terça-feira, abril 30, 2024

Crítica | Kill Boksoon – A violência e a ternura misturados num liquidificador

Exibido no Festival de Berlim do ano passado, o longa-metragem sul-coreano, diretamente lançado na Netflix, Kill Boksoon nos leva até a história de uma mulher que vive da violência como seu ganha pão e em seu presente enfrenta um enorme conflito existencial já que na vida pessoal enfrenta uma luta onde sempre perde, no relacionamento conturbado com a filha adolescente. Escrito e dirigido pelo ator e cineasta sul-coreano Byun Sung-hyun, o projeto é recheado de camadas profundas, ironias do mundo, cenas de ação de tirar o fôlego, duelos entre mestre e aprendiz, tudo que um bom filme de ação pode oferecer e com uma narrativa que vai do conflito ao clímax com ótimo desenvolvimento, deixando muitas vezes a violência em segundo plano para dar espaço a conflitos maternais.

Na trama, conhecemos uma impecável, e já experiente, matadora de aluguel chamada Gil Boksoon (Jeon Do-yeon), uma verdadeira lenda na organização que trabalha sem nunca ter falhado em uma única missão sequer. Ela é mãe da adolescente Gil Jae Yeong (Si-ah Kim), uma jovem que passa por alguns conflitos na escola por conta de sua sexualidade. Para a filha, Gil diz que trabalha em uma empresa de organização de eventos. Ambas vivem em um luxuoso apartamento e tem uma vida muito confortável. As duas tem uma relação complicada no presente, o que deixa Gil em grande conflito. Quando as coisas começam a dar errado no seu trabalho, ela se vê envolvida em uma cilada onde precisará encarar as consequências de seu atos a partir disso com o seu ex-mentor e dono da empresa de assassinos de aluguel Cha Min Kyu (Sol Kyung-gu).

Será que até a melhor faca fica cega com o tempo? Partindo da crise existencial de uma protagonista que não consegue anteceder os passos no relacionamento com a filha, Kill Boksoon é um filme que tem um arco introdutório dúbio mas logo as peças se encaixam. Então, paciência num primeiro momento é importante! Talvez seja pela troca de perspectiva, não é um filme onde a ação rola solta cheia de diálogos na linha da ironia. Tem isso tudo mas uma camada, ligada à maternidade, vai nascendo e se torna a base dos conflitos. O roteiro é muito bem escrito, vemos claramente uma definição dos conflitos que são bem desenvolvidos através da ótima construção dos personagens.

Violento sem perder a ternura jamais. Os laços aqui vão desde a relação entre mãe e filha, até mentor e aprendiz, ou mesmo na linha do ‘amigos, amigos, negócios à parte’. Sim, o projeto é também sobre laços que se quebram ou podem se quebrar! Se aprofundando no primeiro ponto, o conflito que mais se estabelece, encontramos a protagonista confortável na perigosa profissão que escolheu, só que essa perspectiva muda completamente quando está em casa e tenta uma relação mais próxima com a filha. Isso há coloca em conflito, dentro de um dilema: se larga ou não a vida que leva por conta da filha.

Kill Boksoon não perde um segundo sua essência de filme de ação, mesmo ficando em segundo plano em alguns momentos. As cenas, muito bem dirigidas, devem empolgar o espectador. Com as duas facetas modeladas em um roteiro engenhoso, a do lado da violência e a do lado da ternura, quem ganha é o espectador.

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