Crítica | Na Palma da Mão – Suspense sul-coreano que reflete sobre a privacidade quebrada

As lentes de uma obsessão. Chegou fresquinho na Netflix, fruto da indomável indústria sul-coreana cinematográfica que só gera sorrisos nos cinéfilos de todo o mundo, um suspense que gira em torno da privacidade quebrada de uma jovem que embarca em uma jornada obscura contra um meticuloso stalker que vive suas emoções em uma constante escuridão procurando vítimas parece satisfazer suas obsessões. Dirigido pelo cineasta de 35 anos Tae-joon Kim, com roteiro baseado na obra do escritor japonês Akira ShigaNa Palma da Mão consegue manter um intenso clima de tensão, fazendo uso da atualidade e suas tecnologias imediatistas, equilibrando com os mistérios que se revelam por trás dos conflitos apresentados.

Na trama, conhecemos Lee Na Mi (Woo-hee Chun) uma jovem super alegre que conseguiu uma oportunidade numa empresa de geleias e ainda ajuda seu pai no bem frequentado café da família. Certo dia, após uma noitada daquelas, ela deixa seu celular cair no ônibus. Uma misteriosa pessoa encontra o aparelho e a partir daí um jogo maquiavélico é imposto por um obsessivo criminoso. Ela precisara lutar com todas as forças quando seu mundo desaba completamente.

O celular e seu excessivo uso acaba sendo o start para essa trama que busca na atualidade os caminhos para criar cenários de reflexões sobre privacidade na era das redes sociais. Os crimes cibernéticos e as burocracias pelos olhos da lei são duas estradas pela qual navega a protagonista, o que não deixa de ser uma crítica social importante. É realmente frustrante pensar que a tecnologia avança a todo vapor mas as leis para crimes digitais parecem ainda uma estrada sem sinais e asfalto (não é só por aqui no Brasil!).

Não precisamos ser nenhum Jung para entender as reflexões sobre a psiquê humana apresentadas, algo como a psicologia por trás dos motivos do Serial Killer Stalker, um óbvio desvio de caráter, características narcisistas e manipulador ao extremo. Nessa parte, a narrativa derrapa, fica até confusa, pois são apresentados fatos em paralelo que parecem estar em interligados ao vilão mas acabam jogados em subtramas que beiram à superfície. Mas nada que atrapalhe o bom entretenimento de mais um interessante projeto sul-coreano a chegar na Netflix.

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