quinta-feira, março 28, 2024

Crítica Netflix | Disque Amiga Para Matar – Duas atrizes fantásticas e constantes reviravoltas

Lançada no início de maio pela Netflix, os primeiros minutos de Disque Amiga Para Matar (Dead to Me) nos apresentam o quão sarcásticas e mórbidas serão as próximas horas da série. Ao receber um prato de condolências da sua vizinha Karen (Suzy Nakamura), por exemplo, Jen (Christina Applegate) despeja a sua raiva, rancor e amargura, dizendo como ela se sente após seu marido ter sido, de repente, atropelado e abandonado na estrada. 

Com 10 episódios de em média 30 minutos, Dead To Me – a tradução em português soa estranha e como um spoiler do último episódio – é uma drama de humor sombrio. Apesar de momentos hilários, a obra apresenta situações emotivas, tensas e, claro, macabras em torno das investigações sobre o culpado do assassinato. De fato, no entanto, o seriado é sobre amizade feminina e a vida aos 40.

Após a morte do marido, Jen tenta lidar com o emprego de corretora de imóveis, os dois filhos e a sua insônia; ela consome álcool regularmente e parece desconectada de qualquer coisa ao seu redor. Para sublimar a sua perda, Jen participa de um grupo de terapia para pessoas em luto. Lá, ela conhece Judy (Linda Cardellini), uma pessoa espiritual, otimista e sempre em busca de encontrar o lado bom da vida.

Todas as características de Judy são um combo de desprezo para Jen, que alimenta os seus dias com sarcasmo e ironia em cada frase. Ou seja, de cara as duas não se dão muito bem, pois são completos opostos. Ao compartilhar sua perda, entretanto, Judy ganha atenção e empatia de Jen. Deste momento em diante, as duas solitárias mulheres iniciam uma estranha e repentina amizade. 

Cada episódio revela um pouco dos segredos de Judy ao espectador e o desenlace principal é explícito no final do primeiro capítulo. Contudo, Dead to Me não é uma obra de suspense, mas uma esquete humorada de situações dramáticas. As atrizes principais estão ótimas e as duas em cena são um espetáculo de graça, ousadia e expressão. É como estivéssemos vendo Jane Fonda e Lily Tomlin em Grace & Frankie (2015-), ao passo que Judy e Jen tornam-se o suporte emocional uma da outra em seus momentos difíceis. 

Criada por Liz Feldman, responsável pelo seriado 2 Broke Girls (2011-2016), a produção possui um ritmo acelerado, ironias infinitas e reviravoltas, trazendo a cada episódio um novo confronto. À proporção que conhecemos os mistérios de Judy e nos envolvemos com a personagem, a narrativa gera expectativas para solução do segredo envolvendo as duas protagonistas. 

Para incrementar este cenário, o seriado conta com James Marsden (X-Men), como um sedutor pilantra egocêntrico, mas que acrescenta seu devido charme à trama. Assim como Brandon Scott (A Bruxa de Blair), que surge no quinto episódio para intensificar o caráter lunático de Judy. Ou seja, o quinto episódio é um dos mais engraçados, porém triste ao final.

Não deixe de assistir:

Com momentos cômicos e instigantes, Dead to Me é uma grata surpresa da Netflix apoiado no talento de duas maduras atrizes e um roteiro afiado. Christina Applegate encaixa-se perfeitamente no papel de Jen e apresenta o seu lado irreverente ao mesmo tempo que transmite o desespero e a desolação de suas descobertas no processo de viuvez. Com um irônico fim, o seriado deve voltar em breve para mostrar o acerto de contas entre as protagonistas.

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Letícia Alassë
Crítica de Cinema desde 2012, jornalista e pesquisadora sobre comunicação, cultura e psicanálise. Mestre em Cultura e Comunicação pela Universidade Paris VIII, na França e membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Nascida no Rio de Janeiro e apaixonada por explorar o mundo tanto geograficamente quanto diante da tela.

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