos desconhecidos e admiráveis do nosso país, cenário até de Vingadores: Guerra Infinita (2018).

Se, em contrapartida, as histórias paralelas não são tão bem desenvolvidas, como o conflito da personagem queer, resolvido em uma meia dúzia de palavras de mãe para filha e neta. Betânia carrega um discurso novo sobre o, então, ponto turístico, visto como moradia e vida radiante com suas próprias alegrias e mazelas. 

Marcelo Botta desponta com um ótimo início de carreira com destreza no prontamente da sua câmera e pertinência no seu assunto. Betânia é, portanto, um filme merecedor dos nossos olhos e atenção para os seus dilemas. 

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Letícia Alassë
Crítica de Cinema desde 2012, jornalista e pesquisadora sobre comunicação, cultura e psicanálise. Mestre em Cultura e Comunicação pela Universidade Paris VIII, na França e membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Nascida no Rio de Janeiro e apaixonada por explorar o mundo tanto geograficamente quanto diante da tela.

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Em uma tela ainda preta, ouvimos o depoimento da protagonista parteira desde os 12 anos e sua odisseia de trazer vidas a este mundo e de preocupar-se com a doadora deste milagre. Se o discurso, no entanto, começa com a vida, as primeiras cenas e de um enterro e das reminiscências daqueles que adubam a terra. 

Com uma mistura de exploração imagética e das canções regionais, seja dos violeiros locais seja nas versões reggae eletrônico de hits internacionais, de Lady Gaga e Lana Del Rey. Uma das personagens sonha ser DJ, por quê, não? Pabllo Vittar provou que pode fazer sucesso com o seu ritmo pop, electro, forró e suas versões de hits internacionais. 

Embora seja centrado na matriarca do título, Betânia expande o seu universo para cada pedacinho dos personagens ao redor. O neto (Ulysses Azevedo) que sonha em ser guia turístico como o pai e ressentido por nunca ter conhecido a mãe, a filha beata de igreja e fundamentalista religiosa, o genro brisa-leve, os parceiros de tiquira e os habitantes regionais. 

Por vezes, Betânia perde-se em ser muito mais contemplativo que narrativo. Algumas diálogos politizados soa estranhos, enquanto outros são engraçados e debochados. A neta Vitória (Nádia D’Cássia) e o genro Tonhão (Caçula Rodrigues) são os contrapontos engraçados, seja pela língua afiada de um, seja pelos trejeitos good vibes do outro. 

Com duas hora de projeção, um das melhores partes do filme — e o que dá fôlego a narrativa como um todo — e o passeio de trekking, isto é caminhada, com um casal de franceses resmugōes. Como guia novato, Tonhão cai na arapuca de agradar o cliente, o incidente tem tons de terror, humor, drama, mas, um final, digamos, positivo. 

Nesse passeio com o casal, o público é convidado a passear e admirar a beleza das passagens, enquanto consegue identificar-se com os estrangeiros. Com um olhar de fora sobre algo tão singular, nós, os voyeuristas, somos convidados a apreciar recantos desconhecidos e admiráveis do nosso país, cenário até de Vingadores: Guerra Infinita (2018).

Se, em contrapartida, as histórias paralelas não são tão bem desenvolvidas, como o conflito da personagem queer, resolvido em uma meia dúzia de palavras de mãe para filha e neta. Betânia carrega um discurso novo sobre o, então, ponto turístico, visto como moradia e vida radiante com suas próprias alegrias e mazelas. 

Marcelo Botta desponta com um ótimo início de carreira com destreza no prontamente da sua câmera e pertinência no seu assunto. Betânia é, portanto, um filme merecedor dos nossos olhos e atenção para os seus dilemas. 

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Crítica de Cinema desde 2012, jornalista e pesquisadora sobre comunicação, cultura e psicanálise. Mestre em Cultura e Comunicação pela Universidade Paris VIII, na França e membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Nascida no Rio de Janeiro e apaixonada por explorar o mundo tanto geograficamente quanto diante da tela.

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