sexta-feira, abril 19, 2024

Crítica | Meu Extraordinário Verão com Tess: Uma história sobre dinâmicas familiares, solidão e pureza

Debaixo do sol incandescente de um verão europeu, uma temporada de descobertas se inicia. Muito mais do que o marco do fim do ano estudantil, esse novo tempo quente e colorido também se apresenta como a sazonalidade das aventuras juvenis. Em Meu Extraordinário Verão com Tess, o clima mais escaldante, a praia e toda a sua atmosfera se tornam o palco de uma encantadora comédia dramática familiar sobre encontros, desencontros, reencontros e lições contadas pela ótica de um pré-adolescente – que vão fazer muitos adultos refletirem sobre suas próprias vidas.

Adaptado a partir do livro homônimo da escritora holandesa Anna Woltz, Meu Extraordinário Verão com Tess pode até estar distante das prateleiras das livrarias nacionais e das mesas de cabeceira dos nossos ávidos leitores brasileiros, mas nunca esteve tão próximo da nossa realidade. Como um conto de veraneio sensível e delicado, ele explora as descobertas e reviravoltas do que poderia ser um verão apático e simplista demais para Sam e sua família. Com a mãe insistentemente ausente de suas próprias férias – entregue à uma enxaqueca sem fim, ele tenta reinventar seu verão sozinho. Sob a premissa de que todos fomos feitos para uma vida de solidão – ainda que estejamos cercados por pessoas -, ele vai se submeter ao seu próprio isolamento social em meio a um cenário regado de turistas.

Tentando se acostumar com o inevitável sentimento de ausência que ele jura ser o destino da vida humana, esse garotinho novo e inocente vai acabar descobrindo – por meio de uma nova amiga que busca seu desconhecido pai -, que a vida só é plenamente vivida quando compartilhada em família. E como quase uma catarse global, Meu Extraordinário Verão com Tess é uma reflexão pueril sobre o valor das relações interpessoais e da preciosidade que há nas dinâmicas familiares, ainda que alguns alicerces sejam calcados em circunstâncias mais adversas. Trazendo ensinamentos poderosos pela ótica infantil, o longa inaugural de Steven Wouterlood cria um doce equilíbrio entre o drama de famílias disfuncionais e a simplicidade do humor jovial inocente.

Com uma estética que abusa da luz do dia e sabe desenvolver a atmosfera veraneia, a ponto de cativar a audiência com facilidade, Wouterlood faz da sua estreia em longas metragens uma experiência surpreendente para os olhos e para o coração. À medida que nos conquista com seus protagonistas jovens e carismáticos, sua trama nos traga para uma epifania do que era a vida antes da pandemia do coronavírus e para a simplicidade de uma juventude sem frescura e sem muita tecnologia.

E ao abordar os átrios do que de fato é o isolamento social, mesmo em meio a uma multidão, Meu Extraordinário Verão com Tess nos inspira a reavaliar nossas escolhas e comportamentos, conforme também nos ajuda a olhar para aquilo que já temos e pouco valorizamos. Usando a solidão retratada no roteiro de Laura van Dijk para ainda trazer dois dedos sobre sua distinção em relação à solitude, essa dramédia familiar é acalentadora, confortável e se encerra com o otimismo que tanto precisamos em uma era de incertezas. Mostrando como as coisas podem ser, pelos olhos da inocência juvenil, essa produção tem o frescor de um verão a céu aberto e a leveza esperançosa de como tudo consegue ficar muito melhor quando eternizamos memórias nas vidas uns dos outros.

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