sexta-feira , 21 fevereiro , 2025

Crítica | Betânia – Marcelo Botta debuta no cinema com mágica regional nos Lençóis Floridos do Maranhão [Berlim 2024]


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Você sabia que na época da seca os lençóis maranhenses tornam-se lindos jardins floridos? Betânia, apresentado na sessão Panorama do Festival de Berlim, revela segredos, tradições e costumes de um dos destinos mais queridos do Brasil.

Como diretor e roteirista debutante, Marcelo Botta constrói uma potente narrativa imagética e sensorial de culturas e tradições deste cartão postal nacional. Para apresentar este cenário, o enredo se concentra na vida da matriarca Betânia (Diana Mattos) e suas gerações familiares. 



Em uma tela ainda preta, ouvimos o depoimento da protagonista parteira desde os 12 anos e sua odisseia de trazer vidas a este mundo e de preocupar-se com a doadora deste milagre. Se o discurso, no entanto, começa com a vida, as primeiras cenas e de um enterro e das reminiscências daqueles que adubam a terra. 

Bethania

Com uma mistura de exploração imagética e das canções regionais, seja dos violeiros locais seja nas versões reggae eletrônico de hits internacionais, de Lady Gaga e Lana Del Rey. Uma das personagens sonha ser DJ, por quê, não? Pabllo Vittar provou que pode fazer sucesso com o seu ritmo pop, electro, forró e suas versões de hits internacionais. 


Embora seja centrado na matriarca do título, Betânia expande o seu universo para cada pedacinho dos personagens ao redor. O neto (Ulysses Azevedo) que sonha em ser guia turístico como o pai e ressentido por nunca ter conhecido a mãe, a filha beata de igreja e fundamentalista religiosa, o genro brisa-leve, os parceiros de tiquira e os habitantes regionais. 

Por vezes, Betânia perde-se em ser muito mais contemplativo que narrativo. Algumas diálogos politizados soa estranhos, enquanto outros são engraçados e debochados. A neta Vitória (Nádia D’Cássia) e o genro Tonhão (Caçula Rodrigues) são os contrapontos engraçados, seja pela língua afiada de um, seja pelos trejeitos good vibes do outro. 

Bethania 2

Assista também: 
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Com duas hora de projeção, um das melhores partes do filme — e o que dá fôlego a narrativa como um todo — e o passeio de trekking, isto é caminhada, com um casal de franceses resmugōes. Como guia novato, Tonhão cai na arapuca de agradar o cliente, o incidente tem tons de terror, humor, drama, mas, um final, digamos, positivo. 

Nesse passeio com o casal, o público é convidado a passear e admirar a beleza das passagens, enquanto consegue identificar-se com os estrangeiros. Com um olhar de fora sobre algo tão singular, nós, os voyeuristas, somos convidados a apreciar recantos desconhecidos e admiráveis do nosso país, cenário até de Vingadores: Guerra Infinita (2018).

Se, em contrapartida, as histórias paralelas não são tão bem desenvolvidas, como o conflito da personagem queer, resolvido em uma meia dúzia de palavras de mãe para filha e neta. Betânia carrega um discurso novo sobre o, então, ponto turístico, visto como moradia e vida radiante com suas próprias alegrias e mazelas. 

Marcelo Botta desponta com um ótimo início de carreira com destreza no prontamente da sua câmera e pertinência no seu assunto. Betânia é, portanto, um filme merecedor dos nossos olhos e atenção para os seus dilemas. 


IMPERDÍVEL! Você vai VICIAR nessa história de Vingança à moda antiga....

Letícia Alassë
Crítica de Cinema desde 2012, jornalista e pesquisadora sobre comunicação, cultura e psicanálise. Mestre em Cultura e Comunicação pela Universidade Paris VIII, na França e membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Nascida no Rio de Janeiro e apaixonada por explorar o mundo tanto geograficamente quanto diante da tela.

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Como diretor e roteirista debutante, Marcelo Botta constrói uma potente narrativa imagética e sensorial de culturas e tradições deste cartão postal nacional. Para apresentar este cenário, o enredo se concentra na vida da matriarca Betânia (Diana Mattos) e suas gerações familiares. 

Em uma tela ainda preta, ouvimos o depoimento da protagonista parteira desde os 12 anos e sua odisseia de trazer vidas a este mundo e de preocupar-se com a doadora deste milagre. Se o discurso, no entanto, começa com a vida, as primeiras cenas e de um enterro e das reminiscências daqueles que adubam a terra. 

Bethania

Com uma mistura de exploração imagética e das canções regionais, seja dos violeiros locais seja nas versões reggae eletrônico de hits internacionais, de Lady Gaga e Lana Del Rey. Uma das personagens sonha ser DJ, por quê, não? Pabllo Vittar provou que pode fazer sucesso com o seu ritmo pop, electro, forró e suas versões de hits internacionais. 

Embora seja centrado na matriarca do título, Betânia expande o seu universo para cada pedacinho dos personagens ao redor. O neto (Ulysses Azevedo) que sonha em ser guia turístico como o pai e ressentido por nunca ter conhecido a mãe, a filha beata de igreja e fundamentalista religiosa, o genro brisa-leve, os parceiros de tiquira e os habitantes regionais. 

Por vezes, Betânia perde-se em ser muito mais contemplativo que narrativo. Algumas diálogos politizados soa estranhos, enquanto outros são engraçados e debochados. A neta Vitória (Nádia D’Cássia) e o genro Tonhão (Caçula Rodrigues) são os contrapontos engraçados, seja pela língua afiada de um, seja pelos trejeitos good vibes do outro. 

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Com duas hora de projeção, um das melhores partes do filme — e o que dá fôlego a narrativa como um todo — e o passeio de trekking, isto é caminhada, com um casal de franceses resmugōes. Como guia novato, Tonhão cai na arapuca de agradar o cliente, o incidente tem tons de terror, humor, drama, mas, um final, digamos, positivo. 

Nesse passeio com o casal, o público é convidado a passear e admirar a beleza das passagens, enquanto consegue identificar-se com os estrangeiros. Com um olhar de fora sobre algo tão singular, nós, os voyeuristas, somos convidados a apreciar recantos desconhecidos e admiráveis do nosso país, cenário até de Vingadores: Guerra Infinita (2018).

Se, em contrapartida, as histórias paralelas não são tão bem desenvolvidas, como o conflito da personagem queer, resolvido em uma meia dúzia de palavras de mãe para filha e neta. Betânia carrega um discurso novo sobre o, então, ponto turístico, visto como moradia e vida radiante com suas próprias alegrias e mazelas. 

Marcelo Botta desponta com um ótimo início de carreira com destreza no prontamente da sua câmera e pertinência no seu assunto. Betânia é, portanto, um filme merecedor dos nossos olhos e atenção para os seus dilemas. 

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Crítica de Cinema desde 2012, jornalista e pesquisadora sobre comunicação, cultura e psicanálise. Mestre em Cultura e Comunicação pela Universidade Paris VIII, na França e membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Nascida no Rio de Janeiro e apaixonada por explorar o mundo tanto geograficamente quanto diante da tela.

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