sábado, abril 27, 2024

Crítica | O Rio do Desejo – Sophie Charlotte brilha em filme sobre a angústia do desejo

A angústia do desejo. Tema de várias obras ao longo do desenvolvimento da humanidade, a traição, o desejo, o amor proibido se chocam em conflitos quase sempre amargurados onde os pontos de vistas se tornam a estradas para reflexões. O Rio do Desejo, do ótimo cineasta Sérgio Machado, nos leva para esse paralelo, uma jornada muito bem construída, objetiva, que busca criar um recorte dentro do universo abstrato do desejo na visão de um quadrado amoroso. Baseada em um conto chamado O Adeus do Comandante da obra A Cidade Ilhada do escritor amazonense Milton Hatoum, o filme consegue dar vida, movimento, a sentimentos conflitantes.

Na trama, conhecemos o capitão da polícia Dalberto (Daniel Oliveira) um homem sério que resolve abandonar a corporação e comprar um barco depois de se apaixonar perdidamente pela bela e alegre Anaíra (Sophie Charlotte). Ainda em fase de mudança de vida, Dalberto resolve levar a amada para morar por um tempo na casa onde vive com os dois irmãos, Dalmo (Romulo Braga) e Armando (Gabriel Leone), o primeiro um fotógrafo que tem um pequeno empreendimento na cidade, o outro um amante do universo musical que faz apresentações com sua banda. Mas a aparente harmonia é colocada à prova quando Dalberto precisa fazer uma viagem de quase dois meses e Anaíra começa a se aproximar de Dalmo e principalmente Armando.

Os pontos de vista dos ótimos personagens criam recortes instigantes no quadrado amoroso estabelecido. Os laços dos irmãos são rompidos com a presença de Anaíra, esse é o estopim que navega durante todo o clímax. O ciúmes, o proibido, tornam-se elementos constantes na trajetória de cada um deles. Dalberto se vê completamente perdido em seu descontrole, o irmão do meio embarca no desconhecido onde o perdoar não é uma opção. Dalmo, o mais velho se vê no cárcere do voyeurismo buscando a razão, estando próximo do seu desejo mas mantendo distância na realidade dura que chega na sua frente, prefere o sofrer. Armando é o lado da imaturidade misturado com inocência do lado desbravador de um primeiro intenso amor. Anaíra, o ponto de interseção dessa história, se vê em enorme conflito, se sentindo abandonada, aflorando seus desejos a cada novo pensamento de desilusão.

Essa reflexiva obra, que já foi até questão de vestibular em 2017 na UFN (Universidade Franciscana), teve uma carreira internacional consolidada passando por alguns festivais, e inclusive já está vendida para muitos países (terá exibições em cinemas, da Coreia do Sul, Japão, França, Itália, Portugal).

Com filmagens na bela Itacoatiara (AM), um pouco antes da chegada da Pandemia da Covid-19, O Rio do Desejo se constrói em torno da iminência da tragédia, através dos conflitos, ações e consequências, de personagens amargurados dentro de laços fortes que são quebrados. A narrativa, muito bem construída, apresentação a situação sem esquecer de contextualizar elementos para a história, acelera para seu competente clímax que perdura nas linhas da melancolia deixando um profundo retrato que envolve essa família.

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