sábado, abril 27, 2024

Crítica | Os Encanadores da Casa Branca: Comédia e drama se misturam em minissérie política com Woody Harrelson e Justin Theroux

Como um caleidoscópio, o caso Watergate se revela em diversas facetas a partir da ótica pela qual você o observa. Trazendo uma coletânea de 40 envolvidos no que se tornaria um dos maiores escândalos de corrupção da história norte-americana, o grampeamento ilegal do escritório do partido democrata ainda hoje desperta o interesse e o imaginário da opinião pública. Desde Todos Os Homens do Presidente (1976), passando por Frost/Nixon (2008) e até a mais recente série Gaslit (2022), o tema continua permeando a cultura POP sempre com uma nova perspectiva de um mesmo crime. E agora, a HBO traz o outro lado dos relatos com Os Encanadores da Casa Branca, mostrando os átrios da operação política mais catastrófica dos Estados Unidos – dessa vez pela visão dos próprios criminosos.

E. Howard Hunt e Gordon Liddy foram de veteranos de guerra a espiões de Richard Nixon, o único presidente americano “forçado” a renunciar em meio a um escândalo de corrupção. Em Os Encanadores da Casa Branca, eles voltam à vida pelas excepcionais performances de Woody Harrelson e Justin Theroux, que formam um peculiar e impecável duo em tela. Sempre em contraste um com o outro, mas inevitavelmente complementares em suas personalidades, ambos os personagens vão de uma espécie de bromance a um nível completo de estranheza, impessoalidade e inimizade. E com uma dinâmica em tela excelente e fluída, os atores passeiam pelos cinco episódios da minissérie com leveza, acidez e sarcasmo.

Em meio a diálogos afiados, que exalam uma caricatura impressionante do que é a idolatria política, Harrelson e Theroux dominam a produção, conduzindo habilmente um time de atores coadjuvantes tão poderoso quanto os protagonistas. Aqui, Lena Headey, Domhnall Gleeson, Judy Greer, Kim Coates, Toby Hass e Liam James dão vida aos principais personagens de apoio, orbitando em torno do caos e afetando-o drasticamente. E com um roteiro bem detalhado e muito bem desenvolvido, Os Encanadores da Casa Branca faz um paralelo entre a corrupção, o desvio de caráter e as consequências catastróficas que a servidão cega a líderes de Estado podem trazer como efeito colateral.

Um dos aspectos mais poderosos da minissérie é justamente sua sutil e contemporânea percepção dos fatos, que datam os anos de 1972,1973 e 1974. Nos mostrando que a idolatria política é atemporal e estupidamente repetitiva ao longo das décadas, a produção naturalmente ainda faz um paralelo com a obsessão que seus protagonistas nutriam por Nixon. E sem direcionar indiretas especificamente – embora haja um viés partidário por razões óbvias, Os Encanadores da Casa Branca faz um relato visual de como o fanatismo por presidentes ou qualquer outro agente do alto escalão governamental é a epítome da estupidez humana, capaz de custar famílias inteiras , a segurança pública e a vida de pessoas inocentes.

E embora a trama facilmente pudesse ser comprimida no formato cinematográfico, tal como o clássico Todos os Homens do Presidente, é inegável que Alex Gregory e Peter Huyck fizeram um trabalho excelente com a série. Administrando muito bem todo o “causo”, a produção sabe dosar os momentos mais intensos em cada episódio, nos mantendo interessados e envolvidos. E com um humor sarcástico afiado, Os Encanadores da Casa Branca ainda se torna um deleite para os menos apaixonados pelo gênero de thriller político. Flertando com o pastelão em momentos pontuais, se atendo mais à rispidez e acidez em seus diálogos inteligentes, a nova minissérie é mais um presente de originalidade que só a HBO sabe entregar.

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