terça-feira, março 19, 2024

Crítica | Halloween Kills: O Terror Continua – Um filme sanguinolento, insano e nonsense!

Algumas cineséries de terror que marcaram os anos de 1980, consagrando o gênero dos chamados slashers, parecem ser tão imbatíveis quanto os assassinos que abrigam como símbolo, vide Sexta-Feira 13, A Hora do Pesadelo e O Massacre da Serra Elétrica. Isso porque, vez ou outra, surge por aí uma nova interpretação de Jason, Freddy e Letherface. E mesmo que essas produções não sejam lá tão incríveis quanto as originais, conseguem manter as obras vivas na memória das novas gerações. O mesmo acontece com os filmes da franquia Halloween, que, de todas essas citadas, apesar de ter começado com mais grife, pelo primeiro ter sido dirigido por John Carpenter, mestre do horror, é também a mais bagunçada e sem sentido em termos de continuidade e reimaginações.

Pois, pra quem não lembra, logo de início, Halloween teve no total seis filmes seguidos – contando com o inusitado caso do terceiro, que, curiosamente, não tem a presença de Michael Myers. Depois tivemos o famigerado Halloween: H20 (1998), que se passa 20 anos após os acontecimentos do segundo, e que foi seguido por Halloween Resurrection (2002). Depois pulamos para os dois feitos pelo cineasta roqueiro Rob Zombie, que na verdade são remakes dos clássicos, pela ótica do autor, com o Michael sendo até um metaleiro.

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Até que chegamos finalmente nesses filmes mais recentes, como o que saiu em 2018, chamado apenas de Halloween, que continuava os eventos do longa lá de 1978, e o grande lançamento dessa semana, Halloween Kills: O Terror Continua, que, assim como seu anterior, foi dirigido por David Gordon Green, que tinha no currículo um dos últimos bons trabalhos do Nicolas Cage, Joe (2013). E ainda que essa espécie de reboot não tenha começado lá muito bem, justamente pelo primeiro ser um tanto aquém do que se imaginava, sem impacto, principalmente por trazer de volta a lendária Jamie Lee Curtis, que estrelou o clássico original do Carpenter, a obra conseguiu empolgar os fãs e dar dinheiro suficiente para ganhar uma sequência. Esta que felizmente é bem mais divertida e empolgante.

Assim como o segundo Halloween de Rob Zombie, Halloween Kills se inicia imediatamente após o final do filme anterior, quando a Laurie (Jamie Lee Curtis) junto com sua filha Karen (Judy Greer) e sua neta Andi (Andi Matichak) encurralam o Michael no porão e literalmente tocam fogo no sujeito. Obviamente, nesse novo título, ele consegue escapar ileso e voltar a atormentar, dessa vez, não apenas a família de Laurie, mas o bairro inteiro. E a dinâmica insana da obra é justamente essa: o povo x Michael Myers. E aqui já dá pra gente falar que, tanto a história quanto as situações que acompanhamos não têm o mínimo sentido. Aliás, é preciso estar aberto para  a proposta incomum e então ser pego pela atmosfera, já que até mesmo a linha de atuação é histérica e absolutamente fora do tom habitual.

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Aliás, uma das coisas mais inusitadas e ao mesmo tempo interessantes desse novo Halloween é a crítica aberta aos conservadores americanos que estão, a qualquer momento, prontos pra agir e dar fim, da forma mais violenta possível, ao que possa parecer uma ameaça. Mesmo que nesse processo precisem matar inocentes e ignorar alertas de que o alvo em questão era outro. Como se fossem zumbis atacando em manadas, pisando e devorando tudo que encontram pela frente. Até mesmo a enorme leva de personagens, que entram na trama apenas para serem vítimas do Michael, de maneiras muito criativas, possuem arquétipos conhecidos do povo americano – ainda que a caracterização do casal homoafetivo Big e Little John, interpretado pelos atores Michael McDonald e Scott MacArthur, tenha me soado caricata além da conta.

Tudo que vemos em Halloween Kills pode ser encarado de duas maneiras, e aí o seu nível de humor vai decidir qual escolher, onde a primeira é considerar tudo uma grande piada de mau gosto e distante da elegância dos clássicos – de fato, em relação a talento, Gordon Green está a alguns quilômetros de distância do Carpenter, no sentido de, através de planos inspirados, criar uma atmosfera soturna. Ou pode simplesmente abraçar a proposta do filme e se deliciar com diálogos toscos e algumas das cenas graficamente mais violentas da franquia. O gore, por sinal, impera aqui, e caso você não curta ver vísceras expostas e até cérebros estourados, passe longe dessa nova “aventura” do Michael Myers. Porém, se você gosta do que chamam de slasher, vai encontrar nesse Halloween Kills muita coisa legal desse subgênero.

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Wilker Medeiroshttps://www.youtube.com/imersaocultural
Wilker Medeiros, com passagem pela área de jornalismo, atuou em portais e podcasts como editor e crítico de cinema. Formou-se em cursos de Fotografia e Iluminação, Teoria, Linguagem e Crítica Cinematográfica, Forma e Estilo do Cinema. Sempre foi apaixonado pela sétima arte e é um consumidor voraz de cultura pop.

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