domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | ‘Perdidos no Espaço’ – Primeiras Impressões

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Desafiar as fronteiras espaciais foi a marca dos anos 60. Com a então União Soviética avançando em ritmo acelerado, os Estados Unidos se viu incentivado a superar o país nos desbravamentos do desconhecido. O investimento na NASA e em todo o seu trabalho levou ao primeiro passo na lua, na dobra final da década, lá em 1969. E como parte desse contexto histórico, a televisão refletia os esforços em uma leva de séries sci-fi com temática extraterrestre. Aterrissar em outros planetas, descobrir vida além da Terra e a dinâmica entre raças distintas foram as temáticas de Terra de Gigantes, Viagem ao Fundo do Mar, Star Trek e Perdidos no Espaço. Esta última ganha novo fôlego, em uma era onde a Terra volta a ser o grande foco das principais discussões mundiais. Em um planeta que parece anunciar a sua futura extinção, o remake do clássico de Irwin Allen nunca foi tão pontual e preciso.



O investimento da Netflix na produção de séries de TV é inerente. A cada nova produção, novas barreiras são rompidas. E em se tratando de espaço, não há espaço algum para amadorismo. Em um universo criativo onde galáxias se aproximam do realismo palpável e a gravidade é desafiada em obras surpreendentes como Interestelar e, por que não, Gravidade, brincar de desbravar outras atmosferas exige um certo profissionalismo. A plataforma de streaming entende que compactar essa infinidade espacial exige cuidado e faz em seu remake de Perdidos no Espaço um primor aos olhos. Esteticamente fascinante, a releitura do clássico de 65 ganha novas cores, formas e ainda mais corpo, com o auxílio da tecnologia ultra avançada no tratamento dos efeitos especiais e visuais.

A narrativa se espelha em sua origem, mas com uma nova motivação – tão plausível como a inicial. Com o nosso planeta em decadência, mergulhado nos efeitos permanentes e mortais do aquecimento global, não há mais solução para a Terra. A resposta se encontra em Alpha Centauri, a versão ideal para a perpetuidade da vida humana. Chegar a essa terra prometida é um desafio, condecorado apenas aos mais ilustres terráqueos. E neste contexto social onde o mundo é distinguido pela expertise, caráter e personalidade alheia, os Robinson renascem com todos os seus pares e um elemento cativante, impresso na diversidade. Ao contrário da trama nativa, alguns papéis são adaptados para compreender os personagens mais particulares, com raízes negras e latinas.

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As mulheres se destacam, não apenas por reconfigurar alguns dos papéis, mas por sua perspicácia no contexto narrativo. Com Molly Parker como a matriarca, reprisamos o mesmo viés emponderado da personagem Jackie Sharp, de House of Cards. Destemida e decidida, ela dá vida a uma inteligente cientista, que transborda o mesmo grau de sabedoria em sua filhas. Esta, mesma didática, se repete na formação de todos os protagonistas, que são construídos em camadas. Nos primeiros cinco episódios, liberados pela Netflix, já é possível perceber o grau de profundidade que cada um deles possui. Arranhando apenas a superfície de figuras tão distintas, este início de Perdidos no Espaço é um prelúdio para uma série de desdobramentos que cada arco trará. Muito mais que núcleos narrativos, a produção se apresenta como aquela que vai transpor algumas barreiras não rompidas pela original.

A complexidade na conceitualização e consolidação de seus protagonistas é um dos elementos chave que encorpa a trama. A partir do potencial, caráter e habilidade de cada um, a trama se desabrocha ainda mais. Partindo das motivações pessoais, o enredo se entrega aos olhos do espectador, em uma sucessão eletrizante de eventos. Com um episódio de abertura de impacto, temos pouco mais de uma hora em uma extasiante jornada, que acelera os batimentos cardíacos e anuncia a chegada de uma nova produção que não apenas pretende reinventar sua predecessora, como hipnotizar o público familiar. Bem desenvolvida por Matt Sazama e Burk Sharpless, ela propositalmente abrange um leque de audiência extensivo, que alcança todos os apaixonados pela ficção científica, sejam eles crianças, jovens, adultos ou idosos.

Ainda pode ser um pouco cedo para consagrar Perdidos no Espaço como uma das grandes séries do catálogo original da Netflix, mas seu potencial é evidente. Transformando o teor cômico do clássico sessentista em um drama permeado por temáticas bem sérias, a releitura mantém algumas referências nostálgicas, para aqueles que cresceram ao som da música tema da série de Irwin Allen. Ao mesmo tempo, ela atrai esta nova audiência, que delira com efeitos especiais mirabolantes nas telonas do cinema. E com John Williams dando um novo toque na canção de abertura, a produção caminha rumo a uma longa jornada, sem medo de sair da sua zona de conforto, com assuntos mais densos. A experiência sinestésica é real. Se ela continua até o fim da temporada? É aguardar para ver.

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Desafiar as fronteiras espaciais foi a marca dos anos 60. Com a então União Soviética avançando em ritmo acelerado, os Estados Unidos se viu incentivado a superar o país nos desbravamentos do desconhecido. O investimento na NASA e em todo o seu trabalho levou ao primeiro passo na lua, na dobra final da década, lá em 1969. E como parte desse contexto histórico, a televisão refletia os esforços em uma leva de séries sci-fi com temática extraterrestre. Aterrissar em outros planetas, descobrir vida além da Terra e a dinâmica entre raças distintas foram as temáticas de Terra de Gigantes, Viagem ao Fundo do Mar, Star Trek e Perdidos no Espaço. Esta última ganha novo fôlego, em uma era onde a Terra volta a ser o grande foco das principais discussões mundiais. Em um planeta que parece anunciar a sua futura extinção, o remake do clássico de Irwin Allen nunca foi tão pontual e preciso.

O investimento da Netflix na produção de séries de TV é inerente. A cada nova produção, novas barreiras são rompidas. E em se tratando de espaço, não há espaço algum para amadorismo. Em um universo criativo onde galáxias se aproximam do realismo palpável e a gravidade é desafiada em obras surpreendentes como Interestelar e, por que não, Gravidade, brincar de desbravar outras atmosferas exige um certo profissionalismo. A plataforma de streaming entende que compactar essa infinidade espacial exige cuidado e faz em seu remake de Perdidos no Espaço um primor aos olhos. Esteticamente fascinante, a releitura do clássico de 65 ganha novas cores, formas e ainda mais corpo, com o auxílio da tecnologia ultra avançada no tratamento dos efeitos especiais e visuais.

A narrativa se espelha em sua origem, mas com uma nova motivação – tão plausível como a inicial. Com o nosso planeta em decadência, mergulhado nos efeitos permanentes e mortais do aquecimento global, não há mais solução para a Terra. A resposta se encontra em Alpha Centauri, a versão ideal para a perpetuidade da vida humana. Chegar a essa terra prometida é um desafio, condecorado apenas aos mais ilustres terráqueos. E neste contexto social onde o mundo é distinguido pela expertise, caráter e personalidade alheia, os Robinson renascem com todos os seus pares e um elemento cativante, impresso na diversidade. Ao contrário da trama nativa, alguns papéis são adaptados para compreender os personagens mais particulares, com raízes negras e latinas.

As mulheres se destacam, não apenas por reconfigurar alguns dos papéis, mas por sua perspicácia no contexto narrativo. Com Molly Parker como a matriarca, reprisamos o mesmo viés emponderado da personagem Jackie Sharp, de House of Cards. Destemida e decidida, ela dá vida a uma inteligente cientista, que transborda o mesmo grau de sabedoria em sua filhas. Esta, mesma didática, se repete na formação de todos os protagonistas, que são construídos em camadas. Nos primeiros cinco episódios, liberados pela Netflix, já é possível perceber o grau de profundidade que cada um deles possui. Arranhando apenas a superfície de figuras tão distintas, este início de Perdidos no Espaço é um prelúdio para uma série de desdobramentos que cada arco trará. Muito mais que núcleos narrativos, a produção se apresenta como aquela que vai transpor algumas barreiras não rompidas pela original.

A complexidade na conceitualização e consolidação de seus protagonistas é um dos elementos chave que encorpa a trama. A partir do potencial, caráter e habilidade de cada um, a trama se desabrocha ainda mais. Partindo das motivações pessoais, o enredo se entrega aos olhos do espectador, em uma sucessão eletrizante de eventos. Com um episódio de abertura de impacto, temos pouco mais de uma hora em uma extasiante jornada, que acelera os batimentos cardíacos e anuncia a chegada de uma nova produção que não apenas pretende reinventar sua predecessora, como hipnotizar o público familiar. Bem desenvolvida por Matt Sazama e Burk Sharpless, ela propositalmente abrange um leque de audiência extensivo, que alcança todos os apaixonados pela ficção científica, sejam eles crianças, jovens, adultos ou idosos.

Ainda pode ser um pouco cedo para consagrar Perdidos no Espaço como uma das grandes séries do catálogo original da Netflix, mas seu potencial é evidente. Transformando o teor cômico do clássico sessentista em um drama permeado por temáticas bem sérias, a releitura mantém algumas referências nostálgicas, para aqueles que cresceram ao som da música tema da série de Irwin Allen. Ao mesmo tempo, ela atrai esta nova audiência, que delira com efeitos especiais mirabolantes nas telonas do cinema. E com John Williams dando um novo toque na canção de abertura, a produção caminha rumo a uma longa jornada, sem medo de sair da sua zona de conforto, com assuntos mais densos. A experiência sinestésica é real. Se ela continua até o fim da temporada? É aguardar para ver.

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