quinta-feira, abril 25, 2024

Crítica Netflix | Nosso Último Verão – Fraca e Pouco Cativante narrativa sobre amadurecimento

Se os super-heróis tomam contam dos cinemas nos últimos meses, as comédias românticas adolescentes estão com os dias garantidos na Netflix. Com o declínio do público nas salas de cinemas, o gênero sobrevive via streaming entre sucessos – vide Para Todos os Garotos que Já Amei (2018) e Barraca de Beijos (2018) – e fracassos – O Date Perfeito (2019) e Sierra Burgess é uma Loser (2018).

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Encabeçado por jovens atores talentosos, Nosso Último Verão (The Last Summer), lançado dia 3 de maio na Netflix, tenta ser uma espécie de “lições sobre os últimos 72 dias antes do início da vida adulta na universidade”. Com uma miscelânea de personagens, os irmãos Scott Bindley e William Bindley tentam criar uma narrativa semelhante a de Noite de Ano Novo (2001) e Idas e Vindas do Amor (2010), no entanto, ao invés de 24h na vida de cada personagem, os roteiristas tentam construir um circuito de aprendizagem durante três meses.

Diferente dos projetos de histórias paralelas que se cruzam na parte final e estão ligadas pela temática, Nosso Último Verão não conecta os personagens a não ser pelo aspecto de todos terem frequentado a mesma escola na cidade de Chicago. Há, entretanto, uma exceção, o protagonista Griffin (K.J. Apa, da série Riverdale), vindo de uma escola preparatória em outra cidade e disposto finalmente a tentar uma chance com o seu interesse amoroso Phoebe (Maia Mitchell).

Entre a história principal de Griffin e Phoebe, há ainda o casal Alec (Jacob Latimore) e Erin (Halston Sage), o qual decide prematuramente separar-se, já que eles vão para universidades diferentes no fim do verão. Ele engata um romance com a fútil, rica e bonita Paige (Gage Golightly), enquanto a menina se envolve com um famoso jogador de baseball (Tyler Posey). Ambos têm amigos próximos com seus dilemas pessoais, Audrey está na dúvida entre ir para faculdade e começar um trabalho de assistente pessoal, de outro lado está o atlético Foster (Wolfgang Novogratz) com uma lista de garotas, as quais deseja conquistar até o último dia de férias.

Correndo por fora, ainda temos os dois amigos nerds Reece (Mario Revolori) e Chad (Jacob McCarthy), atendentes de uma lanchonete que decidem vestir paletó e gravata, e passar por corretores de seguros em bares, assim eles bebem álcool e conhecem mulheres de vinte e poucos anos. As questões apresentadas parecem ter saído das comédias adolescentes dos anos 80, consequentemente, a falta de conexão com indagações atuais e personalidades mais engajadoras reflete como uma falha de autenticidade da narrativa.

Nosso Último Verão representa uma grande homenagem ao gênero de 30 anos atrás, fazendo referência direta ao filme Gatinhas e Gatões (1984), no entanto, dispensa a oportunidade de acrescentar algo novo à narrativa de jovens desta era e os seus reais obstáculos ao enfrentarem a vida adulta. Além de pouca relevância dos assuntos abordados, o percurso do casal principal é decepcionante. Eles têm química, conseguem destacar-se em bonitas cenas, mas os seus entraves são desalinhados, risíveis e surgem como uma pedra forçada no meio do caminho.

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Embora o roteiro tente construir momentos de tenacidade, principalmente entre Audrey e a garotinha prodígio Lilah (Audrey Grace Marshall), o resultado é fosco e não transmite uma mensagem abrangente ao público. Ainda temos o conquistador Foster como um dos mais irritantes plots, que na reta final ganha uma reviravolta e alguma consideração, mas não o suficiente para entender sua participação na engrenagem do filme.

Por fim, Nosso Última Verão pretendia ser um apanhado de histórias de transição, com humor e romance, contudo os enredos são inocentes e nada realísticos. Já como entretenimento também deixa a desejar ao não evocar nenhum pensamento contemporâneo sobre amadurecimento ou ironizar os estereótipos da nossa última geração.

Ao assistir Nosso Último Verão, é instantâneo o saudosismo de boas comédias adolescentes dos anos 80 e 90 sobre o fim dos anos escolares, tal como Jovens, Loucos e Rebeldes (1993), Mal Posso Esperar (1998) e o romance Digam o que Quiserem (1989). Em outras palavras, os irmãos Bindley miraram nos clássicos, no entanto, acertaram em um roteiro de desencontros e personagens enfastiantes.

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Letícia Alassë
Crítica de Cinema desde 2012, jornalista e pesquisadora sobre comunicação, cultura e psicanálise. Mestre em Cultura e Comunicação pela Universidade Paris VIII, na França e membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Nascida no Rio de Janeiro e apaixonada por explorar o mundo tanto geograficamente quanto diante da tela.

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