quinta-feira , 21 novembro , 2024

Crítica | O Fascínio – Terror Italiano da Netflix Estilo ‘Corra!’ Gera Bons Sustos

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Um casal que viaja para a casa da família de um deles, no interior do país, com o intuito de apresentar o(a) namorado(a) para a família, mas, quando chegam lá, são recepcionados por um grupo de pessoas esquisitas com costumes ainda mais esquisitos. Parece familiar, né? Mas não, não estamos falando de ‘Corra!’, o grande sucesso de Jordan Peele, mas sim de ‘O Fascínio’, novo terror da Netflix que chegou nesse final de semana à plataforma.



Tudo começa quando Francesco (Riccardo Scamarcio) decide levar a namorada, Emma (Mía Maestro) e a filha dela, Sofia (Giulia Patrignani), para conhecer a mãe dele, Teresa (Mariella Lo Sardo), que mora num casarão velho no interior da Itália. Só que o que parecia ser uma grata escapada de férias rapidamente se torna uma má ideia, pois Teresa é bem sinistra e recebe as convidadas com muita desconfiança. E, pior: Sofia descobre que Teresa e a governanta da casa, Ada (Federica Rosellini), praticam rituais beeem suspeitosos, e as férias da família rapidamente se transformam em pesadelo.

Embora tenha essa camada meio macabra que remete o espectador ao conceito do vencedor do Oscar de Melhor Roteiro em 2018, ‘O Fascínio’ escorrega em alguns elementos-chave, que, embora mantenha o suspense da trama, não engaja o espectador. A começar pelo próprio título, que remete ao argumento do longa (que é bem fraquinho, por sinal): ‘O Fascínio’, em tradução literal do italiano, faz menção ao efeito do popular “olho gordo”, maldições movidas na base do ódio que uma pessoa joga em cima da outra sem uma justificativa plausível que não a da inveja.

Apesar dessa motivação fraquinha, a construção do roteiro é bacana, elaborando os arcos seguindo a cartilha e inserindo algumas poucas surpresas. Como o espectador fica metade do filme sem saber qual de fato é a ameaça, ‘O Fascínio’ vai prendendo a gente num suspense múltiplo, seja para descobrir quem é o grande vilão, seja para entender qual é a jogada as personagens. Mas, ao mesmo tempo, o roteiro de Daniele Cosci e Davide Orsini dá uma abusada na paciência do espectador, tentando desviar nossa atenção para elementos irrelevantes que em nada acrescentam na história e alternam o foco narrativo, levando-nos a crer que a história seria centrada em Francesco quando, na verdade, a luz é jogada nas mulheres da trama.

Ainda que com essas ressalvas, O Fascínio’ é um bom filme de suspense/terror com uma pegada de exorcismo, ocultismo, bruxaria e assombração. Domenico Emanuele de Feudis poderia ter realizado uma direção mais precisa, aproveitando a boa locação e boa maquiagem que conseguiu em harmonia com um clima de suspense crescente e constante. Teria sido mais interessante definir certos posicionamentos dos personagens, por exemplo, do que construir atmosferas errôneas tão somente para subestimar o espectador.

O Fascínio’ é um bom terrorzinho italiano para quem curtiu a pegada de ‘Corra!’ e está procurando opções do gênero na Netflix. Sem grandes sustos mas com um suspense sincero, mostra que o pior horror é mesmo os sentimentos ruins que nutrimos gratuitamente pelas pessoas.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Tudo começa quando Francesco (Riccardo Scamarcio) decide levar a namorada, Emma (Mía Maestro) e a filha dela, Sofia (Giulia Patrignani), para conhecer a mãe dele, Teresa (Mariella Lo Sardo), que mora num casarão velho no interior da Itália. Só que o que parecia ser uma grata escapada de férias rapidamente se torna uma má ideia, pois Teresa é bem sinistra e recebe as convidadas com muita desconfiança. E, pior: Sofia descobre que Teresa e a governanta da casa, Ada (Federica Rosellini), praticam rituais beeem suspeitosos, e as férias da família rapidamente se transformam em pesadelo.

Embora tenha essa camada meio macabra que remete o espectador ao conceito do vencedor do Oscar de Melhor Roteiro em 2018, ‘O Fascínio’ escorrega em alguns elementos-chave, que, embora mantenha o suspense da trama, não engaja o espectador. A começar pelo próprio título, que remete ao argumento do longa (que é bem fraquinho, por sinal): ‘O Fascínio’, em tradução literal do italiano, faz menção ao efeito do popular “olho gordo”, maldições movidas na base do ódio que uma pessoa joga em cima da outra sem uma justificativa plausível que não a da inveja.

Apesar dessa motivação fraquinha, a construção do roteiro é bacana, elaborando os arcos seguindo a cartilha e inserindo algumas poucas surpresas. Como o espectador fica metade do filme sem saber qual de fato é a ameaça, ‘O Fascínio’ vai prendendo a gente num suspense múltiplo, seja para descobrir quem é o grande vilão, seja para entender qual é a jogada as personagens. Mas, ao mesmo tempo, o roteiro de Daniele Cosci e Davide Orsini dá uma abusada na paciência do espectador, tentando desviar nossa atenção para elementos irrelevantes que em nada acrescentam na história e alternam o foco narrativo, levando-nos a crer que a história seria centrada em Francesco quando, na verdade, a luz é jogada nas mulheres da trama.

Ainda que com essas ressalvas, O Fascínio’ é um bom filme de suspense/terror com uma pegada de exorcismo, ocultismo, bruxaria e assombração. Domenico Emanuele de Feudis poderia ter realizado uma direção mais precisa, aproveitando a boa locação e boa maquiagem que conseguiu em harmonia com um clima de suspense crescente e constante. Teria sido mais interessante definir certos posicionamentos dos personagens, por exemplo, do que construir atmosferas errôneas tão somente para subestimar o espectador.

O Fascínio’ é um bom terrorzinho italiano para quem curtiu a pegada de ‘Corra!’ e está procurando opções do gênero na Netflix. Sem grandes sustos mas com um suspense sincero, mostra que o pior horror é mesmo os sentimentos ruins que nutrimos gratuitamente pelas pessoas.

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