sexta-feira , 22 novembro , 2024

Crítica | Convidado de Honra – Luke Wilson interpreta padre que tenta desvendar mistério familiar

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As relações familiares são uma grande caixinha de surpresas. Muitas possuem aparência de estarem bem e equilibradas, quando, de repente, são surpreendidas por notícias alarmantes. Grande parte das pessoas, entretanto, tem uma boa interação com seus familiares, apesar de um conflito ou outro. Mas nem todos. Há aqueles que possuem segredos, que nem sempre são revelados ou que só passam a ser conhecidos quando há uma mudança drástica na estrutura do pequeno grupo. Indo por essa linha narrativa, chegou aos cinemas brasileiros o drama de mistérioConvidado de Honra’, do diretor Atom Egoyan.



O padre Greg (Luke Wilson) acaba de terminar uma missa dominical quando uma moça se aproxima e pede para lhe falar. É Veronica (Laysla De Oliveira), que busca realizar o último pedido de seu pai recém falecido: ele quer ser velado na igreja em que o padre Greg prega. Confuso, o homem tenta entender aquele inusitado pedido, posto que Jim (David Thewlis) nunca frequentara sua congregação. Numa tentativa de conhecer melhor a alma do homem cujo último desejo lhe traz tamanho desafio, o padre começa a conversar com Veronica, filha de Jim, que aos poucos vai desenrolando o fio do novelo misterioso que fora a vida de seu falecido pai – e também a sua.

Construído numa atmosfera de mistério – inserido dentro de um núcleo familiar aparentemente comum e perfeito, mas que, no fundo, está esfacelado e ruindo –, ‘Convidado de Honra’ alterna o protagonismo de seu enredo à medida em que a história vai evoluindo – ora temos a filha falando sobre o pai, e sobre o quanto ela pouco o conhecia; ora temos as memórias desta de quando o pai a visitava na prisão, trazendo informações que ajudam a encaixar as peças do quebra-cabeças sigiloso que fora a vida de Veronica, uma professora de música que tinha tudo para ser perfeita, mas que acabara inesperadamente atrás das grades.

Escrito e dirigido por Atom Egoyan (do instigante ‘O Preço da Traição’, com Julianne Moore e Amanda Seyfried), o roteiro de ‘Convidado de Honra’ flana entre o drama humano de indivíduos da classe média que não souberam lidar com a culpa e o leve mistério que contrabalanceia a trama para compor o cenário em ruínas da relação parental. Quem entrar na sala de cinema esperando mais desse segundo aspecto poderá sair um pouco insatisfeito, pois a construção da ambientação da dúvida é um bocado subliminar, propondo que nem os personagens nem o espectador consigam de fato submergir no mundo interno dos protagonistas.

Ainda assim, há qualquer coisa de hipnotizante em ‘Convidado de Honra’, em ver pessoas comuns, sem brilho, se desfazendo diante do cotidiano. O personagem Jim – um inspetor sanitário bem parecido com o Lineu de ‘A Grande Família’ – é desses sujeitos solitários que instiga a pena no espectador, e nos faz pensar na grande quantidade de homens iguaizinhos a ele que vivem sozinho sem se expressar interpessoalmente. Talvez o grande mistério do filme não esteja no filme em si, mas no quanto não sabemos nada nem mesmo das pessoas que nos estão mais próximas.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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O padre Greg (Luke Wilson) acaba de terminar uma missa dominical quando uma moça se aproxima e pede para lhe falar. É Veronica (Laysla De Oliveira), que busca realizar o último pedido de seu pai recém falecido: ele quer ser velado na igreja em que o padre Greg prega. Confuso, o homem tenta entender aquele inusitado pedido, posto que Jim (David Thewlis) nunca frequentara sua congregação. Numa tentativa de conhecer melhor a alma do homem cujo último desejo lhe traz tamanho desafio, o padre começa a conversar com Veronica, filha de Jim, que aos poucos vai desenrolando o fio do novelo misterioso que fora a vida de seu falecido pai – e também a sua.

Construído numa atmosfera de mistério – inserido dentro de um núcleo familiar aparentemente comum e perfeito, mas que, no fundo, está esfacelado e ruindo –, ‘Convidado de Honra’ alterna o protagonismo de seu enredo à medida em que a história vai evoluindo – ora temos a filha falando sobre o pai, e sobre o quanto ela pouco o conhecia; ora temos as memórias desta de quando o pai a visitava na prisão, trazendo informações que ajudam a encaixar as peças do quebra-cabeças sigiloso que fora a vida de Veronica, uma professora de música que tinha tudo para ser perfeita, mas que acabara inesperadamente atrás das grades.

Escrito e dirigido por Atom Egoyan (do instigante ‘O Preço da Traição’, com Julianne Moore e Amanda Seyfried), o roteiro de ‘Convidado de Honra’ flana entre o drama humano de indivíduos da classe média que não souberam lidar com a culpa e o leve mistério que contrabalanceia a trama para compor o cenário em ruínas da relação parental. Quem entrar na sala de cinema esperando mais desse segundo aspecto poderá sair um pouco insatisfeito, pois a construção da ambientação da dúvida é um bocado subliminar, propondo que nem os personagens nem o espectador consigam de fato submergir no mundo interno dos protagonistas.

Ainda assim, há qualquer coisa de hipnotizante em ‘Convidado de Honra’, em ver pessoas comuns, sem brilho, se desfazendo diante do cotidiano. O personagem Jim – um inspetor sanitário bem parecido com o Lineu de ‘A Grande Família’ – é desses sujeitos solitários que instiga a pena no espectador, e nos faz pensar na grande quantidade de homens iguaizinhos a ele que vivem sozinho sem se expressar interpessoalmente. Talvez o grande mistério do filme não esteja no filme em si, mas no quanto não sabemos nada nem mesmo das pessoas que nos estão mais próximas.

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