domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | ‘Destinos à Deriva’ surpreende com suspense ANGUSTIANTE

YouTube video

Numa realidade aterrorizante, o governo de um país europeu foi tomado por uma ditadura fascista que tirou os recursos do povo, criando uma crise sem precedentes e confiscando as mulheres grávidas e as crianças. Neste cenário, um casal junto todas as suas economias para fugir clandestinamente para a Irlanda dentro de um contêiner. Partindo dessa premissa simples, mas bem executada, a Netflix traz em seu catálogo o suspense espanhol, Destinos à Deriva. O suspense se dá por meio de uma escala de absurdos crescente, em que uma situação sub-humana é sobreposta por outra ainda mais humilhante e desesperadora. A luta pela vida causa pânico a cada novo desafio enfrentado por Mia, uma jovem grávida que vive essa história.



Grande parte do filme é conduzida pela visão dela, com a qual acompanhamos o trajeto por meio de buracos no contêiner em que se encontra. E há personagens desesperadores nesse cenário caótico, que exige o silêncio para não serem descobertos, como um bebê recém-nascido e um cachorrinho. E quando você acha que as coisas não poderiam piorar, acredite… Pioram.

Isso porque o navio em que Mia vai parar acaba sofrendo um naufrágio e ela, grávida, fica à deriva no oceano, precisando encontrar meios para sobreviver. E aí novamente entra o artifício dos buracos no contêiner como único ponto de acesso ao mundo exterior. É angustiante só ter eles como referência, porque fazem o espectador imaginar o que pode estar acontecendo lá fora. Além, claro, de colocar a sobrevivência da protagonista em risco, já que eles permitem a entrada da água no lado interno, o que pode transformar o contêiner, sua esperança de fuga, em um caixão submarino a qualquer momento. É uma pressão constante que te acompanha sem piedade, enquanto ela explora as opções de sobrevivência e vê suas esperanças morrendo. Uma por uma.

Assista também:
YouTube video


E falando sobre esperanças, um bom suspense de sobrevivência se dá justamente por isso. Se a direção souber trabalhar a esperança proporcional aos desafios enfrentados pelo protagonista, raramente o resultado será ruim. E a direção de Albert Pintó é certeira ao manejar esse equilíbrio entre o esperançoso e o desesperador, fazendo tanto a protagonista quanto o público acreditarem que há uma saída, mesmo que o ambiente em que se encontram diga o contrário. Mais do que isso, ele usa a iluminação como uma ferramenta poderosa da comunicação não-verbal. Por mais que o filme traga poucas palavras, a forma como ele retrata as situações e as sensações que ele consegue passar por meio da iluminação ou falta dela é fantástica.

Junto a isso, a ambientação no contêiner é suja e podre, o que aumenta a sensação de urgência e desespero. Você torce para que ela escape deste lugar, enquanto a vê lidar com mais e mais problemas típicos de filmes de sobrevivência em alto-mar, com o diferencial que ela está grávida, com o bebê podendo vir ao mundo a qualquer momento. É angustiante ver os possíveis cenários em desenvolvimento e a direção aproveita dessa sensação de clausura para intensificar essa agonia. Sem contar que a escatologia se faz presente, mas não como algo gratuito. É um artifício que aumenta o realismo e cria uma certa empatia pela protagonista de poucas palavras.

Por fim, a atuação de Anna Castillo, que interpreta a Mia, é digna de aplausos. Ela carrega o filme com seu olhar expressivo e uma atuação majoritariamente física, passando muito realismo e cativando o público a torcer por ela, até mesmo nas situações mais absurdas que certamente darão errado, mas compreensíveis pelo momento desesperador pelo qual a protagonista está passando. Era um papel que poderia ser muito ruim nas mãos erradas. Transmitir desespero camuflado pela esperança é muito complicado, e ela dominou isso com maestria.

Destinos à Deriva é um suspense de sobrevivência que não inova, mas também não se propõe a reinventar a roda. Seu roteiro não traz profundida e apela para alguns clichés do gênero e algumas forçadas de barra meio poéticas, que em nada atrapalham a experiência. A direção quer construir uma história angustiante abordando a sobrevivência em alto-mar e consegue fazer exatamente isso. Sua proposta é causar nervoso, apreensão e fazer o público roer as unhas de tanta ansiedade. E ele a cumpre muito bem. Uma gratíssima surpresa!

YouTube video

YouTube video

Mais notícias...

Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

Siga-nos!

2,000,000FãsCurtir
372,000SeguidoresSeguir
1,620,000SeguidoresSeguir
195,000SeguidoresSeguir
162,000InscritosInscrever

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

MATÉRIAS

CRÍTICAS

Crítica | ‘Destinos à Deriva’ surpreende com suspense ANGUSTIANTE

Numa realidade aterrorizante, o governo de um país europeu foi tomado por uma ditadura fascista que tirou os recursos do povo, criando uma crise sem precedentes e confiscando as mulheres grávidas e as crianças. Neste cenário, um casal junto todas as suas economias para fugir clandestinamente para a Irlanda dentro de um contêiner. Partindo dessa premissa simples, mas bem executada, a Netflix traz em seu catálogo o suspense espanhol, Destinos à Deriva. O suspense se dá por meio de uma escala de absurdos crescente, em que uma situação sub-humana é sobreposta por outra ainda mais humilhante e desesperadora. A luta pela vida causa pânico a cada novo desafio enfrentado por Mia, uma jovem grávida que vive essa história.

Grande parte do filme é conduzida pela visão dela, com a qual acompanhamos o trajeto por meio de buracos no contêiner em que se encontra. E há personagens desesperadores nesse cenário caótico, que exige o silêncio para não serem descobertos, como um bebê recém-nascido e um cachorrinho. E quando você acha que as coisas não poderiam piorar, acredite… Pioram.

Isso porque o navio em que Mia vai parar acaba sofrendo um naufrágio e ela, grávida, fica à deriva no oceano, precisando encontrar meios para sobreviver. E aí novamente entra o artifício dos buracos no contêiner como único ponto de acesso ao mundo exterior. É angustiante só ter eles como referência, porque fazem o espectador imaginar o que pode estar acontecendo lá fora. Além, claro, de colocar a sobrevivência da protagonista em risco, já que eles permitem a entrada da água no lado interno, o que pode transformar o contêiner, sua esperança de fuga, em um caixão submarino a qualquer momento. É uma pressão constante que te acompanha sem piedade, enquanto ela explora as opções de sobrevivência e vê suas esperanças morrendo. Uma por uma.

E falando sobre esperanças, um bom suspense de sobrevivência se dá justamente por isso. Se a direção souber trabalhar a esperança proporcional aos desafios enfrentados pelo protagonista, raramente o resultado será ruim. E a direção de Albert Pintó é certeira ao manejar esse equilíbrio entre o esperançoso e o desesperador, fazendo tanto a protagonista quanto o público acreditarem que há uma saída, mesmo que o ambiente em que se encontram diga o contrário. Mais do que isso, ele usa a iluminação como uma ferramenta poderosa da comunicação não-verbal. Por mais que o filme traga poucas palavras, a forma como ele retrata as situações e as sensações que ele consegue passar por meio da iluminação ou falta dela é fantástica.

Junto a isso, a ambientação no contêiner é suja e podre, o que aumenta a sensação de urgência e desespero. Você torce para que ela escape deste lugar, enquanto a vê lidar com mais e mais problemas típicos de filmes de sobrevivência em alto-mar, com o diferencial que ela está grávida, com o bebê podendo vir ao mundo a qualquer momento. É angustiante ver os possíveis cenários em desenvolvimento e a direção aproveita dessa sensação de clausura para intensificar essa agonia. Sem contar que a escatologia se faz presente, mas não como algo gratuito. É um artifício que aumenta o realismo e cria uma certa empatia pela protagonista de poucas palavras.

Por fim, a atuação de Anna Castillo, que interpreta a Mia, é digna de aplausos. Ela carrega o filme com seu olhar expressivo e uma atuação majoritariamente física, passando muito realismo e cativando o público a torcer por ela, até mesmo nas situações mais absurdas que certamente darão errado, mas compreensíveis pelo momento desesperador pelo qual a protagonista está passando. Era um papel que poderia ser muito ruim nas mãos erradas. Transmitir desespero camuflado pela esperança é muito complicado, e ela dominou isso com maestria.

Destinos à Deriva é um suspense de sobrevivência que não inova, mas também não se propõe a reinventar a roda. Seu roteiro não traz profundida e apela para alguns clichés do gênero e algumas forçadas de barra meio poéticas, que em nada atrapalham a experiência. A direção quer construir uma história angustiante abordando a sobrevivência em alto-mar e consegue fazer exatamente isso. Sua proposta é causar nervoso, apreensão e fazer o público roer as unhas de tanta ansiedade. E ele a cumpre muito bem. Uma gratíssima surpresa!

YouTube video

YouTube video
Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

Siga-nos!

2,000,000FãsCurtir
372,000SeguidoresSeguir
1,620,000SeguidoresSeguir
195,000SeguidoresSeguir
162,000InscritosInscrever

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

MATÉRIAS

CRÍTICAS